Hasta Morir escrita por Ducta


Capítulo 3
Expectativas




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POV Angie

 

-Onde você estava? – Stefan perguntou assim que eu abri a porta.

Ele sempre foi muito cuidadoso comigo, até demais. Mas ele me dava uma sensação de segurança. Talvez pelo fato de que ele era tudo o que tinha me sobrado no mundo. Eu gosto do cabelo arrepiado com gel dele, o piercing na língua, o estilo despojado, a risada espontânea dele. Ele me faz bem em muitos aspectos.

-Eu estava no bar depois fui tomar um café com um cara que disse que me conheceu antes do acidente.

-Que cara? Vem cá, me conta essa história direito. – Ele disse calmo, me chamando pra sentar do lado dele no sofá.

Ele desligou a TV, passou o braço em volta de mim e puxou a coberta. Eu contei tudo o que Nico havia me contado e ele esperou paciente eu terminar a história e me encarou por um tempo.

-Sábado eu posso ir com você ver esse Nico? – Ele perguntou.

-Tá, eu acho que não vai ter problema. Mas porque você quer ir?

-Você é muito inocente, bebê. E se ele inventou tudo isso? Eu preciso saber as verdadeiras intenções dele. – Ele disse decidido.

Eu comecei a rir. Não acreditava que Stefan me achava tão estúpida. Mas eu tinha que admitir, ele tinha certa razão. Mas como o Nico ia saber da minha perda de memória pra poder inventar toda aquela história?

Certo, eu já o tinha visto no bar algumas vezes, bebendo até não conseguir carregar o próprio peso, fazendo escândalos com aqueles amigos irritantes dele. Mas sempre o ignorei, mas não podia ignorar que já conhecia o sorriso dele de algum lugar.

-Melhor você dormir um pouco, meu amor. – Stefan disse beijando meus lábios delicadamente algumas vezes.

Eu fechei meus olhos, mas pude sentir que Stefan dormiu antes de mim. Eu fiquei forçando minha memória a se lembrar de Nico, mas a única coisa que eu conhecia ver eram flashes de um par de olhos verdes, mais verdes que o mar e uma voz masculina no fundo da minha cabeça chamando um nome repetidamente. Annabeth. Então eu forcei minha mente a se lembrar da Annabeth, a loira que o Nico me falou. Mas em conseqüência eu só via uma espada me golpeando seguidamente e alguma dores começando a se espalhar por meu corpo. Depois disso tudo ficou escuro.

Era chato não lembrar onde eu conhecia aqueles olhos verdes, de quem eles eram? E aquela espada e o que ela tinha haver com a tal da Annabeth?

Tentei me forçar mais um pouco, mas eu estava super cansada então eu finalmente dormi.

-Bom dia meu amor – Eu ouvi a voz do Stefan sussurrando em meu ouvido.

-Bom dia – Eu respondi me espreguiçando e tentando abrir os olhos.

Eu não estava deitada no sofá como eu achei que estivesse, pelo visto Stefan me levou pra cama no meio da noite.

Passei o resto da manhã assistindo TV com o Stefan, alternamos filmes e uma partida de futebol. À tarde, Stefan me levou pra terapia antes de ir trabalhar. À noite nós saímos pra jantar, mas eu não estava tão interessada assim.

Passei quase o dia inteiro pensando em Nico. Queria vê-lo logo, queria perguntar sobre o que tinha visto, queria saber se minhas suposições estavam certas. Mas a noite demorou uma eternidade pra passar. Sábado de manhã eu já estava eufórica.

-Que você tem Angie?

-Nada, Stefan. Por quê? – Eu perguntei ajeitando as flores no vaso pela qüinquagésima vez.

-Você nunca teve esses surtos de perfeição antes. – Ele disse me olhando.

-Existe uma primeira vez pra tudo na vida. – Eu respondi sorrindo.

-Bom, já que você está bem, eu vou indo. Se eu chegar atrasado, o Chris me mata. – Stefan comentou rindo enquanto saía da mesa.

