Mente de Coordenadora Pokémon escrita por Kevin


Capítulo 37
Episódio 37: Entrevista Final


Notas iniciais do capítulo

Depois de vários meses estamos de volta!
Peço desculpas pelo atraso com o capitulo, mas tive problemas com equipamento, com internet, com saúde própria, com saúde de familia, no trabalho... Então quando voltei precisei analisar como finalizar a fic de uma maneira mais simplificada porque já tinha perdido o pique desta escrita.



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As batidas na porta pareciam tão desesperadas que a paciência para pedir que esperasse um pouco já havia ido embora. Não importava quem fosse ou o que fosse, acabaria de se vestir. Não estava atrasado nem nada do gênero e ainda que estivesse não justificaria aquele alarde em sua porta com batidas tão desesperada. Ao menos a decência de não gritar por seu nome a pessoa tinha e isso Gray bem que agradecia ou realmente iria ter que perder a compostura com a pessoa.

De fato, apesar de não estar interessado em apressar-se o Mestre de Cerimônias de Kanto admitia estar curioso quanto a quem era apessoa à porta do seu quarto batendo insistentemente a vinte minutos. Poucos eram os que tinham acesso aquele hotel e menos ainda teriam conhecimento de que ele estava hospedado ali, nem mesmo Alma sabia que ele ali estava. Teria atendido de imediato não estivesse no banho. Gritou para a pessoa esperar ou voltar mais tarde, mas de nada adiantou e a paciência foi esgotando-se a cada nova batida. Decidiu por terminar de se arrumar antes de atender a pessoa, uma vez que estava quase na hora da cerimônia de encerramento do Concurso Especial de Alma e duvidava, pela insistência da pessoa a porta, que se livraria dela com facilidade.

Terno alinhado, cabelo ajeitado, documentos em mãos conferiu tudo antes de encaminhar-se a porta. Percebeu sua cortina entre aberta e decidiu por ajeitá-la antes de sair. As batidas já nem eram tão irritantes, ele sabia ignorar as coisas. Olhou a rua por alguns instantes e percebeu que a cidade balneário estava estranhamente quieta, como se todos estivessem atentos a algo que acontecia naquele momento. Achou aquilo curioso uma vez que nem mesmo a final do concurso fez com que o a cidade parasse daquela forma.

 

— Juro que não sou eu lá! -

 

Gray ao abrir a porta piscou aturdido sem entender ao dar de cara com uma Mirian chorosa e em prantos, Dark Mau, uma Oficial Jane logo atrás, bem como Kenan, Laris e um outro rapaz que ele sabia que viajava com Mirian, mas não tinha certeza do nome. Este era o Aries.

 

— Vocês é que estavam me chamando até agora? - Questionou Gray surpreso por uma oficial Jane não ter arrombado a porta ou identificado-se desde o inicio. - Do que está falando Mirian? -

 

— Você não tem ideia do que está acontecendo, né? - Aries em um tom debochado invadiu o quarto de Gray sem nenhuma cerimônia em busca do controle remoto da televisão ligando-a e buscando um determinado canal.

 

Gray pensou em dizer algo diante a invasão mas ficou aturdido diante da cena que via. Mirian estava na televisão em uma espécie de entrevista com Alma. Havia uma logo dizendo que era ao vivo na cerimônia de premiação estavam ocorrendo.

 

— Não sou eu! - Gritava Mirian aos prantos.

 

Gray olhou para Mirian, para a televisão e logo em seguida para seu relógio, confirmando que ele não estava atrasado para a cerimônia. Ele tinha certeza de não ser uma cena gravada, pois Alma estava com aquele macacão sujo de poeira quando a deixou sozinha horas atrás no navio e ela jamais faria um entrevista vestida daquela forma, ainda mais sem maquiagem.

 

— O que está acontecendo? - Gray parecia totalmente perdido.

 

<><><><>

 

Meu nome é Mirian Miller e odeio pokémon pois foram as causas de vários problemas que aconteceram com minha família. No entanto, me importo com alguns pokémon e sei que não são eles os exatos culpados. São as pessoas que corromperam o estilo de vida com pokémon e agora eu vou ter que mostrar para eles o quanto estão errados ou vou perder o pouco que me resta, minha mãe e meu melhor amigo.

 

 

Mente de Coordenadora Pokémon

Episódio 37: Entrevista Final

 

<><><><> Horas antes <><><><>

 

— Isso vai demorar muito? - Uma pausa proposital apenas para ter certeza que seria ignorado. - Não acha que está exagerando? -

 

Ser Top-coordenador era o sonho de milhões de coordenadores pelo mundo, talvez poucos não almejassem tal glória. As vezes, a coordenação para estes funcionam apenas como o caminho de início, para que eles descobrissem algo além da coordenação. Elliot Gray, o Mestre de Cerimônias dos concursos de Kanto, era a prova disso. Nunca teve a intenção de ser top coordenador e apenas o foi em sua infância por vontade de seus pais e acabou descobrindo que precisava ser o que ninguém mais queria ser em um mundo dominado pelas sombras, um herói nas sombras.

 

— As vezes eu acho que você não tem o menor comprometimento com a causa ou com sua própria vida. - Comentou Alma no topo de uma escada observando a fiação de uma espécie de sensor. - Este é o último. - Completou ela como se aquilo fosse servir de resposta.

 

Gray estava sentado em um banco de madeira pequeno que mal lhe aguentava, ele havia o carregado para cima e para baixo por várias horas seguindo Alma na verificação infundada dela. Respirou fundo após a fala dela e fez sinal para algo que estava não muito distante dele, uma espécie de gosma rosada que parecia manchar o chão.

A gosma agitou-se durante alguns instantes, erguendo-se rapidamente e logo depois começou a tomar forma, ganhando a estrutura de um Farfetch’d. O pokémon olhou na direção do sensor e alçou voo a uma determinada altura e logo depois começou a descer realizando um rodopio de ponta cabeça.

 

“Movimento Identificado: Dança das Espadas.”

 

— Obrigado Ditto. Você pode descansar agora. - Gray levantou-se recolhendo seu pokémon para a pokebola, sem ao menos deixá-lo voltar para sua forma normal. - Satisfeita? - Gray pareceu debochar da mulher no topo da escada.

