Além de mim escrita por Lara Queen


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Hello, gente!
Tive bastante receio em postar esse cap pq eu não tenho certeza se está bom.
Também tive um pouco de dificuldades de narrar os sentimentos dos personagens, mas eu espero que tenha ficado bom e que vcs gostem.
Me desculpem qualquer erro, pq eu sinto q não revisei direito :v
Boa leitura :)



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Capitulo 7

O GATO

Decidi acordar mais cedo do que de costume para ir à escola. Estava tão cheio de energia, tão feliz, que nada poderia estragar o meu dia. Nem mesmo meu pai com sua frieza, que, aliás, tinha viajado no dia anterior para a China com o intuito de discutir as questões de sua empresa de moda, a mesma a qual eu trabalhava como modelo.

Antes de sua viagem, tinha ouvido sua conversa pelo telefone às escondidas durante a noite dizendo que tinha pistas de minha mãe desaparecida. Então eu sabia que ele tinha outras coisas para resolver, além dos negócios.

Mas a alegria que eu estava sentindo era tão grande, que parecia estar além do infinito. Era como um sonho no qual eu não conseguia acordar.

Minha joaninha era a razão principal de minha felicidade. O fato de ter finalmente me aceitado ao seu lado, não somente como seu parceiro, mas como algo mais que apenas a amizade, fazia meu coração explodir de felicidade. Estava disposto a tudo para fazê-la se apaixonar por mim.

Seu cheiro de flor estava impregnado em minha memória. Assim como seus grandes e brilhantes olhos azuis, que poderiam ser comparados com duas lindas safiras envolvidas por uma máscara vermelha, em contraste com o tom rosado de suas bochechas.

— Alô, Terra chamando Adrien. Você tá bem? – Levei um baita susto com Nino estalando os dedos na minha frente. – Cara, eu já estava preocupado com você. Estou parado do seu lado há vários minutos e você nem sequer se mexeu.

— Hein?

— Você está com uma tremenda cara de idiota abobalhado, está mais distraído que o normal e não consegue tirar esse sorrisinho da cara. Por acaso você teve um encontro e não estou sabendo? – Ele ajeitou os óculos no nariz e cruzou os braços.

— Ahn? Do que está falando? – Estava completamente perdido.

— Estou falando de você e o fato de não querer me contar quem é a pessoa por quem está apaixonado. – Cruzou os braços e arqueou a sobrancelha.

Esfreguei a nuca, sentindo-me constrangido. Nino era insistente, e tinha aprendido a ser assim devido à convivência com a Alya. Então ele sabia como ser irritante quando queria.

— Prefiro não revelar quem é por enquanto.

Minha resposta não o deixou satisfeito. Sua expressão contrariada só me dava mais vontade de rir de sua cara.

— É sério que vai esconder uma informação tão importante de seu amigo? Todo esse mistério está me dando uns nervos – falou indignado, gesticulando com as mãos de maneira exagerada.

— Pare com isso, Nino. É que ela é... tímida. – Não sabia se esse era um bom termo para definir a minha Lady. Se eu dissesse que era a Ladybug, poderia levantar suspeitas de que eu era o Chat Noir. E também, eu não saberia dizer quem poderia ser, porque ela ainda não havia me revelado sua verdadeira identidade.

— Tímida? Essa foi a pior desculpa que já ouvi, e você vive fazendo isso. Mas pelo menos, agora que eu sei que é uma garota, não preciso mais questionar a sua... você sabe. – Ele deu de ombros, rindo da minha cara.

Uma veia saltou de minha testa, entendendo perfeitamente o que ele queria dizer. Sabe aquele papo de que nada poderia estragar o meu dia? Estava bem enganado.

— Quer dizer que esse tempo todo você duvidava de mim? – Perguntei, esbanjando incredulidade.

— Claro! Você disse para Marinette que já amava outra pessoa, mas não especificou quem era. É óbvio que eu ia duvidar!

