Hasta Morir escrita por Ducta
POV Angie
-Onde você estava? – Stefan perguntou assim que eu abri a porta.
Ele sempre foi muito cuidadoso comigo, até demais. Mas ele me dava uma sensação de segurança. Talvez pelo fato de que ele era tudo o que tinha me sobrado no mundo. Eu gosto do cabelo arrepiado com gel dele, o piercing na língua, o estilo despojado, a risada espontânea dele. Ele me faz bem em muitos aspectos.
-Eu estava no bar depois fui tomar um café com um cara que disse que me conheceu antes do acidente.
-Que cara? Vem cá, me conta essa história direito. – Ele disse calmo, me chamando pra sentar do lado dele no sofá.
Ele desligou a TV, passou o braço em volta de mim e puxou a coberta. Eu contei tudo o que Nico havia me contado e ele esperou paciente eu terminar a história e me encarou por um tempo.
-Sábado eu posso ir com você ver esse Nico? – Ele perguntou.
-Tá, eu acho que não vai ter problema. Mas porque você quer ir?
-Você é muito inocente, bebê. E se ele inventou tudo isso? Eu preciso saber as verdadeiras intenções dele. – Ele disse decidido.
Eu comecei a rir. Não acreditava que Stefan me achava tão estúpida. Mas eu tinha que admitir, ele tinha certa razão. Mas como o Nico ia saber da minha perda de memória pra poder inventar toda aquela história?
Certo, eu já o tinha visto no bar algumas vezes, bebendo até não conseguir carregar o próprio peso, fazendo escândalos com aqueles amigos irritantes dele. Mas sempre o ignorei, mas não podia ignorar que já conhecia o sorriso dele de algum lugar.
-Melhor você dormir um pouco, meu amor. – Stefan disse beijando meus lábios delicadamente algumas vezes.
Eu fechei meus olhos, mas pude sentir que Stefan dormiu antes de mim. Eu fiquei forçando minha memória a se lembrar de Nico, mas a única coisa que eu conhecia ver eram flashes de um par de olhos verdes, mais verdes que o mar e uma voz masculina no fundo da minha cabeça chamando um nome repetidamente. Annabeth. Então eu forcei minha mente a se lembrar da Annabeth, a loira que o Nico me falou. Mas em conseqüência eu só via uma espada me golpeando seguidamente e alguma dores começando a se espalhar por meu corpo. Depois disso tudo ficou escuro.
Era chato não lembrar onde eu conhecia aqueles olhos verdes, de quem eles eram? E aquela espada e o que ela tinha haver com a tal da Annabeth?
Tentei me forçar mais um pouco, mas eu estava super cansada então eu finalmente dormi.
-Bom dia meu amor – Eu ouvi a voz do Stefan sussurrando em meu ouvido.
-Bom dia – Eu respondi me espreguiçando e tentando abrir os olhos.
Eu não estava deitada no sofá como eu achei que estivesse, pelo visto Stefan me levou pra cama no meio da noite.
Passei o resto da manhã assistindo TV com o Stefan, alternamos filmes e uma partida de futebol. À tarde, Stefan me levou pra terapia antes de ir trabalhar. À noite nós saímos pra jantar, mas eu não estava tão interessada assim.
Passei quase o dia inteiro pensando em Nico. Queria vê-lo logo, queria perguntar sobre o que tinha visto, queria saber se minhas suposições estavam certas. Mas a noite demorou uma eternidade pra passar. Sábado de manhã eu já estava eufórica.
-Que você tem Angie?
-Nada, Stefan. Por quê? – Eu perguntei ajeitando as flores no vaso pela qüinquagésima vez.
-Você nunca teve esses surtos de perfeição antes. – Ele disse me olhando.
-Existe uma primeira vez pra tudo na vida. – Eu respondi sorrindo.
-Bom, já que você está bem, eu vou indo. Se eu chegar atrasado, o Chris me mata. – Stefan comentou rindo enquanto saía da mesa.
