Don't bless me father escrita por Undisclosed Desires


Capítulo 3
Capítulo dois: Linhas de projeção.


Notas iniciais do capítulo

Hey, volteeeei !!! o////



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Instituição de Ensino Eastern (I.E.E) - 9:30 am - Diretoria.

— Senhorita Parker, posso ver pela sua ficha que estudou em escolas, hum... digamos, medianas. - A diretora comentou. Ela era uma criatura baixinha e elegante - os saltos mais altos que o Q.I. de Einstein. Estavam na entrevista para a entrada de Clary na Eastern e a mesma estava nervosa. - Notas promissoras, boa frequência. E esta carta de referência... - Pegou o papel com a recomendação de sua antiga professora de Artes da escola de Artes do Brooklyn - na qual ela fez dois cursos de verão. - É realmente muito boa, mas temo que nossa instituição não seja exatamente a sua cara. - Ela sorriu de um jeito estranhamente desdenhoso para Clary. 

— Eu não estou entendendo...

— Posso ver que não. - A diretora arrumou seus óculos. - Aqui na Eastern, além de tradição, temos padrões muito, muito altos. Para os alunos de escolas medianas que tentam embarcar no nosso ensino, aplicamos uma prova de nível, para sabermos se o aluno está suficientemente preparado. Ela requer lógica, conhecimentos linguísticos e de mundo. São sessenta questões discursivas as quais você teria que acertar cerca de setenta e cinco porcento. 

— Eu faço essa prova. - Clary disse, com teimosia. Não gostava de pessoas que achavam que ela era menos capaz. Não gostava da diretora. Qual era mesmo o nome dela? Dona Trantbol?

— O problema, senhorita... - O sorriso condescendente aumentou. -... a prova será aplicada hoje - checou o relógio-, em meia hora, e você não terá tempo para estudar com afinco. 

— Não tem problema. Não vai cair meu braço se eu tentar, não é mesmo? - Clary sorriu, pela primeira vez ali. 

— Se é o que deseja... - A diretora disse, piscando rapidamente, surpresa. O telefone tocou e ela ergueu um dedo antes de atender. - Diretora Lucy Hernandes.

— Lúcifernandes... - Clary murmurou para seus botões e a diretora não pareceu ouvir.

— Oh, claro. Às uma. Vejo você lá. - E desligou, virando-se para Clary outra vez. - Vá na secretaria, fica a duas portas daqui. Entregue este papel para Regina e ela te encaminhará para o local da prova. Providenciamos lápis e caneta, então fique tranquila.

Clary pegou o papel que ela ofereceu e levantou-se, pronta para sair. Mas ouviu seu nome ser chamado uma última vez.

— Ah, Clarissa?

— Huh?

— Boa sorte.

Casa dos Lightwood - 11:13 am - Quarto do Alec. 

Jace estava deitado na cama de Alec, fitando o teto enquanto o outro mexia no computador. Hip hop de 2004 tocava nas caixas de som. 

— Então... me explica de novo esse lance da sua mãe. - Alec pediu. 

Jace bufou. - Ela quer que eu curta mais a vida antes de tomar "escolhas permanentes". 

— Uh, "vacilo". - Alec riu. Jace lançou um travesseiro em sua cara. - Outch, qual o problema?

— Estou sendo sério. 

— Eu também. - Alec riu novamente. - Ok, talvez não tanto. Mas eu realmente não enxergo o problema nisso. Talvez seja melhor mesmo você curtir um pouco pra deixar de ser careta. 

— Eu não sou careta! — Jace soltou. Estava irritado ultimamente. Era estranho pra ele, que estava sempre contido. 

— Ok, ok, comedor de Ostia. Você não é nada careta. Mas agora conte-me seus planos para fazer isso dar certo.

— Eu sei lá... Não gosto de tramar. - Jace desviou o olhar de Alec, subitamente envergonhado. Ele sabia muito bem o queria fazer. - Eu... Na verdade... Eu meio que conheci essa garota.