Ele estava gargalhando, com a mão na barriga e apontando para minha cara completamente irritada. Nessas horas eu poderia simplesmente compará-lo com Plagg e questionar sobre qual dos dois era mais irritante. Pretendia chama-lo de idiota, mas antes que eu sequer abrisse a boca, Alya apareceu apoiando o braço no ombro de Nino, acompanhando a risada sobre algo que nem sabia do que se tratava.

— Sobre o que estamos rindo? – Ela perguntou enxugando os olhos de tanto rir.

— Agora podemos ter certeza de que Adrien não é gay.

— Como assim? Explique-me. – Ela pôs a mão na cintura e o olhou curiosa, exigindo uma resposta mais clara.

— Olha, eu... – ele me interrompeu.

— Ele nunca especificou estar apaixonado por uma garota. Eu tinha as minhas dúvidas...

Encarei os dois, os olhos variando de um para o outro, com o queixo caído pela indignação, por eles estarem conversando justamente sobre aquilo. E mesmo se eu fosse, não era da conta deles.

Bufei, irritado.

— Às vezes eu também me pergunto sobre isso. Ele parece estar sempre desconfortável quando está perto das garotas, notou isso? – Ela disse com a mão no queixo, pensativa.

— Também notei. – Falou com um sorriso maligno.

Eles estavam me avacalhando e rindo de mim. Não entendia o porquê das pessoas gostarem de me tirar do sério. Por acaso era engraçado?

— Vocês podem me ouvir? Eu fico tímido quando estou perto de uma garota. Simplesmente não sei como reagir, principalmente porque não tive contato com muitas garotas durante grande parte da minha vida. Só comecei a me relacionar melhor com elas depois que entrei no ensino médio. Estão me entendendo agora? – Cruzei os braços e fiz um bico infantil.

Ambos me encararam em silêncio, mas ainda com o olhar divertido. Mas minha atenção foi desviada para a porta da sala de aula. Eles seguiram o meu olhar e logo senti o ar ficar denso. Acho que a tensão veio de minha parte. Marinette atravessou a sala, seguindo para a cadeira atrás de mim. Andou com a cabeça abaixada, a franja cobrindo os olhos, evitando olhar para a minha direção.

Ainda me sentia mal por tê-la magoado. Mesmo que ela dissesse que a culpa não era minha, ainda tinha aquela sensação ruim. Meu coração se apertava sempre que me lembrava de seu rosto triste, as lágrimas derramando de seus olhos e sua voz embargada e sofrida. Sabia que seu amor era sincero, e nunca duvidaria disso. Ainda mais com ela sofrendo tanto quanto eu.

Se Marinette fosse akumatizada por minha causa, eu nunca me perdoaria. Mesmo que eu já tenha lutado contra vários amigos afetados, ela era um caso diferente. Não sabia se conseguiria enfrentá-la, talvez porque eu carregaria a culpa.

Quando enfrentei o Homem-Bolha, foi difícil para mim. Mas tentei não transparecer, para não atrapalhar na luta. Não queria machucar o Nino, pois ele era o meu melhor amigo. Afinal, pela minha experiência como modelo, era bom em esconder sentimentos. Mesmo em uma situação séria como aquela, tentava encarar tudo como uma mera diversão. E no fim, eu e Ladybug conseguimos salvá-lo.

Quanto a Marinette, não tinha acontecido nada com ela até aquele momento. Talvez ela fosse muito otimista para ser afetada. Esse pensamento me tranquilizava um pouco. Chloe já a irritou tantas vezes e já foi motivo de tantas transformações, que fico surpreso de nada ainda ter acontecido com ela.

Decidi espiá-la de esguelha, antes de a aula começar. Ela estava com os cotovelos apoiados na mesa, descansando a cabeça sob as mãos, enquanto olhava um ponto fixo perdida em pensamentos.

Sentia falta de vê-la sorrir. Aquela expressão não combinava com seus traços delicados. Séria e calada. Estava acostumado a vê-la alegre, enérgica e muito tagarela. Meus lábios se curvaram em um discreto sorriso ao lembrar-me do modo como gaguejava quando eu me aproximava. Aquilo começava a fazer sentido para mim. Era engraçado quando ela se atrapalhava com qualquer coisa, mas sempre com um sorriso.

