Livro 1 - Alvorecer de uma nova era escrita por MsMistery


Capítulo 1
Cap 1/2 - Prólogo/Uma nova perspectiva...


Notas iniciais do capítulo

A primeira diferença nessa minha história, comparado ao que é cannon (oficial), é que Asami é quem pilotava os ‘hummingbirds’ (trajes mecanicos) que iriam penetrar o meca-tanque de Kuvira, e morreu no processo.

O pai dela foi salvo, os papeis foram simplesmente inversos.



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Em choque, após ver os destroços do que sobrou da máquina que se encontrava sua amiga, e amor Asami Sato, somente as vozes afoitas e energéticas de seus companheiros de equipe foram capazes de tirar Korra do transe em que ela estava.

Não havia tempo para lamúrias, se ela demorasse mais um pouco para entrar na brecha que a brilhante mecânica havia aberto, Kuvira poderia se recompor e reforçar aquela entrada de alguma forma. Então, ignorando momentaneamente a dor dilacerante em seu peito, a jovem Avatar correu, acompanhada de Mako, Bolin, Su, e Lin, para uma operação que acabaria de vez com aquele ataque à cidade república.

“Kuvira vai pagar por isso” Ela pensou, vingativa.

“Korra... Cuidado com seus impulsos. Sinto que seu espirito está prestes a ser tomado pela escuridão, não se deixe levar por esses seus desejos assassinos. ” A voz espiritual de Raava bradou na mente de Korra, acalmando-a por um segundo- Um segundo, no qual ela relembrou porque o peito dela parecia que estava sendo penetrado por uma estaca sem fim.

Lágrimas escorreram pelo rosto da Avatar, quando flashes de metal distorcido ocuparam sua mente; Ela deu um pique em sua corrida, gritando furiosamente, tentando evitar com todas as suas forças o soluço que borbulhava, pois sabia que se soltasse aquele nó em sua garganta, o choro não cessaria tão cedo. Raiva era um sentimento perigoso, principalmente numa situação crítica como aquela. Ela precisava ter a cabeça no lugar, e ser fria... Pena que era mais fácil falar do que fazer.

A aflição da Avatar era tão transparente quanto o cristal, e a maneira incaracterística na qual Korra estava agindo estava deixando os irmãos Mako e Bolin mais preocupados ainda. Ela estava prestes a perder sua sanidade, e abandonar a lógica, eles perceberam isso.

Com um olhar de canto de olho, Mako silenciosamente comunicou-se com seu irmão, que acenando com a cabeça, deu espaço e foi reagrupar-se com Su e Lin assim que se infiltraram no meca-tanque.

Olhando novamente pra Avatar, Mako respirou fundo e pôs uma mão em seu ombro. “Eu sei o que você está sentindo. ” Quando Korra o encarou, Mako quase desistiu de tentar conforta-la. Seus olhos estavam furiosos, quase como se ela estivesse prestes à ataca-lo... Como se ele fosse o inimigo.

Aquela não foi a reação esperada, tinha algo de errado, obviamente... Mas não se tratava apenas da perda. Definitivamente, tinha algo de errado. “Korra...” Ele ia pergunta-la se estava tudo bem, mas seria algo redundante, visto tudo o que passou.

Ela suspirou, sacodiu fortemente a cabeça, como se estivesse se livrando de um pensamento ruim, secou suas lágrimas e se afastou de Mako. “Temos que continuar.” Ela deu as costas e foi em direção à onde Bolin e as duas dominadoras de metal estavam... Ou iria, se Mako não a tivesse segurado pelo braço, e mantido-a no lugar.

“Korra, acredite em mim. Eu entendo. Mas se você perder o controle de suas emoções agora, pode pôr tudo a perder, e o sacrifício da Asami terá sido em vão.”

“Esse sacrifício não deveria ter sido feito” Ela murmurou, num tom que tornou impossível para Mako escutar.

“O que disse?” Indagou, confuso.

“Eu deveria ter ajudado Su a mata-la quando tive a chance” Ela disse, ainda baixo, presa em suas próprias lembranças;

“Korra... Eu não estou conseguindo te entender...” Mako repetiu, esperando uma resposta desta vez.

“Esquece Mako” Ela suspirou “Eu não vou deixar essa oportunidade passar” Quando seus olhos encontraram os do dominador de fogo, eles estavam tão vazios quanto seu próprio coração. Ela mataria Kuvira, e ninguém ficaria em seu caminho.

