Beside You escrita por Louise K


Capítulo 3
Storm Before the Calm


Notas iniciais do capítulo

Estou envergonhada pela demora? Sim. Mas estou muito feliz por ter conseguido tempo para terminar esse capítulo. Prometo não demorar mais para atualizar essa fic.
Se vocês forem capazes de me perdoar e lerem esse capítulo até o final, eu amarei vocês para sempre.
Boa leitura :)


OBS.: o capítulo teve como base o episódio 2x16.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/724532/chapter/3

Patterson não conseguiu passar mais do que um final de semana repousando. No primeiro dia útil da semana ela já estava de volta ao trabalho, mesmo sendo totalmente contrariada por Tasha e pelo resto da equipe.  

O final de semana havia sido ótimo para as duas. Foi a melhor chance que tiveram de realmente descansar. Passaram a maior parte do tempo dormindo, comendo e assistindo filmes. Não poderia ter sido melhor. Quanto mais tempo passavam juntas, mais próximas elas ficavam.

De volta ao trabalho, a loira voltou a sua rotina, porém com mais intensidade. Chegava cedo e saía tarde do laboratório, não desgrudava dos computadores, não fazia pausas para comer... ela estava realmente empenhada a encontrar novas pistas que levassem à Shepherd ou Borden. O grande problema, e o que mais preocupava Tasha, era que Patterson estava se esquecendo de seus limites. A ver obcecada pelo trabalho estava deixando a latina extremamente preocupada.

O fato de que Reade também havia se recuperado e estava de volta ao trabalho ajudava a latina a pensar e se preocupar menos com Patterson. Os dois decidiram sair para almoçar juntos, como sempre fizeram, e aproveitaram para colocar os assuntos em dia. Aparentemente seu melhor amigo havia começado a namorar uma nova garota. Reade parecia feliz quanto a isso, logo ela também se alegrou por ele.

Tasha ainda não havia falado para Reade sobre a paixão que a consumia dia após dia, e isso a incomodava profundamente. Ela se sentia culpada por estar escondendo algo tão importante de seu amigo. Na verdade, de seu melhor amigo. Não contar a incomodava, mas não saber como contar a incomodava muito mais. Se explicar a confusão de sentimentos que acontecia em seu interior já era difícil, explicar para Reade seria praticamente impossível. Por isso, ela decidiu se manter calada. Apenas contou como havia sido seu final de semana, sem dar muitos detalhes.

Horas mais tarde, de volta ao trabalho, Tasha decidiu ir ao laboratório ver como Patterson estava. Assim que entrou, encontrou a loira apoiada em uma mesa, massageando sua cabeça com a ponta dos dedos. Aquela era uma clara demonstração de cansaço, mas Tasha não podia fazer nada a respeito da teimosia da outra.

— Reade está de volta. — a morena disse anunciando sua entrada, fazendo com que Patterson levantasse a cabeça e abrisse os olhos para encará-la.

— Sério? Como ele está?

— Eu acho que o tempo fora fez bem a ele. — Tasha respondeu enquanto se aproximava da loira.

— Eu não vou tirar folga. — Patterson declarou antes mesmo que a outra terminasse a frase.

— Você passou por momentos traumáticos, o seu namorado atirou em você e te abandonou para sangrar até a morte. Eu acho que você tem direito a alguns dias de licença. — Tasha esclareceu enquanto se apoiava na mesa onde Patterson analisava uma tatuagem. — Você tem trabalhado nessa tatuagem há alguns dias. Talvez Sandstorm a deixou fora do corpo da Jane por ser um fracasso.

— Ou talvez eles perceberam que os deixou expostos. — Patterson rebateu com rapidez.

—Ok. — a latina disse desistindo de convencê-la. — Você conseguiu chegar a algum lugar? — ela perguntou enquanto se levantava para observar as imagens da tatuagem.

— Não. Nenhum progresso. — Patterson respondeu demonstrando frustração em sua voz.— Eu tenho essa dor de cabeça latejante que está me impedindo de pensar direito.

