Under The Chicago Sky escrita por Dayna


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários e pelo incentivo. Há sim um certo atrito entre o Connor e a Sarah na minha história. Mais pra um mal entendido. rsrsrs Eu também não sei o que Robbin e Joey fazem na série. Paciência. =)



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You make me glow

But I cover up

Won't let it show

So I'm putting my defenses up

'Cause I don't wanna fall in love

Heart Attack – Demi Lovato

 

— Dr Charles. - Eu o chamei quando o vi naquela tarde. - Queria perguntar ao senhor sobre uma paciente que o Dr Choi pediu consulta.

— Vejamos. - ele demorou um momento antes de pegar o tablete de minhas mãos e me olhar por baixo dos óculos. - Pensei que já podia se arriscar como futura formada em psiquiatria clinica.

— Eu ainda tenho muito a aprender… - eu disse um pouco insegura.

E não era uma mentira ou modéstia. Eu me sentia pior do que quando havia entrado no Chicago Medical Center. Parecia que o Dr Charles acabara de sair da cafeteria em que eu fazia um bico antes de tentar novamente uma vaga como residente de emergência.

— E uma vida inteira pra tentar e sempre estar com a mesma sensação. - Ele disse com o sorriso indulgente que eu aprendi a respeitar. Trabalhar com o Dr Charles tinha sido maravilhoso. Ele era de uma bondade em transmitir o seu conhecimento e compartilha-lo que acredito que jamais encontraria outro médico igual. Me fazia seriamente pensar em continuar com a especialidade psiquiátrica. Generoso, bondoso, amigo, leal, comprometido com a sua profissão e mais importante: amava aquilo que fazia por seus pacientes.

— Aqui Dra Reese - ele me disse entregando o tablete e puxando alguns papeis dobrados do seu jaleco. - Sabe o que fazer. E vá logo antes que eu te recomende mais terapia…

E dizendo isso me deixou indo novamente para sua sala. Era sempre assim. As coisas eram fáceis com ele. Guardei o tablete no jaleco enquanto abria aqueles papeis. Eram ofertas de residência no Chicago Med. Haviam vagas para especializações em clinica cirúrgica, mas ao que parecia não haviam vagas para Medicina de Emergência. Guardei os papeis novamente enquanto pegava o Tablete, tentando imaginar o motivo do Dr Charles para me dar aqueles papeis enquanto me encaminhava para área de "Bagdá" visitar o paciente difícil do Dr Choi. Eu ia bem na psiquiatria, "é bobagem" sua Reese.

 

 

— E então Dra Reese pé de valsa?

— Muito engraçado Dr Choi - Eu disse fingindo gargalhar e o olhando carrancuda.

— Qual é Reese? - ele disse rindo de mim mais tarde na sala dos médicos onde fui procurá-lo para dar a consulta do rapaz com suspeita de síndrome de Asperg - Cadê o bom humor? - Eu sorri pra um dos amigos que fiz ali. - Assim que se faz. Muitas pessoas comentando?

— Como se você já não soubesse - arquei as sobrancelhas me sentando ao seu lado na mesa.

— Fofocas de estudantes apenas. Isso passa - Ethan disse me tranquilizando. - E então?

— Bom eu vou recomendar que ele venha para testes com Dr Charles e agendar. Acredito que seja uma versão mais branda o que acontece com ele.

— Bom. E quando termina a residencia? - Dr Choi me perguntou curioso. - Sabia que o Med vai abrir vagas para residencias em clinica cirúrgica: trauma, neurologia e cardiologia?

— Sim. - eu me lembrei dos panfletos que ainda tinha no paletó aguardando o fim do turno para os pegar e olhar. - Mas ainda não considerei nada, tenho gostado da psiquiatria.

— Que bom Reese. Se precisar pode contar comigo. - Ele disse se levantando ao checar o bip e saindo pra atender a outra emergência que acabava de entrar no hospital.

 

 

 

"Qual é... " Eu digo indignada pela segunda vez naquela dia e perdendo da conta nas duas ultimas semanas em que ignorei Joey. Se eu estava sendo exagerada? Talvez a minha mãe tivesse alguma razão.

