Don't bless me father escrita por Undisclosed Desires


Capítulo 2
Capítulo um: Velha vida, nova perspectiva.


Notas iniciais do capítulo

É gente, resolvi postar antes pq minhas provas acabaram e aqui estou eu o/////

Dedicado a Z, que me incentiva a escrever todo santo dia.

XoXo
Undisclosed Desires



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Casa dos Parker - 6:35 am.

Emma Parker, para todos os efeitos agora nova mãe de Clary - se é que ela já teve outra - levantou cedo na manhã seguinte, aprumou-se com uma de suas saias até um pouco acima dos joelhos, blusa e sapatos combinando. Pôs suas pérolas de família e rumou para o quarto de sua nova filha. 

— Clarissa... - Ela chamou suavemente, abrindo a porta só o bastante para passar a cabeça, depois de bater três vezes suavemente. Clary estava sentada na cama com o bloco de desenho em mãos, o lápis tracejando o papel. - Querida. Oh! Desculpe-me atrapalhar. Mas estava pensando se poderíamos fazer umas comprinhas na cidade. 

— Ah. - Clary soltou, largando o bloco. Não gostava de fazer compras, mas Emma estava com aquele brilho no olhar, o que remetia a quero fazer coisas de menina com minha filha.— Claro. Vou apenas me trocar.

— Claro, querida. Ah, e vamos tomar o café da manhã na rua. Um dia só de garotas nos irá fazer bem. 

— Mas é claro! - Clary sorriu. 

— Então ótimo! Te espero lá em baixo. 

Clary esperou Emma sair pra suspirar. Passado alguns segundos, rumou para o banheiro. Iria mesmo ser um longo ano.

Casa dos Herondale - 7:15 am. 

Jace levantou-se cedo, como sempre, e fez suas tarefas. Arrumou seu quarto, rezou, fez café da manhã para seu irmão e tomou seu banho, vestindo a roupa clerical. Pegou a bolsa-carteiro marrom e estava encaminhando-se para a Igreja, para ajudar o Padre Hodge com os preparativos para o batismo que ocorreria na manhã seguinte. Desceu as escadas para então encontrar seus pais, juntos, sentados no sofá. 

— Jonathan? - Sua mãe, Celine, chamou. Ela era uma moça adorável e calma. Ele aproximou-se ruidosamente de ambos. Sabia o porquê daquela conversa. A carta enfim tinha chegado. Preparou-se.

— Sim, mãe. 

— Sente-se aqui conosco. - Dessa vez foi seu pai que falou. Jace tomou seu assento em frente a eles.

— Filho, ontem chegou uma carta endereçada a você. - Sua mãe prosseguiu. - O remetente era a Escola Dominical do Vaticano. Nós tomamos a providência de abri-la, como seus responsáveis legais. Sei que isso foi errado de nossa parte e peço desculpas, mas esse não é o assunto em questão. 

— Não estou entendendo.

— Bem... Você conseguiu uma vaga. Eles querem você lá em dois meses. 

Jace vibrou. Ergueu-se e abraçou sua mãe, depois seu pai, comemorando. 

— Ah, Jesus! Eu sabia que haveria um lugar para mim! Eu sabia! Deus vê o quanto estou disposto a me comprometer. 

— Mas... - A mãe continuou. 

— Mas? - Jace então saiu de seu estado eufórico e sentou-se novamente. - Como pode haver um mas? 

— Nós não achamos que é o correto para você. - O pai completou. Steven e Celine sempre tiveram essa conexão de saber completar a frase um do outro. 

— Ah, vocês não precisam se preocupar. Eu prometo me comportar. Não ouvirão reclamações da parte deles e eu ligarei todo dia. Mais que isso! Ligarei de cinco em cinco minutos se for o necessário. Mas por favor - por favor! - não me deixem perder essa oportunidade.

— Filho. - Sua mãe disse suavemente. Era triste para ela ter que fazer aquilo, mas necessário. Ele era ainda muito novo, não poderia ter tanta propriedade para saber o que queria. - Nós achamos que você é novo demais para esse tipo de coisa. Ainda nem tem 18, não aproveitou nada de sua vida. Está de segunda a sexta na escola, de segunda a segunda na Igreja. Temos medo de que você não tenha experimentado o bastante e esteja sendo apenas cômodo à sua situação. 

Cômodo? - Disse ele com ultraje. - Eu não sou cômodo a Deus. 

