Don't bless me father escrita por Undisclosed Desires


Capítulo 16
Capítulo quatorze: Introdução às aulas de química - Soluções.


Notas iniciais do capítulo

Tentando introduzir o malec na história de uma maneira mais suave e menos conturbada. Não é só de sofrimento que vive um LGBT, né.....



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Instituto de Ensino Eastern (I.E.E.) - 8:15 - Campo de futebol.

Alec estava com uma dor de cabeça horrível. Não deveria ter bebido tanto na noite anterior, mas foi um estúpido e não tinha como evitar a inconsequência adolescente. Então, para fechar o episódio com chave de cocô, foi matar dois tempos de aula debaixo da arquibancada do campo de futebol da escola.

Arrumou uma cadeira velha e meio quebrada que estava por lá e jogou seu corpo da melhor forma pro seu conforto, mas não para a sua coluna. A paz reinava no local e ele conseguiu cochilar, mas foi logo acordado por uma discussão acontecendo não muito longe dali. Ergueu o olhar para verificar.

— Você deveria ter pensado nisso antes de sair por aí agarrando a VACA da Bridget Johnson, seu babaca infiel! - Um dos caras berrou, aparentemente possesso. Era meio asiático, com cabelos espetados e muitos - muitos - piercings na única orelha visível. Alec reconhecia ele de uma aula de química - O nome dele era Marcos ou algo do tipo. Exceto por alguma ofensa declarada à sexualidade do garoto pelo time de futebol americano, Alec nunca vira uma interação do garoto com outras pessoas da escola. 

— Eu precisava, tá?! Meus amigos me perguntam o porquê de eu não pegar ninguém nas festas. O que eu deveria fazer? - Respondeu ninguém menos que o capitão do time de futebol da escola.

— VOCÊ DEVERIA TER FALADO A VERDADE, SEU BABACA! SEU BABACA GAY! - Marcos gritou. No momento seguinte, ele estava no chão, com a mão segurando o olho. 

— NÃO ME CHAME DISSO! NÃO OUSE ME CHAMAR DISSO... EU NÃO SOU... - Jake Ryan respondeu, sacudindo a mão que usou para agredir o namorado. 

— O QUÊ? VOCÊ NÃO É O QUÊ? - Marcos interrompeu. - NÃO ERA ISSO QUE VOCÊ DEU A ENTENDER QUANDO EU COMI A SUA...

— CALE A PORRA DA SUA BOCA! - Jake partiu para agredir Marcos novamente, mas Alec já tinha se levantado para impedir. O jogador de futebol se espantou ao ter a mão segurada enquanto o terceiro ou quarto soco estava sendo deferido. - QUE PORRA...?

— Deixa disso, cara. - A voz de Alec era calma, como sempre. - Saia daqui, antes que eu deixe as coisas mais justas. 

Marcos não era exatamente magricela, mas não era comparável a um jogador que levantava peso todo dia. 

— O-O que.... O que você ouviu... não é verdade... ele é um mentiroso...

— Conta outra, seu merdinha! - Marcos soltou com uma risada debochada. - Eu tenho todas as conversas no whatsapp pra provar. E nem adianta tentar apagar, porque eu tenho prints.

— Você...! - Jake tentou avançar, mas Alec empurrou ele para trás.

— Vá embora, Jake, antes que você faça alguma besteira. 

— Você...  Você não acredita nessa bicha, certo? Eu não poderia... Eu não faço esse tipo de coisa, Alec.

— Se. Manda.

Jake cuspiu no chão, deu as costas e saiu correndo logo depois de soltar um "é melhor você ficar quieta, bicha". 

Alec balançou a cabeça em negativa e, com um suspiro, deu a mão para Marcos se levantar. 

— O quê? Vai me dar o segundo round? - Marcos cuspiu. - Acha que eu não sei que um de vocês protege o outro? Babacas!

Alec riu e puxou a mão. Marcos fechou os olhos e terminou de se jogar no chão, segurando o olho machucado. - Droga... - Reclamou. Parecia que iria chorar a qualquer momento, mas estava se segurando por causa de Alec. 

Não sabendo bem o porquê, mas precisando fazer isso, ele sentou-se no chão ao lado de Marcos. Ficou refletindo em silêncio, sem saber o que falar, enquanto o outro garoto segurava o choro. O segundo retirou a mão do machucado, se deparando com o moreno ao seu lado. 

— Droga! Vá embora!

Alec sorriu e balançou a cabeça. - Você pode chorar, eu não vou zoar você. 

