As Crônicas dos Amaldiçoados, Caimitas escrita por Elias Pereira


Capítulo 18
Capítulo 18




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  Expiro a fumaça pelo nariz e observo o elevador abrindo. Mauricio entra carregando uma sacola grande na mão esquerda. Já tinha anoitecido, observo os olhos vermelho de Hugo. Como ele escondia aquilo das pessoas?

—Senhor Vivale! – Mauricio coloca a sacola em minha frente. – Trouxe o que o senhor pediu! E muito mais.

—Mostre-me! – Falo observando a sacola.

—Certo! – Mauricio abre o zíper e pega a primeira arma. – Temos aqui uma .45 ACP, oito balas no pente e uma na agulha. – Ele coloca a arma na mesa ao lado e pega outra pistola. - .380 ACP, dezoito no pente e uma na agulha. – Ele bota na mesa e pega agora um revolver. - .38 SPL, tambor de seis balas e cano ventilado de seis. – Ele olha sorrindo para o revolver e pousa na mesa, tira então mais duas Glock e então uma metralhadora. – Carabina CTT40, trinta cartuchos.

—Muito bom! – Vejo que a sacola não estava vazia ainda. – O que mais tem ai?

—Roupas para vocês! – Ele pega algumas mudas dobradas e põe na mesa. – Se andarem por ai assim irão chamar atenção. Não se vistam tão socialmente. – Ele pega também um envelope amarelo. – Creio que o senhor precisa de dinheiro nacional, não pode andar por ai distribuindo dólar. Tem cem mil reais dentro, em notas de cinquenta e vinte.

—Obrigado por me lembrar por que não te matei ainda. – Falo pegando o envelope em sua mão e colocando no colo. Prendo o cigarro nos lábios enquanto conto o dinheiro.

Nina levanta juntamente a Hugo e pegam as roupas na mesa. Nina pega uma calça e uma camiseta preta, tira suas roupas ali mesmo e começa a se vestir. Mauricio olha como se fosse um cachorro no cio, reviro os olhos e volto minha atenção para as armas. Apago o cigarro, tiro minhas armas, uma da calça e uma do coldre e boto em cima da mesa, pego a .45 ACP. Pego uma calça jeans preta e uma camisa preta fina e de mangas, parecia uma bata. Visto ali mesmo e prendo a arma atrás na aba da calça, coloco um pouco do dinheiro no bolso de trás da calça. Pegue uns pentes extra e coloco no bolso da calça. Um em cada bolso da frente.

—Livre-se dessas duas que botei na mesa. – Digo a Mauricio enquanto ajeito minha camisa para cobrir a arma. – Não quero que liguem o tiroteio de mais cedo ao que provavelmente possa vir a ter no pelourinho.

—Certo! – Mauricio fala e só tira os olhos de Nina quanto ela termina de se vestir. Ele caminha até a mesa, pega as duas pistolas e joga na sacola. – Algo mais senhor Vivale?

—Pode ir já! – Falo e dou as costas a ele, olho para Paolo. – Entregue sua arma também e pegue outra na mesa.

—Sim senhor Vivale! – Paolo tira a arma de dentro do terno e bota na sacola, pega uma Glock e prende no lugar da outra. Ele pega também algumas roupas, uma calça jeans e uma camisa azul marinho, segue até um canto e começa a mudar as vestes. Ele observa Mauricio seguindo até o elevador e indo embora.

—Pego uma também senhor Vivale? – Jefferson se aproxima de mim.

—Pegue sim, uma arma é bem útil, mesmo que sejamos vampiros. – Falo para ele e pego o maço de cigarros dentro do terno que larguei em cima da mesa, coloco no bolso da calça. – Pegue a Glock. Aposto que Nina vai pegar a .380ACP.

—Ela mesmo que quero! – Nina caminha sorrindo até a mesa e pega a arma, prende na calça e cobre com a camisa.

Hugo pega o revolver, observa atentamente a arma e prende na cintura, cobrindo com a camisa. Jefferson termina de se vestir e então seguimos perto do elevador. Paolo pega a carabina e passa a bandoleira ao redor do pescoço.