Ele ia jogar bola, então eu tinha mais três horas sozinha. Fiquei observando da janela o carro do Stefan sair da garagem e virar a esquina, esperei mais uns 10 minutos então peguei minha bolsa e saí. Iria encontrar Nico de um jeito ou de outro. Aquela ansiedade já estava me matando.

 

POV Nico

 

Porque os dias se arrastam tão lentamente quando você está prestes a morrer de ansiedade? Passei a madrugada inteiro acordado, já eram quase seis e meia da manhã quando eu finalmente peguei no sono, mas logo depois, pelo menos pra mim, eu fui acordado por uma mensagem de íris do Percy.

-Hey Primo! – Ele gritou me fazendo pular de susto.

-Percy? – Eu perguntei sonolento.

-Sim.

-Você não tem vergonha na cara não? – Eu perguntei voltando a me jogar na minha cama.

-As vezes. Mas primo já passa do meio-dia, hora de acordar! – Ele exclamou.

-Não acho que seja. – Eu disse abraçando meu travesseiro.

-Vai Nico, levanta daí e olha sua correspondência.

-Hoje é sábado, Percy. Não tem correio – Eu disse ainda abraçado ao meu travesseiro de olhos fechados.

-Já ouviu falar em “entrega especial”? – Ele disse com certo sarcasmo.

-OK, você ganhou! – Eu disse me arrastando pra fora da cama.

Fui até a sala e lá estava um único envelope enfiado por debaixo da porta, ele era um envelope de papel pardo normal com um carimbo de “entrega especial”.

-Achei! – Eu gritei da sala.

-Assim que abri o envelope vi outro dentro, esse era branco, enfeitado com detalhes dourados. Era um convite de casamento. Eu li o convite enquanto voltava pro quarto e não me agüentei, tive que rir.

-Do que você está rindo? – Percy perguntou ansioso.

-Ver o nome de Atena e Poseidon não é algo muito comum em um convite de casamento. Ainda mais se for à seguinte ordem: Frederick Chase e Atena – Sally Jackson e Poseidon te convidam pra união matrimonial de Annabeth Chase e Perseu Jackson. – Eu recitei aos risos.

-Só engraçado porque não é o seu casamento.

-Se fosse, não teria essa besteira toda. –Eu disse voltando a deitar e abraçar meu travesseiro.

-Experimenta ter Annabeth como noiva e Atena como sogra. – Percy disse dividido entre divertido e amedrontado.

-Não obrigado – Eu disse rindo mais um pouco. Então, de repente me ocorreu uma idéia. – Primo, eu vou levar uma surpresa pro seu casamento.

Percy ficou me olhando por um momento.

-Que surpresa?

-Não vou falar, mas é surpresa, não presente de casamento ok?

-OK. – ele disse me olhando curioso. – Bom, tenho que ir.

-Tá, vai lá primo.

-Nos vemos em breve então?

-Com certeza.

E assim ele passou a mão e a mensagem sumiu.

Eu estava me aconchegando na cama novamente quando a campainha tocou. Do jeito que eu estava – cueca samba-canção, sem camisa, descabelado e sem escovar os dentes – eu levantei pra atender a porta.

Quando eu abri a porta Angie estava parada com uma expressão meio apreensiva que se tornou envegonhada quando me viu. Nos encaramos alguns segundos até que ela conseguiu falar.

-Oi.

-ah, oi. – Eu disse muito sem graça. – an, entra e fica a vontade, eu já volto. – Eu disse correndo de volta pro meu quarto.

Eu coloquei a primeira bermuda que eu vi no chão, peguei uma camiseta limpa na gaveta e corri pro banheiro, escovei meus dentes e só passei uma água no cabelo. Dei uma última checada no hálito antes de voltar pra sala.

Angie estava parada na janela, que estava aberta, o vento estava forte lá fora e ela segurava o vestido com as duas mãos, mas parecia gostar do vento batendo em seu rosto.

-Angie.

-ah, oi Nico. Desculpa, cheguei em má hora? – Ela perguntou voltando a atenção pra mim.

-Nada melhor do que acordar com você tocando minha campainha – eu disse sorrindo enquanto as bochechas dela ficavam escarlates.