 

Alma grunhiu qualquer coisa de cima das escadas enquanto parecia terminar de fechar os circuitos do sensor. Percebeu que Gray sacudiu a cabeça não muito animado com tudo aquilo e apenas observou o estado lastimável em que ela se encontrava. Em um macacão jeans empoeirado e com algumas manchas de graxa, sem contar o cabelo já bagunçado.

 

— Deixa eu te lembrar de duas coisas. -

 

Alma descia as escadas enquanto escutava-o dizer aquilo, limitou-se a acabar de descer, afinal não teve muitas opções. Estava exausta após quatro horas de trabalho duro naquele navio.

 

— Primeiro, prezo tanto pela vida que aceitei entrar para poder barganhar a vida das pessoas que vocês insistiam em matar a torto e a direito. - Gray comentou. - Segundo, vocês são estranhos. Estavam loucos para o Dark Mau perder, até criaram um esquema novo de pontuação só para as principais formas de pontuação dele serem anuladas e quando ele perde vocês ficam loucos acreditando terem sido trapaceados? -

 

Gray em sua juventude salvou diversos coordenadores que estavam ameaçados por uma misteriosa organização. Secretamente ele se transformou no herói das sombras até o dia que descobriu a verdadeira identidade daqueles que caçavam os coordenadores. Naquele dia, ele percebeu que jamais salvaria as pessoas ou se protegeria e a seus familiares. Então acabou chamando a atenção do Lado Sombrio até ser convidado a entrar e fez exigências para aceitar ser membro do Lado Sombrio e uma delas era começarem a controlar as mortes sem sentido. Não podia destruí-los, mas passaria impedir que pessoas morressem se ele ficasse sabendo a tempo.

Ele era um herói agindo dentro do Lado Sombrio. Era um herói que escolheu se privar do contato da família e de amigos para salvar alguns que sonhavam com a verdadeira coordenação, ou mesmo que escolhiam a coordenação como um caminho para se conhecer.

 

— Desculpe-me! As vezes esqueço que a maioria foi recrutado e a opção é entrar ou morrer. - Alma parou por alguns instantes parecendo baixar a guarda. - Não quis questionar sua lealdade, sei o que isso significa em alguns casos. -

 

— Tudo bem. - Gray aceitou que Alma parecia pressionada no momento. - Eu estava apenas desabafando, assim como você. Afinal, você colocou todos para fora do navio e me convocou para ajudá-la a mover o navio palco para fora do porto, usando meus pokémon psíquicos, só para vistoriá-lo atrás de uma possível trapaça por parte de Mirian Miller, a menina por quem você estava torcendo. - Gray sacudiu a cabeça. - Isso foi há seis horas. Estou exausto! -

 

— O que precisa entender é que o Lado Sombrio teme Dark Mau. O garoto com sua ideia de meter medo conseguiu nos fazer temê-lo e desconfiam que não podem recrutá-lo. Por outro lado, também parece que não podem chantageá-lo já que não conseguiram rastrear família ou amigos. As únicas pessoas que ele parece ter ligação, além do Grupo Olimpo que o patrocina, que não tem nem como chegarmos perto deles sem chamar muita atenção, são os adversários que após os duelos parecem fazer uma social para não parecer um monstro completo e a Mirian que fez dupla com ele agora, mas me recuso a deixar que ataquem-na novamente. -

 

Gray observou Alma por alguns instantes, pensou em fazer algum comentário, mas preferiu não questionar aquela proteção que Alma estava a oferecer a Mirian.

 

— Dark Mau realmente é um cara difícil. Um gênio dentro e fora dos palcos, ele praticamente quase ferrou com o concurso inteiro ao realizar aquela combinação novamente. - Gray parou por alguns instantes. - Fui pressionado por duas horas para desclassificá-lo por ele ter usado aquele movimento planetário novamente. A família Sukizo parece ter advertido-o que o movimento era perigoso e poderia ferir gravemente o adversário e que se ele voltasse a usá-lo não seria apenas desclassificado, seria punido. -

 

— E você se recusou. - Comentou Alma. - Como sempre faz com pedidos como este. -

 

— Como iria desclassificá-lo? - Questionou Gray. - Ele usou o movimento e desconfio que era justamente para ferrar o concurso. Ele seria desclassificado e Mirian ganharia tendo perdido, ninguém ia gostar disto. Mas, O pokémon de Mirian evoluiu e resistiu ao ataque e o movimento dele pareceu ter sido perfeito e não perigoso. Como desclassificá-lo? - Gray ponderou. - Além disso, vigiei-o em Vermilion e ele treinou este movimento com Tenente Surge, um líder de ginásio. Tenho certeza que se fosse desclassificado o militar viria defender o garoto dizendo que o golpe estava lapidado e não representava riscos. Queremos mesmo um líder de ginásio militar na nossa cola?-

 

Alma apenas balançou a cabeça mostrando que compreendia a situação de não poderem fazer nada contra Dark Mau naquele momento.

 

— Mas, ainda não entendo a necessidade de entender se Mirian trapaceou ou não. - Gray pareceu confuso. - Queriam que ela vencesse. Dark Mau finalmente perdeu. Qual o problema? -

 

— Além do fato de alguém ter conseguido nos enganar? - Questionou Alma. - Alguém mexeu no sensor e o fez entender o movimento Dança das Espadas e o tacar ele no chão, que não é uma combinação, como Submissão e Tacada Sísmica, que é uma combinação e deu pontuação a ela. Claro que após isso o pokémon foi nocauteado e então ela teria a pontuação do nocaute. - Alma respirou aliviada. - Ninguém acha que Mirian perderia. Mas, preciso entender como ela interferiu no sensor antes que alguém acima de nós resolva questioná-la. -

 

— Está muito obcecada com isso. - Comentou Gray. - Pode ter sido qualquer pessoa e até onde vimos, quem fez isso, se é que fez isso, desfez rápido. O sensor pode ter realmente se enganado e achado que foi uma combinação. Fiquei sabendo que ela passou pelo ginásio de pokémon lutadores de Saffron. Talvez eles tenham aprendido. -

 

— Farfetch’d não aprende este movimento. - Disse Alma.