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O casamento estava lindo, e a festa era mais que extravagante: algo esperado do excêntrico Varrick. Mas enquanto alguns aproveitavam para celebrar o amor, e a derrota da Kuvira, outros conversavam entre sí, tentando conseguir algum tipo de conforto pelas suas perdas.

Mako e Bolin, cabisbaixos, lamentavam a perda da Asami, em conjunto com os dominadores de ar que conheciam a Sato. Eles nem tentaram mais se aproximar da isolada Avatar, que apareceu no evento apenas por pura insistência dos nômades do ar e de seu mestre Tenzin.

“Você acha que ela vai ficar bem, irmão?” Bolin perguntou, seguindo a linha de visão de Mako que, assim como muitos dos convidados, observava Korra.

Em qualquer outra hora Mako teria dito que sim; Ele viu o estado em que a Avatar ficou depois do ataque da lótus vermelha, ele sabe do que a garota da tribo da água do sul é capaz. Korra sempre foi durona, ela superou tudo aquilo, ele nunca tinha duvidado que ela conseguiria de alguma forma. Mas agora... tinha algo definitivamente diferente nela, e isso o preocupava. “Não tenho tanta certeza, bro.”

O silencio se fez presente então. Ambos temiam uma outra perda, mal sabiam eles que apesar de viva, Korra estava muito, muito longe de estar presente.

 

Será que em algum momento de sua vida ela sequer teria paz? Korra se perguntava, enquanto encarava o novo portal espiritual que foi aberto no coração da cidade república. Ela já não sentia nada, nada. Não bastou a experiência de perder sua dominação, ou suas vidas passadas, ou quase perder sua própria vida... Ela acabou perdendo também a pessoa que ela amava, e assim como uma conexão espiritual quebrada, ela jamais seria capaz de recuperar essa perda. Ela estava cansada. Se no passado ela teve esperanças de recuperação enquanto estava na cadeira de rodas, agora ela não tem nem motivação para continuar com seus serviços de Avatar... Ela estava completamente quebrada emocionalmente. Como era possível, um ser humano viver com um vazio tão imenso dentro de sí?

Com o Karma que ela estava acumulando nessa vida, ela só esperava que pelo menos o próximo Avatar tivesse uma sorte bastarda. Ela deu uma risada fraca, sua desgraça era tão grande que poderia se tornar até cômico.

“Se Asami estivesse viva...” Uma lágrima escorreu de seu rosto, imaginando tudo o que poderiam fazer, agora com um portal espiritual tão perto de casa. Ela jamais saberia se Asami iria querer visitar o mundo espiritual ou não. Jamais veria novamente aqueles olhos verdes brilharem com uma nova ideia, ou aquele sorriso debochado como quando ela arranjava uma solução pra algo...

“Perdas fazem parte da vida, Korra. Não se esqueça que tudo isso é apenas um ciclo, e há um proposito muito maior no que você faz. Vai além de seus laços...” Raava tentou conforta-la, mas o que o espírito de luz disse acabou deixando Korra ainda mais inconformada.

Sem se importar com os óbvios expectadores, a Avatar se permitiu liberar o soluço que tanto prendia. Depois de tantas noites chorando, assumiu que sua fonte já estivesse seca, mas parecia que ela ainda tinha muito para derramar. As lágrimas traziam a dor, que de alguma forma era reconfortante; Era um momento em que ela se permitia sentir, e sua tristeza trazia alívio... Porque de certa forma, era melhor sentir aquela angústia do que o vazio constante que sua vida tinha se tornado.

De longe, uma outra figura abatida e solene, de cabelos e barbas brancas, também observava a Avatar. Ele abaixou sua cabeça, e suspirou pesadamente ao vê-la chorando; Seus ombros sacudindo em soluços. Ele conhecia aquele sentimento muito bem, também reconhecia aquele olhar vago da Avatar. Era como olhar-se num espelho na época em que perdeu sua amada. Depois de tudo o que ele fez, sabia que a última coisa que ele merecia era estar naquele casamento, prestigiando o sucesso de uma missão que só foi possível por causa do sacrifício de sua filha...

Hiroshi tinha se surpreendido quando a Avatar o tirou da prisão pra leva-lo na “comemoração da vitória-barra-casamento do Varrick”, ele sabia que era nem um pouco apreciado pela jovem. Aparentemente Korra sentiu que “era algo que Asami iria querer”, e então o permitiu sair para ‘celebrar a vitoria’. Ela o olhou como se ele fosse um ser repugnante, e aquilo doeu, pois lembrou-o da vez em que ele mesmo tentou tirar a vida da própria filha.

