POV HANNA

Eu estava na frente do prédio do senhor Cooper, falei com o porteiro que ligou para Teresa e me autorizou entrar, era dois andares para um apartamento, realmente o cara tinha muito dinheiro, me sentia até um pouco constrangida com tanto luxo, eu não vivia mal, mas também não era acostumada com tanto luxo.

Entrei no apartamento encantada com cada detalhe, a sala era enorme, com uma vista da cidade inteira pela janela que ia do teto até o chão, o apartamento era muito moderno, sem muitos enfeites, me fez lembrar da casa de minha mãe que adora enfeitar tudo em casa, sorri com meu pensamento.

—Hanna, seja bem vinda, vai adorar Morgan , venha comigo - Senhora Bennet foi falando tudo de uma vez só me puxando para o quarto da menina.

—Hanna - antes de entrar no quarto ela me parou em frente a porta com um sorriso acolhedor - Morgan é uma menina muito especial, ela é um pouco tímida, mas tenho certeza que vocês vão se dar bem.

—Obrigada senhora Bennet.

— Pode me chamar de Teresa querida. Bom, vou deixar que vocês se conheçam. 

Ela me deixou ali em frente a porta da garota, suspirei fundo e bati na porta com calma.

—Pode entrar - uma voz soou lá de dentro.

—Oi, eu sou Hanna - falei adentrando o quarto

—Oi, eu sou a Morgan - ela sorriu para mim, mas pude ver tristeza em seus olhos.

—Oi Morgan, você me parece uma mocinha já - sorri para ela e meus olhos percorreram o quarto, em tons branco e roxo, com um computador em frente a janela, percebi que estava desligado e seu celular em cima da mesa do computador, enquanto Morgan estava com livro na mão na sua cama - Gosta de ler?

—Gosto sim, não sou muito chegada em redes sociais, apesar de todos da minha idade terem uma, talvez seja por isso que esteja aqui, Chris acha que eu sou solitária por não ficar o tempo todo vidrada no computador ou celular, então ele te contratou mais para me fazer companhia - ela da de ombros.

—Ah, entendi! - solto um riso fraco por ela chamar o pai de Chris.

—O que foi? o que é tão engraçado? - ela me pergunta sorrindo e percebo que ela já esta menos tensa.

—Você chama seu pai de Chris? - parro de sorrir no mesmo instante em que vejo ela parar também, será que eu disse algo de errado?

—Ele não é meu pai, é meu tio - ela abaixa a cabeça e percebo ela lutar para controlar suas emoções.

—Me desculpe Morgan, não sei muito sobre você ainda, mas percebo que algo está errado, uma criança na sua idade não deveria ter esses olhos tão tristes. - me sento na cama ao seu lado.

—Está tudo bem, meus pais morreram há uma semana, então Chris ficou comigo, mas eu sou forte, meu pai sempre me disse isso, tenho que seguir em frente.

—Morgan, é ótimo que seja forte, mas você não precisa ser o tempo todo, isso também não é sinal de fraqueza, as vezes precisamos que alguém nos esculte e nos console também, e bom eu estou aqui, se quiser desabafar com uma desconhecida - sorrio para ela - Eu não vou te jugar, estou aqui e te ouvirei com atenção - nisso Morgan já esta aos prantos, acho que é só isso que ela precisava, alguém para ouvi-la.

—Estou sofrendo muito Hanna, as vezes peço desculpa para meu pai por não ser tão forte - Eu chego mais perto dela e abraço enquanto ela continua a falar - Meu tio é a unica família que eu tenho, e me sinto como se eu estivesse atrapalhando a vida dele, outras horas penso que apenas ele esta sofrendo tanto quanto eu, por isso ele não passa muito tempo comigo, antes de tudo isso acontecer, quando vinhamos visita-lo ele era ótimo, sempre brincou comigo, sempre foi um tio perfeito, desde que aconteceu tudo eu não tenho ninguém para conversar, ele quase não fala comigo e passou 3 dias seguidos trancado no quarto.

