As Crônicas dos Amaldiçoados, Caimitas escrita por Elias Pereira


Capítulo 16
Capítulo 16




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  Entramos no carro de Hugo, dessa vez ele dirige ao invés de um ghoul. O carro sai do estacionamento cantando pneu. Passamos pelo porteiro, morto dentro de sua cabine com um buraco no meio da testa. Pego meu celular e mostro a localização do hotel para Hugo, ele então segue para o rio vermelho.

Tiro a pistola das costas e deixo o pente sair, estava cheio, engatilho a arma e olho pelo para-brisa traseiro, estávamos sendo seguido. Pego outra arma no coldre dentro do terno e entrego a Nina.

—Vamos nos divertir como nos velhos tempos. – Nina pega a arma sorrindo.

Os demônios que nos perseguiam começam a disparar contra nós, o para-brisa traseiro de nosso carro estoura, vidro voa para todo lado. Começo a sorrir, fico de joelhos no banco e aponto a arma para eles. Como eu adoro isso... Puxo o gatilho três vezes seguidas e o carona cai com dois furos no peito e um na testa.

Nina dispara cinco vezes contra o motorista, o carro começa a zigue zaguear e atinge em cheio a parede que separava a pista da praia, o carro invade a areia e para somente na água.

—Já era minha carreira política! – Hugo suspira.

—Talvez ninguém tenha te visto. – Falo sentando novamente no banco, sorrindo ao ver um grupo de pessoas parando para ver o acidente e outras correndo dos tiros. – Vamos torcer por você. Hashtag Hugo 2018.

—Odeio essa frase... – Hugo fala.

—Por que mesmo? – Falo rindo.

—Usam com um cara aí... – Hugo dobra uma rua e para na frente do hotel que Paolo informou. – Chegamos, vamos entrar logo. Já avisei um ghoul onde o carro está, ele dará fim.

O recepcionista observa o carro com furos de bala e olha assustado para mim quando coloco a arma nas costas, presa na calça. Olho o relógio, são treze horas.

—Boa tarde meu querido! – Falo sorrindo para ele. – Reserva em nome de Vicent Vivale.

—Cobertura... – O homem fala ainda em choque. – Tem dois homens lá em cima no seu aguardo. – O homem pega um bloco de notas e confere. – Senhor Paolo e senhor Jefferson.

—Obrigado! Certamente poderei contar com sua discrição. Correto? - Encaro o humano seriamente. Ele engole em seco e desvia o olhar.

—Certamente senhor Vivale.

Sigo para o elevador e Nina me devolve a arma, coloco no coldre e entramos.

Pressiono o botão da cobertura e a porta se fecha. Percebo que meu terno estava sujo e tinha lascado um pouco quando o vidro estourou. Eu já perdi a conta de quantas mudas de roupa fiz nesses dois dias.

—Essa agonia me deu fome! – Nina fala e olha pro espelho. – Meu cabelo ficou uma merda!

—Paolo deve ter arrumado algo para comermos. – Falo limpando o vidro de meu terno. – Ele sempre é proativo.

A porta abre e seguimos para o quarto, todas as cortinas estavam fechadas, as lâmpadas acesas. Paolo estava sentado limpando sua pistola, Jefferson assistindo televisão, estava passando um programa com um homem gritando e fazendo perguntas a um homem negro no que parecia ser uma delegacia.

Paolo observa Hugo por alguns poucos segundos e volta à atenção a sua arma. Jefferson levanta, pega a pistola no braço do sofá e prende na parte de trás da calça.

—Senhor Vivale! – Ele para na minha frente. – Ouvi disparos, o que houve? – Ele observa meu terno sujo. Seus olhos amarelos encarando meus olhos castanhos.

Os vampiros, tanto Caimitas quanto Succubus, durante o dia continuavam em sua forma de vampiro, mas o sol mataria todos em poucos segundos.

—Fomos atacados por demônios! – Pego o maço de cigarros dentro do terno, tiro um, coloco na boca e acendo com meu isqueiro. Sorrio expirando a fumaça olhando para Hugo que revira os olhos. – O que temos para comer Paolo?

—Achei um restaurante chinês aqui perto senhor Vivale! – Paolo caminha até uma sacola branca em cima do bar. – Trouxe yakissoba, frango xadrez e rolinho primavera.

—Muito bom! – Sorrio para ele e caminho até o bar, coloco conhaque em um copo com gelo e sento em uma das cadeiras altas do balcão. – Pois bem... Temos que dar um jeito de encontrar a bruxa à noite.

Paolo pega um pouco da comida e caminha até uma cadeira no canto. Jefferson acende um cigarro, Hugo pega um pouco de yakissoba e caminha até o bar, pega uma garrafa de vinho e volta para a mesa. Nina senta e começa a comer.

