Marcas de uma Lágrima escrita por Android


Capítulo 4
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

“Lá fora, a verdade é igual... a do mundo que criei para você. As mesmas mentiras. As mesmas decepções.”
NICCOL, Andrew. O Show de Truman



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Nada! Não há nenhum sinal de quem o escreveu nem nada do tipo. Eu começo a enlouquecer, não literalmente. Eu quero muito saber quem escreveu aquilo, se foi o garoto que deu em cima de mim durante a festa, se foi a Chris que eu beijei e demonstrei que gostava dela, se foi Nay quando nos encontramos no corredor. Pode ser qualquer um, minha mochila ficou jogada em cima da mesa durante toda a festa. Não consigo dormir a noite, passo a madrugada em claro tentando montar aquele quebra-cabeças, viro meu corpo para um lado e para o outro. Troco de lado na cama, levanto vou até o sofá e me deito lá e nada. Não consigo dormir, minha mente está perturbada demais para dormir, duvido que eu consiga dormir nesta noite. Tudo que eu posso fazer no momento é esperar e ver se a pessoa me contata novamente.

O sol já começa a aparecer na minha janela, e a ideia de esperar já tinha voado para longe fazia já algumas horas. Decido, então, encarnar Sherlock e levanto da cama com um pulo, até imito o sotaque britânico dele enquanto penso. Deve ter algo que eu deixei escapar, não pode ser verdade que eu estou totalmente no escuro. Volto até a carta que está jogada no chão e a reviro por completo a procura de algo e nada. É então que me lembro do envelope. Eu somente o retirei e joguei fora em algum lugar na casa, começo a revirar por todo canto incluindo lixo por lixo. Não consigo encontrar ele, já estou começando a achar que era uma conspiração e que gnomos vão surgir de baixo da minha cama rindo da minha cara.

— Embaixo da cama! Isso mesmo. - Percebo que eu não olhei lá ainda e estirado no chão está o envelope vermelho simplesmente ao meu alcance e ao mesmo tempo eu começo a pensar se eu quero mesmo saber quem tinha enviado. Aquilo fará algum bem à mim? Decido por ir tomar um banho, meu olho ainda doí muito. Talvez uma água quente ajude a melhorar a dor. Tento não pensar em nada, mas no banho tudo piora. Minha cabeça vai a mil e novamente me pego tentando descobrir e recriar a cena da pessoa colocando aquilo na minha mochila.

Estou finalmente decidido a pegar o envelope e descobrir qualquer coisa que ali está escondido. Corro para meu quarto, admito que eu escorreguei e quase caí no caminho, e me agacho para pegar o envelope. Ele não está mais lá...

— Não pode ser! - Grito.

Me visto mais que correndo e recomeço a procura, infelizmente o encontro. Ele está na boca de Capitu, minha cadela, que lindamente brinca de rasgar o papel. Recolho os destroços e dou uma bronca nela, tento montar de novo tudo, mas há pedaços faltando. Algo me dá uma pista. Em um dos pedaços há um logo de uma empresa, eu não sei qual é, mas aquele é o começo.

Eu já sei a quem vou pedir ajuda, somente uma pessoa que eu conheço é viciado em compras e conhece todas as marcas e logos que eu posso imaginar e mais, além é claro de ser fissurado naqueles jogos de detetive. Pego meu celular e imediatamente mando uma mensagem para Vih.

 

Mensagem de Whatsapp:

“Tá em casa?”

“Eu estaria na rua as 7 da manhã?"

"Vc me conhece, dormi faz pouco tempo."

"Mas fala aê oq tu manda?”

“Pode vir pra cá? te explico quando chegar!”

“To indo mama”

 

Victor está com essa mania ridícula de chamar os outros de “Mama alguma coisa”, um bordão idiota de um youtuber que ele assiste, mas que só ele vê graça. Me irrita um pouco, mas relevo.

Não demora muito até ele chegar e ele vai logo abrindo meu notebook e fazendo mil e uma pesquisas online sobre aquele símbolo do envelope. Vih manja bastante de internet, ele passa muito tempo jogando jogos na net e isso aguçou a curiosidade dele pra aprender mais sobre isso e hoje ele faz Programação de Redes na mesma faculdade que eu. Nos conhecemos no meu primeiro dia de aula, também era o dele. Ele me viu de longe e jurou que eu era o primo dele, não temos nada de parecido, mas ele veio até mim gritando o nome do primo e só reparou que não era quem ele esperava ser quando estava ao meu lado. Ele deu uma gargalhada histerica e gritou consigo mesmo, essa era a primeira de muitas vezes que eu o via fazer isso.

