Além de mim escrita por Lara Queen


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu comemoro recomendação como se ganhasse na mega sena. Sim, eu recebi mais uma recomendação de fic, só que dessa vez foi da Agente 00wifi!! Foi muito divo e fofo.
Esse capítulo é um agradecimento especial à todos que favoritaram, comentaram e recomendaram. Até mesmo para os fantasminhas que acompanham a fic :3
Nós vamos ter Ladynoir açucarado sim, e se reclamar coloco mais. Eu sou muito romântica, então eu espero que gostem do cap, pq é mais como um agrado para vcs.
Boa leitura :)



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Capítulo 8

A JOANINHA

No momento que decidi não ser mais amiga de Adrien, foi como se uma parte de mim tivesse sido arrancada. Não sabia se eu realmente queria fazer aquilo. Meu interior gritava e me repreendia por tal feito. Achei que isso facilitaria as coisas para mim. Pensei que seria mais fácil para tirá-lo de minha cabeça de uma vez por todas.

Mas é difícil tirar da mente o que não sai do coração.

Eu queria desistir. Deixar minha teimosia de lado e continuar convivendo com Adrien, mesmo que sendo apenas como uma amiga. Mesmo que eu sofresse ao ver o seu sorriso sendo direcionado à outra pessoa. Um singelo sorriso que sempre me cativava.

Pelo menos era melhor do que vê-lo me odiar.

Ele estava bravo, ou era o que queria demonstrar. Depois da discussão, ele tinha razão por querer me ignorar. Fui uma idiota, superando todas as minhas burradas. Eu simplesmente disse – não diretamente, mas sim confirmando – que não queria mais sua amizade. E foi bem na sua cara.

Sua expressão se desfez, dando lugar a seriedade. Não demonstrava uma emoção sequer. Mas seus olhos... Eles diziam tudo. Raiva, mágoa, confusão...

Era tão frustrante! Não sabia o que mais me machucava, ficar longe dele ou estar ao seu lado.

Mal havia conseguido dormir durante a noite pelo tanto de pensamentos que me dominavam. A vida brincava comigo como um gato que se divertia com um novelo de lã.

Gato... Maldito gato!

Dizem que quando se cruza com um gato preto, é sinal de grande azar. E não estão errados. Desde que um atravessou o meu caminho, tudo se tornou uma completa desordem. Antes, eu não acreditava nessa superstição, mas agora começava a fazer sentido.                                   

Eu não poderia negar que tinha algum tipo de sentimento por aquele garoto. Eu gostava dele, meu corpo reagia de forma estranha quando o mesmo estava por perto. De alguma forma, sua presença trazia a harmonia que eu precisava. Só não sabia dizer se meu comportamento em relação a Chat Noir era apenas efeito de minha carência ou se havia algo mais que somente gratidão.

Balancei a cabeça, surpresa, pelos meus pensamentos terem mudado tão de repente. Em um minuto Adrien ocupava minha mente, no outro, era Chat Noir.

Encontrava-me na Torre Eiffel, aguardando a chegada de Chat para que pudéssemos começar a nossa costumeira patrulha. O céu estava limpo, possibilitando ver as estrelas que cintilavam em meio à escuridão da noite. Paris também brilhava, como sempre.

Soltei um suspiro sonhador ao apreciar a paisagem.  Aquele era o meu lugar favorito, pois era bem discreto mesmo não sendo no topo da torre, mas alto o suficiente para ter uma vista maravilhosa. Eu estava feliz por ter alguém com quem compartilhar uma vista tão bela. Várias vezes, quando eu e Chat tínhamos tempo, parávamos o que fazíamos somente para observar a cidade.

— Chegou mais cedo hoje, minha Lady. – O garoto deu seu típico sorriso torto. Girava seu bastão encolhido entre os dedos enquanto andava na minha direção. Guardou-o em seu cinto e ajudou-me a levantar da borda.

Em vez de se ajoelhar e beijar o torso da minha mão como costumava fazer, aproximou-se de mim, surpreendendo-me com um abraço. Retribuí com carinho, envolvendo o seu pescoço, agradecendo-o internamente por ter feito aquilo. Eu realmente precisava de um abraço, depois de um dia tão terrível. O calor de seu corpo me fez esquecer temporariamente a mágoa daquela manhã lastimável.

Ele afastou-se um pouco de mim, ainda mantendo suas mãos em minha cintura e olhou para o meu rosto com uma expressão que não soube decifrar. Ele tinha um pequeno sorriso que não chegava aos seus olhos. Seu corpo poderia estar ali, mas sua mente estava em outro lugar.

