Don't bless me father escrita por Undisclosed Desires


Capítulo 15
Capítulo treze: Introdução às aulas de química - Reações.


Notas iniciais do capítulo

Decepcionada demais com os fantasminhas pra querer escrever, mas cá estou eu. Atenção aos com doenças cardiovasculares! Fortes emoções!



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Residência dos Lovelace - 9:05 pm - Cozinha. 

A casa toda estava uma bagunça. Pessoas chocavam-se umas nas outras no espaço improvisado como pista de dança na sala ampla. A música retumbava pelos ossos de Clary, fazendo cada parte dela tremer, num eletrônico meio pop, meio trance. Ela estava apoiada na bancada da cozinha, um copo vermelho com soda e provavelmente algo alcoólico na mão - o mesmo que Izzy lhe entregara assim que eles chegaram e a menina não teve coragem de provar.

Jace estava apoiado à sua frente, o olhar baixo, as roupas formais o destacando no meio de adolescentes com roupas cheias de cores. Ele descartou a tentativa de Isabelle de lhe entregar um copo. Levantou o olhar para ela, que ainda o encarava, e então corou, baixando o olhar. Ele era tão bonito, ainda mais todo nervoso e vermelho por causa dela. Izzy tinha razão, as roupas estavam funcionando, mas não daria para fazê-lo tomar alguma iniciativa, disso ela sabia. Teria que partir dela e a menina não deixaria a vergonha lhe impedir. 

— Está tudo bem? - Ela questionou. 

Ele levantou o olhar e sorriu, ou tentou. - Claro. Eu só meio que não gosto dessa música. 

— E de que tipo de música você gosta? - Estava curiosa. Nunca havia perguntado sobre o gosto musical dele. - Tome cuidado com a resposta, porque ela pode acabar com a nossa relação. 

— Hum... - Ele disse, inclinando-se para ela com um sorriso. Parecia ligeiramente mais tranquilo, o sorriso hipnótico. Olhava diretamente para os olhos dela, mas a menina podia ver o relance em que seus olhos miravam a boca da mesma. - Desculpe te decepcionar, mas eu não costumo ouvir muita música. Eu toco piano e as vezes escuto alguns quartetos de cordas, mas, tirando isso, não gosto de só ouvir música. 

— Você... toca? - Ela ofegou. Podia imaginar ele sentando em frente ao piano da família, familiarizado com tantas notas, entretendo os avós num domingo. 

— Toco. - Ele mostrou todos os dentes no sorriso com o olhar da garota. - Minha avó me ensinou. Ela costumava cantar num cabaret na frança, antes de conhecer meu avô. - E então se aproximou mais dela. - Eu posso tocar para você qualquer dia desses.

— Nossa, seria ótimo! - Ela respondeu, aproximando-se mais também. Estava pronta para roubar um beijo do loiro quando uma figura passou entre eles, cortando o contato dos dois e surpreendentemente dando uma troncada no ombro de Clary, que foi empurrada para o lado e segurou-se na bancada para não cair. 

— Ah, desculpem-me! Eu não vi vocês aí. - Sebastian afirmou, puxando o braço de Clary para cima e evitando assim que a ruiva caísse. Jace trincou os dentes e desviou o olhar. Não poderia simplesmente partir para cima dele. Era um menino de Deus e meninos de Deus se comportavam. 

Clary riu e saiu dos braços de Sebastian pela segunda vez na noite. Aquilo estava ficando irritante. - Ok, Sebastian. Não é como se você quisesse esbarrar em mim de propósito. 

— Exatamente, porque eu odeio você. O que você está bebendo? - Pegou o copo dela e deu uma golada. Vodca e refrigerante de limão. Ou melhor, vodca com pingos de limão. Parecia a mistura forte que Isabelle costumava fazer. - Uau, cuidado com isso. - Soltou, devolvendo o copo pra ela. - Você não vai querer tomar mais desses se voltar para casa sem vomitar na escada for seu objetivo. 