Ele ia jogar bola, então eu tinha mais três horas sozinha. Fiquei observando da janela o carro do Stefan sair da garagem e virar a esquina, esperei mais uns 10 minutos então peguei minha bolsa e saí. Iria encontrar Nico de um jeito ou de outro. Aquela ansiedade já estava me matando.
POV Nico
Porque os dias se arrastam tão lentamente quando você está prestes a morrer de ansiedade? Passei a madrugada inteiro acordado, já eram quase seis e meia da manhã quando eu finalmente peguei no sono, mas logo depois, pelo menos pra mim, eu fui acordado por uma mensagem de íris do Percy.
-Hey Primo! – Ele gritou me fazendo pular de susto.
-Percy? – Eu perguntei sonolento.
-Sim.
-Você não tem vergonha na cara não? – Eu perguntei voltando a me jogar na minha cama.
-As vezes. Mas primo já passa do meio-dia, hora de acordar! – Ele exclamou.
-Não acho que seja. – Eu disse abraçando meu travesseiro.
-Vai Nico, levanta daí e olha sua correspondência.
-Hoje é sábado, Percy. Não tem correio – Eu disse ainda abraçado ao meu travesseiro de olhos fechados.
-Já ouviu falar em “entrega especial”? – Ele disse com certo sarcasmo.
-OK, você ganhou! – Eu disse me arrastando pra fora da cama.
Fui até a sala e lá estava um único envelope enfiado por debaixo da porta, ele era um envelope de papel pardo normal com um carimbo de “entrega especial”.
-Achei! – Eu gritei da sala.
-Assim que abri o envelope vi outro dentro, esse era branco, enfeitado com detalhes dourados. Era um convite de casamento. Eu li o convite enquanto voltava pro quarto e não me agüentei, tive que rir.
-Do que você está rindo? – Percy perguntou ansioso.
-Ver o nome de Atena e Poseidon não é algo muito comum em um convite de casamento. Ainda mais se for à seguinte ordem: Frederick Chase e Atena – Sally Jackson e Poseidon te convidam pra união matrimonial de Annabeth Chase e Perseu Jackson. – Eu recitei aos risos.
-Só engraçado porque não é o seu casamento.
-Se fosse, não teria essa besteira toda. –Eu disse voltando a deitar e abraçar meu travesseiro.
-Experimenta ter Annabeth como noiva e Atena como sogra. – Percy disse dividido entre divertido e amedrontado.
-Não obrigado – Eu disse rindo mais um pouco. Então, de repente me ocorreu uma idéia. – Primo, eu vou levar uma surpresa pro seu casamento.
Percy ficou me olhando por um momento.
-Que surpresa?
-Não vou falar, mas é surpresa, não presente de casamento ok?
-OK. – ele disse me olhando curioso. – Bom, tenho que ir.
-Tá, vai lá primo.
-Nos vemos em breve então?
-Com certeza.
E assim ele passou a mão e a mensagem sumiu.
Eu estava me aconchegando na cama novamente quando a campainha tocou. Do jeito que eu estava – cueca samba-canção, sem camisa, descabelado e sem escovar os dentes – eu levantei pra atender a porta.
Quando eu abri a porta Angie estava parada com uma expressão meio apreensiva que se tornou envegonhada quando me viu. Nos encaramos alguns segundos até que ela conseguiu falar.
-Oi.
-ah, oi. – Eu disse muito sem graça. – an, entra e fica a vontade, eu já volto. – Eu disse correndo de volta pro meu quarto.
Eu coloquei a primeira bermuda que eu vi no chão, peguei uma camiseta limpa na gaveta e corri pro banheiro, escovei meus dentes e só passei uma água no cabelo. Dei uma última checada no hálito antes de voltar pra sala.
Angie estava parada na janela, que estava aberta, o vento estava forte lá fora e ela segurava o vestido com as duas mãos, mas parecia gostar do vento batendo em seu rosto.
-Angie.
-ah, oi Nico. Desculpa, cheguei em má hora? – Ela perguntou voltando a atenção pra mim.