O velho Sato sabia que se fosse falar com a Avatar naquele momento, não receberia nada além de respostas curtas e mau-humoradas, mas sabia também que ele tinha que dizer algo. Korra precisava ouvir alguns conselhos, e apesar de tudo o que ele fez, Hiroshi era o único capaz de dizer a ela o que precisa ouvir. Ele podia ver a Avatar se perdendo em sua própria mente, num caminho perigoso que ele mesmo havia trilhado no passado. Não podia deixa-la.

Passando por cima de todos os alertas que seu corpo e mente mandavam para ficar afastado, Hiroshi caminhou em direção à Avatar, e em silêncio, sentou-se ao lado dela.

Os soluços eram incessantes, e embora ela tenha notado a presença de alguém ao lado dela, Korra não se atreveu a olhar pro lado. “O que é? ” Ela perguntou, irritadiça, querendo se livrar rapidamente da presença que a impedia de apreciar um dos raros momentos em que ela simplesmente sentia.

“Eu gostaria de ter reconhecido antes o erro dos meus caminhos... – Hiroshi começou, mansamente. Quase como se estivesse falando sozinho. – Eu tinha o amor da Asami, ela me respeitava, e sempre pôs a mão no fogo por mim.”

Reconhecendo aquela voz, e de quem se tratava, Korra de olhos arregalados, encarou o homem que estava sentado à sua esquerda. “O que você-“

Antes que ela pudesse terminar sua pergunta, Hiroshi continuou com seu discurso, aproveitando aquele momento até para relembrar de sua filha. “Ela sempre foi tão determinada, otimista. Por muito tempo na cadeia, eu me perguntei como ela poderia ser tão feliz sem a mãe, e eu tao amargo. Eu não entendia que na verdade, Asami sentia a perda tanto quanto eu, só não deixava afeta-la tão profundamente. Eu achava que o movimento igualitário traria a paz que eu tanto buscava. A ideia tola de que a dominação era o mal que afligia a sociedade, me fez viver em prol de uma causa que em meu ver, era a solução para os problemas do mundo. A sensação de que eu estava trazendo uma mudança, me distraia. Eu me sentia melhor comigo mesmo, e achava que de certa forma, minha amada se orgulharia de mim.”

Korra ouvia as palavras daquele homem abatido atentamente. Agora, mais do que nunca, tudo aquilo fazia sentido. A perda realmente mudou a maneira como ela passou a enxergar o mundo e o que todos chamam de equilíbrio; Ela se permitiu ouvir o que ele tinha pra dizer, pois era mais uma perspectiva à ser avaliada. Ela sabe que o frágil estado em que ela se encontrava, tornava-a suscetível a mudanças perigosas. Ainda bem que dessa vez, tudo o que Hiroshi tinha a dizer era inofensivo, quiçá benéfico à ela.

Apesar de nunca ter concordado com tudo o que o velho Sato tinha feito, ela percebe agora que talvez ele não tenha sido nada mais do que uma pequena (e poderosa) marionete nas mãos manipuladoras de Amon. Aquele líder igualitário se aproveitou da fraqueza que a perda de Izumi causou em Hiroshi.

“Eu jamais passaria por cima de Tenzin, da minha família, ou daqueles que amo pra conquistar minha própria paz.” Ela comentou, e hiroshi concordou com a cabeça, sorrindo tristemente. “Mas eu entendo onde quer chegar” Ela suspirou, secando as lágrimas. “Não os mataria, mas não os escutaria se tentassem evitar que eu tomasse decisões drásticas. Acho que à essa altura, não escutaria à ninguém além de minha própria consciência.”

Ele a olhou, inquisitivamente, e então sorriu de verdade ao perceber que a Avatar tinha uma expressão mais serena do que tinha momentos atrás. “Sabe então porque me preocupo toda a vez que você se isola dessa maneira? Não sou só eu. Digo, eu que não te conheço, Avatar, sei que o que quer que se passa na sua mente é muito perigoso. Imagine seus amigos.” Ele sinalizou com sua cabeça pra o local em que a nação de ar, Mako e Bolin olhavam, estupefatos a conversa acontecendo entre os dois.

Korra acompanhou o olhar de Hiroshi e sorriu tristemente ao ver a expressão ansiosa de seus amigos. Infelizmente, apesar de ainda não concordar com a filosofia de nenhum dos seus antagonistas, ela já não consegue entender como alguém pode viver lutando por um equilíbrio inexistente. Ela não entende mais a função do Avatar num mundo que vive em constante conflito.

Como já foi mencionado por Zaheer: A ordem natural do mundo é o caos. O equilíbrio foi restaurado agora, mas não vai demorar muito pra outra pessoa desestabilizar essa balança, e assim vai.