—Leve-nos para as escadas de emergência Nina, não devem ter câmeras lá. – Falo enquanto acendo um cigarro.

—Certo! – Nina toca em uma parede por onde uma sombra se projetava. Caminho até lá e saio já nas escadas de incêndio.

Senti uns arrepios por um curto período de tempo enquanto atravessava as sombras. Em seguida sai Paolo, Hugo, Jefferson e Nina.

—Ótimo que ninguém vomitou. – Nina sorri e começa a descer as escadas.

Sorrio ao ouvir o comentário e ver a cara de Jefferson segurando o vomito.

Seguimos atrás em direção ao estacionamento. Observo que Paolo também tinha ficado um pouco enjoado e sorrio. Expiro a fumaça pelo nariz e continuo descendo.

Chegamos ao estacionamento. Hugo vai em um carro separado de nós quatro, ele iria com alguns ghouls e não podia ser visto com tanta gente armada com ele. Entramos em um carro com Jefferson ao volante e Paolo ao seu lado.

O veiculo de Hugo segue em frente e vamos seguindo-o. Observo então o mar à noite, algumas pessoas caminhando pela orla, outra na fila para festas e com bebidas na mão.

—Há quanto tempo não vemos uma bruxa? – Nina pergunta observando pela janela. – Lembro que eu via varias morrer na Itália, a inquisição queimava muitas no século XV.

—Nem lembro... – Pego meu celular e começo a jogar Clash of Clans. – Deve ter um século mais ou menos.

—Elas são perigosas! – Nina suspira e pega o celular, abre um aplicativo de email e observa o que seus acionistas mandaram. – Todo cuidado é pouco.

—Nada que um tiro na testa dela não resolva. – Ataco uma vila no jogo.

—Você sabe que não resolve... – Nina começa a responder o email. – É difícil encontrar uma bruxa, mais difícil ainda pega-la, imagina matar...

—Daremos um jeito. – Sorrio ao ver que consegui três estrelas na invasão e guardo o celular novamente. - Minha preocupação maior é Asmodeu. Não temos como matar um principado, ele nos dizimaria facilmente.

—Preocupe-se primeiramente com o filho dele. – Nina guarda o celular no bolso da calça. – Temos que caçar um nephilim.

—Nephilins são criaturas fáceis de matar! – Falo e observo Nina olhando as pessoas pela janela. – Não passam de humanos um pouco mais fortes.

Nina fica calada e volto minha atenção à janela. Ficamos quietos o resto do caminho todo. Uma bruxa era uma criatura vil, podia matar a mim e a qualquer vampiro, não facilmente, mas podiam. No mínimo podia ferrar com minha mente e transforma-me em um escravo dela.

Chegamos então a uma rua com o chão feita por pedras. Hugo para e Jefferson logo em seguida encosta também. Saímos do carro e caminhamos até Hugo. Observo que os prédios e casas agora tinham uma aparência colonial, pessoas, possivelmente moradores de rua, passavam de um lado para o outro com bebidas de cheiro forte na mão.

—Hugo! – Aproximo-me dele. – Aqui é o Pelourinho?

—Estamos no Taboão. – Hugo ajeita os óculos e olha para uma ladeira a minha esquerda. – Vamos por ali.

—Paolo! – Falo para ele. – Fique no carro com a metralhadora, você e Jefferson. Não quero que se envolva com essa criatura que estamos atrás.

—Sim senhor Vivale! – Paolo responde e volta para o carro junto com Jefferson.

Sigo com Hugo pela ladeira. Observo os humanos ocupados com suas bebidas, noto outros com suas tentativas de conseguir sexo e diversão. Caminhamos por algumas ruas mais apertadas, e outras mais estreitas ainda até que chegamos a uma praça. Hugo observa uma estatua de um homem negro com uma lança na mão, a placa dizia 'zumbi dos palmares'.

—Saudades dessa época? – Pergunto sorrindo.