— “Para alívio de dor extrema de ação rápida.” — Tasha leu em voz alta o rótulo de um frasco de remédios que estava sobre a mesa.

— Sim, nenhuma dessas palavras estão corretas.

A latina havia desistido há alguns minutos de convencer Patterson a ir embora. Entretanto, algo falou mais forte e assim que deu conta, já estava tentando persuadir a loira novamente.

— Aqui vai uma ideia: vá para casa. É sério. — sugeriu novamente.

Patterson pode ter considerado a opção por alguns segundos, mas antes que pudesse tomar alguma decisão, teve seus pensamentos interrompidos pelo som de seu tablet que alertava alguma coisa.

— Veja, nós temos um progresso.

Aquela semana estava sendo difícil. Quanto mais a equipe se esforçava para chegar até Sandstorm, mais tinham a sensação de estar andando em círculos. A impressão que todos tinham era de que Sandstorm estava sempre à frente deles. Isso estava incomodando a todos, especialmente Patterson.

A agente já estava ficando sem alternativas. Ela já não sabia o que fazer, até que após um ato muito arriscado, Nas foi atrás de algumas informações que sua fonte anônima havia deixado para ela. Após colocar sua vida em risco, a agente conseguiu resgatar um pendrive que aparentemente tinha algumas informações sobre a mulher que eles estavam perseguindo há meses.

Quando Patterson abriu o drive, se deparou com um sistema de alta criptografia. Decodificar aquilo certamente não seria algo fácil, mas ela estava intrigada com o possível conteúdo do drive, então não pensou duas vezes antes de começar a decodificação.

Após algumas horas, a loira finalmente conseguiu acessar os dados do drive. O tempo em que ela passou trabalhando na decodificação daquele drive havia valido a pena. Dentro do USB havia algumas imagens e vídeos recentes daqueles que estavam procurando: Shepherd e Borden.

Com o conteúdo do drive e com a ajuda da fonte anônima, eles conseguiram encontrar um possível lugar onde os dois possivelmente estariam. Aquela era uma oportunidade única. Weller logo reuniu a equipe e os enviou ao local. Entretanto, quando chegaram no lugar, se depararam com um homem morto. Não havia dúvidas de que Shepherd tinha passado por ali. Mais uma vez a mulher estava adiante da equipe.

Patterson não conseguia esconder sua frustração. Voltou ao seu laboratório, dessa vez totalmente desnorteada. Não sabia por onde começaria a investigar novamente.

Enquanto procurava em sua bolsa por mais um frasco de remédio para sua dor de cabeça, Patterson encontrou um cartão de visita que estava ali há muitos dias. Tratava-se do cartão de uma relojoaria. Há algum tempo, enquanto ainda estava namorando com Borden, o relógio favorito de Patterson havia quebrado e ele havia se oferecido para levar ao conserto. Foi ao se lembrar disso que Patterson começou a criar uma teoria louca em sua cabeça. 

Sem pensar duas vezes, a loira pediu para um dos seus assistentes alguma coisa que a ajudasse a abrir o relógio sem causar muitos danos. Após conseguir, Patterson abriu o relógio cuidadosamente e teve a chance de confirmar que sua teoria não era totalmente louca. Borden havia implantado uma escuta em seu relógio.

Patterson logo correu para avisar Weller e o resto da equipe. Ela mal podia acreditar que finalmente havia encontrado a explicação para o fracasso das últimas missões. Ela sempre soube que não podia ser coincidência para tudo.

Após ouvir a explicação de Patterson, Jane sugeriu que destruíssem a escuta, porém a loira tinha uma ideia melhor em mente. Ela propôs que usassem a escuta a favor deles para enganar Shepherd. Era a primeira grande chance que tinham de finalmente encontrar quem eles tanto procuravam. Kurt aprovou a ideia e a equipe logo tratou de executar o plano.

Depois de uma conversa ensaiada com informações falsas, todos foram para uma casa que era propriedade do FBI e se localizava em um lugar distante da cidade. Se Shepherd ou Borden realmente estivessem ouvindo as informações, com certeza os seguiram até o local.