O telefone do quarto toca, Paolo levanta e segue para atender. "Certo... mande ele subir" Paolo desliga o telefone e chega perto de meu ouvido.

—Mauricio chegou senhor Vivale! – Ele sussurra.

—Obrigado Paolo! – Termino minha bebida, pego um rolinho com a mão oposta a do cigarro e caminho até a janela.

Abro uma fresta e olho o mar, descendo as vistas vejo a rua. Os humanos passando de um lado para o outro, carros buzinando e entrando em ruas. Termino o cigarro e apago no vidro. O elevador abre e Mauricio entra. Ele usava um sobretudo pesado com capuz para proteger do sol. Ao entrar tira a roupa pesada e põe na mesa próxima ao elevador.

Era um jovem de dezoito anos, foi transformado por mim a pouco menos que cinco anos. Ele vestia uma camisa com o Batman estampado e calça jeans.

—Sabe como é difícil sair por ai de dia senhor Vivale? – Ele caminha até perto de mim. – Tive que vir na mala de um carro.

—Mauricio... – Chamo a atenção dele.

—Que delicia... – Ele segue na direção de Nina. – Meu nome é Mauricio, mas pode me chamar de 'seu'.

—Eca! – Nina revira os olhos e desvia o olhar.

—Mauricio... – Chamo pela segunda vez. Ele sempre me irrita.

—Hugo de Nogueira aqui? – Ele fala impressionado. – Temos um político no recinto.

—Paolo! – Falo apertando o cenho com os dedos. – Atira nele!

Paolo saca a pistola e atira na testa do Caimita. Ele tomba pra trás e seu corpo atinge o chão com um baque surdo. Em poucos segundos ele volta a se mover.

—Droga... – Ele levanta passando a mão na testa. – Sempre vai ser assim quando nos encontrarmos senhor Vivale?

—Aprenda a calar a boca que paro de atirar em você! – Caminho até ele. – Agora me diga! Como está a recepção da mercadoria?

—Cerca de dois milhões por semana. – Ele levanta, tira a bala com as garras e limpa a testa com as costas da mão, passa a língua bifurcada no sangue que escorria perto de seu lábio. – Em reais.

—Reais? – Coço o queixo. – Isso dá menos de um milhão em dólar. Pouco,muito pouco. Quero que fature mais de três milhões em dólar, por semana.

—Não será fácil senhor Vivale! – O homem segue até o frigobar e pega uma lata de cerveja.

—Não será fácil, você diz... – Caminho até o bar, pego um copo, encho com conhaque e sigo até ele. – Onde na minha frase eu disse 'me diz sua opinião sobre meu negocio Mauricio'?

—Desculpe senhor Vivale... – O vampiro engole em seco e baixa as vistas. – Darei meu jeito!

—Assim espero! – Bebo um gole. – Antes de ir... Diga-me, como está lavando o dinheiro?

—Tem alguns restaurantes registrados. – Ele dá um passo para trás se afastando de mim. – Cafeterias, bares, uma frota de táxis.

—Compreendo! – Bebo o resto do conhaque. – Compre uma franquia da Subway ou algo assim.

—Venda a frota de táxis. – Hugo termina sua comida e enche uma taça com o vinho que pegou. – Não está em um momento muito bom pra ser taxista no Brasil, estão em guerra com a Uber.

—Faça o que ele disse. – Sigo até o balcão e coloco o copo. – Quero que me consiga armas. Pistolas, submetralhadoras e munição. Pra hoje, assim que anoitecer! Pode ir agora!

—Sim senhor Vivale. – O vampiro segue para o elevador pegando seu manto de proteção e vai embora.

—Adoro a forma com que faz negócios. – Nina fala rindo e estende a taça para Hugo encher com o vinho.

—Tento mantê-los na linha. – Acendo um cigarro e sento em uma poltrona. – Retomando o assunto... A bruxa, o que temos que pedir a ela mesmo?

—Informações! – Hugo tira os óculos e começa a limpar sua lente. –Temos que descobrir sobre Asmodeu e Lúcifer.

—Bruxa? – Jefferson pergunta animado. – Vamos conhecer uma bruxa?

—Sim, iremos querido! – Nina responde e toma um gole do vinho. - São tão fofos quando acabam de descobrir esse mundo...

—Paolo! – Falo olhando para ele. – Arme-se bem! Nossos inimigos não são humanos.

—Irei ficar preparado senhor Vivale! – Paolo termina de comer e caminha até onde deixou sua arma

—São quartoze horas agora! – Diz Nina olhando no seu relógio. – Vai demorar ainda pra anoitecer.

—Paolo! Vamos continuar a historia. – Falo seguindo até ele e sentando ao seu lado. – Agosto de 1888 agora.


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