 

— Você é especialista? Já analisou o de Mirian para saber se ele é especial? - Gray riu. - Além disso, lembro que ela usava um golpe para imitar outros no começo da jornada. Usava um golpe apenas pelo efeito visual que causava. As vezes treinaram fazer aquele lance até ficar idêntico a um de verdade. -

 

— Não teria o poder e força, mas para uma apresentação faria os juízes ficarem admirados a ponto de pontuarem-na com as melhores notas. - Alma pareceu entender que teria sempre uma explicação plausível.

 

Quando me falaram que diminuíram as matanças porque Gray estava sempre sugerindo opções melhores e mais vantajosas eu duvidei. Cheguei a imaginar que ele estivesse era manipulando seus próprios resultados. Mas, vendo—o agora, defendendo Mirian… Tenho a impressão que ele está sempre buscando a opção que mantém o coordenador vivo e ainda com chances de lutar. Alma pareceu contemplar seus próprios pensamentos por alguns instantes.

 

— Eu vou descansar! Quer carona? Ou vai de barco mais tarde? -

 

Alma percebeu que se perdeu em pensamentos por alguns instantes e viu que Gray já estava de pé, pronto para voltar a terra, munido de um Kadabra ao seu lado, que o teleportaria.

 

— Vou revisar tudo novamente! -

 

Gray revirou os olhos e teleportou-se deixando Alma sozinha no navio palco, no mar. Alma respirou fundo e começou a caminhar novamente pelo navio refazendo suas verificações, agora sozinha. Era questão de honra para ela descobrir o que havia acontecido com o sensor.

 

Na maioria dos concursos pokémon são os olhos apurados dos jurados que dizem como os golpes são feitos e pontuam. Mas, em alguns concursos importantes, principalmente aqueles ditos especiais, usam sensores, parecidos com os da pokeagenda, que identificam qual movimento está sendo feito e assim o algoritmo programado pontua o movimento.

Claro que cada versão da pokeagenda possui seu próprio mecanismo de sensor, sua própria base de leitura e comparação e com isso, algumas vezes a pokeagenda pode demorar para conseguir identificar o movimento que está sendo realizado. Mas, nunca ao ponto de confundir dois movimentos tão distintos. Mas, o que Elliot comentou é verdade, no início de sua jornada, Mirian baseava-se muito nos efeitos visuais para suas apresentações o que significava que ela tentava criar ilusões para o público e jurados. Não seria difícil ela ter criado uma ilusão para o sensor estando no nível que está.

 

Alma trabalhava nas suas verificações de todo o equipamento do navio, novamente, mas agora analisando a possibilidade que Gray havia deixado em sua cabeça e quanto mais ela pensava, mais parecia que Gray estava certo quanto a não haver trapaça.

 

Se os sensores demoram ou chegam a se confundir, existe uma margem de erro mesmo que pequena. Ela não tem que ter explorado, porque não sabia do sensor. Explorou o olho humano certamente, simulando para nós o movimento. Imitando o Tacada Sísmica com maestria, utilizando outros movimentos e complementando-os ela fez movimentos chaves para o tipo de sensor que estou usando achar que era Submissão e Tacada Sísmica.

 

— Sim! O problema não foi uma trapaça, mas o tipo de sensor que estou usando que baseia a identificação do movimento em posições chaves que Mirian ensinou em algum momento para o pokémon dela executar o movimento com perfeição. - Alma disse em voz alta, para ela mesma, confiante da conclusão do problema, especialmente por se ela mesma ter escolhido o tipo de sensor na esperança que Dark Mau falhasse na execução de algum movimento.

 

— Ou talvez eu tenha hackeado o algoritmo do sensor e feito ele acreditar que o que ele via era um Submissão com Tacada Sísmica. -

 

Alma estancou naquele momento. Deveria estar sozinha no navio e só então percebeu que não havia ninguém vigiando o navio e qualquer um poderia ir a abordo que ela não veria. Ainda assim, aqueles que sabiam que ela estava sozinha não fariam mal a ela, então ela não tinha o que temer de início. Mas, só de ser surpreendida o coração quase saiu pela sua boca e o fato da possibilidade de ter realmente sido trapaceada deixou ainda mais em choque.

A voz era familiar, mas devido ao pavor, não pode reconhecer. Olhou em volta e viu apenas o vulto correr. Correu atrás, sem pensar duas vezes. Armadilha? A pessoa podia ser quem fosse, ela era Alma e era duas vezes mais perigosa quando acuada do que em momentos normais. Perseguiu a sombra por cinco minutos, tomando o cuidado de não ser tola de ser trancada em algum lugar por entrar com tudo. Não gritou para a pessoa parar, pois sabia que precisaria do folego e isso seria inútil. Era uma adulta e não uma criança, era uma top coordenadora que entendia de apresentações e sabia que estava em uma armadilha e já sabia que era guiada para algum lugar.

Maquinou qual seria a possibilidade, mas sem saber quem era não pode identificar o que queria. Mas, ao menos teve o gosto de perceber a irritação da pessoa que precisava voltar para continuar a deixar a pista e assim manter a perseguição. Alma já sabia que era mulher e baixa, pela voz era adolescente. Não parecia ser muito forte e isso fazia com que Alma diminuísse ainda mais seu ritmo, para desgastar mais ainda sua misteriosa clandestina, para que pudesse numa possível luta corporal garantir toda a vantagem de tamanho e força física. Ainda que soubesse, a pessoa poderia vir com uma arte marcial tirada da manga e assim força e tamanho não seriam nada.

Alma parou de correr ao perceber que estava havia entrado no palco principal, o mesmo onde ocorreu a final, onde Gray a deixou horas atrás e onde apresentaria o seu programa e encerraria o seu concurso especial. Os holofotes ligaram de repente pode escutar o som característico das câmeras ligadas bem como os microfones, era como se estivessem transmitindo naquele momento.

