As Crônicas dos Amaldiçoados, Caimitas escrita por Elias Pereira


Capítulo 11
Capítulo 11




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  -Coloque-o ali Paolo! – Aponto para um assento no jatinho onde ele devia colocar Jefferson. – Avise ao piloto que estamos indo à Bahia.

—Certo senhor Vivale! – Paolo coloca Jefferson no assento, prende o cinto nele e segue até a cabine do piloto.

Sento na poltrona do lado oposto ao de Jefferson, observo o assento vazio em minha frente. Maldita Nina, atrasada. Pego meu celular no bolso e deslizo o dedo pela tela destravando-o. Faltava pouco para as cinco da manhã. Cruzo as pernas e recosto.

Ouço o som de um carro chegando do lado de fora, seguido pela voz de Nina após o motor silenciar. Ela reclama com o motorista e entra no avião.

—Finalmente cheguei! – Ela tinha certa frustração na voz. – Esse maldito motorista demorou de chegar aqui! Quem é esse?

Abro os olhos e vejo que Nina estava olhando para Jefferson. Ela se aproxima e para a poucos centímetros dele. Olhava-o com seus olhos azuis, seus cabelos loiros roçavam a face do jovem.

—O nome dele é Jefferson! – Falo enquanto pego um cigarro dentro do terno. – Aceita? – Estendo o maço para ela.

—Você é muito gentil! – Nina pega um e senta à minha frente. Uma succubus vem pela porta do avião e entrega um notebook para a sua matriarca. – Obrigada Michelle!

Nina liga o computador e começa a teclar algo em silencio. O cigarro repousava entre seus lábios vermelhos, seus olhos se moviam enquanto lia algo. Expiro a fumaça pelo nariz e aceno para Paolo, que saía da cabine do piloto, se aproximar de mim.

—Descanse um pouco Paolo. Irá amanhecer logo logo. – Aceno para uma comissária de bordo se aproximar. – Traga-me uma dose de uísque. Aceita algo Nina?

—Um Martini! – Ela fala sem tirar os olhos da tela do computador.

—Volto já com suas bebidas. – Observo os olhos amarelos castanhos da comissária, ela fica sem reação ao ver os meus amarelos e sai dali apressada.

—O que inferno você tanto tecla ai? Esse som me irrita! – Falo olhando para Nina.

—Eu tenho uma empresa para cuidar Vicent! Preciso manter as coisas na normalidade! – Nina para e olha diretamente para mim. – Certo! Então após tantos anos iremos encontrar com Hugo.

—Faz quanto tempo já? – Trago o cigarro e expiro a fumaça pela boca. – duzentos anos?

—Mais ou menos isso! – Nina fecha o notebook e observa a garota voltando com as bebidas em uma bandeja.

—Aqui está. – Ela coloca o copo de uísque em minha frente e o de Martini para Nina.

Nina pega a azeitona de seu copo e passa delicadamente a língua enquanto olha a jovem. A moça cora, mas não consegue parar de observar. A comissária entre abre os lábios suspirando e eu ouvia seu coração acelerando. Nina coloca a azeitona na boca e devolve o palito para a mesa. A moça suspira e sai dali entre tropeços e suspiros.

—Você ama brincar com os humanos! – Sorrio para Nina e bebo um gole do uísque.

—Precisamos de diversão para a eternidade não se tornar um tédio! – Ela sorri de volta e toma um pouco de sua bebida.

Jefferson se mexe no assento e abre os olhos. Ele estava ainda atordoado, olhava ao redor lentamente. Todos os vampiros recém transformados fazem esse mesmo ritual. Observam ao redor, olham as mãos, se assustam com os sons ao redor, o cheiro das coisas agora é algo intenso e estranho. Até seus movimentos agora parecem algo estranho.

—Onde estou? – Ele se assusta com o som da própria voz. Não que ela tenha mudado, mas sua audição está mais apurada agora.

—Num avião. Se eu fosse você, fechava essa janela ai. – Olho o relógio no meu pulso, cinco em ponto. – Vai amanhecer em mais ou menos uma hora e meia.

—Então... – Ele olhava para mim com os olhos arregalados. – Agora sou um vampiro?

—Olha no espelho ali! – Aponto para onde ficava o banheiro. Ele destrava o cinto e segue caminhando até o banheiro.

"Apertem o cinto, iniciaremos a decolagem." Foi dito pelos auto falantes. Nina termina sua bebida e Jefferson volta e senta novamente no seu assento.

—Meus olhos estão iguais os do senhor! – Ele falava com certa emoção.

—Um vampiro novo! – Nina sorria e enrolava uma mexa de seu cabelo no dedo. – Esse é bonito Vicent!