-Desculpa ter aberto sua janela, mas é que eu não pude evitar o impulso.

-Você gosta do vento não é? – Eu disse

-Muito. As vezes eu sinto como se ele falasse comigo. – Ela disse sonhadora.

-Sei bem como é.  – Eu disse sorrindo enquanto me aproximava dela. – Angie?

-Sim.

-Posso te dar um abraço? – Eu perguntei. Não consegui evitar.

-Claro. – Ela disse sorrindente esticando os braços em minha direção.

Eu a mantive pressionada no meu peito por uns longos 5 minutos.

-Eu era tão importante assim pra você? – Ela perguntou sem me soltar.

-Sim, você foi e ainda é. – Eu disse pensando em todo o tempo que nós perdemos.

Se ela não tivesse sumido será que nós estaríamos juntos? Será que estaríamos noivos como o Percy e a Annabeth? Será que nós nunca teríamos dado certo?

-Desculpa, eu te fiz sofrer esse tempo todo. – Ela se lamentou.

-Calma, não foi culpa sua. – Eu disse a soltando com certa relutância.

-Mas mesmo assim.

-Não precisa se desculpar ok? – Eu disse colocando o dedo indicador nos lábios dela.

Ela sorriu e assentiu.

-Se importa se eu for tomar café? Estou morto de fome. – Eu perguntei sorrindo.

-De maneira nenhuma – Ela disse me seguindo até a cozinha.

Internamente, eu agradecia aos deuses pela diarista ter limpado a casa ontem.

 Enquanto eu tomava meu café-da-manhã, Angie me contou da sua noite tentando forçar a memória. E eu confirmei suas suspeitas, ela estava se lembrando do Percy e da Annabeth.

-Mas o porque da espada? – Ela perguntou.

-Você vai se lembrar. – eu disse a fazendo sorrir. – Angie, eu quero te fazer um convite.

-Convite pra que?

-Aceita ir comigo no casamento do meu primo?

-Do Percy?

-Sim.

Ela ficou deslumbrada por um momento e depois sorriu.

-Eu quero sim!- Ela respondeu eufórica, depois continuou não tão empolgada assim - Mas vai ter um porém, acho que o Stefan vai querer ir também.

-Você se importaria se eu arrumasse algo pra ele fazer no fim de semana do casamento? – Eu perguntei

Ela pensou uns minutos antes de responder ainda incerta.

-Vai com calma, ele ainda é meu namorado.

-Sem problemas – Eu disse sorrindo. Não que eu estivesse conformado com o fato dela estar com outro, mas não podia julgá-la, de um certo modo ele era tudo o que ela tinha agora. Eu não poderia arrancar isso dela de uma vez. Mas aos poucos, quem sabe.

-Vem cá, você não ia me encontrar só a noite? – Eu perguntei enquanto íamos pra varanda.

-Ia, mas o Stefan queria ir junto e acho que eu não ficaria a vontade com ele do meu lado te olhando torto.

-Ele ia me olhar torto? – Perguntei incrédulo.

-Ele quer saber suas reais intenções comigo. Pior que um pai à moda antiga, eu sei. – Ela disse rindo – E conhecendo ele como eu conheço, ele ia perguntar mais coisas do que ia me deixar perguntar então eu me adiantei.

-Você não mudou nada nesse aspecto – Eu disse.

-Porque?

-Você nunca esperou ninguém pra nada, sempre fez as coisas por impulso e vai vivendo do seu jeito.

Ela sorriu me fazendo sorrir também.

Ela ficou mais uma duas horas comigo, conversamos sobre o casamento do Percy, sobre como era um conhecidência estranha o nome da mãe da noiva e do pai do noivo serem nomes de deuses gregos e várias outras coisas desinportantes até que ela alegou que teria que ir embora por causa do Stefan.

Eu a deixei na porta do prédio dela mais uma vez e voltei pro meu apartamento sem coragem nenhuma, mas pronto pra encarar uma pilha deveres da faculdade.


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Notas finais do capítulo

tá dando pra engolir? "/



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