Virei para frente e comecei a batucar a mesa, impaciente com aquele clima sobrecarregado.

Ela queria ficar longe de mim para tentar me esquecer. Eu respeitaria isso. Mas eu queria tentar só mais uma vez. Queria saber se havia uma chance mínima para ela mudar de ideia.

Suspirei, passando a mão na cabeça. Antes que eu pensasse em qualquer coisa para dizer a ela, o professor havia entrado na sala com um envelope na mão.

Droga! Teste surpresa!

— Vocês têm cinco minutos para olharem o caderno e revisar tudo o que aprenderam. Teremos um teste de física, e eu juro que não está difícil. – O professor deu um sorriso maquiavélico e todos os alunos lamentaram.

Vi Nino estapear a cabeça e me olhar apavorado.

— Adrien, você é inteligente. Ajuda aqui, cara.

— Agora que você quer a minha ajuda, né? – Perguntei com sarcasmo.

— Ah, por favor! Eu prometo ficar uma semana sem te zoar. – Ele juntou as mãos, implorando.

— Um mês. – Ergui as sobrancelhas.

— Um mês? É sério isso? – Abriu a boca, perplexo.

— Tudo ou nada.

Com um bico muito grande, ele concordou. Estendeu a mão para mim e fechamos o nosso acordo. Peguei o meu caderno e comecei a explicar a matéria. Termometria e termodinâmica não eram matérias difíceis, pelo menos não para mim. Modéstia a parte, era um garoto inteligente. Graças ao meu pai, tinha aulas particulares para aprofundar os meus conhecimentos. Eu precisava ser “o garoto perfeito”. Talvez ele quisesse que eu herdasse a sua empresa de moda. Inclusive, tinha que organizar os meus horários de aula, principalmente por causa da minha segunda identidade.

Só precisei de 30 minutos para responder as questões, então eu fui um dos primeiros a entregar a prova. Os alunos que terminassem tinham autorização para esperar do lado de fora. Saí da sala com um sorriso divertido ao olhar de relance o desespero de Nino.

Alya e Max foram os próximos. Alya veio na minha direção, preocupada achando que tinha ido mal. Com certeza ela era uma garota muito inteligente, pois sempre tinha as notas na média. Só que ela parecia ser exigente demais. Pouco a pouco os alunos entregavam suas provas e saíam da sala. Nino foi um deles, que se aproximou de nós com uma cara derrotada.

— Levei bomba de novo. Essa não é minha melhor matéria... – suspirou. – Eu sou de humanas, não sirvo pra fazer conta.

Alya ficou o tranquilizando, dizendo que tudo ficaria bem. Na realidade, não estava prestando muita atenção no que eles estavam dizendo, pois vi Marinette saindo pela porta, com os ombros encolhidos, achando que ninguém iria notá-la. Sem perceber, eu não tinha controle do que estava fazendo, apenas me vi andando em sua direção, que estava de costas. Agarrei seu ombro e fiz com que ela se virasse para mim. Ela levantou a cabeça e me olhou assustada.

— Adrien?

Não sabia exatamente o que falar para ela. Queria dizer muitas coisas, mas não conseguia elaborar nada coerente. Ainda me sentia afetado pela nossa conversa do dia anterior. Mesmo que eu estivesse muito feliz pela minha Lady, uma parte de mim se sentia mal pelos problemas que causei à Mari. Mas eu estava ali, parado na sua frente, encarando aqueles olhos azuis confusos.

Estava preocupado não apenas com sua saúde psicológica como também a física. Pude ver com mais clareza as suas olheiras fundas e os olhos vermelhos pelo cansaço. Ela não havia dormido direito, o que me fazia questionar o motivo.

Era por minha causa? Aconteceu mais alguma coisa?

A mesma ainda esperava por alguma resposta, devido o tempo que estávamos em silêncio. Engoli em seco, respirando fundo para poder dizer alguma coisa de uma vez.

— Eu só...

— Eu sei, Adrien.

Para a minha surpresa, ela deu um sorriso. Um sorriso que tinha o objetivo de me tranquilizar. Mas eu conhecia aquela expressão muito bem, porque já estava acostumado a esboçá-la. Por trás daqueles lábios curvados e aqueles olhos levemente puxados, ela tentava esconder o que realmente sentia.

