As Crônicas dos Amaldiçoados, Caimitas escrita por Elias Pereira


Capítulo 17
Agosto de 1888




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Inglaterra, Londres, agosto de 1888

Eu estava nesse dia sentado em minha mesa na casa de Londres. À minha frente tinha papéis que descreviam em detalhes a complexa rede que Caim tinha criado, ele exportava ópio para a Ásia. A droga estava causando uma destruição na população chinesa de forma drástica.

Angeline entra no aposento. Ela tinha a pele negra, parecia de origem egípcia, seu cabelo era crespo e arrumado de uma forma que ficava armado como uma juba, algo incrível. As pessoas ficavam chocadas com aquilo, mas ela não ligava. Em suas mãos tinha mais alguns papéis.

—Conseguiu os nomes que pedi Angeline? – Bebo um pouco de Bourbon do meu copo.

—Aqui está senhor! – Ela se aproxima e coloca na minha mesa alguns relatórios.

O primeiro tinha o nome de Mary Ann Nichols, nascida no dia 26 de agosto de 1845, era dia 31 então ela já tinha quarenta e três anos naquele momento.

—Começarei por essa! – Sorrio para ela.

—Encontrará a humana na Buck's Row. – Ela fala seriamente. – Irá agora senhor?

Pego meu relógio no bolso, já passava da meia noite. Levanto, pego meu casaco e minha cartola. Era mais fácil assim me esconder entre os mortais, aprendi isso depois de uns dias no poder.

—Irei sim! – Pego uma bengala e caminho até a porta. – Cuide de tudo Angeline!

Sigo caminhando até a rua. Ando observando as pessoas que estavam ali há essa hora. Bêbados, ladrões, jovens tentando perder a virgindade com as prostitutas.

Uma carruagem se aproxima perguntando se eu queria ser transportado em troca de algumas moedas. Aceito e sigo até um local próximo à Buck's Row, ir até lá levantaria suspeitas demais.

—Por que trabalha até tão tarde meu bom senhor? – Pergunto ao cocheiro.

—Ganhar um extra milord. – Ele chicoteia os cavalos. – Estamos em tempos difíceis.

—Compreendo! – Falo sorrindo para ele, mas sempre com a cabeça baixa, a aba da cartola cobrindo meus olhos amarelos. – O que o senhor acha desta vizinhança?

—Perigosa! – O homem olha ao redor e encara os becos escuros. – Não confio nem um pouco.

Era incrível o fato de por eu vestir roupas caras e não ser possível ver que eu era negro, já que estava de casaco e luvas, o tratamento era bem cordial.

—Chegamos milord! – O homem para a carruagem e desço.

— Tome aqui para o senhor, vá descansar por hoje. – O homem era velho, suas mãos cansadas e calejadas pegam as três notas de cinquenta libras.

—É muito milord. – O homem fica em choque. – Não posso aceitar.

—Ficarei ofendido se negar, aceite e vá feliz para sua família. – Dou as costas ao homem e sigo por um beco.

Eu o ouço soltar o ar entre os lábios sorridentes e ressecados pelo frio, então segue seu caminho. Caminho pela escuridão observando as paredes sujas, o chão imundo e o cheiro de podridão e sangue no ar.

Aproximo-me de um bar, observo de longe. A poucos metros podia ver Mary Ann Nichols. Ela estava de pé, parecia drogada. Pelas batidas lentas de seu coração e seu cheiro eu sabia que era ópio. Aproximo-me lentamente por trás dela.

—Olá! – Falo repentinamente, já à distancia de um braço dela.

—Puta merda... – A moça dá um pulo com o susto. – Desgraçado...

—Perdoe-me... – Falo com as vistas baixas, minhas mãos vão ao bolso e saco a carteira. – Gostaria de teus serviços, e pagarei a mais, devido o susto.

—Melhorou! – Ela sorri pra mim e se aproxima alisando meu braço. – Aonde irá me levar milord?

—Siga-me! – Viro nos calcanhares e começo a caminhar, a moça segue-me pelas ruas escuras.

Ando por poucos minutos, sigo até um estábulo ali perto. A moça observa ao redor, ela não sentia medo, podia ver pelas batidas de seu coração. E também não tinha mais ninguém ali, eu estava sozinho.

Aproximo-me da moça e puxo para perto de mim. Ela tenta me beijar, mas viro-a de costas para mim. Ela solta uma risada baixa quando minha mão adentra suas vestes, aliso suas coxas e vagina.

Ela solta um suspiro baixo. Era tudo um fingimento, ela tinha que exercer um papel, afinal seus clientes tinham que acreditar que ela sentia prazer, alimentava seus egos.

Tiro a luva da mão direita e subo lentamente pelo seu corpo até que paro em sua garganta, meu dedo indicador e médio parado do lado esquerdo de seu pescoço.