— Aconteceu alguma coisa?

— Hein? – Ele me olhou confuso.

— Você parece... distante.

— Não houve nada, não se preocupe. – Ele estendeu uma de suas mãos, segurando uma mecha solta de meu cabelo e levando-o para trás da orelha.

— Você não fala muito sobre você. Quer dizer... Você sabe dos meus problemas e faz questão de me ajudar. Então me deixe retribuir isso, por favor.

Ele deu um suspiro e abaixou os olhos, encostando sua testa na minha. Soltou minha cintura e ficou apenas segurando minhas mãos, acariciando-as.

— Você já teve um dia em que havia começado bem, mas no fim tudo acabou saindo errado? – Ele murmurou, o tom de sua voz indicava que estava chateado com algo.

E mesmo assim ele tentou disfarçar para que eu não pudesse me preocupar. Mas não adiantaria de nada, pois sabia muito bem quando alguém tentava esconder seus sentimentos. Eu enxergava através de seus olhos e lia suas emoções. Quando ele me abraçou, parecia ser sua busca por conforto, um refúgio, mais do que um cumprimento em si.

Dei um pequeno sorriso, ainda olhando para seu rosto muito próximo do meu.

— Sim. Já tive vários dias ruins. E é por causa deles que nós dois estamos aqui. Mas vai por mim, este dia ainda não acabou. Então ele pode terminar bem, compensando o desastre.

Ele desgrudou sua testa da minha e me encarou com seus olhos felinos, voltando a ter aquele brilho que estava acostumada a ver. Deu um leve sorriso sincero, mostrando um pouco de seus dentes proeminentes.

— Podemos fazer o seguinte... Eu percebi que Hawk Moth não costuma atacar de noite, então não temos com o que nos preocupar. Você pode desabafar comigo e amenizar esse peso em seu coração. – Propus. Lembrei-me daquela noite, quando conversamos e pude me desabafar, deixando-o enxugar todas as lágrimas que eu derramava.

— Não sei se serei cuidadoso com as palavras. Posso acabar falando mais do que deveria. – Ele comprimiu os lábios, apreensivo.

— Naquela noite, eu também estava nervosa, com medo de falar demais. E mesmo assim eu consegui dizer o que sentia. Acredito que você também consegue.

Ele fitou o meu rosto, considerando a possibilidade. Em seguida, segurou minha mão com mais firmeza, levando-me para a beirada. Sem dizer nada, agarrou minha cintura e ativou seu bastão, estendendo-o até que fôssemos para o topo. Abracei-o com força por puro instinto, mesmo sabendo que ele não seria capaz de me soltar. Meu coração batia forte e rápido pela proximidade excessiva de nossos corpos, mas de fato não me incomodava. Era uma sensação calorosa, fazendo-me encostar a cabeça em seu ombro, aspirando seu cheiro amadeirado, sentindo-o dar uma risadinha pelo meu ato.

Quando chegamos ao topo, a vista de Paris era mais bela do que eu poderia imaginar. Era possível ver as estrelas que se refletiam através do Rio Sena, com vários barquinhos atravessando-o e casais namorando na beira do rio.

A visita à Torre Eiffel estava fechada, então poderíamos ficar ali em cima sozinhos e contemplando a vista, sem que ninguém nos incomodasse. Eu sorria sem perceber, encantada com o que via. Apoiei as mãos na sacada, fechando os olhos e sentindo a brisa fria da noite em meu rosto.

Deixando a paisagem de lado, virei-me lentamente para admirar o rosto de perfil do garoto ao meu lado. Seus olhos estavam luminosos, brilhando em um verde vivo. Não sabia se era pela reflexão da luz da cidade ou se era pela visão noturna, mas era lindo de se ver. Minha face esquentou quando ele percebeu que eu o observava. Deu um sorrisinho de lado e desviei rapidamente minha atenção para um ponto qualquer, constrangida.

— Eu tinha planos para essa noite. – Ele começou, quebrando o silencio. – Queria conversar mais com você em vez de apenas patrulhar. Pensei que poderíamos fazer uma ronda juntos e nos divertir. Esses últimos dias parecem ter sido difíceis...

Não ia discordar. Eu realmente precisava de um pouco de diversão na minha vida pra compensar toda a tristeza que estive enfrentando. Levei minha mão até a sua, que segurava a barra de ferro da sacada. Ele me olhou surpreso, mas prosseguiu.

— Eu perdi algo importante hoje. Tudo por causa de um erro. Se eu soubesse a verdade antes, poderia ter evitado toda essa confusão. – Ele deu um suspiro triste.