Como esperado, Borden caiu na armadilha e foi com alguns homens até o local. Tudo estava correndo como esperado. Entretanto, não demorou muito para que ele percebesse que aquela situação não se passava de uma farsa. Assim que se deu conta, começou a fugir. Ele tentou voltar pelo mesmo caminho por onde chegara, mas foi surpreendido por Patterson.

Assim que a loira se deparou com o homem, seu coração disparou, porém não em um bom sentido. Ela sentiu medo. O seu coração pulsava com muita rapidez e dentro de si havia um conjunto de ódio e medo.

— Parado! — a loira ordenou apontando a arma para ele. — Ponha suas mãos onde eu possa ver. Agora!

Por um momento o homem fingiu que ia obedecer as ordens da agente, mas logo começou a correr. Patterson, que já estava totalmente tomada pela adrenalina, não pensou duas vezes ante de disparar contra ele. Ela havia acertado um tiro nele, mas Borden continuou correndo. Desobedecendo a ordens de seu superior, Patterson decidiu correr atrás de Borden e o seguiu até um celeiro que ficava distante da casa.

— Você não tem saída, Nigel. — a loira alertou enquanto entrava no celeiro e tentava encontrar o homem em meio a tanta bagunça.— Se entregue.

— Você sabe que não vou fazer isso. — a voz dele ecoou de um canto do lugar, entregando sua localização.

— Você tem certeza? Porque eu tenho uma ótima cela 10x8 na supermax esperando por você. — Patterson disse, mas recebeu disparos vindos de Borden como resposta. — Você está vendo os tanques de propano? O que você acha que “altamente inflamável” significa?

Novamente Borden não respondeu, só tentou correr e acabou sendo atingido por mais um disparo de Patterson. Ele estava perdendo sangue e logo caiu no chão, por conta da fraqueza. Patterson logo se aproximou, ainda apontando a arma para ele.

— Nigel Thornton, você está preso. — ela anunciou. — Largue a arma e coloque suas mãos para cima.

— Não. Você terá que me matar.

— Não. Você vai passar o resto da sua vida apodrecendo em uma cela, vivendo com o que você fez.

— Está bem. Qualquer pessoa sensata iria querer me matar. Sua raiva é completamente compreensível.

— Cala a boca! — Patterson vociferou com raiva. Ela simplesmente não estava acreditando que ele ainda tentava a manipular. — Você não consegue mais fazer isso comigo. Eu não vou te matar. Eu fiz um juramento para o meu país e para o FBI de que eu defenderia a lei.

— Eu realmente me importei com você. Você sabe disso. — Borden falou com dificuldade para respirar. — Eu não queria…

— Sim, você queria!— a loira o interrompeu com a voz embargada. — Você mentiu para mim. Você me traiu. Você… você me destruiu.

Patterson praticamente sussurrou as últimas palavras. Ela não sabia de onde estava tirando forças para manter aquele diálogo com Borden, o homem que havia destruído sua vida. Segurar as lágrimas já era praticamente impossível. Patterson estava devastada, porém determinada a fazer com que ele pagasse por seus crimes.

— Você tem que saber que eu sinto muito pelo que aconteceu. — falar estava se tornando algo mais difícil para o homem, que estava perdendo uma grande quantidade de sangue.

— Você não vai se desculpar e não vai sair dessa nos seus termos. Agora abaixe a arma. — Patterson ordenou pausadamente pela última vez.

Borden finalmente obedeceu a agente, mas antes mesmo que ela pudesse se aproximar, ele tirou de seu bolso uma granada.

— Eu não queria fazer isso. — ele declarou antes de puxar o pino bomba e a lançar no chão.

A agente não pensou duas vezes antes de se virar e correr para fora daquele local, pois sabia que pela quantidade de material inflamável que tinha ali, sair vivo daquele local seria impossível. Segundos após deixar o celeiro, o local inteiro explodiu.

