Under The Chicago Sky escrita por Dayna


Capítulo 3
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo. =) Obrigada pelos comentários e a quem acompanha a história.



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Take time to realize
That your warmth is
Crashing down on me
Take time to realize
That I am on your side
Well didn't I, didn't I tell you

Realize  - Colbie Caillat

 

Sara Reese

Fazia frio aquela manhã. E já estávamos praticamente no verão, eu juro que não entenderia nunca o tempo caótico dessa cidade. Por causa da estação sai com menos agasalho do que deveria e sentia no corpo agora a queda de temperatura. Eram 6 da manhã ainda e o sol pelo visto não sairia hoje. Eu cheguei apressada ao ponto de ônibus aquela manhã, depois de uma noite agitada em que tive os mais malucos pesadelos. Porque sonhar que estava pegando um médico no hospital, ainda mais um que não era seu namorado, que era comprometido, e que você simplesmente não via futuro era um pesadelo. Some isso a mais três noites em uma semana e você tinha a receita de como eu estava naquela manhã. Com marcas de olheiras nos olhos e bocejando. Eu tinha comigo um saco de grãos de café torrados na minha bolsa já me preparando pra um plantão de 24 horas naquele fim de semana. Sairia do Med as 7 da manhã do domingo apenas. Pena que Drew não estaria, pegamos plantões diferentes no final da minha residência, e eu até invejava-a. Segunda a Sexta plantões de 12 horas. Tomara que ela encarasse melhor as "atribuições" dos outros enfermeiros e médicos em deixar para os "residentes de psiquiatria" em lidar com a morte de pacientes e notificar as suas famílias.

Sendo sincera eu ainda tinha problemas com essa parte. O modo como eu via a esperança no semblante da pessoa, mesmo quando elas já sabiam que não havia mais jeito. O desespero que tomava conta de alguns quando recebiam a noticia de que havíamos dado o nosso melhor mas que a hora da pessoa havia chegado. Depois de tantas experiências a minha "esperança" de que ficaria mais fácil com o tempo não se validou. Ainda era difícil e mais difícil ainda tratar a parte emocional dos pacientes sem que aquilo se refletisse também no meu emocional, sem que não raras vezes eu acabasse em um bidê derramando lágrimas.

Desci depois de meia hora próxima a estação de metrô decidindo que seria mais rápido que encarar mais meia hora de ônibus e um possível atraso. Ganharia uns 15 minutos a mais mesmo que tivesse que andar 3 quadras a pé até o Hospital.

Em uma banca de jornal na saída da estação estava uma revista e na capa o rosto do Dr Connor Rhodes - Um brilhante cirurgião em ascensão no Chicago Med.

Sem que me desse conta me peguei me lembrando do rosto do Dr Rhodes, dos olhos azuis divertidos no Molly's, do sorriso fácil e do bom humor. Pare com isso eu me recriminei mentalmente. “Do bom humor você já teve uma boa dose na academia.” Mas ele era um bom médico e a prova era a revista que agora eu tinha nas mãos.

— Bom dia Maggie. - Eu disse entrando no hospital aparentemente calmo aquela hora da manhã.

— Oi querida. Como vamos essa manhã?

— Com frio - Eu disse esfregando os braços por cima do suéter. - Você sabe se o Dr Charles já chegou?

— Primeiro dia de plantão de 24 horas? - Maggie me olhou interrogativamente e eu acenei com a cabeça. - Ele entrou hoje de madrugada com um chamado urgente da equipe de comissão de transplantes. Acredito que esteja na sala dele.

— Obrigada Maggie.

— Reese seria bom ter descansado mais...

Eu me virei pra vê-la sorrir enquanto balançava a cabeça como sempre fazia. Como se eu não tivesse jeito.

— Dr Charles? - Eu chamei após bater e entreabrindo a porta do seu consultório.

— Dra Reese entre por favor. Café? - Ele disse enquanto empurrava um copo tampado na mesa em frente a cadeira em que me sentei. - Bom hoje eu quero que você acompanhe um paciente na cardiologia com o Dr Latham.

— Por acompanhar o senhor se refere a que especificamente? - Eu nunca havia sido convidada a participar de algo que fosse além de estar acompanhando o Dr Charles.

— Vai avaliar o paciente do Dr Latham e me passar as suas observações para que eu avalie antes de você dar o seu parecer.

Eu me sinto nervosa. Mas se o Dr Charles está me confiando um teste eu confio no seu julgamento de que eu esteja pronta.

— A que horas o senhor quer que eu finalize? - eu pergunto mesmo sabendo que irei levar um tempo.

— Não tem casos hoje Reese. Esta por conta da cardiologia este plantão e se surgir algo eu a chamo.

Sai da sala do Dr Charles e me encaminhei para o elevador social.

— Sarah? - Joey estava no elevador e por mais que eu o quisesse evitar eu entrei sabendo que fugir só iria piorar as coisas. - Porque não atende as minhas ligações? - ele perguntou e eu apertei o 3º andar do hospital enquanto as portas se fechavam.