Tentei deduzir o que ele estava querendo dizer, mas pelo que havia entendido, se tratava de uma pessoa.

— Você magoou alguém, ou foi ela que te magoou? – Tentei falar suavemente, mas não consegui conter um fio de irritação. Por sorte ele não percebeu; ou fingiu não notar.

Eu estava mesmo enciumada? Por Chat Noir? Desde quando?

— Eu magoei alguém... Não tive escolha, eu precisava fazer isso, entende? Era para o bem de nós dois. Então ela acabou se chateando, e me evitando.

Lembrei-me daquela manhã conturbada, entendendo perfeitamente. A diferença é que eu tive escolha, mas mesmo assim eu quis ir até o fim com a minha decisão. Adrien poderia me odiar, mesmo que aquilo doesse em mim, mas era para o nosso bem. Para o meu bem.

Olhando para sua expressão, parecia que estava vendo a mim mesma.

Ele estava tão submerso em sua bolha de lamúria, que isso acabava me afetando também. De qualquer forma, estávamos ligados; mesmo que sendo de uma forma estranha e inusitada. Eu estava acostumada a vê-lo sorrir, fazendo piadas e se divertindo. A pessoa de quem se tratava poderia ser muito especial para ele, trazendo-me aquele sentimento amargo à tona.

Olhei para o horizonte, respirando profundamente, controlando minhas emoções eufóricas. Eu sabia o que estava sentindo, só não queria aceitar. Apertei a barra de ferro com força, recuperando o controle de mim.

Querendo afastar aquelas sensações ruins e apaziguar nossas mentes, abracei-o com tanta força, escondendo meu rosto em seu peito, que conseguia ouvir seu coração falhar algumas batidas pela falta de ar. Ele não disse mais nada, somente retribuiu, pedindo silenciosamente para que eu suavizasse o aperto.

— Essa pessoa é especial para você? – Perguntei com a voz abafada, não querendo ouvir a resposta de verdade.

Depois de alguns segundos de silêncio pensando em algo para dizer, ele respondeu.

— Sim. Mas é diferente do que sinto por você. Estou há muito tempo querendo dizer que te amo, dentre tantas oportunidades desperdiçadas. Com ela, eu sinto apenas carinho e amizade.

Senti um alívio incomum me consumir. Ele levou uma mão até o alto de minha cabeça e fez um carinho delicioso com a ponta das garras, causando-me cócegas e arrepios na nuca. Fechei os olhos, apreciando aquele momento.

Eu queria saber quem era aquele garoto que me trazia tantas coisas, tantas sensações, sem nunca ter me mostrado o rosto. Um garoto que havia conhecido há um ano, e eu mal sabia quem era.

Quem é você, Chat Noir?

Minha curiosidade foi finalmente despertada. Há um ano eu diria que aquilo era muito perigoso. Se um de nós fosse afetado pelo feitiço do akuma, acabaríamos colocando a vida de pessoas que amamos em risco. Muitas vezes Chat foi “akumatizado”, e se ele soubesse a minha identidade, o que ele poderia fazer comigo ou com aminha família? Expor quem eu era? Capturar aqueles que eu amo? Era muito arriscado. E o mesmo seria se fosse o contrário.

Nós dois não conseguiríamos trabalhar juntos, ou até mesmo olhar um para o outro, devido o sentimento de culpa, caso alguma coisa acontecesse.

Era inevitável que eu me questionasse. Olhando devidamente para suas feições, era possível notar o nariz levemente empinado, os lábios carnudos e um queixo triangular. Mas seus olhos... Será que eram verdes mesmo? Ou seria efeito do miraculous?

Ele se desfez do abraço e puxou-me para que pudéssemos sentar no chão. Cruzei as pernas e olhei para o céu, vendo as estrelas cintilarem. A lua estava minguante, e dentro de poucos dias ela desapareceria na escuridão. Aquilo significava que era tempo de quietude, de avaliar os nossos atos e o que poderíamos ter feito de diferente.

E se eu tivesse agido de outra forma, eu ainda poderia estar tão próxima de Chat Noir como naquele momento?

Ele se remexeu ao meu lado e deitou sua cabeça em minha perna, numa atitude folgada. Meu rosto esquentou ardentemente. Meu coração bombeava rapidamente todo o sangue de meu corpo. Eu poderia estar febril. Ele virou os olhos semiabertos para mim, com um sorriso de lado que aprendi a gostar.