"Sarah você não pode viver se enganando" Eu suspirei tentando raciocinar com o que Dona Stella me disse mais cedo. "Se não quer ficar no relacionamento seja honesta consigo e com ele"

"Mãe ele fez algo totalmente imbecil e sem noção" eu frisei. "Assim como a Senhora por me convencer a ir fazer aula seis meses antes do casamento"

Havia um fundo de verdade naquilo. Talvez eu já não estivesse mesmo com vontade de investir naquele relacionamento. Eu sempre gostei de Joey e acredito piamente que isso de amor arrebatador e que faz as pernas virarem gelatina é coisa de escritor e livros de romance. Relacionamentos se baseavam em amizade, companheirismo, gostos e personalidades compatíveis. E química. Isso de paixão explosiva também não era algo a ser levado a sério. Sexo era uma necessidade humana afinal de contas.

Por duas semanas eu havia evitado de aparecer na Firework Academy também. Já tinha sido o bastante ouvir Noah Sexton me perguntar se eu não queria umas aulas particulares com ele. Como se isso melhorasse o fato de que ele continuava um residente razoável no hospital. Nada espetacular. E eu nem precisava me dar o luxo de ser baixa com ele e dizer isso. Simplesmente não valia a pena.

— Eu pensei que a Reese que eu conheci não iria desistir de aulas por uma brincadeira dessas - Eu gelei ao ouvi aquela voz. Connor Rhodes tinha entrado na sala de Dr Charles onde eu estava supostamente revisando prontuários aquela manhã.

— E quem disse que eu desisti? - Eu disse na defensiva. Eu tinha considerado seriamente a possibilidade.

— O fato de você ter faltado 4 aulas e estar em perfeito estado de saúde diz muito. - ele disse se sentando na poltrona ao lado da minha.

— Você deve andar meio desocupado se anda prestando atenção em mim - Eu fui intencionalmente grossa. Ele também havia passado aquele vídeo para Maggie. – Dr Charles está no 2º andar com um paciente que tentou suicídio.

Eu informei voltando a observar os papeis na esperança de que ele fosse embora.

— Qual é Dra Reese. - ele diz não se intimidando e se aproximando de mim, o que por alguma razão estranha me deixa nervosa - Precisa ter mais senso de humor e menos comportamento de estudante recém chegada ao hospital.

Eu o encarei estupefata. Ele estava sorrindo pra mim zombeteiramente. O desgraçado sabia que era bonito e eu podia ver que ele se aproveitava como agora do fato.

— Isso de sorrir talvez funcione com alguma residente que você treine. - Eu devolvi acidamente. - Não acho que seja de sua conta contudo...

Connor não disse nada e apenas aproximou ainda mais o rosto do meu a ponto de eu sentir a sua respiração na minha bochecha. Eu podia sentir meu coração disparando enquanto ele olhava nos meus olhos e sorria.

— Bem que você queria Reese... - E dizendo isso se levantou calmamente e saiu da sala.

Que babaca idiota ele era. E que imbecil vegetal energúmeno meu cérebro havia virado naquele momento. Como eu Sarah Reese podia ter feito algo tão adolescente com uma paixonite. Eu não tinha o menor interesse. É claro que eu não tenho interesse. Urgh.

 

 

 

— Drew – Eu chamei assim que adentrei a academia naquele final de tarde. Eu e Drew fazíamos aula de Taekwondo há alguns meses. Nos conhecemos no ano passado durante a residência de psiquiatria.

— Sarah! – Ela estava praticando com um aluno alto e musculoso.

— Te espero quando terminar para irmos no Molly’s.

O olhar de surpresa de Drew não foi inesperado. Eu fugia o quanto conseguia de entrar em bares, baladas e afins. Eu sabia dos sacrifícios que teria que fazer pela faculdade de medicina e ao contrário do que parecia os meus bons resultados não eram fruto de genialidade e sim de pura determinação. Eu me sentei em um dos bancos da área de recepção da academia onde ainda podia ver Drew acertar com tudo o cara, bonito alias, que estava tendo um bom trabalho para se esquivar de uma garota magra e de estatura mediana.

As pessoas costumavam subestimar a Drew. Loura, bonita, extrovertida e de personalidade própria eu me perguntava como podíamos sendo tão diferentes nos darmos tão bem.

