—Que horas o seu irmão vai chegar? –Olhei pro relógio do celular e dei de ombros. –Daqui umas duas horas mais ou menos, a estrada não está muito boa e ele se atrasou esperando um documento ficar pronto. –Jace sorriu e subiu em cima de mim. –Gosto disso, nós temos uma casa vazia e eu tenho uma linda garota em baixo de mim.

O empurrei e subi em cima dele, nós estávamos naquela brincadeira há quase uma hora, mas não havíamos nos beijado nem nada embora meu corpo implorasse por isso, acho que tudo tinha a ver com a espera, com a necessidade que nossos corpos acumulavam.

Estávamos deitados no jardim dos fundos da minha casa, meus pais só chegariam bem mais tarde e meu irmão ainda estava na metade do percurso pra cá, então nós tínhamos tempo de sobra.

—Eu estava com tanta saudade de você ruiva. –Eu sorri e me deitei em seu peito, nós não nos víamos desde o jantar no domingo, Jace ficou ocupado com a escola e eu também, mas eu já não estava mais aguentando então o chamei pra vir passar a tarde aqui em casa, ele relutou um pouco, mas acabou aceitando quando eu disse que a casa seria só nossa e que ele não precisava se preocupar com a minha mãe. –Eu também estava morrendo de saudade de você.

Minha mãe estava tornando tudo mais difícil e mesmo que o meu pai tentasse ajudar, as coisas não estavam caminhando bem. No começo da semana eu até havia tentado falar com ela, mas a atitude dela foi tão grosseira que acabei desistindo, decidi que só falaria com a Jocelyn quando ela parasse de idiotice e se mostrasse disposta a ter um dialogo normal comigo.

Ficamos deitados admirando o céu por algum tempo e eu estava começando a ficar sonolenta quando o senti dando beijos em meu pescoço.

—Sabe, nós estamos aqui a um tempão e você ainda não me deu um beijinho, estou tremendamente triste. –Revirei os olhos e bocejei. –Todos os atores são dramáticos assim? –Sem se abalar ele apenas deu de ombros. –Todos eu não sei, mas os que tem uma namorada tão linda com certeza. –Foi impossível segurar o sorriso e eu logo senti o meu corpo sendo esmagado pelo dele. –Acho que você está merecendo um beijo ou dois.

Jace sorriu malicioso e se abaixou em minha direção, ele prendeu os meus braços acima da minha cabeça e sua boca rapidamente se grudou na minha. Não foi lento, não foi carinhoso, foi selvagem e enérgico, a saudade que sentíamos era tanta que podia ser comparada a uma dor física. No momento em que Jace adentrou a minha boca com a língua e soltou as minhas mãos eu comecei a arranhar a sua nuca lentamente.

Os beijos dele me levavam a loucura e eu suspirava satisfeita, beijar Jace deveria ser considerado uma das maravilhas do mundo. O loiro desceu os beijos para o meu pescoço enquanto eu gemia baixinho, suas mãos começaram a passear pelo meu corpo e logo estavam massageando os meus seios por cima da blusa enquanto eu gemia mais alto, eu estava sentindo um prazer tão grande que foi impossível controlar o meu corpo, quando dei por mim já estava abraçando a cintura de Jace com as pernas e o puxando pra mais perto, o loiro grunhiu contra o meu pescoço e começou a descer os beijos pelo meu colo.

Aquilo era novo, mas eu não podia mentir e dizer que não estava gostando porque na verdade eu estava amando cada segundo daquilo. Jace deu um leve puxão no decote da minha blusa e logo estava beijando o vale entre os meus seios enquanto eu o arranhava por de baixo da camiseta, eu sabia que ficaria cheia de marcas roxas, mas não poderia estar me importando menos.

Eu me sentia quente, muito quente e podia perceber claramente que Jace não estava muito diferente, as coisas estavam indo rápido demais, mas nenhum dos dois conseguia parar já que aquilo estava realmente muito bom.

Graças ao bom Deus, Jace ainda tinha um pingo de juízo (porque o meu havia decidido ir dar uma volta) e interrompeu aquele super amasso, ele respirou fundo e voltou a se deitar do meu lado.

—Acho melhor pararmos por aqui ou eu não vou conseguir me controlar. –Sorri e acariciei o seu rosto antes de voltar a me deitar no peito dele. –Tem razão, outro dia. –Senti o peito de Jace vibrar diante da risada e meu namorado me abraçou um pouco mais apertado. –Sim, outro dia.

...

