—Bunny... não queres pedir uma sobremesa?- questionou-me a minha mãe ligeiramente preocupada por eu estar tão distraído.

—O quê? Ah... a sobremesa, não é?- perguntei ainda meio a viajar.

—Sim, fofinho.- respondeu-me olhando-me com serenidade.

—Eles têm gelado de chá verde?- questionei, ansioso por receber um sim como resposta.

—Penso que sim, mas porque não perguntas?- disse-me, sugerindo essa "brilhante ideia".

—Oh... Mas mãe, eu ainda não falo bem Japonês…- enrolei para não ter que seguir com esse "plano infalível".

—Eu sei...- afirmou sorrindo- Mas terás que aprender. Porque não tentas tu perguntar, Bunny?

—Por favooooor, pede por mim.- supliquei fazendo os "olhinhos de cachorrinho".

—Está bem. Imagino que ficaríamos até amanhã aqui, se eu não pedisse.- disse rindo e apertou-me ligeiramente uma das bochechas.

—Obrigado, Mamy! - agradeci e tirei-lhe a mão da minha bochecha, pois a minha mãe tinha umas mãos tão geladas que se podia dizer ser a Elsa do Japão. Ela chamou o empregado e este anotou o pedido e, em seguida, o mesmo trouxe-nos os gelados, pois a minha mãe também pediu um, só que de sementes de sésamo. 

—Que me dizes de passear-mos um pouco, depois de sairmos daqui? - perguntou-me a Mamys enquanto colocava um colher de gelado na boca.

—Sim! Vamos!- disse-lhe entusiasmado. Ainda bem que não estavam muitas pessoas no restaurante, porque acho que falei um pouco alto demais para o estabelecimento em que nos encontrávamos.

—Adoro que estejas tão entusiasmado… E sabes..? Amanhã vamos visitar os teus avós. Por isso, podíamos comprar-lhes alguma coisa no caminho de volta a para casa. - sugeriu, brincando um pouco com a colher na sua sobremesa congelante.

—Os avós? A sério? Estou ansioso por vê-los!- proferi mega empolgado.

—Que bom, porque foram eles que nos convidaram. Agora vamos comer os nossos gelados, senão vão derreter! - disse ela, após reparar que eu ainda nem havia tocado no meu desde que me fora entregue.

—Ah sim, claro!- afirmei, enfiando uma enorme colher de gelado na boca, o que acabou por resultar num enorme desastre.

Acabamos de comer os nossos gelados, o mais rapidamente possível,  mas os nossos cérebros congelaram com o excesso de frio. Depois, a minha mãe pagou a conta. Agradecemos ao senhor que nos serviu, em Japonês, e saímos do restaurante, felizes por termos jantado "à grande e à francesa".

Eu estava muito ansioso por passear pela cidade. A minha mãe já morou aqui, então ainda conhece bem as ruas, mas eu… Se me distrair um pouco, sou capaz de me perder. Espero que isso não aconteça!

Passada um meia hora a olhar para tudo o que nos rodeava, a minha mãe sugeriu que entrássemos numa loja. Esta era muito colorida e tinha de quase tudo que se possa imaginar. Vi muitas coisas novas. Alguns objetos eram estranhos e outros, muito engraçados. Estou tão feliz por vir morar para o Japão e ainda mais por começar a escola. Estou nervoso também, mas espero adaptar-me bem.

—Queres alguma coisa, Bryan? - perguntou a minha mãe.

—Acho que não, mas olha… Que lindo! - reparei eu, após olhar para as mais diversas prateleiras da loja.

A minha mãe acabou por me comprar a mini estátua com a forma de uma flor de Sakura que eu tinha visto. Achei-a linda, pois tinha muitos detalhes e, além disso, a flor de Cerejeira é um símbolo de renovação para os Japoneses. Amor, felicidade, esperança e renovação era o que estava escrito na estátua. Bem… Sim, eu sei ler em Japonês, mas ainda não falo muito bem.

Acho que é isto que vou oferecer aos meus avós. Quer dizer, porque não, não é mesmo? É uma ótima ideia. Quero que eles percebam que gosto mesmo muito deles. Nas videochamadas semanais, eles mostravam-se muito animados e sempre me perguntavam como ia a escola, se estava tudo bem, quando iria visitá-los... Mas isso não era suficiente… E continua a não ser. Tenho que lhes mostrar que são pessoas importantes para mim. Não, não sou materialista, mas esta é uma ideia muito gira e amorosa.

Tenho que arranjar uma caixa para colocar este presente. Estou a pensar numa coisa delicada... Talvez uma caixinha de vidro.

—Mãe... podemos comprar também uma caixinha para pôr esta prenda? - questionei enquanto continuávamos a olhar para tudo à nossa volta.

—Podemos sim, mas… A quem queres oferecê-la?- perguntou confusa.

—Aos avós! Não é uma boa ideia?- questionei, olhando-a com alguma dúvida por não saber o ela iria responder.

—Claro que é, filho! A tua avó adora essas flores e o teu avô plantava cerejeiras quando eu era mais nova. Tinha um grande jardim cheio de flores de cerejeira e eu adorava brincar entre as flores, na primavera.- contou-me, notando-se um brilho nos seus olhos por relembrar o passado e esses bons momentos.

—A sério?! Também gostaria de fazer isso! - afirmei, olhando curioso para ela.

—Amanhã pode ser que esse sonho se torne realidade, mas agora vamos comprar a  tal caixinha que já se faz tarde. - disse a minha belíssima mãe colocando um braço à minha volta, numa tentativa de me abraçar. Ela era mais baixa que eu, dificilmente conseguiria fazê-lo, mas era divertido vê-la tentar.

—Vamos, vamos. - disse e encaminhámo-nos, depois, para mais perto da entrada/saída da loja.

—Posso levar esta caixa de vidro?- perguntei, apontando para uma pequena e muito bonita caixa que se encontrava escondida numa prateleira que se encontrava à altura do meu ombro. - É para guardar o presente, Mamys.

—Claro, assim a tua avó evita que se estrague tão facilmente. - respondeu alegremente a Mamy pegando na tal caixinha que eu havia escolhido. 

...