—Não! – Hugo examinava atentamente e então segue andando.

—Um trocado para passar minha fome, por favor. – Uma senhora para em nossa frente. Ela tinha a pele escura, cabelos bem brancos, dentes faltavam em sua boca. Hugo a ignora. Nina também.

—Tome! – Pego uma nota de cem e a entrego.

—Obrigado! Muitíssimo obrigado! – Ela sorria para mim. – Fico muito agradecida Tyler Jackson.

Nina e Hugo viram-se ao ouvirem meu nome. A mão de ambos vai em direção as armas, mas levanto a minha mão mandando esperar.

—Eu senti seu cheiro desde que paramos o carro! – Sorrio para ela, minhas presas a mostra e minha língua bifurcada passando pelos lábios.

—Sigam-me! – A bruxa segue caminhando e vamos atrás dela.

—Achei que tinha feito uma boa ação. – Nina fala rindo. - Tive até uma ínfima esperança.

—Humanos não passam de alimentos e diversão! – Falo seriamente. – Por que ajudaria um?

A bruxa caminha alguns poucos metros até que chegamos a uma cruz deitada de lado. Ela segue até um parapeito, dava para ver toda uma parte grande da cidade, o mar se alongando até o horizonte.

—Vocês estão atrás de um meio de deter Lúcifer e Asmodeu, correto? – Ela pergunta observando o mar.

—Sim! – Hugo responde observando-a seriamente.

—Por que acham que eu ajudaria vocês? – Ela fala sem ao menos nos olhar - Temos aqui um estripador, uma jovem profana filha de um papa mais profano ainda e você... - Ela olha para Hugo.

—Acho que ajudará por que você gosta de viver! – Falo para ela interrompendo-a.

—isso foi uma ameaça? – Eu podia ouvi-la rindo entre os dentes.

—Não! – Falo me aproximando dela e tirando um cigarro do bolso, acendo e encosto no parapeito ao seu lado, me apoio de costas e com os cotovelos, segurando o cigarro entre o dedo médio e anelar. – Os principados querem acabar com a humanidade, eliminar toda a criação de Yahweh.

—Eu sei disso. – Ela estende a mão e coloco um cigarro na sua palma. Ela levanta o polegar, uma chama pequena surge acima de sua unha e ela acende o cigarro. – Mas, qual a garantia de que não morrerão tentando? Se morrerem e descobrirem que ajudei, irão vir atrás de mim e dar-me algo pior que a morte.

—Eles já sabem que está conversando conosco. – Expiro a fumaça pelo nariz. – Irão vir atrás de você mesmo que não nos ajude.

A bruxa expira a fumaça por entre seus lábios manchados e observa as luzes da cidade. Seus olhos pareciam já cansados, mas mostravam uma sabedoria imensa.

—Certo! – Ela apaga o cigarro na murada e olha para mim. – Vocês terão que encontra três itens.

—Estou ouvindo! – Seguro o cigarro entre o indicador e o médio.

—Sangue do Leviathan. A arma de um deus da morte. O item sagrado de um orixá, dado de boa vontade pra manter sua essência. - Ela sorrir ao falar o ultimo, ergo uma sobrancelha mas ignoro.

Sinto o cheiro dos demônios chegando, pego a pistola nas costas, Nina e Hugo vêem e sacam também.

—Nina! – Falo para ela. –Leve-a para o carro.

—Certo! – Nina se aproxima da bruxa.

—Não deixarei que a matem! – Sorrio para a velha, ela acena com a cabeça e entra em uma sombra junto com Nina.

Os demônios começam a aparecer com armas na mão, acerto um tiro na cabeça de um deles. Hugo estoura a cara de um com seu revolver. Ouço a sirene de viaturas que tinham ali perto, ouviram os disparos.

—Vamos sair daqui! – Hugo fala para mim e sobe na murada.

Olho para baixo e vejo uma queda de mais de vinte metros de altura, bem mais na verdade.

—Certo! – Derrubo mais um e então começam a disparar contra nós, a viatura chega e saltamos da murada.


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