Patterson estava em uma espécie de estado de choque. Ela não acreditava que aquilo havia acabado. A loira havia idealizado o momento em que encontraria Borden muitas vezes, entretanto, o que realmente acontecera estava longe de suas expectativas. Patterson também havia imaginado que se sentiria aliviada depois que prendesse Borden, mas isso era totalmente o oposto de como ela estava se sentindo.

— Patterson? — Jane chamou a tirando de seus devaneios. — Eu só queria dizer que sinto muito. Eu sei pelo o que você está passando. Quando eu matei Oscar, pensei que sentiria alguma espécie de alívio. Mas eu só me senti traída, com raiva e alguma forma mais insegura. Se é que isso faz sentido.

Fazia sentido. Naquele momento tudo o que Patterson mais sentia era insegurança.

— Na verdade, eu estou bem. — a loira mentiu.

— Você tem certeza? — a mulher tatuada perguntou mostrando preocupação. — O que aconteceu hoje foi bem traumático. Não só hoje, mas tudo isso.

— Eu sei, mas eu não sinto nada. — Patterson disse voltando a mentir. — Eu não sinto nada.

— Está bem. Se você quiser conversar eu estarei aqui.

Patterson agradeceu e se retirou da sala. Ela só queria encontrar um local onde ninguém perguntaria como ela estava.

Desde que haviam voltado ao prédio, Tasha escolhera respeitar o espaço de Patterson. Era visível que a loira estava desnorteada, o que era totalmente compreensível. Aquele dia estava sendo um tanto difícil para ela.

De um canto da sala, Tasha observou quando Patterson terminou a conversa com Jane e caminhou rapidamente para um dos corredores do prédio.

A latina esperou alguns minutos antes de ir atrás de Patterson, pois não queria causar alarde. Após procurar no vestiário e não encontrar a loira, Tasha procurou pelas outras salas do corredor. Não demorou muito para que ela a encontrasse em uma das últimas salas. Era a mesma sala em que os agentes assistiam os suspeitos que eram levados para os interrogatórios.

Patterson estava sentada no chão da escura e pequena sala. Ela estava encolhida, com suas pernas dobradas junto ao seu corpo e a cabeça apoiada nos joelhos. Quando ouviu a porta se abrindo e fechando, rapidamente ergueu a cabeça. Quando viu quem era, respirou aliviada. A loira ainda não havia chorado, mas era possível ver as lágrimas acumuladas em seus olhos carregados de tristeza.

Tasha não pronunciou uma única palavra. Apenas se sentou ao lado de Patterson e segurou uma de suas mãos. A loira repousou a cabeça no ombro de Tasha e as duas ficaram em completo silêncio por um longo período.

A paz das duas foi interrompida pelo toque do celular de Tasha. Era uma mensagem de Kurt dizendo que precisava falar com ela.

— Pode ir. — Patterson falou com a voz baixa. — Kurt já me liberou. Eu vou embora daqui a pouco.

— Você tem certeza que quer ir embora sozinha? Eu posso pedir alguém para ir com você. — a latina ofereceu, não escondendo sua preocupação.

— Não precisa, Tash. Eu vou ficar bem. — ela declarou enquanto as duas se levantavam do chão.

— Ok. Mas se você precisar de qualquer coisa, me liga. — Tasha disse antes de envolver a loira em um abraço. As duas ficaram aproveitando aquele momento por mais algum tempo, até que se soltaram e deixaram a sala.

Era tarde quando Tasha finalmente terminara o trabalho com a pilha de papéis que estavam acumulados há dias em sua mesa. Por conta do horário, ela fora foi uma das últimas deixar o prédio.

Assim que entrou no táxi, a latina checou o telefone pena enésima vez. Ela não negava que estava preocupada. Tinha dúvidas se o silêncio de Patterson era um sinal bom ou ruim.

“Talvez ela já esteja dormindo.” Pensou.