—Sabe... – Falo em seu ouvido, sussurrando. – Só de lembrar de como foi naquela época, a dez anos, eu sinto uma excitação imensa agora. – Percebo que ela fica tensa. – Lembra? Um garoto negro, a casa de um médico, um espancamento, um assassinato. Bons tempos...

—Não... – A moça não consegue terminar a frase.

Perfuro sua garganta com minhas garras e puxo a mão fazendo dois rasgos da esquerda para a direita. O sangue espirra, eu sinto uma excitação imensa e indescritível com o som da sua carne rasgando.

Largo-a e ela cai ao chão com o rosto ao solo. Viro-a com o pé, quero que me veja enquanto morre. Seu olhar remetia desespero, o meu mostrava empolgação.

—Como se sente agora Mary Ann? – Sorrio para ela mostrando minhas presas. – Sente medo? – Enfio minha mão em sua barriga e começo a puxar a parte posterior do seu abdome. Sua carne soltando, sua pele rasgando, seu olhar vidrado e sem reação. – Espero que sinta medo, muito medo. – Arranco a luva da esquerda com a boca e cravo quatro dedos em seu abdome.

Sua vida se esvai então. Pego minhas luvas no chão e fico observando seu corpo. Eu sentia arrepios passando por toda a minha pele, um sorriso escapava dos meus lábios. Passo a língua no sangue em minhas mãos e sigo dali.

Usando de minha velocidade Caimita, chego em pouco tempo em casa. Angeline estava parada me olhando no saguão principal. Aproximo-me e a beijo, minha língua entrando em sua boca, enroscando na sua.

—Isso foi tão excitante... – Falo me desvencilhando do beijo. – Matar é ótimo.

—Tome cuidado milord. – Ela fala seriamente. – Podem descobrir...

—Calada! – Falo e a puxo para mim. – Curta o momento Angeline. – Minha mão passeava pelas suas costas.

Ela então me beija e leva-me ao meu quarto. Entramos e sou empurrado para a cama. Ela usa sua velocidade e aparece basicamente instantaneamente em cima de mim, sentada com as pernas abertas em meu colo. Angeline rasga minhas vestes e passa sua língua bifurcada em meu peito. Suspiro com a sensação e observo enquanto ela desce e rasga minha calça.

Sua boca vai direto a meu pênis, ela começa a lamber e sugar. Seguro seus cabelos, os fios ficando cor de carmesim já que minhas mãos ainda estavam sujas com o sangue de Mary Ann. Usando minha força e velocidade, giro e puxo-a para a cama, agora eu estou por cima.

Com as garras eu rasgo seu vestido, observo seus peitos. Passo a língua em seus mamilos, sua pele negra brilhava com a luz da lua entrando pela janela aberta.

Desço e passo a língua então em seu clitóris, ouvindo ela gemer. Minhas garras descendo e rasgando sua barriga, o sangue escorria até sua vagina por poucos segundos antes de cicatrizar.

Subo até sua boca e enquanto a beijo penetro com força. Meu corpo estava com todas as sensações ao máximo. Movo o quadril com toda minha velocidade, a cama batendo rapidamente na parede, ela gemendo alto. Eu mordia seu pescoço, bebia seu sangue, ela fazia o mesmo. Eu sentia a ardência de seu veneno entrando em minha corrente sanguínea.

O mais incrível é que não era o sexo que mantinha minha excitação, era a imagem do corpo de Mary Ann no chão. Seu abdome aberto, garganta rasgada. Aquilo me dava tanto tesão que eu parecia que ia explodir.

Angeline rasgava a carne de minhas costas. Eu sentia suas garras raspando na minha coluna e costelas. O sangue sujava os lençóis e seu corpo. Ela passava a língua no liquido carmesim em minha pele.

Ela então chega ao orgasmo e pouco tempo depois eu também. Caio para o lado na cama, ela sorrindo com a respiração ofegante. Vejo que tínhamos encharcado totalmente o lençol com sangue.

—Você sente isso também? – Pergunto a ela.

—O quê? – Ela suspirava na cama.

—Essa excitação após matar um humano.

—Sim! – Ela fala observando o teto. – Todos sentimos, mas em você é mais forte, afinal carrega a maldição do antigo mestre.

—Compreendo! – Viro para o lado e procuro um maço de cigarros. Tinha um na primeira gaveta, pego um cigarro e acendo numa vela. Entrego o maço a Angeline.

Ela pega um, pega o cigarro de minha boca e usa para acender o dela. Pego de volta e trago a fumaça. Solto pela boca e fico observando a nuvem que forma em direção ao teto até se dissipar.

—Você pretende matar as outras? – Angeline pergunta e expira a fumaça pela boca.

—Pretendo brincar com os humanos! – Coloco o braço esquerdo atrás da cabeça.

—Como assim? – Angeline observava-me.

—Aguarde e verá! – Sorrio para ela e coloco o cigarro entre os lábios.


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