— Me desculpe Joey - eu disse com cautela - Podemos conversar depois?

— Você ainda esta brava? - ele perguntou com cansaço.

— Não. Só quero que conversemos. - eu disse enquanto o elevador parava mal dando tempo de Joey dizer alguma coisa.

— Sarah? - ele disse me parando com a mão em meu braço. - Podemos ir na lanchonete aqui em frente a noite após o turno?

— Estou de plantão Joey. Só saio amanhã.

— Eu ligo então. - ele disse e eu assenti com a cabeça. - Tchau.

 

Connor Rhodes

— Jessica esta é a Dra Reese – Eu apresentei Sarah a minha paciente a espera de uma cirurgia para corrigir um defeito congênito no coração. Uma menina de 6 anos de idade. Dr Latham e eu aviamos pedido ajuda do Dr Charles para ajudar-nos no caso. Os pais haviam entrado com pedidos diferentes sobre o melhor tratamento.

Quanto mais eu via menos eu entendia como os responsáveis por pacientes em estado critico podiam ser tão irracionais e discutirem nos momentos em que mais pesavam essas decisões: e podiam custar a vida do paciente.

Gail Newton observava Sarah se apresentar a Jessica mal parando de mexer os dedos nervosamente. Patrick Florence estava sentado na poltrona ao lado da filha com um livro de gravura. Pais devotados. A devoção ao lado da filha não se achava na hora de autorizarem o procedimento que podia salvar a vida de Jessica.

— Não entendo o porque da presença da Dra Reese aqui.

Gail me encarava duramente. Usaríamos do que pudêssemos para conseguir uma liminar contra a vontade dos pais para salvar a garotinha

— Gail, Patrick, a Sarah esta aqui na condição de ajudar vocês – Eu os havia chamado para fora por uns instantes enquanto Sarah conversava com Jessica.

— Eu já disse que iremos resolver isso em um tribunal – Patrick enfatizou olhando a esposa.

— E se estiverem certos Patrick? – Gail tentava mais uma vez em vão convencer o esposo dos riscos que Jessica corria.

Jessica dera entrada a menos de 24 horas com insuficiência cardíaca. Estávamos a monitorando e dando remédios para normalizar a frequência. Mas a solução momentânea estava próxima a sobrecarregar e parar a função renal e consequentemente dar um colapso no coração.

— Eu acredito que vocês precisam de ajuda. Como conversamos com a Sra Godwin e os advogados do hospital a vida de Jessica é o que deve ser levado em conta. – eu disse cortando-os antes que a cena que Gail e Patrick protagonizaram na sala da diretoria viesse novamente a publico. - O hospital esta fazendo o possível para ajuda-los e Jessica não aguentaria uma remoção para outro hospital.

— Você não sabe…

Ouvimos o alerta de parada seguido pelo acionamento de código blue na intensiva.

— Tire-os daqui – eu comandei a uma enfermeira enquanto corria para comandar os movimentos de ressuscitação que estavam sendo feitos por Sarah. Ela estava hesitando nos movimentos e pelo que podia ver levemente abalada. – Reese 2mg de epinefrina.

Eu comandei a vendo aplicar a dose e pegar o desfibrilador.

— Ajuste a 100 Joules. Reese assuma o ritmo. – eu disse a encarando seriamente. Sem vacilos. – Afastar.

— Assistolia – Beth avisou.

— Reaja. – eu disse preparando nova carga – Afastar.

— Ritmo Sinusal – eu observei aliviado Georgia anunciar.

— Vamos aumentar em 5mg a medicação. Georgia avise os pais e a Sra Godwin. Reese comigo. – Eu disse saindo enquanto via novamente controlarem e ajustarem a garotinha. Ela tinha pouco tempo se não fizéssemos nada.

Caminhamos em direção a minha sala.

— Não pode hesitar Reese – Eu disse sério enquanto fechava a porta. – Podia ter custado a vida daquela garotinha.

— Eu não exitei – ela disse firmemente. Havia um brilho em seus olhos que eu não havia reparado antes. Me lembrava de alguém comentar das dificuldades que ela tinha ao lidar com crianças na minha primeira semana no Med. Havia olheiras sob os olhos e ela parecia alguns anos mais velha do que realmente era.

— Certo. – Eu disse reparando na sua postura. – Há algo errado Dra Reese?

— Não Dr Rhodes. Se me der licença. – Ela se empertigou indo em direção a porta. Ela estava estranha ultimamente. Suspeitava que ela achou que eu tivesse liberado aquele vídeo de dança. Céus. Como se eu tivesse tempo para algo tão infantil.

— Dra Reese devemos ir para a sala da Sra Godwin nos reunir com o restante. – eu disse pegando-a pelo braço. Eu fitei o olhar de Sarah paralisado pelo desafio nos olhos castanhos.

Pela primeira vez observei como os olhos davam um ar sério ao rosto juvenil. Os cachos presos realçando o rosto simétrico e o nariz reto. Ela era bonita de um jeito delicado e diferente.

— Pode deixar Dr Rhodes – ela disse se desvencilhando – Nos encontramos lá.


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