A latina passou o resto do trajeto até sua casa perdida em seus pensamentos. Aquele havia sido um dia cansativo, de uma semana mais cansativa ainda. Entretanto, pela primeira vez em muito tempo, Tasha estava confiante de que aquele caso estava perto de ser resolvido. Ela estava esperançosa de que a qualquer momento eles conseguiriam capturar Shepherd e destruir todos os planos da mulher.

Assim que chegou em casa, a latina jogou suas coisas em cima do sofá e foi direto para um banheiro. Seu corpo estava sedento por uma ducha quente. Depois do longo banho, os músculos de seu corpo pareciam mais relaxados. Após vestir seus pijamas confortáveis, a morena pegou seu telefone para encomendar alguma comida pronta, como já era de costume.

Antes mesmo que pudesse discar o número, Tasha ouviu leves batidas em sua porta. Eram tão leves e suaves, que se o apartamento não estivesse em total silêncio como estava naquele momento, as batidas teriam sido ignoradas.

Tasha teve uma leve surpresa ao olhar pelo olho mágico e encontrar Patterson parada no corredor. Ela logo destrancou a porta e abriu para a loira, que também estava com roupas diferentes das que usava há algumas horas. Apesar das roupas diferentes, Patterson carregava o mesmo olhar triste e preocupado que carregava antes.

Elas não falaram nada, Tasha apenas abriu caminho para que a loira entrasse.

— Me desculpe por aparecer tão tarde sem avisar. — Patterson disse assim que entrou.

— Não se preocupe, eu cheguei faz pouco tempo. — a latina respondeu enquanto fechava a porta e se virava para encarar a loira. Ela quase perguntou se estava tudo bem, mas rapidamente desistiu, pois já sabia a resposta. — Aconteceu alguma coisa?

— Eu acho que surtei. — Patterson respondeu e recebeu um olhar interrogativo da latina. — Depois dos eventos de hoje, eu não consegui me sentir a vontade em casa. Eu estava certa de que Borden também havia colocado uma escuta no meu apartamento e comecei a revirar tudo para encontrar algo. E agora está tudo uma bagunça. Eu estou ficando paranoica, Tash. Eu não consigo me sentir segura na minha própria casa.

A última sentença da loira foi acompanhada por uma lágrima solitária que percorreu o rosto dela. Vê-la naquele estado estava destruindo Tasha.

Sem pensar duas vezes, a latina se aproximou dela e a abraçou. Foi um abraço diferente daquele que elas haviam trocado horas mais cedo. Nesse momento nenhuma das duas possuía pressa para sair dali. Elas não poderiam estar mais confortáveis.

Após alguns minutos, as lágrimas de Patterson cessaram e as duas se separaram. A loira estava se sentindo um pouco mais leve do que estava quando chegara ali.

— Acho que está na hora de eu ir embora. Você deve estar cansada. — Patterson disse.

— Não. Fica, por favor. — Tasha pediu. — Já está tarde para você ir para o outro lado da cidade. Ainda tem algumas roupas suas aqui. Por favor, fique.

Patterson respondeu ao pedido de Tasha com um sorriso fraco e depois se sentou no sofá, mostrando que ficaria.

— Eu estava prestes a pedir algo para comer quando você chegou. O que você acha de comida tailandesa para melhorar seu dia?

— Eu acho ótimo. — a loira respondeu com um leve sorriso.

Tasha fez a ligação e a comida não demorou muito para chegar. Algum tempo depois, as duas estavam sentadas no chão da sala degustando o jantar em um silêncio confortável.

— Eu nunca desejei a morte de uma pessoa. — Patterson murmurou, quebrando o silêncio e capturando a atenção da morena que estava sentada ao seu lado. — Mas nesse momento eu estou começando a sentir uma espécie de alívio. Devo me sentir culpada?

— Claro que não. Ele te magoou profundamente. Ele traiu você. É totalmente aceitável que você esteja se sentindo aliviada. — Tasha respondeu. — Você só não pode permitir que ele continue manipulando sua vida. Você não precisa sentir medo. Ele já se foi.

— Ele se foi, mas a Shepherd continua solta. Sabe-se lá o que se passa na cabeça dessa mulher.