Ele é como um irmão pra mim, nos falamos todo dia e jogamos também. Quando troquei de notebook, eu decidi começar a jogar um jogo muito famoso e fiquei falando pra ele jogar e hoje ele é extremamente viciado nesse jogo. O que acho mais engraçado em jogar com ele é que ele encarna várias personalidades diferentes, como se fossem os personagens do jogo e isso me diverte muito.

— Achei! - O grito de Victor me faz parar de divagar me tocando do que ele havia falado.

— É uma gráfica aqui na cidade, podemos ir lá agora aposto que eles vão abrir em breve! - Ele continua enquanto já segue em direção do banheiro o que me deixa sem entender nada.

— O que vai fazer aí? - Pergunto sem entender. Se vamos sair, porque ir ao banheiro, não faz sentido.

— Dahr, vou lavar a mão pra dar sorte - Ele responde como se fosse a coisa mais normal no mundo, talvez pra ele. Ele é cheio das manias.

Vamos de ônibus conversando e pelo caminho inteiro tentamos montar situações em que alguém pode ter colocado aquela carta em minha mochila e finalmente reduzimos o número de suspeitos para 6, mas mesmo assim ainda é possível estarmos errados. Ao chegar no prédio subimos cerca de dez andares até chegar na gráfica, coisa estranha, já que gráficas geralmente ficam no subsolo. É nesse momento que descobri que todo aquele prédio é a Gráfica e estamos indo falar com a área de atendimento ao público. Vih já pensou em tudo enquanto eu somente o sigo por todo caminho, mas seu plano miraculoso dá errado, o secretário não nos deixa falar com o encarregado de entrega de envelopes.

Abatidos e tristes por nossa única pista ter dado errado sentamos em uma das poltronas tentando pensar no que fazer e é nesse momento que uma garota da nossa idade, provavelmente uma estagiária passa por nós. Eu a reconheço e prontamente me coloco de pé a seguindo. Ela para em frente a uma máquina de refrigerantes e conto o ocorrido. Ela diz que sabe de algumas coisas, todavia há um preço a informação.

— Eu já te vi na universidade no refeitório e sempre te achei bonito, eu troco um beijo pela informação - Ela mexe no cabelo colorido enquanto bebe do refrigerante.

Sem pestanejar vou até ela tocando nossos lábios, eu adoro as preliminares.  Para mim elas sempre parecem uma eternidade que eu adoro aproveitar, não importa com quem fosse é apenas diversão que não importa muita coisa. Mas aquele beijo foi diferente, ela me cativa de modo estranho o que me deixa curioso sobre aquela garota.

— Ok, os envelopes vermelhos só quem possui é o chefe do departamento e eu vi uma garota da nossa idade saindo com um daqui alguns dias atrás - Ela responde recuperando seu fôlego e dando sorrisinhos bobos enquanto fala.

Vih e eu descemos do prédio extremamente felizes e focados agora temos uma nova pista e sabemos que é uma garota agora, o que elimina alguns dos nossos suspeitos. Eu tenho a esperança de encontrar aquela garota novamente. Quando estramos no ônibus para voltar para casa meu celular vibra e é uma mensagem de Chris.

 

Mensagem de Whatsapp:

“Podemos conversar sobre aquilo ontem?”

“Claro, seu namorado louco me batendo!”

“Não estou falando disso, você me beijou. Por quê?”

“Era pra eu beijar a menina mais bonita"

"eu te acho bonita e você sabe disso.”

“Você gosta de mim?”

“Que Chris? Ta doida?

"Kkkkk Foi só um beijo, nada demais e nem"

"teve língua só um selinho."

"Não teve sentimento nenhum e nunca haveria.”

“Acabei de beijar uma garota hoje e sabe... Ela era linda, meu tipo de garota. Essa sim houve sentimento. Com ela pode rolar algo, com você NUNCA. Acorda”

 

Quando entro no prédio já espero encontrar com Nay, já é de praste encontrar com ela pelos corredores ou elevador, mas dessa vez não a vejo no elevador o que me deixa surpreso. Chegando no corredor de meu prédio encontro ela sentada do lado de fora do seu apartamento tristonha, pois havia perdido a chave. Chamo-a para entrar enquanto o chaveiro não chega e percebo que Vitor olha ela de modo engraçado, ele fica meio bobo perto de garotas. Jogamos um jogo de tabuleiro que encontrei pela casa, nos divertimos muito e acabamos jogando por horas.

Naquele momento eu já havia esquecido da bendita carta e só queria me divertir com meus amigos e ela fica jogada em minha escrivaninha escondida debaixo de uma pilha de roupas por alguns meses.


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Notas finais do capítulo

A história foi revisada, mas caso encontre algum erro, por favor me avisa!!

É umas das primeiras fics que escrevo, então, se puder deixar seu feedback ajudaria muito. ♥



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