— Fico feliz por se preocupar comigo. Mas agora eu estou melhor.

Mentirosa. É óbvio que não está.

— Você me evitou a manhã inteira. E me evitaria mais um pouco se eu não tivesse vindo falar com você – franzi o cenho.

— Eu havia dito que queria ficar longe, e estou me esforçando para isso, mas você não está colaborando.

— Pensei em insistir uma última vez e tentar ver se havia alguma chance de você mudar de ideia.

— Mas eu não quero mudar de ideia, Adrien. Estou tentando seguir em frente, mesmo que isso seja um pensamento egoísta.

Bufei, mal humorado.

— Marinette, entenda que se afastar das pessoas que se importam com você não é uma solução. Isso me magoa também, sabia?

— Mas essa foi a única solução que eu encontrei no momento. Você não está vendo que estou tentando te esquecer? – Ela disse, aborrecida.

— Então não esqueça! – Respondi sem pensar. Ela arregalou os olhos, assustada. Arrependi-me de ter levantado a voz ao vê-la daquela forma.

Foram poucos segundos de silêncio nos encarando. Ela se segurava novamente para não chorar, e aquilo me quebrava. Não sabia lidar com pessoas tristes, nem sabia o que fazer quando elas choravam. Sentia-me perdido.

— Por quê? Por que insiste tanto? Eu não sei mais o que fazer... – Sua voz estava fraca.

— Porque você é a minha melhor amiga. E eu me importo muito com você. Isso não é motivo o suficiente para entender? – Falei, suavizando minha expressão.

— Você já tem alguém importante.

— Não quer dizer que você também não seja.

Ela ficou em silêncio, olhando para os meus olhos, tentando me desvendar. Eu conseguia ver através de suas íris azuis o mar revolto e cheio de conflitos. No fundo, eu sabia que não adiantaria discutir com ela. Sua teimosia persistiria até eu desistir. Então ela finalmente se pronunciou, acabando com qualquer esperança que eu tinha.

— Me desculpe... Mas não dá.

— Então não quer mais ser a minha amiga?

Engoli em seco, sentindo o desespero me abater por, no fundo, saber a resposta. E mais uma vez eu tinha a sensação de estar perdendo alguém importante.

— Facilitaria as coisas para mim.

— Se é assim que você quer, não vou mais te incomodar... – murmurei. Ela abriu levemente a boca e arqueou as sobrancelhas pela surpresa e mágoa.

Ela levantou a mão, dando a entender que diria mais alguma coisa, mas desistiu. Então balançou a cabeça, confirmando o que eu disse, dando alguns passos para trás, se afastando. Com esse ato, dei uma ultima olhada para seus olhos cabisbaixos, virei-me de costas e me afastei.

Se era assim que ela queria, então assim seria.

***

Eu até tolerava as brincadeirinhas irritantes do Nino – no qual eu já estava acostumado –, assim como um teste surpresa de física, ou duas horas de aula sonífera de geografia. Só não suportava ser abandonado mais uma vez. Ver uma amizade sendo desfeita. Ver sorrisos sendo apagados por minha causa.

Era algo que eu detestava.

Uma manhã que havia começado tão bem... e que terminou de maneira lamentável.

Logo após a discussão com Marinette, tivemos mais algumas aulas antes do intervalo. Nino tentava conversar comigo, mas minha expressão deixava bem claro que eu queria ficar isolado em minha própria bolha de angústia. Ele sabia o que havia acontecido, e o mesmo não poderia ajudar em nada.

Evitei olhar para a morena a todo custo. Queria apagar de minha memória aquele momento deplorável. Então eu permiti que certa joaninha dominasse meus pensamentos, fazendo-me contar os segundos para encontra-la naquela noite e esquecer todos os acontecimentos ruins daquele dia.

Pretendia ficar sozinho na sala de aula, mas um Kwami decidiu me incomodar. Depois de ter dormido a manhã inteira escondido dentro do bolso da minha camisa, voou para altura de meu rosto e me encarou seriamente.