— Valeu pelo aviso, mas pode ficar com o copo. - Ela respondeu, sorrindo mais abertamente do que gostaria. Era o irmão de seu "namorado" e estava tentando mesmo ser simpática. Sebastian parecia ter um bom coração por baixo daquela camada enorme de arrogância e grosseria. - Eu não bebo. 

— Eu também não. - Sebastian disse em meio a um risinho. Aproximou-se do ouvido dela, vendo Jace fechar a mão em punho do outro lado pela visão periférica. Riu baixinho. - Se esse mané ficar fazendo a pêssega para você a noite toda, é só me chamar. Estarei logo ali. - Afastou-se, piscando para ela, e saiu pela multidão. 

— Vai ficar longe assim por quanto tempo? - Ela questionou com um sorrisinho. 

— Por quanto for necessário. - Soltou e logo se arrependeu. Ela perguntaria o porquê e ele seria obrigado a falar sobre aquilo. Droga!

— Necessário? O que você quer dizer com isso, padrezinho? - O sorriso dela diminuiu. 

— Que aqui é mais... seguro. - Soltou, embaraçado. - Você está...

— Aí está você, dona Clary! - Isabelle soltou, esbaforida. Tinha procurado Clary por todos os cantos. - Venha cá, eu quero te apresentar a algumas pessoas. Vou roubá-la por um minuto, ok, Jace? 

— Na verdade... - Ele começou, mas Izzy já tinha arrastado Clary para a sala. Soltou o ar, desapontado. Não se surpreendeu ao ver Sebastian assumir o lugar de Clary com uma garrafa de cerveja nas mãos. Tomou um gole. 

— E aí, frouxo. 

—...

— Não tem o que falar, é? Prefere correr?

Respirou fundo e olhou para o teto. - Deus! Me dê paciência, porque se me der forças eu vou acabar quebrando a cara do meu irmão e aí seria tchau tchau escola no vaticano e todo o resto.

— Frouxo. – Sebastian estalou a língua nos dentes. - Mas não se preocupe, você não precisa tomar nenhuma atitude. Pode até ficar a dez quilômetros de distância, porque nós sabemos com quem ela irá passar a noite. 

— Você não...- Jace fechou a mão em punho e deu um passo na direção de Sebastian. 

— Ousaria? Ah, pode ter certeza de que ousaria. E ousarei. - Riu debochado, dando um gole em sua bebida. - Eu vou deflorar aquela baixinha irritante e depois ela vai ficar atrás de mim, chorando, mendigando atenção, enquanto você, padre virgem, além disso tudo será corno. Mas não se preocupe... - A voz era áspera, provocando o irmão. Aproximou-se ainda mais para sussurrar-lhe no ouvido. -... eu serei gentil. 

Essa foi a faísca que Jace precisava para explodir. Pediu perdão a Deus, mas a quem ele queria enganar? Suas convicções estavam escapando pelos seus dedos desde que a garota entrara na sua vida. Não estava mais frequentando a igreja como antes, estava se tornando violento e pensando besteiras. Besteiras não cabíveis a um padre. Mas pouco se importava com aquilo. Sua sanidade, racionalidade... bem, ela estava acabando com aquilo também. No instante seguinte, a gola de Sebastian estava torcida em sua mão, enquanto o mais novo jogava o corpo de seu irmão mais velho contra a bancada da cozinha. Os copos de bebida que estavam ali em cima foram esmagados pelas costas de Sebastian e o pessoal ao redor parou para olhar. 

Jace aproximou o rosto do ouvido do irmão, não querendo perder todo o controle que tinha de si. - Você não vai querer mexer comigo. - E então soltou a camisa, vendo o irmão bufar, irado. Deu as costas para Sebastian e seguiu o caminho para sala. Estava já no batente da porta quando sentiu dois tapinhas no ombro e virou-se. Sebastian estava ali novamente, levemente desarrumado, mas com o sorriso provocativo de sempre. 

— Apenas observe, maninho. - E passou por Jace, correndo para o meio da sala, em direção à Clary - que conversava com Isabelle e duas garotas da turma dela. 