-Nada melhor do que acordar com você tocando minha campainha – eu disse sorrindo enquanto as bochechas dela ficavam escarlates.
-Desculpa ter aberto sua janela, mas é que eu não pude evitar o impulso.
-Você gosta do vento não é? – Eu disse
-Muito. As vezes eu sinto como se ele falasse comigo. – Ela disse sonhadora.
-Sei bem como é. – Eu disse sorrindo enquanto me aproximava dela. – Angie?
-Sim.
-Posso te dar um abraço? – Eu perguntei. Não consegui evitar.
-Claro. – Ela disse sorrindente esticando os braços em minha direção.
Eu a mantive pressionada no meu peito por uns longos 5 minutos.
-Eu era tão importante assim pra você? – Ela perguntou sem me soltar.
-Sim, você foi e ainda é. – Eu disse pensando em todo o tempo que nós perdemos.
Se ela não tivesse sumido será que nós estaríamos juntos? Será que estaríamos noivos como o Percy e a Annabeth? Será que nós nunca teríamos dado certo?
-Desculpa, eu te fiz sofrer esse tempo todo. – Ela se lamentou.
-Calma, não foi culpa sua. – Eu disse a soltando com certa relutância.
-Mas mesmo assim.
-Não precisa se desculpar ok? – Eu disse colocando o dedo indicador nos lábios dela.
Ela sorriu e assentiu.
-Se importa se eu for tomar café? Estou morto de fome. – Eu perguntei sorrindo.
-De maneira nenhuma – Ela disse me seguindo até a cozinha.
Internamente, eu agradecia aos deuses pela diarista ter limpado a casa ontem.
Enquanto eu tomava meu café-da-manhã, Angie me contou da sua noite tentando forçar a memória. E eu confirmei suas suspeitas, ela estava se lembrando do Percy e da Annabeth.
-Mas o porque da espada? – Ela perguntou.
-Você vai se lembrar. – eu disse a fazendo sorrir. – Angie, eu quero te fazer um convite.
-Convite pra que?
-Aceita ir comigo no casamento do meu primo?
-Do Percy?
-Sim.
Ela ficou deslumbrada por um momento e depois sorriu.
-Eu quero sim!- Ela respondeu eufórica, depois continuou não tão empolgada assim - Mas vai ter um porém, acho que o Stefan vai querer ir também.
-Você se importaria se eu arrumasse algo pra ele fazer no fim de semana do casamento? – Eu perguntei
Ela pensou uns minutos antes de responder ainda incerta.
-Vai com calma, ele ainda é meu namorado.
-Sem problemas – Eu disse sorrindo. Não que eu estivesse conformado com o fato dela estar com outro, mas não podia julgá-la, de um certo modo ele era tudo o que ela tinha agora. Eu não poderia arrancar isso dela de uma vez. Mas aos poucos, quem sabe.
-Vem cá, você não ia me encontrar só a noite? – Eu perguntei enquanto íamos pra varanda.
-Ia, mas o Stefan queria ir junto e acho que eu não ficaria a vontade com ele do meu lado te olhando torto.
-Ele ia me olhar torto? – Perguntei incrédulo.
-Ele quer saber suas reais intenções comigo. Pior que um pai à moda antiga, eu sei. – Ela disse rindo – E conhecendo ele como eu conheço, ele ia perguntar mais coisas do que ia me deixar perguntar então eu me adiantei.
-Você não mudou nada nesse aspecto – Eu disse.
-Porque?
-Você nunca esperou ninguém pra nada, sempre fez as coisas por impulso e vai vivendo do seu jeito.
Ela sorriu me fazendo sorrir também.
Ela ficou mais uma duas horas comigo, conversamos sobre o casamento do Percy, sobre como era um conhecidência estranha o nome da mãe da noiva e do pai do noivo serem nomes de deuses gregos e várias outras coisas desinportantes até que ela alegou que teria que ir embora por causa do Stefan.
Eu a deixei na porta do prédio dela mais uma vez e voltei pro meu apartamento sem coragem nenhuma, mas pronto pra encarar uma pilha deveres da faculdade.
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