— Você é um idiota, Adrien.

Uni as sobrancelhas e o fuzilei com os olhos.

— Por que acha isso?

Ele pigarreou antes de se pronunciar.

— Eu ouvi sua conversa com Marinette. Você deveria dar espaço para a garota pensar. Ficar perto de você deve ser difícil para ela.

— Eu sei disso... Eu seria paciente e daria um tempo para ela, mas acabar totalmente com nossa amizade não ajudaria em nada. Isso só magoaria a nós dois.

— Entendo o que está sentindo, mas eu acho que você também deveria entender o lado dela. Quando a poeira abaixar e ela já tiver superado você, voltarão a ser amigos. Vai por mim.

— Isso durará por quanto tempo? Uma semana? Seis meses? Até a formatura do último ano? Não sei por quanto tempo vou conseguir esperar.

— Seja paciente, garoto. Isso será breve, acredite.

— Como pode ter tanta certeza disso?

Ele colocou a mão no queixo e respondeu:

— Eu não tenho muita certeza, mas pode acreditar na minha intuição felina.

Revirei os olhos e dei um discreto sorriso. Achava graça das vezes em que ele decidia agir como um velho sábio conselheiro. Sendo que ele deveria ter mais de cinco mil anos, viu e viveu muita coisa durante esses milênios. Esse era um daqueles poucos momentos em que ele não pensava com o estômago.

O intervalo havia terminado e Plagg voltou a se esconder em minha camisa. Tivemos uma aula de historia e outra de língua francesa, que eram as minhas matérias preferidas, mas não estava com muito ânimo para prestar atenção. Quando o sinal da ultima aula tocou, peguei minhas coisas e joguei na mochila com ignorância. Nino e Alya olharam para mim preocupados, mas nenhum olhar de Marinette.

Se ela iria me ignorar, fingiria não me importar. Talvez eu ouvisse o que Plagg havia dito e deixaria rolar. Quem sabe ele tivesse razão e em breve as coisas poderiam voltar ao normal. Sem intrigas e sofrimento.

Saí da sala dando de ombros e pisando firme, seguindo para o carro que me esperava em frente à escola. Nathalie já se encontrava lá dentro, segurando um bloquinho de anotações. Ela me olhou de esguelha e riscou alguma coisa no papel.

— Você tem uma sessão de fotos daqui a pouco, mas acho que dá tempo de ir para casa e tomar um banho. Ou prefere ir direto?

— Vamos direto. Podemos adiantar o trabalho e sair mais cedo. – Respondi sem olhar para ela. Fiquei com a cabeça apoiada na janela, vendo as pessoas em movimento e observando distraidamente a paisagem bela que Paris proporcionava, mesmo que vista entre as ruas.

Nathalie concordou e digitou uma mensagem no celular. Era possível que fosse para o fotógrafo, avisando que chegaríamos mais cedo.

Às vezes eu desejava ter outra vida e ser um garoto normal. Sem sessão de fotos, sem fama, um pai mais presente e uma mãe que nunca tivesse ido embora. Um universo em que eu e Marinette nunca tivéssemos brigado e que a joaninha fosse minha namorada.

Seria um mundo perfeito.

Quando chegamos ao estúdio, fui direto para o camarim e troquei as minhas roupas. Tirei tantas fotos que minha bochecha doía de tanto sorrir. Era um sofrimento que valia a pena pelos resultados. A cada minuto eu olhava para o relógio, desejando que o ponteiro girasse mais rápido para que eu pudesse ir embora.

Sorri satisfeito quando entrei no carro e seguimos direto para casa. Nathalie riscou mais alguma coisa no seu bloquinho e disse que não teríamos mais nada naquele dia. Fiquei mais feliz ainda.

Quando entrei no quarto e me joguei de bruços na cama, senti algo cutucar meu peito, me incomodando.

— Adrien, eu não consigo respirar. – A voz saiu abafada e desesperada. Havia esquecido completamente de que Plagg estava escondido na minha camisa.

Levantei-me um pouco da cama para que ele pudesse sair.