— Uhhhhh, senhor celibatário conhecendo garotas. Cadê o sindicato dos padres pra fiscalizar isso?

— Não seja boboca. - Jace suspirou pela milésima vez naquele dia. - Eu só... gostei dela. Não no sentido romântico, é claro. Ela é interessante... E me fez rir. Gosto disso. 

— E eu conheço ela?

— Creio que sim. É a filha da tia Emma. 

— Uh, Christal, certo? 

— Clary. - Corrigiu. - Eu vim aqui para chamá-la pra fazer alguma coisa. Assim talvez minha mãe saia do meu pé por alguns dias.

— Ahhhh tá. - Alec deu um olhar suspeito pra ele. - E é só pra sua mãe sair do teu pé, não porque você tem algum interesse súbito na garota? Ata. 

— Eu não tenho nenhum interesse oculto além de apreciação da companhia da garota. Por Deus, Alec! 

— Uhum... - E então começou a gritar. - Izzy, venha cá saber das novas!

— Ah não, você não fez isso! - Jace se exaltou enquanto Izzy adentrava o quarto. Ele começou a guardar suas coisas na bolsa-carteiro. 

— Que foi? - Ela questionou. 

— Advinha quem vai chamar a filha da tia Emma pra sair?

— Espero que não seja você, Alec, porque você sabe muito bem que não tem permissão pra sair com as garotas da vizinhança desde aquele episódio com o Tucker. 

— Eu estou falando do Jace, sua idiota. 

— Hey, não me chama de idiCOMO É QUE É? Jace? É isso mesmo que eu ouvi?

— Sim. Ele mesmo que acabou de me confessar isso. - Alec riu. 

— Ok, pra mim chega. - Jace começou a andar pra fora do quarto enquanto Izzy o caçoava. - Tenham uma boa tarde. 

— Ah, mané, fique aí pra almoçar e mais tarde eu te levo numa festa que vai ter na casa da Mary-Jay. 

— Dispenso. Tenho um plano a seguir. - Ele apontou com o polegar na direção da casa dos Parker. 

— Espera, você vai mesmo chamar a Clarissa pra sair? Tipo, sério?

— Apenas como amigos, Isabelle. - Jace balançou a cabeça em descrença. - Vocês, jovens, só pensam em besteira. Boa tarde. - Despediu-se da tia e seguiu para a casa dos Parker. Pôde ver de relance Alec e Isabelle na janela do segundo andar, com uma câmera nas mãos, mas não se desencorajou. Tocou a campainha, Emma Parker levou cerca de um minuto e meio pra atender.

— Oh, Jonathan! Que surpresa agradável! 

— Oi, tia Em. - Ele aceitou o abraço que ela impôs. Estava nervoso. Oh, céus. - Eu queria falar com a, hum, Clary, se não for um incômodo. 

— Ah, deixe de bobeira, garoto. Não é incômodo algum. Mas você terá que esperar alguns minutinhos. Ela já está pra chegar.

— Ah, não precisa, eu volto outra hora. 

— Pfff. Entre. Aproveite e fique para o almoço. - Ela segurou o braço dele para guiá-lo para dentro de casa. - Estava falando com sua mãe essa manhã mesmo. Estamos organizando um baile beneficente. 

— Ah, que bacana. 

— E não é? O tema será noite de inverno. Será espetacular. - Ela lhe sorriu e apertou suas bochechas. - Agora, se não se importa, tenho coisas para organizar. Mas você pode esperar a Clarissa no quarto dela. É a segunda porta a direita subindo as escadas. 

— E ela não vai se importar?

— Que nada. Clary é uma menina muito tranquila, além de calada. 

— Tudo bem então. Obrigado, tia Em.