Coisas de psiquiatria. Era isso que falávamos uma pra outra. Nos tornamos companheiras de plantão assim como Dr Charles havia me ajudado no inicio, eu havia no início ajudado a Drew, ou pelo menos tentado como ela me disse. Eu não era de muitas amizades. Havia me mudado pra Chicago para a faculdade e nunca havia tempo para aceitar convites de festas ou deixar de lado a faculdade pela qual eu lutara tanto. Percebi com a Drew que eu não precisava de tantos sacrifícios desde que não fizesse disso um hábito.

— Qual é Reese isso já foi a semanas…

— E quem disse que eu estava pensando nisso? – eu disse arqueando a sobrancelha claramente sabendo que estava péssima como mentirosa.

— E o Joey? – ela insistiu enquanto pegava as suas coisas saindo comigo para a rua fria de primavera de Chicago.

— Ainda não sei. – Eu pensava nas inúmeras chamadas de Joey no meu celular.

— Sabe o que acho?

— Adianta dizer que não quero Drew? – Eu resmunguei sabendo que era inevitável ouvi-la.

— Você quer terminar e não encontra uma maneira de dizer…

— Eu estou brava. – Eu disse enquanto entravamos no ambiente quente do Molly’s e pendurávamos nossos casacos.

— E deve – Eu olhei o bar pouco movimentado no inicio da noite. – Só estou dizendo o óbvio. E nem preciso de consulta para isso.

Drew sorria enquanto observava meu rosto perplexo.

— A gente pode ao menos sentar pra conversarmos?

— Claro. – ela sorriu tendo conseguido aquilo que queria e nos dirigindo a uma mesa afastada do bar. – Agora pode falar Dra Sarah…

— Não tem muito o que falar… - Eu disse enquanto chamava um garçom. – Por favor uma cerveja…

— Duas doses de tequila por favor – Drew me interrompeu e eu não gostei do olhar que ela me deu – Pode começar a falar Sarah.

— Não há o que falar. E eu agradeceria se você e minha mãe parassem de tentar adivinhar algo. Vocês leem romances demais.

— Ok! – Ela disse levantando as mãos enquanto eu reparava que Erin Lindsay entrava no bar e vinha em nossa direção. – Meninas?!

— Erin! - eu disse a abraçando. De vez em quando nos últimos anos eu havia visitado um bom bocado de vezes a detetive da operações especiais em alguns casos com pacientes. Depois de Danny eu havia tentado construir um muro cuidadosamente colocado em volta de meus relacionamentos médico/paciente e Erin tinham me auxiliado dando dicas e conversando comigo sobre a realidade de tais casos. Eu havia sido aconselhada por Dr Charles a procurar entender para tratar os pacientes e essa era uma parte fundamental. Haviam tantos casos complicados e tristes envolvendo o lado criminal: na maioria vitimas e pessoas levadas a adentrar em um mundo no qual poucas vezes encontravam a saída.

— Como vai Sara e como vai Drew?

— Vou bem e você?

—Muito trabalho - ela disse enquanto puxava mais uma cadeira e se sentava conosco. - Pelo visto não sou a única precisando de uma dose.

— Estou tentando fazer a Sarah curtir um pouco - Drew disse zombando e Erin anuiu.

— Eu...

— "Eu relaxo tratando e estudando casos de pacientes"? - Erin disse abrindo aspas com os dedos.

— "Eu relaxo estudando muito para ser uma boa residente" - Drew continuou - "Eu rela..."

— Ok! Talvez vocês tenham um pouquinho de razão - Eu disse a interrompendo e tomando de um gole só a dose de tequila - Mas são ossos do ofício. Drew deve ser uma exceção à regra.

— De maluco só basta o trabalho. Mais doses? - Drew disse se levantando e indo em direção ao bar.

— E então Sarah como vão as coisas no trabalho? - Erin me perguntou enquanto eu observava entrarem no bar Will e seu irmão Jay e mais atrás Connor.

— Tranquilas na medida do normal do Chicago Medical. - eu disse pedindo internamente que eles não se juntassem a nossa mesa.

Em vão já que Jay e Erin estavam juntos.

— Oi Sara. - Jay me cumprimenta enquanto juntam mais uma mesa para acomodar Will e Connor conosco.

— Então noite das garotas? - Will pergunta provavelmente estranhando me encontrar com Erin em um bar.