—Certo... – Reviro os olhos e volto à atenção a Jefferson. – Pois bem! Você agora é um Caimita. Essa moça aqui é a matriarca das Succubus, seu nome é Nina. – Ela acena para ele que retribui com um aceno de cabeça. – Estamos indo até o Brasil, vamos encontrar Hugo de Nogueira. Patriarca dos Iscariotes.

—Não parece nome de um vampiro! – Ele fala com um sorriso querendo escapar de seus lábios.

—E o que seria um nome apropriado para um vampiro. São nomes... Ele escolheu esse. – Apago o cigarro e olho para Nina. – Miguel veio me fazer uma visita.

—O próprio arcanjo veio pessoalmente a terra? E duas vezes? – Ela apaga o cigarro no cinzeiro na mesa. – Tem algo de muito errado aqui?

—Arcanjos existem? – Jefferson observava sem entender nada.

—Ele falou algo sobre um Nephilim. – Ignoro o jovem e termino minha bebida. – Filho do próprio Asmodeu.

—Nephilim? – Jefferson pergunta novamente, aumentando um pouco o tom de sua voz.

—Hugo deve saber algo sobre! – Cruzo os braços e olho Nina nos olhos. – Não quero falar com ele por ligação, não tenho saco para ouvir a secretaria dele inventando motivos para ele não poder atender.

—Ele agora está envolvido com a política brasileira. – Nina sorri e põe uma mecha do cabelo atrás da orelha. – Exatamente o que ele ama, manipular as pessoas.

—Eu sei! Ele está fazendo uma campanha política na Bahia, estamos indo para lá.

—Senhor Vivale! – Jefferson fala me olhando.

—Diga! – Olho para ele.

—Anjos, vampiros... – Ele me observava curioso. – O que mais existe?

—Deixe-me pensar! – Coço o queixo pensativo. – Demônios, ghouls, criaturas das sombras. Fadas ainda existem? – Pergunto a Nina.

—Existem sim! – Ela responde sem tirar os olhos das unhas.

—Pois bem! – Volto o olhar para Jefferson. – Fadas, bruxas, nephilims, deuses, fantasmas. E mais alguns.

—Muita coisa pra eu processar... – Jefferson recosta e cobre os olhos com as mãos.

—Faz como eu faço! – Vejo que o sinal para soltar os cintos acendeu, solto e chamo a comissária com um gesto. – Beba! Você não ficará bêbado, seu corpo produz toxinas já que suas presas tem veneno, seu metabolismo age em uma velocidade muito maior, mas beber é sempre bom. – Olho para a moça. – Quero duas doses de uísque, para mim e para o jovem ali. Mesma coisa Nina? – Ela acena com a cabeça enquanto observava à humana. – Mesma coisa para ela.

A moça sorri para Nina e sai para buscar as bebidas. Pego o maço de cigarros e ofereço a Nina que recusa. Acendo o meu e jogo o maço com o isqueiro para Jefferson.

—Também não irá te matar. – Sorrio e pego o cigarro entre o indicador e o médio. – Bem vindo à imortalidade.

—Sinto fome... – Jefferson diz. – Muita fome!

—Ah sim! – Chamo a comissária novamente. Ela coloca as bebidas nas respectivas mesas e volta. – Qual seu nome?

—Jenny senhor! – Ela fala formalmente e observando o chão.

—O que achou de minha amiga? – Aponto para Nina.

Ela cora e não responde. Nina levanta do assento e começa a rondá-la como uma leoa ao redor de uma gazela. A vampira passa a mão de leve no rosto da humana, ela suspira com o toque e se aproxima da Succubus que a beija.

A humana suspirava e soltava leves sons de prazer com o beijo. Nina pega-a pela mão e leva até a mesa onde Jefferson estava. Ele fica olhando sem reação, apenas encantado. A vampira então beija-o e puxa-o para ficar de pé. Ele solta o cinto e levanta.

Os três se beijavam e acariciavam-se. Nina então me olha e sorri, chama-me com um movimento da mão. Levanto tirando meu blazer e desabotoando a camisa. Jefferson beija Jenny e quando ela estava já cega pelo prazer, ele morde seu pescoço e geme quando o sangue da moça espirra para dentro de sua boca.

Aproximo-me por trás dele e passo as mãos ao redor de seu corpo, aliso seu peito e abdômen. Nina beijava Jenny. Puxo a cabeça de Jefferson pelo cabelo, ele solta o pescoço da moça e beijo-o, sinto o gosto do sangue em sua boca.

Paro e sorrio. Finalmente esse viagem se tornou interessante. 


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