— Meu bom Deus sabe bem que não é isso que estamos querendo dizer. - Celine replicou. - É só que... meu amor, você entrou nessa desde cedo. Esteve na Igreja desde o catecumenato, aos oito. Você deve passar pelas experiências adolescentes antes de decidir o que quer para a sua vida. 

— O que vocês estão querendo dizer com isso?

— Que nós temos um acordo a propor. - Disse seu pai. 

— Que tipo de acordo? - Jace torceu o nariz. 

— Um muito, muito sério. - Completou. - Te daremos três meses para passar pelas suas experiências adolescentes. Se acharmos que passou por experiências o suficiente para decidir tomar o caminho clerical e você não tiver mudado de ideia, então nós mesmos providenciaremos sua ida para o Vaticano. 

— Mas e se eu não mudar de ideia ou até mesmo não quiser fazer esse acordo? - Jace desafiou. 

— Então a nossa resposta é não. - Celine soltou. - O acordo inclui experiências básicas como sair com seus amigos que não são coroinhas, ir para festas com seus primos, quem sabe até arrumar uma namorada...

— Padres são celibatários. - Jace protestou.

— Ainda bem que você não é padre. 

— Mas pretendo ser. Por Deus, mamãe! Isso não é justo! - Ele se desesperou. - Eu faço todas as minhas tarefas, tiro notas boas, chego em casa cedo todo dia. Sejam razoáveis! 

— E estamos sendo. Querido, você sempre foi muito contido e dedicado, e te amamos assim. Mas queremos que, daqui a trinta anos, você olhe para trás e não se arrependa de não ter feito nada disso. 

— Eu não irei me arrepender! Eu sei disso! Por favor! - Ele suplicou.

— Não adianta, filho. - Sua mãe estava decidida. - Esperamos a sua compreensão. Fim de conversa. E a partir de agora você não tem permissão de ir para a Igreja fora de seu horário contribuinte semanal.

— Mas que drog- Parou de falar antes que praguejasse. - Perdão pelo meu exaspero. Se não se importam, agora, estou indo para o meu horário contribuinte semanal

Longe de seus pais e fora do alcance dos olhos de Deus - por mais que ele soubesse que não era assim - permitiu-se praguejar. 

— Droga! Droga! Droga! - Parou no meio da rua, respirou fundo, calou-se e seguiu por seu caminho até a Igreja, nunca antes tão desapontado. 

Centro da cidade - 11:47 am. 

Emma e Clary entraram em outra loja de roupas. Passaram a manhã inteira em busca de roupas formidáveis para a mais nova. Por sorte, Emma não era mesquinha para roupas. Deixou que Clary comprasse o que fosse mais confortável para ela, colocando apenas alguns vestidos leves na bagagem. Fez, é claro, ela escolher algumas roupas mais apropriadas para os domingos, mas fora isso, não se queixou das escolhas mais simples da menina. O café da manhã fora delicioso e elas estavam carregando o montante de sacolas para o carro. 

— Temos apenas que dar uma passadinha na Igreja. Preciso conversar com o padre Hodge. Se importa? 

— Nem um pouco. 

E então foram para a Igreja. O caminho não foi tão longo e, assim que chegaram, Emma rumou para dentro da mesma enquanto Clary esperava sentada na escadaria. Visualizou o jardim, a bela paisagem, pegando o bloco de desenho em sua bolsa e o grafite, começando então a se expressar no papel. Não soube dizer quanto tempo passou desenhando quando ouviu uma voz masculina a seu lado. 

— Isso é realmente surpreendente. 

Ela virou-se de rompante, assustada, fechando o bloquinho instintivamente. 

— Ah, perdoe-me. Nós fomos apresentados ontem. Você é a Clarissa, certo?

— Só Clary. E você é o J. C. - Ela sentiu o coração acelerar de leve com a proximidade. 

— De fato. - Ele sorriu, mas parecia um pouco tenso. Ela quis perguntar o porquê, mas não tinha intimidade o suficiente. - O seu desenho estava mesmo surpreendente. Desenha desde cedo?

— Uh, sim. Desde que me lembro. - Ela respondeu timidamente. - E o que você faz aqui? Não deveria estar lá dentro?

— O Padre Hodge me pediu para que esperasse um pouco noutro lugar enquanto conversava com sua mãe, então resolvi tomar um ar fresco. - Ele respondeu. - Já sabe onde vai estudar?