Alec brotou do seu lado com um copo vermelho na mão. - E aí, priminho, animado com a festa?

Os olhos de Jace seguiam Sebastian, de modo que ele nem estava ligando para o que Alec falava ou não. Viu o irmão mais velho cutucar a menina no ombro e quando a mesma virou, sua mão já estava na nuca dela e a boca... a boca estava grudada na dela num contato intenso. Ela arfou e petrificou, sem reação. 

Jace tomou o copo das mãos de Alec e engoliu todo o líquido transparente de uma vez. 

— Droga, Jace, isso não é água! - Começou, mas então sentiu o copo de plástico ser esmagado contra o próprio peito e Jace correr para o meio da confusão de corpos. Seguiu com o olhar e viu Sebastian devorando a boca de uma menina ruiva. - Puta merda! - E saiu correndo, seguindo o primo. 

                                    ~//~

— Galera, essa é Clary. - Izzy apresentou. - Clary, essas são Maia e Kaelie. - Maia era morena e alta, com curtos cabelos castanhos e roupas largas, enquanto Kaelie era branca demais, magra demais parecia uma daquelas crianças a quem você daria seu sanduíche.

— Olá! - Clary respondeu. - Uh, eu acho que já vi a Maia na minha classe de álgebra. 

— Hã, bem difícil. - Maia respondeu. - Eu estou na classe sênior de matemática, porque sou mais avançada que essas duas anencéfalas. - Isabelle revirou os olhos e checou as unhas.

— Ah, mas eu sou sênior. - Clary riu da cara da menina. 

— Nossa, mas você tem tipo doze anos. - Kaelie soltou com um risinho maldoso. O punho de Clary já estava pronto e quente para acertar a cara dela, mas se conteve. Em vez disso, sorriu um sorriso falso e virou-se para Maia novamente.

— Eu tenho dezesseis. Acabei pulando uma série. - Disse. 

— Mas e então... Izzy nos disse que você é nova aqui. Está gostando da festa? Já está de olho em alguém? - Maia disse em meio a um risinho. 

— A festa está ótima e eu, hum, não estou de olho em ninguém porque...

— Ela está namorando o meu primo. - Izzy contou e riu alto. 

Kaelie abriu a boca, chocada, e deu um tapinha no ombro de Clary. - Você conseguiu domar Sebastian? Alguém me enterra, porque eu estou morta. 

— Ai meu Deus! Eu pegaria de jeito aquele gostoso! - Maia disse, embasbacada. 

— Na verdade, ela está namorando o Jace. - Izzy riu e mexeu no cabelo, olhando para um garoto do outro lado da sala e dando um tchauzinho de flerte, aquele em que você balança todos os dedos. 

— Jace? — Kaelie parecia mais pálida ainda, se isso fosse possível. - Jace olhos de anjo? O mesmo que quer ser padre desde os doze anos e que passa todo o domingo na igreja? O menino que tentou convencer a classe inteira a fazer voto de castidade no primeiro ano?

— Aquele por quem Kaelie tem uma queda monstruosa desde o ensino fundamental? - Maia complementou, segurando o pulso de Clary. - Menina, não acredito que você conseguiu fazer o coroinha desistir da castidade dele!

— Pois acredite! - Izzy soltou e Clary sorriu envergonhada. - Eu o vi escalando a parede da Janela dela uns dias atrás. Nem acredito que esse é o mesmo garoto que fez minha mãe me colocar de castigo quando me encontrou no vestiário masculino com aquele menino, Simon. 

— Simon o emo-gótico das trevas? - Clary escarneou. Não conseguia pensar em Isabelle enrolada num vestiário com um garoto que se intitulava seguidor de satã e pintava as unhas. 

— Esse mesmo. - Izzy bebericou seu copo. - Todas nós temos um passado sombrio, Parker. O meu só é mais sombrio. 

— Lembra de como Izzy era caidinha por ele? - Kaelie soltou e riu. - Aquele magricela. 