Com um pouco de insegurança, levei minha mão ao seu cabelo e puxei levemente os fios dourados. Por que eu estava fazendo aquilo? Por que eu estava tão nervosa? Por que estava tão inquieta e assustada?

Ele fechou os olhos, relaxando e deixando a respiração mais lenta. Continuei, mexendo em seu cabelo, ouvindo-o suspirar. Joguei sua franja para o lado, tentando ver melhor o seu rosto. Passei o dedo indicador desde o início de seu nariz, atravessando os lábios até chegar à ponta de seu queixo, como se riscasse uma linha invisível que o partisse ao meio.

Ele parecia ser muito jovem, quase que minha idade. Não passaria dos 18 anos.

— Quantos anos você tem? – Murmurei. Ele abriu os olhos, surpreso pela pergunta repentina.

— Fiz dezessete. Por quê? – Fitou-me, curioso.

— Ah, por nada. Só uma curiosidade mesmo. – Forcei um sorriso.

Ele fechou os olhos novamente, dando de ombros. Voltei a fazer carinho na sua cabeça, aproveitando o silêncio agradável que nos cercava. O único som que ouvíamos era o assobio do vento, no alto da torre.

— Você realmente tem cinco mil anos? – Arregalei os olhos, paralisada. Olhei para ele, sem entender o que estava dizendo. – Depois da luta contra o faraó, você disse que tinha cinco mil anos. Ou foi isso que entendi quando falou que não tinha idade para ser uma garota do ensino médio.

Flashs daquele dia invadiram minha mente. Dei uma risada baixa, ainda pasma. Eu queria gargalhar, mas tinha que me conter.

— Eu não tenho isso tudo. – Engasguei, controlando-me.

— Você não parece ser velha. Deveria ter a minha idade. Quantos anos você tem? – Indagou.

— Tenho dezesseis. Farei dezessete, ainda esse ano. – Ri de sua careta ao descobrir a verdade.

— Eu fui enganado esse tempo todo. – Estapeou a própria testa. – Eu sou mais velho que você... Minha nossa...

— Só em alguns meses. Mas parece que sua mentalidade não condiz com sua idade. – Debochei, ainda rindo.

— Está me chamando de crianção?

Não respondi, apenas rindo de sua cara. Ele também ria, criando uma atmosfera divertida entre nós. Ficamos de bobeira durante muito tempo, esquecendo completamente da patrulha. Se eu tivesse dado essa chance para ele o quanto antes, todas as nossas noites seriam assim. Claro que teríamos nossas responsabilidades, mas tudo poderia ter sido diferente.

Mas teria o problema de nossas identidades. Ele não poderia conhecer a Marinette; o meu verdadeiro eu. E eu não saberia quem ele era, mesmo que a vontade fosse grande. Teríamos que conviver com o mistério.

No fim da noite, quando íamos nos despedir, ele me surpreendeu com um beijo na bochecha. Arfei, ficando estática, com o rosto ruborizado. Ele permanecia com seu sorriso divertido, piscando um olho para mim.

— Obrigado por essa noite, Bugaboo. Eu vou te dever por essa.

Não há de que, era o que eu queria dizer. Mas a voz não queria sair.

Ele afastou-se caminhando em direção à sacada, ativando seu bastão. Deu uma última olhada para mim antes de saltar da torre. E eu estava ali, sem conseguir reagir a um simples gesto carinhoso. Levei as mãos ao meu peito, sentindo o coração bater tão forte, que chegava a esmagar meu tórax.

Meus brincos começaram a apitar, alertando-me que deveria ir logo para casa. Corri, saltando da torre e girando o ioiô para mirá-lo em uma das grades da torre. Continuei correndo e pulando entre os prédios até chegar ao terraço da minha casa. Olhei para as horas no comunicador e vi que logo seria uma da manhã. Tínhamos perdido completamente a noção de tempo.

Logo após entrar no meu quarto, joguei-me na cama e desfiz a transformação. Tikki caiu exausta do meu lado, arfando sem parar.

— Me desculpe por demorar tanto. Não sabia que era tão tarde. – Senti-me culpada.

Ela deu um sorriso cansado. Coloquei-a em minhas mãos e desci as escadas até a cozinha. Enquanto procurava os biscoitos de chocolate, ela me observava sentada em cima da bancada.

— Marinette...

— Sim, Tikki? – Olhei no fundo do armário e os encontrei escondidos atrás da lata de nachos.

— Você pode não ter percebido ainda, mas é bem óbvio que esteja apaixonada por Chat Noir.

Deixei o pacote cair no chão, derramando todo o biscoito, sentindo meus músculos travarem pelo choque. Fiquei petrificada, sem conseguir acreditar no que ela dissera.