— Você ficou maluco? Quase me matou sufocado! Você é muito pesado, sabia? Como pôde se esquecer de que eu estava aqui? – Começou com sua dramatização, fazendo gestos exagerados.

— Desculpa. Esse dia foi desgastante. Só queria me jogar logo na cama. – Falei, deitando-me novamente. Sentia meus músculos relaxarem, mas dentro da minha cabeça estava um caos. Na verdade, quando não estava?

— Isso não quer dizer que você pode me matar. – Ele cruzou os braços e virou a cabeça, sentindo-se ofendido.

Revirei os olhos e suspirei. Não discutiria com o kwami. Só queria esperar as horas passarem para me encontrar com a minha Lady. Pretendia cochilar um pouco, mas lembrei-me que tinha tarefas de casa para fazer.

Gemi, afundando o rosto no travesseiro e sentindo a preguiça me dominar.

— Adrien, eu tô com fome. – Plagg reclamou, puxando o meu cabelo para que eu me levantasse.

E quando não está?

— Já vou... – Disse com a voz arrastada. Levantei-me e fui para a cozinha buscar um pedaço de queijo Camembert para aquele gato irritante. Aquele negócio era tão fedido, que o cheiro ficava impregnado nas minhas roupas. Todos os dias eu tinha que banhar de perfume para não ter que sentir aquele odor excessivo.

Quando voltei, encontrei-o sentado em cima da mesa do computador, me encarando com um olhar divertido. Entortei a cabeça, confuso, me aproximando dele e entregando-lhe o queijo.

— O que foi?

— Só estou me lembrando de uma conversa que ouvi hoje de manhã. – Ele abocanhou o queijo, com um sorriso debochado. Ainda não estava entendendo. – Sabe, Nino tem razão em duvidar de você. Se eu não soubesse que você é apaixonado por Ladybug, também desconfiaria.

Minha boca se abriu pela indignação e fiz uma careta desagradável. Ele já estava gargalhando da minha cara, enquanto apreciava seu queijo fedido. Eu deveria saber que ele estava ouvindo...

— E por que você também acha isso?

— Meu querido Adrien, você tem um monte de garotas aos seus pés e não deu chance a nenhuma. Até mesmo para a Chloe, que você conhece desde pequeno.

— Por favor, não me faça ter que repetir o que disse para Alya e Nino. Não quero continuar falando sobre isso.

Aproveitaria que a irritação havia me despertado e faria minhas tarefas de casa. Enquanto ele debochava de mim, eu o ignorava, tentando fazer o meu dever de matemática.

O tempo passou rápido, pois logo eu estava me transformando em Chat Noir, saltando pelos telhados e seguindo para a Torre Eiffel.

Encontraria minha joaninha para mais uma patrulha.

Só que eu tinha outros planos para aquela noite.


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Notas finais do capítulo

Adrien não enxerga Marinette de uma maneira romântica (ainda), mas como uma amizade sincera. Ele passou tanto tempo sozinho, que acabou se apegando aos seus amigos. Seus laços são fortes, e o mesmo valoriza as amizades que tem. Caso fosse Nino que dissesse que não queria mais ser seu amigo, Adrien lutaria da mesma forma. É tipo naruto atrás do sasuke, sabe? (só que sem aquele exagero todo.)
Sua mãe o deixou sem explicações e o pai é muito ocupado com o trabalho, então é meio compreensível ele agir dessa forma, ainda mais sendo um adolescente com sentimentos aguçados.
Seria algo como “seus amigos são sua família”, que eu me inspirei em uma doujinsh chamada “Down” que acompanho no DeviantArt ( Autor: http://miyukey.deviantart.com/ ).
Decidi valorizar mais essa amizade entre Adrien e Nino, colocando um pouco de alívio cômico. Talvez seja por isso q o cap ficou meio grande. E Plagg merecia também uma participação, pq eu já estava me esquecendo de pôr ele na história.
O próximo capítulo estará cheio de Ladynoir, do tipo bem açucarado e fofo. Acho que vcs vão gostar.
A nota ficou meio grande, mas é isso aí. A gente se vê na próxima segunda.
Kisses :*