— Olha a suja falando do esfarrapado. - Maia soltou, venenosa. - Pelo menos ele se alimenta. 

— Olha aqui, sua...!

— Kaelie tem ANA. - Isabelle soltou para Clary. - Sabe? Anorexia? Ela cultua isso como se fosse uma religião. É bizarro. 

— Que droga... - Clary murmurou, olhando para o corpo bizarramente magrelo da menina. Abriu a boca para falar para aquela menina não desperdiçar tudo o que ela tinha, pois haviam muitas crianças passando fome pelas ruas, quando sentiu um cutucão de leve no ombro. 

— Com licença... - A voz masculina disse atrás dela. Ela virou-se para ver quem falava com ela e então viu Sebastian de relance, com um sorriso matreiro nos lábios. As mãos dele, de repente, estavam uma na nuca e outra na cintura dela e ela só teve tempo de arfar antes de sentir o choque de suas bocas, com a língua dele sendo extremamente invasiva e intensa. 

Mortificou-se, sem entender nada. Só sabia de duas coisas: que o irmão mais velho de seu namorado, aquele mesmo que bateu nela e implicou com ela todos os dias em que se viram, estava atacando sua boca num beijo feroz e que ela estava petrificada, sem saber o que fazer, mas não de fato achando o beijo ruim, apenas errado.

Usou as mãos, finalmente, para dar um empurrão brusco nele, quando viu um clarão dourado passar diante dos seus olhos, separando o garoto de sua boca e o fazendo cair no chão. 

— Ai. Meu. Deus! - Kaelie berrou no ouvido dela, mas a ruiva ainda estava perplexa, não entendendo nada do que estava acontecendo. Olhou para o lado e viu um círculo se formando ao redor dos dois garotos, com Jace por cima de Sebastian, deferindo um soco bem na face de Sebastian, que se contorceu. 

Clary encontrou voz de não sei de onde para berrar um "Jace!" e o loiro virou-se para ela, o rosto bravo, se desligando da briga por um instante e então Sebastian já o tinha jogado no chão, pulando por cima dele. Jace recebeu um soco na parte superior da bochecha que fez sua cara virar, mas tomou um impulso e jogou Sebastian longe com as pernas.

— BRIGAAAAAA! - Um garoto berrou e então as pessoas começaram a berrar junto. - Briga! Briga! Briga! Briga!

Eles estavam brigando. Por ela. 

Alec parou ao lado de Clary, embasbacado. Enquanto isso, Sebastian já tinha se deslocado e agora Jace pulava sobre ele, derrubando ambos em cima de uma mesinha de centro, que se partiu. A camisa de Jace foi puxada num reflexo de Sebastian, e acabou se rasgando.

— Isso mesmo, garotos! Tirem tudo! - Maia berrou, perdendo a noção do perigo do olhar que Clary direcionou a ela. Alec gargalhou e recebeu uma pancada de Isabelle.

— Ai, meu Deus, Alec! Faça alguma coisa! - Isabelle berrou. 

— Por que eu? Não me meto em situações perigosas pro meu rosto. - Respondeu. - Agora, a baixinha agressiva aqui pode muito bem parar isso aí. 

Jace agarrou um chumaço do cabelo de Sebastian enquanto batia com a cara dele num pedaço de mesa, totalmente agressivo. Clary nunca pensou que fosse vê-lo daquele jeito, totalmente transtornado. - Eu. Falei. Pra. Ficar. Longe. Dela. - Soltava uma palavra a cada batida. A lateral do rosto de Sebastian estava sangrenta, assim como o canto da bochecha de Jace e o lábio inferior, que jorrava sangue. De algum modo, Sebastian se livrou da agressão e empurrou Jace para longe, levantando-se em seguida.

— É tudo o que você tem, maninho? - E logo estava pulando por sobre o corpo do mais novo, abraçando a cintura e o desestabilizando, jogando-o no chão logo em seguida.