— P-por que acha isso?

— Eu não acho. Tenho certeza absoluta. Quando nos unimos como Ladybug, posso sentir suas emoções com clareza. Seu corpo reage intensamente quando está perto dele, assim como ficava quando estava com Adrien.

— Não pode ser... Eu ainda amo o Adrien... – Sussurrei, pondo as mãos na cabeça, sendo dominada pelo pânico.

— É possível amar duas pessoas ao mesmo tempo. Sei que está com medo... E isso é normal. Mas você precisa aceitar esses sentimentos, ou ficará sempre sofrendo. Chat Noir te ama, e todo amor negado é um sorriso apagado.

Só em imaginar ver Chat Noir sofrendo pelo mesmo motivo que eu, fazia-me encolher os ombros e tremer de aflição. O que eu menos queria era vê-lo triste, principalmente depois de querer tanto me ajudar.

Foi então que uma ficha gigante acertou minha cabeça, fazendo-me cair na real.

Vê-lo triste, me deixa triste.

Vê-lo feliz, me deixa feliz.

Ele gostava de mim, e eu... gostava dele.

O coração que batia acelerado; o rosto corado; aquele desejo de tocar seu cabelo, sem conseguir entender o motivo; um ciúme incomum que foi despertado.

— É um sentimento mútuo. – Minha voz saiu quase inaudível, colocando a mão na boca e caindo de joelhos, estraçalhando ainda mais os biscoitos no chão.

— Você o ama. Só não aceita ainda por completo.

Não é que eu não tenha percebido, o problema é que eu estava negando.

Amei um único garoto por tanto tempo, que não sabia que seria capaz de amar outro. E isso tudo aconteceu em menos de uma semana.

Tikki levantou-se da bancada e voou em direção ao pacote que estava caído no chão. Pegou um biscoito que havia restado e começou a comer. Enquanto mastigava, continuou falando.

— Você já gostava dele antes mesmo da proposta. Só que isso estava adormecido dentro de você. Depois que foi rejeitada por Adrien, os dois acabaram se aproximando mais, e o que você sentia antes acabou ficando mais forte.

Eu o amo...

Aquelas três palavras martelavam na minha cabeça, fazendo-me aceitar o óbvio. Eu respirava rápido, tentando recuperar o ar em meus pulmões, sentindo uma grande tontura me abater. Segurei-me na bancada e levantei com dificuldades.

Eu o amo!

— Você está bem? – Tikki me perguntou, segurando meu outro braço, tentando inutilmente me ajudar.

— E-eu... Eu não sei. Não sei mais o que estou sentindo... – Andei lentamente até o armário de equipamentos de limpeza e peguei uma vassoura para limpar a sujeira que havia feito. Depois disso, subi as escadas segurando-me fortemente no corrimão. Tikki me seguia ainda preocupada por eu não ter dito mais nada. Só vagava pelos cômodos, com os olhos ainda arregalados.

Eu amo o Chat Noir.

Deitei-me na cama e encolhi-me em posição fetal, afundando o rosto no travesseiro. Nem me dei ao trabalho de trocar de roupa ou me cobrir com o edredom. Só conseguia sentir a ardência nos olhos e vontade de soluçar. Tikki pegou o cobertor e me cobriu, sem dizer nada. Ela entendia que eu precisava absorver aquele súbito acontecimento sozinha.

Eu amo o Chat Noir.

Fechei os olhos, tentando me acalmar. Automaticamente um brilho verde inundou os meus pensamentos. Olhos felinos e penetrantes que me encaravam com muita intensidade. Olhos divertidos e brilhosos, que me fascinavam a cada instante. Depois imaginei outro tipo de verde. Mais claro e caloroso. Sonhador e gentil. Olhos que também me encantavam.

Eu amo o Adrien e o Chat Noir.

E foi com um daqueles olhos... que me pus a sonhar...


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Notas finais do capítulo

Por favor me digam se o cap ficou bom. Gosto de saber a opinião de vcs caso tenha algo que possa ser melhorado.
Pra vcs terem ideia, tive que ler o livro que detesto para poder ter inspiração para escrever esse cap. Por isso que está tão açucarado e que esse final foi dramático. Pois é, tive que ler algumas partes de Lua Nova da saga crepúsculo (eu amo crepúsculo, mas esse foi o livro mais chato da saga). É mais por causa da amizade de Jacob e Bella, pq ela o ama, mas acha que a relação deles é apenas amizade.
Até o próx cap.
Kisses ;*
#LadynoirReidosShips kkkkkk