 

— Bem-vindos a Alma de Coordendora Pokémon! Eu sou Mirian Miller e vou apresentar o programa de hoje, já que nossa entrevistada será a Top-Coordenadora Alma, que nos contara tudo sobre o seu Lado Sombrio. -

 

Alma identificou Mirian sentada onde normalmente ela ficaria para realizar as entrevistas e olhou em volta não vendo mais ninguém.

 

— Eu sei, estamos algumas horas adiantadas, mas vai ser assim! Se não explodo este navio com as duas dentro! - Mirian sorriu e apontou para a plateia e tanto Alma quanto aqueles que por ventura sintonizavam naquele canal puderam ver que não era brincadeira. Os acentos da plateia estavam cheios de explosivos.

 

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Respirava com calma enquanto toda a introdução do seu programa era feito. Seguia calmamente os olhos em volta analisando a situação e descartava cada elemento que não a ajudava a identificar quem estava naquela cadeira se fazendo passar por Mirian.

Olhou-a atentamente, escutou-a avidamente e avaliou-a cuidadosamente. A voz era a mesma, mas a entonação das falas indicava coisas que ela não transmitiria. Faltava um pouco mais de altura. A pele parecia relativamente mais clara e era ocultada por algum tipo de maquiagem, mas a roupa característica de couro azul-claro estava ali fazendo bem a caracterização. De fato, enganaria qualquer pessoa pela televisão, principalmente porque as câmeras estavam posicionadas para não pegar foco nela, apenas mostrá-la de forma periférica. Presencialmente quem nunca tivesse a visto com exatidão acreditaria.

 

Como imitaram a voz? Isso para mim é novidade. Ou estão fazendo com tecnologia… Foco. Foco! Armaram este ponto direitinho e eu compreendo. Sabiam que eu ficaria intrigada com este clone e iria me dividir em encontrar a forma de escapar, identificar a real identidade da pessoa e como estavam fazendo todo o disfarce. Céus! Alma tentava se concentrar, mas admitia que era viciada em identificar como a arte era feita.

 

— Vamos começar pela pergunta mais atraente. - A falsa Mirian começava a transmissão. - Quem te ensinou a analisar e destrinchar as apresentações e porquê? -

 

Alma encarou a falsa Mirian como quem não acreditava que realmente aquilo continuaria e nem que a perguntava estava sendo feita. Após aquela surpresa com os explosivos foi obrigada a se algemar em uma das cadeiras e já havia levado uma meia dúzia de choques elétricos para mostrar que se dificultasse as coisas poderia sofrer bastante antes de morrer explodida.

 

— Bem… - Alma suspirou. - Um grupo de amantes da coordenação, mas sem habilidades reais nos palcos ou em qualquer outro ponto da área, me encontrou quando eu estava no fundo do poço, perdendo todas as competições possíveis. Disseram que o que me falta era estilo e que eu poderia chegar ao topo do mundo se tivesse um, mas que aquilo não poderiam me ensinar porque era algo que viria de dentro da pessoa. Porém, poderiam me dar algo que decifraria qualquer estilo, qualquer apresentação, me deram a ideia de decifrar as apresentações das pessoas em pleno palco. - Alma parou por alguns instantes lembrando-se daquilo. - Não importa o tipo de coordenador ou pessoa que é, o tipo de competição que está acontecendo, o público vai a loucura com uma bela apresentação, mas entra em êxtase ao saber como ela funciona. Crianças ficam dias tentando reprisá-la, rivais ficam dias tentando anulá-las, os que tiveram seus truques revelados precisam correr atrás de novas jogadas enquanto quem revelou tudo em pleno palco mostra todo o seu potencial, ganhando uma abertura para mostrar seu pokémon. Vitória certa! -

 

— Realmente este grupo de amantes te fez. - Disse a falsa Mirian. - Mas, o que foi pedido ou dado a eles em troca? E que grupo misterioso seria este? -

 

Alma estreitou os olhos. A pessoa que estava ali era boa, havia ido para realmente para jogar com o Lado Sombrio. Alma sabia que precisava apenas de ganhar tempo e alguém viria salvá-la, alguém do Lado Sombrio. Mas, desconfiava que nem todo o tempo do mundo fosse salvá-la de uma explosão. Além disso, não tinha dúvidas de que mesmo resgatada sofreria nas mãos de seus salvadores por ter sido alvo de um sequestro como aquele. Seria questionada por dias para saber se algo foi revelado, especialmente pelo teor tão específico das perguntas ao vivo que estavam sendo feitas, como se as respostas já fossem conhecidas pela entrevistadora. Precisava ela mesma dar um jeito em sua sequestradora ao vivo como um aviso de que não iria ser menosprezada, ameaçada e que não havia dito nada.

 

— Diga-me você! - Alma empertigou-se. - Por que acha que eles me ajudaram? -

 

Talvez esta tivesse sido a pergunta certa que eu deveria ter feito naquela época. Mas, uma adolescente ingênua sonhando com o estrelado não percebe o quanto está se metendo em problemas até que não há mais como sair dele. Alma havia decido jogar com a falsa Mirian enquanto ela mesma se lembrava de não ter feito aquela pergunta que deveria ter sido uma das mais importantes. No entanto, acabou sendo eletrocutada.

 

— Desculpem-me por isso. Acho que estamos com problemas técnicos. - A falsa Mirian disse sorrindo após ter cortado o sinal quando dera o choque em Alma pela falta de resposta. - Bom… Poderia repetir a resposta para o público? -

 

Alma forçou um sorriso entendendo que quando a falsa Mirian acionava o botão do choque a transmissão era interrompida e ela teria seu tempo de sofrer com certa dignidade. Ela admitia que a pessoa a sua frente era boa.

 

— Eram amantes da coordenação e viram algo em mim. Era o que diziam. - Ela fez uma pausa. - Reapareci no Concurso de Sucessão, ainda não tão bem preparada e assim quando enfrentava uma antiga rival um acidente aconteceu. - Alma percebeu um sorriso de satisfação no rosto da falsa Mirian. - Não tenho ideia de quem você é, mas é sobre isto? Tudo para que eu fale abertamente sobre aquele acidente e seu real motivo com seu culpado? -

 

A falsa Mirian levantou a sobrancelha e preparou-se para um novo choque, mas percebeu que Alma suspirou. Pareceu se ajeitar na cadeira e de repente sacudiu a cabeça.