— Pra te dar esse gostinho? Nunca! - Bradou e virou de costas para o outro garoto. 

— Pra alguém que nunca falou comigo na vida, você tem uma péssima opinião sobre mim. 

— Eu não preciso falar com você pra conhecer seu tipo. - Respondeu. 

— E qual seria o meu tipo?

— Jogador de futebol gostoso e estúpido, preconceituoso, que só está a fim de pegar mulher. Eu conheço o seu tipo, Alec. 

— Huh, droga, sinto lhe informar, garanhão, mas eu não sou um jogador de futebol. Estúpido? Talvez. E um pouco de verdade sobre esse lance de pegar mulher. Gostoso? Com certeza. Obrigado pelo elogio, aliás. Agora, preconceituoso? - Balançou a cabeça em negativa. - Posso ser de uma família católica e tal, mas eu acho que qualquer forma de amor é válida. Aliás, eu sou realmente um babaca querendo pegar mulher 90% do meu tempo, mas não uso nenhum porcento do meu tempo para questionar a orientação alheia. A não ser a do meu primo, Jace, mas ele é um caso à parte. 

Marcos não foi simpático, mas virou o rosto para observar Alec, o que já era meio caminho andado. 

— Aliás, meu nome é Alexander. Alec é um apelido que minha irmãzinha me deu quando não conseguia pronunciar meu nome completo. 

Marcos revirou os olhos. - Meu nome é Magnus. Magnus Bane. Mas você pode me chamar de Bane. Magnus é pros íntimos. 

— Bane... É estranho eu dizer que achei que seu nome seria algo zoado do tipo Boku no hero? Porque você é, bem, você sabe...

— Gay? - O garoto parecia confuso.

— Ér, não? Eu ia dizer asiático. Que gay tem a ver com isso?

— Sei lá, as pessoas costumam ser tão criativas... - Magnus disse, após uma risada curta. - Aliás, isso foi racista. 

— Desculpe. - Alec pediu, mas estava feliz por ter arrancado uma risada do menino. Não sabia bem o que estava fazendo. Nem porquê. Mas ele tinha vontade de ajudar o garoto. - Vou falar o que eu costumo dizer para a minha irmã, talvez um pouco adaptado. Hum... Isabelle, digo, Magnus, você tem que evitar os meninos que te tratam como lixo. Você sabe disso, certo?

— Uau, isso é pavorosamente estranho... - Ele soltou, se sentou e então estremeceu, soltando um palavrão. As lágrimas começaram a escorrer, Alec percebeu. - Ele era um péssimo namorado! Ele me escondia, mas então ele queria não esconder. Aí ele disse que me amava... Ele disse! E depois... E depois ele me beijou... E eu pensei, realmente pensei, que era pra valer dessa vez. Mas então ele estava pegando outra e gritando comigo... e me... e me batendo? Me batendo! Ele, que me amava. 

Alec sentiu o peso da melancolia do garoto. Não havia sofrido por amor ainda - e estava bem longe disso, mas não podia deixar de se compadecer pelo garoto. Então, fez algo que nunca pensou que faria com uma pessoa desconhecida. Ele o abraçou. 

— O que você pensa que está fazendo...? - Magnus esbravejou, mas Alec não o soltou. - Me solte!

— Hey, calma, ok? - Alec soltou, com a voz calma de sempre. - Fique quieto e aceite o abraço. Funciona com a minha irmã. 

Magnus tentou se afastar novamente, mas ao ver que não conseguiria, ficou parado. O abraço não durou muito, mas durou o suficiente. Quando eles se afastaram, Magnus estava ligeiramente corado pela vergonha. 

— Sabe... - Alec falou. - É melhor você botar gelo nisso aí. Vá até a enfermaria. 

— Huh, eu deveria ir mesmo... - E se levantou. - Bem... Obrigado, eu acho. - Alec apenas fez um gesto com a cabeça. - E, ah, talvez eu te cumprimente quando te ver passando pelo corredor. 

Alec sorriu. - E talvez eu responda. 

                                                   ~//~

Clary foi acordada no meio da detenção por uma cabeleira castanha longa. Isabelle. 

— Huh, Izzy, o que...? - A ruiva questionou, ainda saindo de um estágio de sono. 

— Você sabe quantos professores eu tive que insultar para ganhar essa detenção, Clary? É uma pergunta retórica. - Isabelle soltou, sentando-se na cadeira ao lado dela. - Preciso dos detalhes sórdidos que você não me contou ontem. Titia disse que Jace não dormiu em casa, então pare de segurar essa língua e conte-me tudo, não me esconda nada.