Ele subiu as escadas e adentrou o quarto dela cuidadosamente, como se estivesse fazendo algo errado. Olhou ao redor. Era um quarto bonito e simples, quase sem nenhuma decoração além de quadros genéricos nas paredes. Tinha uma cama grande coberta por lilás e almofadas verde-água, uma escrivaninha com papéis largados e alguns objetos pessoais, duas portas que provavelmente davam pro closet e pro banheiro, uma penteadeira vazia e um móvel com um computador. Estava na cara que ela tinha acabado de se mudar para ali. Ele foi até a escrivaninha e começou a ver os papéis. Ela tinha mesmo um dom - eram desenhos ótimos. Viu esboço por esboço. Um ou dois desenhos da Igreja, um desenho da matriarca dos Parker enquanto ela cozinhava, outro dele.

Ela estava desenhando ele por último, pelo modo como o desenho ainda estava inacabado e como o lápis ainda prendia o papel. Ela havia captado nuances boas, sombra e luz e seus ângulos. Então ela o tinha achado interessante o suficiente para desenhá-lo ou simplesmente tinha o hábito de desenhar qualquer um? Por que Jace parecia se importar tanto com a primeira opção?

No andar de baixo, ele ouviu vozes. 

 Emma, cheguei. — Era a voz dela, gritada, correndo escada acima. Segundos depois, a porta do quarto fora aberta abruptamente e Clary irrompeu, não parecendo notá-lo ali. Começou a desabotoar a blusa enquanto falava. - O teste foi razoável, acho que dá pra passar. Mas aquela Lucifernandes não me desceu. Ela parecia tão... AAAAAA. - Ela então enfim tinha notado ele ali. Estava com metade da blusa desabotoada, deixando transparecer uma faixa do sutiã branco. Quando reparou o olhar dele, cobriu-se. Ele então, envergonhado, tapou os olhos. - O que você está fazendo aqui?

— E-Eu... Sua mãe disse que eu poderia esperá-la aqui. Me perdoe por isso, eu só... 

— Tudo bem, pode tirar a mão. - Ela disse e ele destapou um olho, depois o outro, inseguro. Ela tinha reabotoado a camisa e parecia mais branda.

— Clarissa? Eu ouvi gritos. - Emma apareceu à porta. - Ah, bem, espero que não se importe, mas o Jonathan irá ficar para o almoço. Já está pronto, então lavem as mãos e desçam. 

— Ok, tia Em. - Jace respondeu e Emma voltou escada abaixo. 

— E então? - Clary questionou. - O que está fazendo aqui? 

— Eu...

Crianças! Desçam logo! O almoço vai esfriar!— Emma gritou.

— Vamos lá antes que ela tenha que subir aqui. E não duvide que ela vá fazer isso. - Clary aconselhou. Eles lavaram as mãos e desceram pra almoçar. 

                                 * * * * * * * * * *

— ... Aí Teddy, minha colega de beliche, saiu correndo e gritou "Leva o abacaxi" e eu disse "O abacaxi? Bem, eu o comi". 

Jace e Emma riram da história de Clary. Uma das muitas que ela contou durante o almoço. O mesmo foi calmo e leve, com uma interação natural de ambas as partes, mesmo Jace estando ainda envergonhado demais para se pronunciar em coisas além de frases curtas.

— Uau, quanta diversão pode se obter em um orfanato, não é mesmo? - Emma gracejou. 

— O almoço foi ótimo, Emma, e deixe a louça para mim. - Ela sorriu, levantando-se. Não demorou muito para Jace levantar-se também e começar a recolher os pratos.

— Eu te ajudo. 

Emma deu um sorrisinho contido de quem sabe das coisas e levantou também. - Pois bem, eu vou ligar para o Mike. Vocês podem ir se adiantando com a louça. 

Clary estava um pouco assustada com o contato repentino com aquele garoto lindo porém estranho. Eles se viram uma vez e ele já brotava na casa dela, assim, do nada? Ela deveria ter causado mesmo uma boa impressão. Foram pra cozinha, onde ela se responsabilizou por lavar os pratos e utensílios e ele ficou encarregado de secá-los e guardá-los.