 

— Wanda Miller. - Alma disse. - Por semanas me culpei e não conseguia aproveitar o prêmio que havia ganho no Concurso de Sucessão. O acidente fora armado por outros, sem que eu soubesse. Aquele mesmo grupo amante da coordenação que estava a me ensinar havia instruído meu pokémon e instruído-o muito bem quanto a eu ter que ganhar. Era um pokémon novo que eu havia ganho deles, então a lealdade dele estava no lado que você já deve imaginar. Bem... Suceder Kelly Kornox era a vontade deles e eu era ingênua e manipulável na época e acabei presa com eles. Uma Top-Cordenadora que dizia como tudo era feito nos palcos, era brilhante! Mas, não se podia superar Kelly Kornox, pois mesmo dizendo que ela fazia as coisas de modo X ou Y, a aposentada ainda causava problemas. Ninguém vivo conseguia superá-la. Então... Mataram-na para que eu ascendesse. -

 

Alma percebia que a falsa Mirian parecia aturdida porque Alma começara a falar tudo sem cerimônias.

 

— Lado Sombrio. O que muitos coordenadores sabem e tem medo é real. Eles não se nomeiam desta forma, mas são exatamente o que são. - Disse Alma. - Eu faço o que deve ser feito e fico viva. A maioria é assim, refém deles. Não é como se fosse uma gigantesca organização de mafiosos, a maioria são de coordenadores que foram chantageados com armas na cabeça e ou fazem o que mandam ou morrem ou veem pessoas queridas morrem. Alguns poucos ingênuos que acabam presos por não perceberem que estão sendo enganados até estarem envolvidos demais. Confesso que nem saberia te dizer se existe alguém que faz parte disso sem ter nada a perder. Eu era pela minha própria vida. - Alma pareceu ponderar. - Mas, a pouco tempo eu escolhi proteger uma pessoa. Minha rival pagou pela minha escolha errada e paga até hoje, a filha dela começou a pagar e sua família também. Então… Você que me sequestrou se fazendo passar pela Mirian e eu não tenho ideia do motivo. Mas, sei que você não é ela e esta é a única confissão que vai arrancar de mim em vida! - Alma tentou ficar de pé, mas não conseguiu. - Explode esta merda! -

 

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Diversas pessoas no porto viam a polícia se aproximando do navio, ao longe. Todos tentavam acompanhar o que ocorria na transmissão e observam as reações da verdadeira Mirian e especialmente de Kenan Kornox que agora tinha a confirmação que sua mãe havia sido assassinada. Elliot Gray parecia tenso e olhava constantemente ao redor esperando que alguém viesse atrás dele, imaginando que ele tivesse armado aquilo, já que fora o último no navio junto a Alma, mas ninguém aparecia.

 

— Ouviram a confissão de Alma. - Disse a falsa Mirian. - Agora é com vocês autoridades e outros que querem uma coordenação pokémon livre das sombras. Cacem estes criminosos! -

 

A transmissão se encerrou com tudo explodindo e as pessoas ficando de olhos arregalados pelo mundo. Mas, não tanto quanto as pessoas que estavam em Cinnabar que pareciam não acreditar no que estava acontecendo.

Mirian caiu de joelhos enquanto uma das Oficiais Janes que os ladeavam, protegendo-os e ao mesmo tempo vigiando-os parecia perdida no que fazer naquele momento. Por impulso pegou um par de algema e foi em direção a Mirian, ela claramente não era a culpada e tinha muitas testemunhas para comprovar, mas por algum motivo seu rosto foi usado e precisava levá-la consigo. Acabou parando perto de Elliot Gray e o algemando.

 

— Pelo que eu entendo, qualquer pessoa da organização dos concursos será suspeita. - Disse a Oficial Jane. - Espero que compreenda que não acredito que esteja envolvido, apenas que… - Ela parou por alguns instantes percebendo que inúmeros competidores cercavam-nos.

 

— Não pode prendê-lo. - Disse um deles.

 

— Ele salvou minha vida. - Disse outro.

 

E várias vozes começavam a surgiu em favor de Gray enquanto a oficial Jane sentia-se ainda mais oprimida do que deveria. Era um caos ocorrendo.

Kenan sorria com tudo aquilo e apenas apreciava a grande vitória que havia conquistado naquele momento, Laris e Aries pareciam tentar acalmar Mirian que ainda parecia em choque, mas estava apenas perdida em pensamentos.

 

Só conheço uma pessoa capaz de fazer este tipo de coisa. Comparado ao que fez em Saffron, o que fez hoje parecia brincadeira de criança. Esperar que Alma ficasse sozinha, dominá-la, por explosivos pelo navio, operar um sistema de transmissão ao vivo e fazer a pessoa confessar seus crimes. Talvez, só me perguntaria que psíquico ela usou desta vez para fazer tanta coisa. Dove… Você realmente vingou sua família. Mirian sabia, tudo aquilo havia sido feito por sua meia irmã muito inteligente e com certeza problemas sociais.

 

Ela havia prometido vingar sua família por tudo o que o Lado Sombrio havia feito e faria isso justamente no Concurso de Alma. Matar Alma, único membro do Lado Sombrio que sabiam a identidade e culpada da doença da mãe de Mirian, além de expor a organização em rede nacional, era realmente vingança.

 

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O grupo respirava aliviado de tudo ter tido fim. Foram cerca de seis horas de trabalho intensos e por algum motivo as coisas tinham ido mais rápido do que esperavam. Se tudo havia sido algum truque ou armação na velocidade como as coisas se deram no final eles não sabiam, mas era verdade que entendiam perfeitamente os pensamentos de Alma, ela sabia que morreria e havia escolhido morrer pelas mãos dos captores revelando tudo na tentativa de proteger Mirian.