— Argh, okay, mas não fale nada pro seu primo. - Ela disse. - Nós... ele... bem, ele perdeu a cabeça ontem, na festa. Ficou com ciúmes de Sebastian. Sabe.... Sebastian? Ele me jogou contra um armário tem poucos dias, e ontem... Nossa... ele estava me beijando? Cruzes. Minha cabeça até roda.

— Nem me fale. Aquele bipolarzinho... - Izzy suspirou. - Mas então... continuando...?

— Bem, continuando, nós estávamos quase lá, Izzy! Quase lá! E então você entrou em cena. - Izzy sorriu envergonhada e pediu desculpa. - Não tem problema. Isso não deveria ser um problema. Eu não enxergaria isso como um problema se ele não tivesse me agarrado daquele jeito, ou se não tivesse manifestado ciúmes do Sebastian, sabe? Mas ele... eu vi no olhar dele, senti no modo como ele me tocou... Argh! Por que ele me rejeita? Que droga! E pra fechar o dia, se esgueira na minha cama na madrugada, como se não tivesse me rejeitado. Maldito celibatário! 

— AiMEUDEUS! AI MEU DEUS! AI MEU DEEEEEEUS! Clary! Ele está tão na sua... AI MEU DEUS! - Isabelle exclamou. 

— Tomara. Mas eu preciso de um novo plano, Iz. E preciso da sua ajuda. Ele mordeu a isca ontem. Ele não é simplesmente um futuro padre assexuado. 

A morena passou alguns momentos pensando, até que sorriu diabolicamente. - Okay, eis o que vamos fazer... - E dividiu com sua parceira de crime o plano maléfico. 

                                             ~//~

Jace franziu as sobrancelhas, mas assentiu. - Não vejo problema nenhum. Aliás, acho que minha mãe adoraria ter você para o jantar. Deixe-me só ligar para ela, Ok?

Clary sorriu. Primeiro passo, checado. Observou o garoto sacar o telefone do bolso e digitar o número da mãe. Ela não tardou para atender. 

— Hã... Olá, mãe. - Ele esperou. - Não, não, nenhum problema... É que eu queria saber... Hum... A Clary pode vir jantar conosco hoje? - Ele corou e virou a cara para que a menina não visse seu embaraço. - Mãe, não, é claro que não... Ela não está esperando um banquete... 

Clary não pôde evitar de rir ao lado dele e, no segundo seguinte, ele estava explicando para a mãe que a risada era sim dela e que ela estava ao seu lado esperando pela resposta. Então, o telefone foi passado para a menina ruiva, que logo parou de rir. 

— Ela quer falar com você. 

Clary engoliu em seco e pegou o telefone. A voz de Celine era eufórica do outro lado da linha. - Querida, você está mais do que convidada para vir jantar comigo, mas não sou a melhor cozinheira do mundo, então tenho que avisar com antecedência. 

Ela olhou com um olhar questionador para Jace, que deu de ombros. - Mas o que é isso, dona Celine, será um prazer. Desculpe o incômodo. 

— Que incômodo o que, menina! Vou mandar o Jonathan ir te buscar na sua casa mais tarde, ok? 

— Ok, obrigada, dona Celine!

— Me chame de sogra, bobinha. - Clary corou e entregou o telefone para o loiro, que respondeu mais alguns "sim" e desligou. 

— Então, pego você às sete?

— Perfeito. 

                                     ~//~

A primeira coisa que Clary falou ao chegar em casa, foi que iria jantar na casa dos Herondale. Emma quase surtou com a notícia e saiu correndo para fazer uma sobremesa rápida para ela não chegar de mãos abanando na casa do namorado. 

Clary subiu, tomou um banho e, enquanto pensava na roupa que iria usar, repassou na cabeça o plano de Isabelle. 

Primeiro, ser aceita para o jantar; Depois, Izzy apareceria na casa do primo - fingindo não saber da aparição da namorada do primo - e sugeriria que eles assistissem um filme na sua casa. Eles aceitariam, ficaria tarde demais pro garoto voltar pra própria casa, assim ele teria que dormir na casa da namorada. Emma logicamente permitiria. Mas essa noite não seria a noite da ação. Ela precisava, agora, demonstrar para Jace que não estava nem um pouco afim. Ela precisaria ser o mais certa possível. E então ele baixaria a guarda e ela poderia atacar.

 


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Notas finais do capítulo

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