— Eu sei que ela está solta, mas também sei que é só uma questão de tempo até conseguirmos outra pista para irmos atrás dela e fazê-la pagar por tudo o que fez. — Tasha ponderou e voltou a comer, enquanto a loira permanecia pensativa.

Após terminar o que estavam comendo, a latina se levantou para levar os pratos até a cozinha e voltou com uma garrafa e dois copos na mão.

— Acho que isso aqui pode fazer você se sentir melhor. — Tasha disse se referindo a garrafa de bourbon que segurava. — Nada melhor que álcool no final de um dia ruim.

— Concordo plenamente. — Patterson retrucou.

Tasha retomou seu lugar no chão ao lado de Patterson, serviu o líquido em dois copos e entregou um para a loira. Após brindarem, as duas levaram seus copos à boca e finalizaram a bebida em poucos goles. Elas repetiram mais uma dose, depois outra e mais outra.

Em certo momento daquela noite, as duas haviam dispensado os copos e estavam bebendo o bourbon diretamente da garrafa. Também haviam cansadas de ficar sentadas e se deitaram no chão da sala — Patterson deitada com a cabeça repousando sobre uma almofada e Tasha deitada de bruços e abraçada a uma almofada. Elas haviam trocado poucas palavras. Uma respeitava o silêncio da outra, sem que o momento fosse estragado. O silêncio estava extremamente confortável naquele momento — ao analisar isso, Tasha lembrou-se de uma frase que havia escutado em um filme que assistira dias atrás: É assim que se sabe que encontrou alguém especial. Quando pode calar a boca e sentir-se à vontade em silêncio.  

Após dar um gole na bebida e devolver a garrafa para a loira, Tasha respirou fundo e prendeu sua respiração por alguns segundos. Ela havia algo para falar, mas não estava certa se deveria.

— Eu acho que sei exatamente como é essa mistura de alívio e culpa que você está sentindo. — Tasha murmurou em um tom tão baixo, que se Patterson não estivesse ali ao seu lado provavelmente não teria escutado.

Patterson, que antes encarava o teto, virou-se e apoiou a cabeça em uma das mãos, tornando sua atenção para a latina.

— Há alguns meses eu era extremamente viciada em jogos e apostas. Eu estava afundando em dívidas e cheguei a cogitar medidas extremas para conseguir me livrar delas. — a morena fez uma pausa e Patterson piscou para que ela continuasse. — Uma dessas medidas quase custou meu emprego. Por pouco eu não me demiti. — Tasha fez uma pausa novamente. — Eu demorei algum tempo para acertar minhas dívidas e me livrar do vício. Mas daqui a alguns meses vai se completar um ano desde a última vez que eu estive em uma casa de  jogos.

Patterson estava em silêncio, como se estivesse analisando as informações que recebera. Em sua mente ela se perguntava como foi que ela nunca havia percebido isso, sendo que convivia com a mulher diariamente. Tasha não parava de surpreendê-la.

— Por que você não pediu ajuda a algum de nós?

— O meu orgulho falou mais alto, como sempre. Além disso, eu sentia muita vergonha. Na verdade ainda sinto. Eu nunca havia falado sobre isso. Você é a primeira pessoa.

— Nós somos humanos, Tash. Cometer erros faz parte de nós. — Patterson disse enquanto acariciava a mão da latina e sorria amigavelmente para ela. — O importante é que você reparou seus erros e não deixou que isso te arruinasse.

— Você também não vai deixar o que está acontecendo te arruinar. Eventualmente, isso vai passar e tudo voltará a ser como era. — Tasha disse retribuindo o sorriso.

Após beber mais que a metade da garrafa, as duas decidiram se mudar para a cama. Após algumas aspirinas e alguns copos de água, as duas tiveram uma longa noite de sono.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não sei se minha fanfic é dignar fazer referência a Pulp Fiction, mas a citação se encaixou perfeitamente com a cena e eu não resisti.
Não se esqueça de deixar um comentário. Como sempre estarei esperando por suas críticas e opiniões. :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Beside You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.