Era como ela tentava a meses redimir-se pelo incidente com Wanda Miller. Não fora culpa dela, mas sentia-se culpada. Tendo visto várias vezes o Lado Sombrio ameaçar sua rival, mesmo na doença não acreditou que eles chegaram ao ponto a atacarem a filha dela que era tão incompetente nos palcos apenas por achar que ela sabia de algo. Tomou para si a missão de proteger a menina quando ela teimosamente voltou aos palcos depois de sair da prisão e como fora difícil fazê-los ficarem longe dela e agora que iria morrer, precisava garantir que ela continuaria com alguma chances de lutar ou ao menos de se proteger.

Alma escolheu revelar tudo e morrer pelas mãos daqueles seus captores que pareciam mais decididos a conseguir as informações que queriam e matá-la de uma vez. Ela lembrava-se perfeitamente de uma vez que presenciou um coordenador sendo torturado por uma semana apenas para conseguirem uma miseria senha que poderia ter sido quebrada por qualquer hacker de esquina. Ela tinha certeza, era melhor morrer pelas mãos dos captores.

 

— Estou cansada. -

 

Sabrina comentou claramente, sentada em uma cadeira acolchoada ela pareceu tentar se refazer do esforço que fez nas últimas horas.

 

— Sinto por envolve-la nisso. - Disse Dove que retirava a maquiagem e a peruca que a faziam ficar parecida com Mirian, a voz ainda permanecia como a de Mirian. Ela parou piscando e levou a mão na garganta percebendo aquilo e retirou uma lingueta transparente. - Tecnologia interessante. -

 

O plano havia sido executado com sucesso e Allan parecia satisfeito com aquilo a ponto de não se incomodar de Dove sugerir que ela havia envolvido a líder de ginásio de Saffron Sabrina em tudo aquilo, enquanto na verdade ele é quem criara o plano e convencera a todos a participarem, inclusive sua mestra Sabrina.

Após a reunião que revelara que Dove e Mirian eram irmãs e Mirian decidira marchar contra Alma e o Lado Sombrio, bem como Dove faria, mas ambas com propostas diferentes, Allan percebeu que outra chacina poderia estar por vir na cidade de Cinnabar como a que aconteceu em Saffron. Sabendo que não poderia deixar Dove sozinha sem que ela começasse seus planos de vingança, contatou sua mestra e explicou todo o ocorrido desde que partiu em sua missão de encontrar e parar Dove, até a parte em que a menina havia armado para ficar acima de suspeitas. Com Sabrina informando que a situação do atentado em Saffron havia ido assumida por inúmeras organizações criminosas, que queriam apenas fazer nome, Dove agora estava acima de suspeitas.

 

— Brinquedinhos das forças armadas. -

 

Surge sorriu para Dove recolhendo a lingueta transparente para guardá-la, antes que a menina desse um jeito de desaparecer com o equipamento.

Sabrina após o relato de seu assistente contatou o líder de ginásio de Vermilion, o Tenente Surge. Explicando-lhe toda a situação e pedindo-lhe ajuda para desmantelar o Lado sombrio ou ao menos revelá-los sem que mortes tivessem que voltar a ocorrer, uma vez que se não interferissem logo era certo que Cinnabar seria apenas mais um palco de carnificina na guerra pessoal de Dove contra o Lado Sombrio que logo daria um jeito de retalhar, mesmo sem saber quem ela era.

Os dois líderes alcançaram Allan e Dove em Fiushia e após render Dove e muita discussão a loira aceitou um plano de capturar Alma e fazê-la confessar em rede nacional sobre o Lado Sombrio.

Armaram para que fosse ao final do concurso, para que tivesse menos gente no navio e contaram com as habilidades de Sabrina para fazer toda a armação dela ficar paranoica mandando todos embora, ficando sozinha no meio do oceano, mando assim os explosivos e uma fantasiada Dove, preparada pelo Tenente Surge, para fazer o interrogatório em forma de entrevista. O equipamento era operado por Allan, que estava oculto no navio.

Havia a ideia original de Alma ser manipulada mentalmente, mas Surge não achava interessante, pois já havia visto pessoas identificarem na televisão pessoas sendo manipuladas mentalmente. Precisava que ela falasse por conta própria e para garantir que Alma falaria, fantasiaram Dove de Mirian, pois Sabrina sabia que a apresentadora tinha um querer pela coordenadora. Sondar a mente dela para saber as perguntas e como Dove deveria seguir foi a chave.

Estava tudo armado. Mas, Dove não abria mão de matar a culpada pela desgraça de sua família e este era o único ponto que talvez o quarteto ainda divergia.

 

— Foi uma pseudo-morte, mas acho que está valendo. -

 

Dove resmungava para o grupo, mas eles não davam tanta atenção, já que Sabrina ainda estava recuperando-se do desgaste de sua participação no plano, Allan estava organizando o material usado para ser guardado e Surge agora dava atenção a prisioneira que estava algemada e desacordada no meio deles.

Não matar Alma era a decisão de Surge, pois ela seria interrogada e colheriam todas as informações necessárias para irem atrás do Lado Sombrio. Convencer Dove disso foi a parte mais difícil, por isso deixaram-na torturá-la por alguns instantes com choques elétricos, ou talvez a menina matasse Alma em meio ao plano. Mas, torturá-la parecia não ser o suficiente e Allan percebeu que talvez deixar Alma livre após tê-la feito confessar a faria ser morta pelo Lado Sombrio mais tarde, o que veio a ser confirmado pela Sabrina enquanto acompanhava a mente de Alma durante a entrevista. Deixaram dois corpos para ser carbonizados na explosão para fingirem serem o de Alma e sua captora. As dificuldades para verificar as identidades seriam grandes já que estariam bem carbonizados e Surge fez questão de mexer bastante nos corpos antes de Sabrina teleportá-los para o navio.

 

— Benzinho... Você já causou mortes o suficiente, não acha? - Surge parou olhando para ela.

 

Dove encarou o militar por alguns instantes e suspirou. Quando foi abordada por ele não se deu conta de que ele sabia de tudo e diferente de Allan que não poderia prendê-la ou provar nada, o militar bem poderia dar um jeito nela. Quando percebeu, já estava presa, por assim dizer. O acordo ainda dava a ela a chance de vingar-se, apesar de ninguém da equipe usar esta expressão além dela, mas ela estava presa e seu futuro era totalmente incerto.