— Encontrei Sarah e Drew aqui. E pra ser noite das garotas vocês rapazes estão sobrando. - ela devolve para Will que sorri.

Eu me vejo desconfortavelmente sentada ao lado do Dr Rhodes enquanto observamos os dois irmãos. Podia sentir inclusive o cheiro de sândalo que emanava da camisa dele.

— Que tal fazermos uma noite só de casal? - Jay pergunta inocentemente enquanto passa os braços por Erin.

— Halsted nos chamou para ficarmos de vela? - Connor pergunta para Will. Eu o observo discretamente sorrir sarcástico.

— Jay sai pra lá. - Ele diz empurrando Jay da cadeira e sentando entre os dois. - O que me lembra que namoradas não são permitidas hoje.

A expressão de Erin me faz sorrir. Will parecia não notar a expressão de irritação com que ela o olhava. Ou fazia de propósito.

— As vezes acho que você se esquece de que ando armado. - Jay diz mexendo na cintura com uma cara de descontentamento.

— Gostaria de ver você dizendo isso pra nossa mãe. - Will disse o ignorando - E Erin você acabou de dizer que estamos sobrando...

— Isso que é surpresa, Reese? - Connor me perguntou e eu levei um susto desde que estava tentando o ignorar na mesa.

— Eu também me divirto - eu disse sem pensar muito e ganhei um olhar desconfiado de Erin. Eu não precisava de análise coletiva.

— Finalmente Reese, tava começando a suspeitar que você estava virando um robô – Will Halsted disse.

— Você ainda não sabe da missa a metade Dr Halsted – Drew voltou com um sorriso presunçoso pra nossa mesa. Devia estar de olho em algum homem no bar. – Dr Rhodes, Halsted. – Ela cumprimentou-os se sentando na cadeira vazia entre mim e Erin.

— Então Dra Reese a quanto tempo você sai pra se embebedar? – Will provocou a colega – Connor pode pedir uma rodada de bebidas pra gente?

— Por sua conta? – Connor disse enquanto se levantava e saia em direção ao bar.

— Sabe como é… - Will disse rindo por cima dos ombros. – O que me lembra que marcamos com as garotas.

— E que nós estamos indo também não é Reese? – Drew se levantou e eu agradeci mentalmente pela ideia genial.

 

— Claro. Quase me esqueci que tenho que buscar minha mãe na estação – Eu disse enquanto me levantava a acompanhando. – Vamos Drew? Tenho que buscar algo ainda antes de ir embora...

— Sabe o que é Sarah... Você se importaria se eu ficasse?

— Já ta de olho em outro namorado? - eu não resisti a cutucar. Drew adorava paquerar.

— Um gatinho novo no batalhão dos bombeiros. - Ela disse apontando com os olhos a um moreno sentado no balcão a poucos metros. - Você vai bem sozinha? Sabe que pode ligar pro Joey neh?

— Eu prefiro ir sozinha. E boa tentativa.

— Você não pode me culpar. - Ela sorriu. E eu acabei trombando com alguém não prestando atenção a minha frente.

— Já vai Reese? – Connor disse segurando com uma mão livre meu braço me apoiando para evitar que caíssemos.

— Oi? – Eu disse tentando o ouvir e ignorar o frio no estomago que sentia.

— Jã estão indo? – Ele disse novamente se aproximando do meu ouvido e me causando um arrepio estranho na pele.

— Compromissos… - Eu disse rapidamente.

— E cadê a diversão? – Ele disse me provocando com as mesmas palavras que eu havia dito mais cedo.

— Espera outro dia. – Eu disse sem conseguir pensar muito e ele ergueu a garrafa de cerveja com um sorriso se afastando.

— Bem que esse podia estar solteiro - Drew disse enquanto observávamos ele se sentar com os outros na mesa que agora acomodavam Robbin e Natalie.

— Bem que ele podia não ser tão insuportável, arrogante, metido a sabe tudo... - eu disse de uma vez.

— Wow. Sentimentos intensos - Drew disse sorrindo - Cuidado que vira amor.

— Muito engraçado - eu disse enquanto pegava meu casaco. - Até mais Drew...

Eu nem me virei para acenar sabendo que encontraria uma Drew com um olhar malicioso. Como se eu tivesse uma quedinha por aquele arrogante.


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