Três amigas e o amor. escrita por calivillas


Capítulo 29
Sílvia - disposta a experimentar




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Daí para frente, desde a sua volta da França e a confirmação que estava tudo terminado entre ela e Pedro, a vida de Silvia virou uma sequência de explicações a parentes, amigos e colegas. Repetiu tanto a mesma história, que nem mais parecia que era com ela, sentindo-se mais e mais distante de tudo aquilo, como uma sobrevivente de um desastre, que estava feliz por estar viva, apesar de tudo.

As férias escolares acabaram, Silvia voltou ao trabalho e a velha rotina, pois ainda precisava pagar o financiamento do apartamento, que comprou para viver com Pedro, era muito dinheiro por mês e, agora, não sabia o que faria com ele, não pensava em morar lá, porque, mesmo novo, guardaria as lembranças de como poderia ter sido sua vida. 

Relembrando do que Pedro falou para ela conhecer outras pessoas, Silvia começou a pensar mais sobre esse assunto, quem sabe encontraria alguém e seriam muitos felizes e quando seu ex-noivo soubesse que ela estava com outro homem, apaixonada e realizada, morreria de ciúmes e se arrependeria por a ter abandonado, descobrindo que ela era a mulher da sua vida, pediria para voltar, e ela o desprezaria e iria para junto do seu novo amor. Em todos os futuros, que Sílvia imaginava, ela estaria linda e feliz, apaixonada por alguém, enquanto Pedro estaria frustrado e infeliz, ao lado de sua francesa gorda e rabugenta. 

Querendo se livrar de todas as lembranças, que ainda a faziam sofrer, Sílvia reuniu tudo que pertencia a Pedro e o seu passado, que estava em sua casa, como roupas, sapatos, escova de dentes, cuecas e livros e outros objetos esquecidos, além de presentes, que ele lhe deu, das fotos dele e dos dois juntos, os colocou em uma grande caixa de papelão. No fim, olhou para aquilo tudo, sentindo-se melancólica, imaginando como um relacionamento de tantos anos cabia dentro de uma caixa. Primeiro, pensou em pôr fogo nela, depois jogar no lixo, mas achou melhor mantê-la, pois se por acaso, Pedro se arrependesse e voltasse, o que ela diria, quando perguntasse sobre seus pertences, então Silvia guardou a caixa na despensa. Aos poucos, Pedro ia desaparecendo da sua vida, até se tornar uma leve recordação, como se tivesse morto, muitas vezes, ela pensou nele dessa maneira. A distância entre eles a ajudou, já que era mais fácil esquecê-lo, sabendo que não haveria a possibilidade de esbarrar com Pedro por aí, dobrando uma esquina. Porém, ela ficou com a carga das explicações, de tentar responder os porquês para todos a sua volta, chocados com o termino daquela relação, que julgavam perfeita e eterna, era difícil explicar, o que nem mesmo ela entendia.

Na escola, depois das voltas às aulas, seus colegas evitavam falar do assunto. Toda vez, que alguém estava falando sobre namoro, noivado ou casamento mudava, rapidamente, a conversa, quando ela se aproximava, isso a deixava constrangida. Até que um dia, um dos professores, que trabalhava com ela há algum tempo, tomou coragem e a convidou para jantarem juntos. Primeiro, Sílvia não entendeu.

— Artur, você está me convidando para sairmos? – Sílvia indagou, incrédula, apesar de se darem muito bem como amigos, ela nunca percebeu nenhum interesse dele antes.

— Sim, Sílvia. Você já não está mais noiva, sempre achei você bonita e inteligente. Eu também não estou namorando. Qual seria o problema de jantarmos juntos? – Artur argumentou, com a lógica de um professor de matemática.

— É estranho – Silvia refletiu -, nós trabalhamos junto há tanto tempo.

— Por isso mesmo. É só um jantar e um conversa, nada demais. A gente vê o que acontece depois – Artur persistiu no argumento.

— Está bem. Eu topo! – Isso era uma novidade para ela, porque nunca teve um primeiro encontro com nenhum homem, já que em toda sua vida, só existiu Pedro.

Chegaram à conclusão, que sábado seria o melhor dia, pois não teriam aula no dia seguinte. Sílvia se sentiu esquisita, enquanto se arrumava para sair com outro homem, mas queria dar uma chance para si mesmo. Quem sabe ele poderia ser seu novo amor? Mas, se ele quisesse algo com ela, logo de cara, o que faria, cederia ou não? Seria uma experiência nova para ela, mas eles trabalhavam juntos, e se não desse certo. Como seria? As ideias rodopiavam pela sua cabeça, deixando-a tonta.

Artur a pegou em casa, todo arrumado, com calça e camisa social, bem diferente de como ele era na escola, sempre de jeans e camiseta, e os cachos rebeldes do cabelo escuro estavam domados e arrumados.

— Você está diferente, Artur – ela revelou com um sorriso de surpresa.

— Estou estranho? – quis saber, sem jeito.

— Não, está muito bem, é que eu vi você assim tão bem arrumado.

Assim, ele a levou para jantar em um restaurante pequeno perto dali, conversaram muito, principalmente, sobre a escola, outros professores e, até, sobre antigas relações. Artur era divorciado e tinha um filho pré-adolescente. Sílvia tentou relaxar tomando uma taça de vinho, mesmo assim, sentia-se um pouco desconfortável, nunca tivera em uma situação igual de um primeiro encontro, não conhecia a arte da sedução, pensou na amiga Raquel, tão sensual e charmosa, gostaria de ser um pouquinho como ela ou, talvez, segura como Ana, que sempre encontrava as palavras certas. Apesar de estar gostando da companhia de Artur, se pegou imaginando em diversas situações, como o que Pedro faria, o que Pedro gostava, o que Pedro diria, algumas vezes, o nome dele veio até a ponta da sua língua, e teve que disfarçar. No final, ela se distraiu como há muito tempo não acontecia.

— Olha, Artur! Você é muito legal, eu me diverti muito – Silvia confessou, com sinceridade, quando voltavam para a sua casa e pararam na frente da portaria.

— Que bom, Silvia. Podemos combinar outra vez – Ele propôs animado, de despediram com castos beijos no rosto.

Assim, eles continuaram, conversas na escola, jantares, cinemas, passeios nos fins de semanas. Demorou um pouco, para Artur tomar a inciativa e dar um leve beijo na boca de Silvia durante a despedida. Aquilo foi estranho para ela, beijar outra boca, com outro sabor, ter mãos diferentes sobre o seu corpo, mas continuou, tinha que se acostumar com aquilo, tocar a sua vida em frente.

Em um sábado. Depois do cinema, veio a proposta, que ela temia.

— Você não quer ir até o meu apartamento? – indagou, timidamente.

Sílvia sabia que ele era divorciado e morava sozinho, compreendeu que havia chegado o momento de terem mais intimidade, de estar com outro homem, apesar do que aconteceu em Paris, naquele momento de raiva, que tentava bloquear na sua memória, porém com Artur seria diferente, quem sabe, um novo compromisso.

— Sim – ela respondeu, sem jeito, disposta a se arriscar em uma nova experiência de vida.


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