— Pelo amor de Deus! Briguem lá fora! - A aparente dona da festa, Jessamine, berrou para os dois idiotas. Sebastian ergueu-se para ouvi-la e então Jace saltou sobre ele, fazendo os dois atravessarem a janela enorme que ficava na parede perto da porta, que se desfez em meio ao caos. Jessamine arregalou os olhos mediante a cena. - Obrigada! - Soltou, irônica, mas quase ninguém ouviu pois estavam todos se direcionando para o jardim da casa, onde os irmãos ainda se atracavam. 

Clary respirou fundo e contou até três, para então correr porta afora, encontrando então Sebastian por cima de Jace em meio aos arbustos. Não pensou duas vezes antes de se dirigir a eles, mesmo ouvindo os avisos das pessoas dizendo que ela iria acabar se machucando, e pegar o cabelo de Sebastian, puxando-o firmemente para trás, para o chão, deixando-o desnorteado. Pôs-se entre os dois e jogou Jace para trás quando o mesmo ameaçou pular em cima do irmão novamente. 

Fitou um, depois o outro, encontrando duas figuras cobertas de sangue - Jace com a camisa rasgada, com o que era branco agora sujo, e Sebastian todo descabelado, o cabelo branco assumindo uma cor vinho na parte lateral. Ambos arfavam. 

— Vocês estão grandinhos demais para isso. - Ela brigou. - Sério, rapazes? Briga? Por causa de uma garota? Vocês são irmãos, então ajam como tal!

— Você não sabe o que- Sebastian começou, mas foi cortado.

— E nem quero saber! - Ela berrou, irritada. Virou-se para Sebastian. - Você: Vá embora daqui porque sabe que tá errado. - Virou-se para Jace. - E eu esperava mais de você, mocinho. 

Sebastian gargalhou atrás dela, limpando um filete de sangue da boca. - Desculpe, querida, acho que não vou poder terminar o que comecei hoje. Mas prometo te dar uma atenção dobrada da próxima vez. - E apontou para o sangue que ainda escorria da têmpora. Piscou para ela. 

— Seu...! - Jace silvou e avançou contra ele, sendo detido por Alec dessa vez. 

— Vocês dois parem já com isso ou irei ligar para a tia Celine. - Alec berrou. - Clary, leva o Jace lá pra cima antes que ele mate alguém, por favor. 

Ela assentiu e puxou a gola da camisa dele. - Vamos lá, monstrinho, antes que você acabe indo pro inferno. - Levou o garoto para dentro de casa, a multidão de pessoas abrindo espaço para ambos, amedrontados. Subiram a escada, o loiro quieto com as mãos ainda em punhos, enquanto ela o jogava para dentro de um quarto, entrava e fechava a porta. 

Acendeu a luz. Tinha uma cama grande de dossel rosa, paredes cobertas de fotos de uma garota loira esmirrada, com uma casa de bonecas no canto e coisas espalhadas. - Sente-se na cama que verei se tem um kit de primeiros socorros no banheiro. - Clary disse e abriu uma das portas que estavam no canto esquerdo, dando de cara com o closet, fechando-a em seguida para adentrar a outra. A luz foi acesa e a menina retornou poucos minutos depois, segurando uma caixinha vermelha com uma cruz branca nas mãos. 

Caminhou até Jace, que estava sentado na confortável cama de Jessamine, e repousou a caixa ao seu lado, abrindo-a e pegando gaze e água oxigenada. Embebedou a gaze na água e começou a limpar a o ferimento da bochecha dele. Ficaram em silêncio enquanto ela continuava a limpar o sangue, passava Povidine na ferida e colocava um band-aid por cima. Fez o mesmo processo com o lábio inferior dele, que estava com um corte simples logo no cantinho, então ela não pôs um curativo. 