— Huh, então... - Ele soltou, encabulado.

— Então...?

Ele encostou os quadris na bancada, de costas pra pia, enquanto secava um prato que ela lhe entregara.

— Você, hum, tem planos pra essa noite?

Ela estacou, pousando o prato de volta na pia e virou-se para ele.

— Planos? Tipo, ir à missa ou algo do tipo? Porque eu não tenho nada contra os religiosos, mas domingo pra mim já é mais do que o suficiente pra-

— Não esse tipo de plano. Planos sociais. -Ele cortou ela. - Eu- Ah, que seja- queria saber se você quer sair comigo essa noite. Ir ao cinema ou talvez sair pra comer alguma coisa. - Ela olhou para ele, confusa. Isso o deixou nervoso. Péssima ideia. Arranje uma desculpa!— É que eu pensei que você fosse precisar de... Ajuda, sim, ajuda. Nos... Estudos.

— E nós estudaríamos no cinema? 

— Não, é que... Tudo bem, não é pra estudar. Me desculpe pela mentira. É só que... você é nova aqui e não conhece muito disso tudo e eu te acho legal, acho mesmo. Queria que você me desse o, huh, prazer da sua companhia hoje. E nada envolvendo a igreja, prometo. 

Ela parou pra refletir um pouco. Ele queria sair com ela. Ele - o braço direito de Deus em beleza - queria sair com ela - a pequena órfã. Uou, o mundo girava mesmo. Ele tomou o silêncio dela como um desencorajamento. 

— Eu vou entender se você não quiser. Mesmo. Foi repentino e você mal me conhece, foi besteira de minha parte e-

— Não. Eu vou. - Ela pigarreou. - Claro que tenho que ver com a Emma ainda, mas se ela permitir, cinema e jantar me parece ótimo. Obrigada por ser tão cortês. - Ela retomou a louça, envergonhada demais para levantar o olhar. Eles terminaram a limpeza num silêncio estranhamente agradável e então seguiram para fora da cozinha. 

— Eu, hum, tenho que ir. Meus pais devem estar preocupados. Mas... vejo você às seis?

— Pra mim, está ótimo. 

— Huh, você pode me dar seu, hum, número?

— Ér... Claro. Anota aí, 555... - E terminou de ditar enquanto ele gravava no próprio celular. - É meu primeiro celular e eu ainda não sei usá-lo direito, então se eu responder de algum jeito bizarro, não me repreenda, senhor.

— Eu não ousaria. - E sorriu. Ele tinha mesmo um sorriso muito bonito. - Vejo você mais tarde.

— Se você ousar. - E com um floreio, ele se foi embora. Emma desceu alguns segundos depois. 

— Ele já foi?

— Uh, sim. - Clary respondeu, envergonhada. 

— Jonathan Herondale, hum?

— Sim...

— Eu o acho um ótimo menino e é realmente muito bonito. 

Mãe!

— Que foi?

— Nada... Ah, eu posso sair mais tarde?

— AH, não me diga que ele te chamou pra sair!

— Não é nada demais e, além disso, é como amigos.

— Tudo bem, tudo bem. Saia com ele. Que horas?

— Às seis. Vamos ao cinema e depois comer alguma coisa. Não chegarei tarde.

— Tudo bem. Pegue dinheiro no pote de gatinhos no móvel do segundo andar e deixe o telefone com bateria cheia. 

— Você é a melhor! - E, dando um beijo na bochecha dela, subiu correndo para o andar de cima.

Satisfeita, Emma suspirou e se jogou no sofá.

— Ela me chamou de mãe. 

 


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Notas finais do capítulo

Comente! Preciso saber se continuo ou não.
Obrigada por ler!
Z, se você estiver lendo isso, pare de ler minha fic. Te amo.

Beijoos
Undisclosed Desires.