— Na Eastern. Pelo menos é o que me disseram. - Ela disse. 

— Ah. Eu também estudo lá. É uma excelente instituição. 

— Pensei que aspirantes a padre estudavam em escolas dominicais. - Soltou. 

— E estudam. - Ele olhou para baixo. - Ou pelo menos deveriam estudar. 

Tudo ficou em silêncio então. Um silêncio constrangedor. Ela tentou mudar a situação. 

— Você pretende estudar em uma dessas?

Ele levantou o olhar para o dela. Os olhos dele eram castanhos tão claros e amarelados que pareciam um dourado. Angelical. - Eu fui aceito para uma, na verdade. No vaticano. E quero muito ir, mas...

— Mas?

— Meus pais acham que não é bom para mim, nessa idade, tomar tais decisões. Acham que eu não aproveitei a vida propriamente. 

— E eles simplesmente negarão isso? Assim?

— Na realidade, nós temos um acordo. Eu ajo como um adolescente acéfalo por 12 semanas e eles me liberam. 

— Uau. Parece justo para mim. Adolescente acéfalo está na moda ultimamente. 

Ele riu. Ela gostou do som da risada dele. Era leve e espontânea. 

— Eu simplesmente não sei como agir dessa forma. Talvez eu deva ser mais como o meu irmão - desleixado, descompromissado e irresponsável. Mas eu não quero ter de agir dessa forma. 

— Que tal se você, huh, deixar o cabelo crescer, pôr alguns piercings e dar uns amassos em cima de uma moto. Parece adolescente o suficiente para mim. 

— Só se for nos anos 60, Sandy. 

— Tá bem, essa talvez possa ser uma versão antiquada, mas é meu melhor truque. Costumo pirar as cabeças dos meus pais adotivos quando me visto de gótica. 

Ele riu novamente, dessa vez um pouco mais pesado. 

— O que eu quero dizer é que... Talvez essa seja uma boa oportunidade pra você. Eu não sou religiosa mas acho que, se existe um Deus, ele deve ter posto isso no seu caminho, para que você encontrasse a peça mística perdida em meio a esse tumulto. Tente ver a vida como um copo meio cheio - experiência própria. 

O sorriso dele foi ainda mais amplo. - Eu... Nossa, você tem mesmo razão. Muito obrigado por esse conselho. Me é muito útil. - Um pensamento veio à cabeça dele. Ele não tinha nenhum amigo fora da Igreja, tirando os primos. Talvez fosse a hora de pôr o acordo em prática. Aquela garota era definitivamente uma ótima companhia. Respirou fundo. - Eu queria saber se você... 

— Aí está você, Clarissa. - Emma o interrompeu. - Temos que correr se quisermos fazer o almoço a tempo. Oh, Jonathan! Que alegria vê-lo por aqui. 

Ele levantou-se para abraçá-la. - Tenha uma boa tarde, tia Emma. 

— Me alegra muito ver você buscando se aproximar de Clarissa. Vamos, venha almoçar conosco. Vou fazer lasanha. 

O estômago dele roncou. Ele adorava aquela lasanha. Mas não podia deixar de lado seu compromisso. - Eu fico muito agradecido com o convite, mas o padre Hodge precisa de mim hoje. 

— Ah, tudo bem. - Ela sorriu. 

— Eu preciso voltar lá para dentro. - Virou-se para Clary. - Te vejo na escola, Só Clary. 

Ele sorriu para ela e então, despedindo-se de sua mãe, rumou para dentro da Igreja. Elas foram até o carro em silêncio, as bochechas de Clary coradas.

— Sabe, ele é muito bonito. - Disse Emma, afivelando o cinto. As bochechas da mais nova ficaram num tom de vermelho mais profundo. Emma viu a prova do crime na cara dela e então balançou a cabeça em negação, enquanto ria. - Muito, muito bonito. 

Clary sentia-se estranhamente satisfeita com aquela proximidade. Ele fora gentil com ela e divertido. Depois de almoçar, já em casa, subiu para o seu quarto e pegou o bloco de desenho. Já sabia muito bem a figura que iria aparecer ali. E ela tinha lindos olhos dourados. 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Comente!
Obrigada por ler!
Z, se você estiver lendo isso: PARE JÁ DE LER MINHA FANFIC. Te amo.

XoXo
Undisclosed Desires