Simon já deveria estar chegando, então decidi pedir comida japonesa que era a preferida dele. Liguei no restaurante e depois fui me deitar no sofá e enquanto zapeava pelos canais escutei o bip do celular, era uma notificação da minha rede social.

“Hey galera, quem aí tá preparado pra MELHOR FESTA DE FORMATURA DE TODOS OS TEMPOS? Isso mesmo, se preparem porque vem aí a MovieFest, em breve mais informações.........Atenciosamente, conselho do grêmio estudantil.”

Sorri azeda contra o celular e o joguei em algum canto, a ideia da MovieFest havia sido minha, quando eu ainda era a presidente do grêmio havia tido a ideia de fazer uma festa temática de formatura onde cada aluno poderia ir fantasiado de algum personagem do seu filme favorito e quando expus isso a todos, a chapa do grêmio estudantil inteira gostou.

Mas é claro que havia a Aline.

Com tudo isso que aconteceu, confesso que fiquei ausente de muitas reuniões do grêmio e acabei deixando muitas decisões importantes nas costas do Julian, ele não havia reclamado de nada, mas é claro que a cobra não deixaria isso passar. Me lembrei do que aconteceu a dois dias atrás, eu já estava achando estranho o fato de ser quarta feira e Aline não ter aprontado nada, mas é claro que ela estava só armando o bote.

Flashback On

Estava indo para a biblioteca quando Julian apareceu na minha frente.

—Clary, eu posso falar com você? –Ele parecia nervoso e envergonhando. –É claro Julian, aconteceu algo? –O garoto estava vermelho e eu estava começando a ficar realmente preocupada. –É que, bem você sabe, você não estava mais presente nas reuniões do grêmio e tudo estava um pouco confuso, eu estava segurando as pontas e você sabe que eu não me importava, mas a Aline apareceu e...

O interrompi no meio da frase, eu já sabia o que tinha acontecido.

—Me deixa adivinhar, ela provavelmente apareceu dizendo que eu era irresponsável por abandonar o grêmio praticamente nas vésperas da nossa formatura e que por isso eu deveria ser substituída, acertei?

Ele assentiu com a cabeça parecendo ainda mais envergonhado.

—Eu tentei falar que não Clary, mas você sabe eu sou só um e eu fui voto vencido, não pude fazer nada. –Eu apertei o seu ombro tentando passar algum tipo de tranquilidade e sorri pra ele. –Eu sei disso Julian, você sempre foi um bom amigo, não tem problema, eu realmente estava ausente e mereci isso. Mas quem é o novo presidente agora? Aline? –Julian pareceu espantado e negou com a cabeça rapidamente. –Não, ela bem que tentou, mas Deus e o mundo sabem que eu não gosto daquela garota e eu logo percebi que tudo o que ela queria era tomar o seu lugar então eu disse que ela nunca havia feito parte de nada e que caso alguém aceitasse eu sairia da chapa, eles não podiam ter mais uma perda praticamente nas vésperas da festa, então acabaram dizendo não pra Aline e me elegendo o novo presidente. Eu juro que não queria Clary, mas era eu ou a Aline e eu não pude deixar isso acontecer.

Sorri novamente e o abracei, Julian sempre havia sido um garoto bom e honesto, eu sabia que ele só estava tentando me proteger. –Eu sei Julian e agradeço por isso, sério. Obrigada por tentar me defender e não deixar a Aline tomar o meu lugar, estou feliz por você, acho que agora nós temos um maravilhoso presidente do grêmio e tenho certeza que a MovieFest vai ser um espetáculo.

Ele sorriu parecendo agradecido por eu o entender e logo depois de nos despedirmos eu decidi ir atrás da Aline. Quando cheguei ao refeitório a avistei sentada com Emma, Maia e algumas líderes de torcida, assim que me viu ela soltou um sorriso desdenhoso e eu o devolvi prontamente.

Respirei fundo e saí dali, eu daria um basta naquela situação, mas não agora. Aline ia descobrir o que acontecia quando eu ficava realmente irritada, aquela cria de satanás não perdia por esperar.

Flashback Off

—Acorda pra vida mulher. –Sufoquei um grito ao me deparar com o meu irmão em cima de mim, fiquei tanto tempo “viajando” que não percebi que ele já havia chegado. –Que susto Simon, nossa quase morri aqui. –Ele deu de ombros e abriu um largo sorriso. –Eu não tenho culpa se você estava aí sonhando com a morte da bezerra, eu já estava te chamando a um tempão então tive que apelar.