 

— E agora? - Dove questionou. - O que acontece comigo? –

 

Sabrina abriu os olhos para acompanhar o desenrolar daquilo, ela não havia conversado com Surge sobre o que fazer com Dove após a conclusão do plano. Era algo que ainda estava pensando no que fazer, dependendo da postura da menina ela recomendaria uma ou outra solução para ela, mas ainda não tinha certeza de quais eram essas soluções. Era um fato de que assim como Allan, a menina era um gênio, mas diferente de Allan, ela precisava ser contida pois era uma bomba relógio.

Allan por sua vez já estava por acabar seus afazeres, mas não os parou. Apenas atentou-se um pouco mais a situações que começava a desenrolar-se. O tenente jamais a liberaria, mas certamente não tinha como prendê-la como uma criminosa comum já que não tinha as provas necessárias para o que aconteceu em Saffron.

 

— Para começar vamos terminar o que o Lado Sombrio começou. - Disse Surge. - Vamos matar sua família. -

 

Allan parou aturdido e olhou para Surge que estava com um sorriso sacana.

 

— Você cumpriu as ordens com perfeição e creio que seja inteligente o suficiente para entender que a partir de agora o mundo está em guerra. Eles vão aparar as pontas soltas e vocês são pontas soltas. Então simularemos sua morte e a de quem da sua família ainda esteja vivo, mesmo que em coma. - Surge ponderou. - Você sabe que o que fez, mesmo que em nome da justiça, não é nem de perto normal e por isso não posso deixá-la livre. Mas, nenhuma prova tenho para de incriminá-la e não posso ser juiz e júri como fez. -

 

Dove escutava o tenente tentando seguir sua linha de raciocínio. Era confusa para ela e pela primeira vez questionou-se se realmente ela era inteligente de verdade. Passou todo o plano cega pela vingança que não se deu ao luxo de armar algo para fugir ou mesmo preocupou-se com o que faria pós plano. Aceitou de bom grado o que viria como se nada importasse. Talvez porque nada realmente importasse já que sua família, ou que restava dela, jamais se recuperaria.

 

— Ainda assim, serei juiz e júri. Você trabalhará para mim a partir de agora. Chegará um dia que eu vou dizer, está livre e sua dívida com a sociedade está paga, ex-criminosa. E ai poderá ir e fazer o que quiser. -

 

— Como? - Dove pareceu não compreender. - Eu vou simular minha morte e trabalhar para você? - Ela viu que Surge balançou a cabeça. - E se eu me recusar? -

 

— Não vai participar da queda do Lado Sombrio. - Diz Surge cruzando os braços. - Afinal, é o que estarei fazendo nos próximos anos, caçando-os e vou precisar alguém com seu intelecto agindo nas sombras, criminosa. -

 

Dove pareceu compreender a proposta e percebia que não havia outra alternativa e que era forma que o militar havia encontrado para lhe controlar. Ela poderia se vingar e ele iria atrás dos malfeitores enquanto tentava a regenerar. Questionou-se por um momento se a ideia era totalmente do militar ou partira de Allan ou talvez de Sabrina, mas ambos pareciam tão surpresos com a proposta quanto ela e no final pouco importava, ela não tinha muitas escolhas, pois o que lhe seria ofertado se lhe recusasse?

 

— Por onde começamos? -

 

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O dia estava estranho em Cinnabar. Dois dias depois da revelação do Lado Sombrio, as pessoas não tinham permissão ainda de sair da cidade. Todas estavam sendo interrogadas, principalmente por um grande grupo ter tentado impedir de uma das oficias Janes de levar em custódia Elliot Gray.

O mestre de cerimonias acabou pedindo para que todos se acalmassem e aceitou ser conduzido a delegacia para algumas averiguações, sem ser algemado, para assim conter a multidão. Claro que suas averiguações acabaram se estendo por horas e tornando-se uma prisão domiciliar disfarçada.

Os primeiros a serem interrogados foram Mirian, Laris, Kenan e Aries, por terem estado a todo o tempo com as oficiais. Apesar de inicialmente algumas oficiais terem questionado que aquilo poderia ter sido para retirarem as suspeitas de cima deles, o choque em que Mirian se encontrava era clinicamente impossível de ser falsificado e decidiram por ter algum respeito pelo título de campeão de Kenan Kornox naquele momento. Desta forma, Aries e Laris eram os únicos que realmente tiveram um interrogatório mais intenso, mas que não levava a canto algum já que os dois não sabiam nada daquele incidente e foram espertos em negarem saber sobre Lado Sombrio ou qualquer coisa parecida, exceto pelo fato de Laris citar já ter se sentido prejudicada, algumas vezes, mas nunca imaginara que fosse uma organização deste tamanho.

Com isso eram os primeiros a estarem mais livres em seus aposentos, mas sem poderes sair da cidade.

Dark Mau, no entanto, entrou numa lista mais para frente na investigação, uma vez que acabou não acompanhando a Oficial Jane após encontrarem Elliot Gray. Ele preferiu seguir com outra oficial, averiguar outras pessoas, achava imprudente ir para o porto onde uma explosão ameaçava acontecer. Por isso acabou ficando numa fila de prioridade menor nos interrogatórios.

 

— O que vai fazer agora? - Questionou Aries olhando para Mirian.

 

A menina parecia ainda pensativa com o ocorrido. De alguma forma ela sabia que aquilo era obra de Dove e desconfiava que Laris e Aries bem deveriam desconfiar também, mas preferia não conversar sobre aquilo. No entanto, seus amigos começavam a ficar preocupados com ela sobre sua apatia dos últimos dias e não era para menos. Ela havia se mostrado ativa e confiante desde que retornara de sua jornada de autoconhecimento e de repente desmorona diante ao incidente que ela nada tinha sofrido realmente.

 

— Bem... - Ela suspirou. - Não me resta mais nada nesta jornada. -

 

Kenan dobrou a cabeça sem entender enquanto Aries e Laris já pareciam esperar por aquilo. Estavam todos no quarto em que Laris e Mirian dormiam, conversando sem muita pretensão apenas para o tempo passar até aquele momento. Mas, parecia que Aries resolvera começar a resolver as coisas pendentes.