Eu não tinha noção de como essa menina esta sofrendo, eu a aperto em meu abraço e choro junto.

—Morgan você é tão forte por está passando por tudo isso, creio que o senhor Cooper também tenha se sentido assim, dê um tempo para ele se acostumar.- ela concorda com a cabeça.

—Sabe a vida da família Cooper sempre foi muito difícil, meu pai e meu tio perderam os pais cedo também, meu pai sempre me dizia que a força de vontade e a união deles os fizeram continuar e nunca desistir, eu nunca me canso dessa historia - ela sorri se lembrando de algo - meu pai sempre me contou como eles conseguiram sair da miséria para a gloria- ela ri um pouco e suspira - Minha mãe foi adotada e os pais dela morreram há alguns anos, meu pai só tinha o meu tio de família, e o meu tio só tinha o meu pai, sempre dizem que meu tio é uma pessoa difícil de lidar, mas quem o conhece bem sabe que ele tem um bom coração.

—Claro que sim, ele vai cuidar de você muito bem eu tenho certeza.

—Você é primeira pessoa para quem estou me abrindo, isso me da um alivio, não queria deixar isso guardado dentro de mim.

—Morgan você me parece uma menina tão inteligente e determinada, sei que vai lidar com tudo isso como uma verdadeira mulher - ela abre um sorriso lindo.

—Obrigada, gosto quando não me tratam como criança, gostei de você Hanna.

—Eu também gostei de você senhorita Cooper - falo em um tom de brincadeira e nós duas rimos.

O dia passou super rápido, conheci um pouco mais sobre Morgan, ela é uma garota maravilhosa, nunca imaginei que meu primeiro emprego fosse ser tão perfeito. 

— O que acha de amanhã irmos dar uma volta pela cidade? Não conheço muita coisa aqui é meu tio nunca tem tempo 

—Seria perfeito, vou comunicar o seu tio, assim que eu conhecer ele - faço uma careta e Morgan ri

—Meninas, Boa noite - Teresa entra no quarto e eu olho para o relógio indicando 19:10, passei do horário já esta tarde. - O senhor Cooper chegou Hanna, se quiser conhece-lo.

—Ah, claro, quero sim, vou bem rápido, já esta tarde e meus pais vão ficar preocupados - dou um beijo em Morgan e sigo para sala.

Um rapaz de terno está no meio da sala e fala ao celular, será que esse é o senhor Cooper? eu o observo atentamente, cabelos pretos e barba bem feita, ele é alto e demostra masculinidade, é o homem mais lindo que já vi nada vida, quando ele desliga o celular seu olhar se encontra ao meu.

—Quem é você ? - ele pergunta com a voz firme o que me faz estremecer.

—É... Hanna, me chamo Hanna- eu falo meia perdida, nunca me senti assim antes, sua presença me deixa quase sem fala - Hanna Montez - falo por fim.

—Você é a babá de Morgan, espero que tenham se dado bem.

—Sim, Morgan é excelente, e se me permite dizer senhor Cooper, Morgan se sente muito sozinha, creio que ela precise muito de você nesse momento.

—Eu sei do que Morgan precisa, e não preciso dos seus conselhos, apenas faça seu trabalho - ele diz me deixando sem chão, nunca imaginei que fosse tão grosso, minha vontade era de sair dali correndo e nunca mais voltar depois dessa declaração.

—Tudo bem - falo meio sem jeito - eu já estou de saída, tenha uma boa noite senhor Cooper - falo educadamente.

—Já esta tarde senhorita Montez, se quiser uma carona para sua residencia é só falar - ele diz como se nada tivesse acontecido.

—Eu agradeço senhor, mas não é necessário - saio o mais rápido possível daquela sala para não ter quer trocar mais nenhuma palavra com esse ser desprezível.

Morgan é tão doce e amável, sinto pena dela por ter somente ele como parente, um cara tão frio e mal educado, suspiro com o pensamento de ter que suporta-lo.