—Ok ok, agora sai de cima de mim seu gordo. –Simon se levantou rapidamente e jogou uma almofada em mim parecendo chocado. –Eu gordo? Você que está obesa. –Pronto, isso foi o suficiente pra que começássemos uma guerra de almofadas no meio da sala e só paramos tempos depois quando a campainha tocou anunciando que a nossa comida havia chegado.

Abri a porta e paguei o entregador dando uma bela gorjeta, em seguida Simon e eu fomos pra cozinha e a boca do meu irmão já salivava diante daquela barca cheia de gostosuras.

Passamos os cinco primeiros minutos comendo como loucos e só depois paramos para respirar e comer como gente normal.

—Você e a mamãe ainda estão brigadas?

—É claro que sim Simon, Jocelyn está sendo arbitrária e injusta, ela nem conhece o Jace e acha que já pode sair julgando ele, fora que a Aline ligou pra ela e inventou um monte de mentiras e adivinha em quem ela acreditou?  -Simon suspirou chateado e segurou minha mão por cima da mesa. –Eu sinto muito Clary, eu realmente pensei que com o tempo ela melhoraria, eu fui pra uma cidade a quilômetros de distância daqui porque não suportava mais o jogo duro da nossa mãe, mas achei que com você ela seria diferente. –Essa foi a minha vez de suspirar chateada. –Eu sei disso, ela não é uma péssima mãe, mas acha que tudo têm que ser feito do jeito dela, que só ela sabe o que é bom pra gente e essa mania de querer que nós dois sejamos perfeitos já me tirou do sério. –Simon concordou com um aceno e acho que decidiu mudar de assunto ao notar a minha expressão magoada.

—Então, como está a escola?

—O que você acha? Aline ainda está tentando fazer da minha vida um inferno, mas ela vai ver o que acontece quando eu fico irritada. –Simon me olhou assustado e engoliu a comida com dificuldades. –Seria erro meu estar com pena dela agora? Eu já te vi irritada e dá medo. –Sorrimos um pro outro de um jeito que só nós dois entendíamos e eu achei que seria o momento perfeito de começar a colocar o meu plano em ação.

—Eu sei que você tá cansado da viagem, mas que tal irmos amanhã ao parque? Eu tô louca por um algodão doce e queria que você fosse comigo.

—Ué, por que você não vai com o seu namorado? Quer dizer, vocês estão namorando agora ou não? –Ele praticamente grunhiu a frase devido à boca cheia e eu me segurei para manter a expressão inocente no rosto. –Nós estamos namorando sim, mas ele vai estar ocupado amanhã com alguma coisa de teatro na escola e então eu decidi nem falar nada pra ele sobre ir ao parque pra ele não ficar passando vontade. –Rezei mentalmente pra que meu irmão comprasse a desculpa e suspirei aliviada quando vi que ele não desconfiava de nada. –Tá bom, vai ser divertido. Faz tempo que não vamos lá.

Eu sorri satisfeita e voltei a comer. Quando terminamos eu me levantei e comecei a jogar as coisas no lixo.

—Que tal vermos um filme? Vai tomar um banho enquanto eu arrumo tudo por aqui. –Simon me olhou espantado e correu em minha direção. –Você tá doente? Com febre? –Dei um tapa na mão dele e ele se afastou rindo. –Olha que absurdo, estou aqui tentando ser educada e você não aproveita a chance. Vá logo antes que eu desista e deixe você limpar tudo sozinho.

Simon não precisou pensar duas vezes e correu escada acima, eu me aproximei silenciosamente da mesma e quando ouvi a porta do seu quarto batendo corri pro meu celular e o peguei rapidamente voltando pra cozinha.

“Minha parte está feita, consegui convence-lo a ir comigo no parque amanhã.”

Aguardei ansiosamente a resposta do meu namorado, sempre de olho na escada.

“Por aqui também está tudo certo , Izzy topou ir comigo.”

Comemorei internamente e sorri satisfeita.

“Isso vai ser sensacional, agora só precisamos pensar um nome pra nossa operação.”

Enquanto Jace não respondia eu comecei a arrumar o que faltava na cozinha, não podia correr o risco de o meu irmão aparecer aqui e ficar desconfiado. Quando terminei tudo escutei o bip do celular.

“Sério? Nós precisamos mesmo arrumar um nome? “

Suspirei enquanto revirava os olhos. Homens!

Escutei a porta do quarto do meu irmão sendo aberta e me apressei a escrever uma última mensagem.

“É claro que precisamos, vamos chamar de operação Sizzy.”