 

— Não pode fazer isso! - Kenan levantou-se da cadeira em que estava. - Agora que eles foram revelados é hora de partir para cima. Temos que ir para todos os concursos e garantir que eles sentirão a pressão da verdadeira coordenação. Eles vão nos caçar, mas que venham! É hora de agirmos! -

 

— Não sou deste mundo. - Disse Mirian calma. - Eu vim pela minha mãe e ela foi mais do que vingada. E nem era vingança que eu buscava! Eu vou embora ainda com a última fita da Alma… bom... se eu chegar a receber a fita. - Ela riu e o grupo chegou a se aliviar naquele momento pois era a primeira vez que a viam sorrir desde o incidente. - Eu quero ser escritora e não coordenadora. Além disso, minha mãe vai fazer uma cirurgia em semanas e preciso estar lá. Não posso entrar em uma guerra agora. –

 

Kenan não disse nada, mas Mirian sabia que de alguma forma ele entendia ou ao menos respeitava que ela queria estar com a mãe naquele momento em que poderiam ser os últimos que as duas podiam estar juntas. Ele queria ter podido passar um tempo com sua mãe e abriria mão de qualquer coisa para isso.

 

— Está claro que eu e meu grupo vamos à luta. - Disse Kenan. - Certo, Laris? -

 

Laris sorriu sem graça fazendo Kenan ficar surpreso naquele momento. Aries parecia um tanto quanto alheio sobre aquele assunto, mas não foi o intrometido ou arrogante como sempre. Limitou-se a observar, já havia percebido a dias que algo estava acontecendo nas sombras.

 

— Kenan. Prefiro seguir sozinha. Não que eu não tenha gostado do grupo ou não ache que precisamos nos unir para enfrentar o Lado Sombrio, mas não concordo com os métodos que vocês estão fazendo e não é isso que a coordenação representa para mim. - Ela suspirou. - Eu me associaria a Amora que apesar de tudo tem métodos mais próximos da coordenação pokémon que eu acredito que a vocês. -

 

— Que bom! - Disse Mirian. - Pois estava pensando em doar parte dos meus prêmios que não tem utilidade para mim para você e para ela. -

 

— O que? - Aries pareceu surtar. - Eu não estou entendendo nada... Mas, a menina te odeia! -

 

Kenan suspirou começando a rir. Lembrava-se que seu pai dizia que era aquele tipo de confusão de rivais se ajudando e outros mais que a mãe presava e gostava na coordenação. No final, cada um tomaria um caminho e ele como multicampeão de liga ainda iria tentar defender seu título em quatro ligas diferentes além de tentar enfrentar o lado sombrio nos palcos. Claro que para fazer isso ele sacrificaria algumas coisas, convívio social e a companhia de uma pessoa que ele sabia faria muita diferença em sua vida, mas ela não queria fazer parte do mundo que ele queria defender a todo custo naquele momento.

 

— E você? - Questionou Mirian olhando para Aries. - Eu vou para casa e os dois vão seguir jornada em busca do Grande Festival no tempo que ainda resta, se é que assim podemos dizer, mas e você? -

 

A jovem Miller bem sabia que o amigo ainda tinha uma missão para com a sua família e não tinha certeza se as finanças do Grupo Olimpo estavam totalmente em dia. No final, ela não conseguira cumprir sua parte do acordo. Apesar de no contrato ela ter sido substituída por Maurício, o que judicialmente ela nem sabia ser possível, ela ainda tinha esta pequena preocupação quanto aos amigos que a ajudaram logo no início de sua jornada e a acompanharam até o final.

 

— Ainda preciso resolver umas coisas da empresa com Dark Mau. - Ele disse. - Esbarrarei com esses dois por ai até o Grande Festival. -

 

— Não se preocupe que minha parte do acordo ainda vou manter de alguma forma. Durante minha preparação entrei em contato com meu Editor e pedi para ele repassar uma parte dos meus lucros com o livro para vocês. - Mirian sorriu sem graça. - Talvez não seja o suficiente, mas quero fazer minha parte no acordo. -

 

— Não se preocupe com esta parte que está tudo controlado e estamos a pouco de completar nosso saldo. - Aries parecia bem confortável com aquilo. - O que não quer dizer que não aceite sua ajuda. Mas, sua previsão estava certa. Dark mau esta fazendo sucesso e nós com ele. -

 

Mirian pareceu mais leve com aquilo e ficou a pensar se voltaria a ver algum dos três pessoalmente de novo após se separar deles. Afinal, não era a apenas a vida de coordenação e jornadas que os separariam, mas também o Lado Sombrio estaria lá para perturbá-los. Mas, ao menos agora ela não tinha mais medo, ou ao menos achava que não tinha.

 

— Tem certeza que vai para casa e largar tudo isso? - Aries questionou Mirian encarando-a por alguns instantes. - Não acha que assim como quando saiu de casa para iniciar a jornada, está superestimando a jornada? -

 

Mirian encarou Aries por alguns instantes aqueles olhos quase brancos e doentios, faiscando para ela em sinal de desafio. Nem Laris e nem Kenan pareciam entender o que Aries esperava que Mirian percebesse, mas era claro que o jovem Olimpo entendia e conhecia a menina muito mais do que eles e talvez estivesse prevendo algo.

 

O que eu estou superestimando na jornada? Mirian ficou a encarar Aries calada imaginando o que ele estava querendo dizer naquele momento.

 

— Por que eu sinto que vou me sentir uma idiota quando eu descobrir? - Mirian suspirou começando a rir logo em seguida sendo seguida pelos demais.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?
O próximo episódio a postar é dia 1º de Julho, que será nosso último episódio! Ele está praticamente pronto, mas relendo uns comentários encontrei dois furos que preciso ao menos CITAR no próximo capitulo para que seja dada ao menos um final para aquelas situações.

Então fiquem ligados que no dia 1º de Julho finalizaremos Mente de Coordenadora pokémon!

Agradeço a todos que se dispuseram a acompanhar a fic!



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