Antes, ela discordara, mas agora ela vê que isso é a realidade. Não há nada que ela faça, ou que qualquer outro Avatar tenha feito, que possa trazer uma paz permanente. Apenas alguns anos, talvez décadas de uma convivência tranquila... Mas sempre existirá alguém insatisfeito que vai levantar causas egoístas, e pessoas que concordem com suas ideologias destrutivas.

Então, qual o ponto de ser um Avatar que vive por um povo que jamais aceitará plenamente a paz que ela estabelecer?

Ela não se opõe a realidade de que é o dever dela concertar o equilíbrio, mas ela também acha que ela já renunciou demais de si mesma; Ela não quer mais desistir de sua própria felicidade pra viver unicamente pelo povo. Ela também tem direito a liberdade, e viver simplesmente em prol da humanidade é o oposto do que ela busca. Ela é como uma escrava, e está cansada disso.

“Eu entendo sua preocupação. E a deles também. Mas é desnecessária. Eu jamais me tornaria alguém destrutiva.” Não sem razão. Ficou em sua mente, algo que ela achou desnecessário ser dito.

Ela abraçou os próprios joelhos e apoiou o queixo em seus braços “Eu só quero paz. Estou cansada de viver de sacrifícios; Meus e de pessoas próximas á mim” Mais uma lágrima teimosa escorreu de seu olho direito “Estou exausta. Só isso.”

E já que os meios quase nunca mudam o resultado final de suas batalhas, ela só quer poupar o tempo e o sacrifício que é debater e procurar uma solução pacífica. Teria sua leniência aqueles que a buscam. Os que são relutantes à argumentos, destruídos seriam. Simples. Rápido, e indolor.

Agora que Korra conhece a imensidão de seu poder, sabe que ninguém no mundo é capaz de enfrenta-la, então usaria isso da maneira mais conveniente à ela.

Kuvira escapou da destruição por conta de apelos de Suyin que pediu à Avatar pra leva-la a justiça de Zaofu. Ironico, visto que ela mesmo queria mata-la semanas atrás. Korra tem pra si que Lin quem colocou aquela ideia na cabeça dela.

Vendo que Korra voltou à se isolar nas suas lembranças, Hiroshi levantou-se e pôs uma mão no ombro da Avatar pra sinalizar que estava de saída. “Asami sempre se inspirou em você. Não sei se você sabe, mas o que você sente era recípocro.”

Korra olhou pra cima, surpresa. Não imaginava que qualquer outra pessoa no mudo (além de Jinora, sua confidente) sabia do que sentia por Asami. “Como-“

“Um pouco antes de partirmos pra missão naqueles trajes mecânicos, ela me falou sobre como ela estava enamorada com você, e pretendia tentar a sorte assim que as coisas se acalmassem” Ele sorriu “Pelo jeito, você nunca contou pra ela como se sentia, visto que ela estava nervosa quanto ao resultado da tentativa” o velho disse, deixando a Avatar sozinha com seus pensamentos novamente.

Korra soltou o ar tremulamente, e fechou os olhos, agora imaginando um relacionamento com a brilhante Sato. Escrava ou não do eterno ciclo do universo, ter a Asami seria mais que o suficiente pra mante-la feliz pro resto de sua vida.

Pena que isso é só um sonho.

E agora Korra estava planejando pra sí uma realidade em que ela viveria pra acabar apenas com crises que potencialmente acabariam com o mundo, e não com todo e qualquer probleminha que afetasse apenas o bem estar de alguns cidadãos.

Ela quer viver a própria vida.

E ela sabe muito bem quem a entenderia, e apoiaria nesse quesito; o único que entende que o caos é inevitável e deve ser visto apenas como uma eventualidade: Zaheer.


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Notas finais do capítulo

uuuhhhh.

Espero que tenha ficado claro o porque de mudar esse evento do livro quatro (Fazendo Asami morrer); Korra precisava de um empurrãozinho pra se tornar o avatar que eu quero que ela seja nessa história.

Rlx, não vai ser drama, ou angústia a história toda; Como eu disse, era só um empurrãozinho pra jogar Korra nos braços da Red Lotus :v

Ela vai ser a bem-humorada, teimosa, e determinada Korra que conhecemos assim que ela rever sua querida Asami.

Devem estar se perguntando como diabos ela vai voltar no tempo... Paciência, no terceiro ou quarto capítulo eu chego lá. hahah

Pretendo reescrever essa história des do livro um, então... Pls, paciencia, vai ser uma jornada bem longa.



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