— Tire a camisa. - Ela ordenou. Ele arregalou os olhos. - Não vou abusar de você, apenas quero ver se tem algum corte. - Ele assentiu e começou a desabotoar a camisa, o que foi estranhamente doloroso, já que ele não tinha percebido o inchaço da mão. Praguejou e ela percebeu a mão surrada dele. Dessa vez ela que balançou a cabeça. Levou as mãos até os botões, desabotoando o primeiro. - Se você vai socar alguém, use luvas, entendeu? - E sorriu, tirando a camisa dele dos ombros e jogando-a no chão. Ele tinha um arranhão feio nas costas, que sangrava um pouco, e um na lateral do corpo, na área das costelas. Pegou mais gaze e começou a limpar o das costas. Ele estava sério. 

— Você... gostou?— A voz dele era um murmuro rouco que ela não teria ouvido se não estivesse tão perto. Ele estava consciente do corpo dela tão próximo, vestido daquele jeito, com um cheiro tão bom de um perfume adocicado e, surpreendentemente, Clary sage. 

Ela pigarreou e pôs um band-aid no arranhão, não olhando diretamente nos olhos dele. - A que você está se referindo?

— Ao meu irmão. - Ele disse. Estava sentindo a bebida de Alec queimar no estômago. Não era o suficiente para ficar bêbado, mas estava ligeiramente mais solto. - Ao beijo dele. Você gostou?

Ela pegou outra gaze e a água oxigenada, olhando nos olhos dele. - Não seja tolo, Jace. Foi só um beijo, de implicância. Eu nem tive tempo de sentir algo antes de você se atracar com ele. 

— Mas queria? - Ele questionou, as mãos se fechando em punho. Desde quando ele se tornara tão irritado? 

Ela apoiou a mão no peito dele para poder limpar o segundo arranhão, tornando-se então muito consciente da semi-nudez dele. Ofegou baixinho, o rosto perto do dele, sendo coberto por parte do cabelo ruivo. - E-eu... Não estou entendendo. Nós nem namoramos de verdade. Você quer ser padre... Como pode estar sentindo ciúmes? 

Jace pôs uma mecha do cabelo dela atrás da orelha, a respiração dele batia no pescoço dela desse modo, causando arrepios com os sopros quentes. Ela estremeceu ao ouvir a voz rouca dele. - Você pode deixar ele se aproximar novamente, se é a ele quem você quer. 

A mão dela percorreu o peito dele, quente, apertando o ombro com força. Afastou a cabeça levemente, apenas para olhar fundo nos olhos dourados. Não reconheceu a própria voz, rouca, ao responder o desafio dele. - Mas e se quem eu quiser for você? 

Os olhos dele caíram para a boca dela. Ele inspirou fundo. - Se for a mim? - Questionou e ela estava pronta para dizer que sim, mas então a mão dele já tinha puxado a nuca dela para baixo e eles estavam se beijando. Delicadamente, a princípio, mas então ela arquejou - esquecera-se de respirar -e ele perdeu o fio de sanidade que ainda guardava. 

Com a mão na cintura dela, girou o corpo, puxando-a para baixo, de modo que ele estava deitado na cama com o corpo dela acima de si. Ela apertou o ombro dele, a cabeça girando, ébria, enquanto meio que erguia o corpo e se ajeitava, passando uma perna para cada lado da cintura dele, mas sem desgrudar as bocas. Um som baixo saiu de sua garganta quando reparou no quão quente ele estava, as mãos dele percorrendo a cintura dela, as costelas, descendo então para o quadril e por fim nas coxas, subindo levemente o vestido com os dedos, para então apertar a área recém descoberta. Forte. Ela tirou os sapatos com alguma dificuldade, para não romper o beijo, e os jogou para longe, enquanto as mãos percorriam todo o peito nu do garoto, cada gominho obtido na academia dos padres, e voltando para cima, apertando o ombro e se agarrando nos fios sedosos do cabelo. 

O sentiu estremecer quando parou de se apoiar nos braços e soltou o peso do corpo, deixando tudo mais próximo - os troncos, os braços, os quadris. Puxou o cabelo dele para afastar as bocas quando o ar não estava mais presente e foi recebida com beijos no pescoço, desesperados, como se ele tivesse reprimido todo aquele calor dentro dele por anos e agora enfim estivesse o soltando. A mão dele percorreu as costas dela, puxando o zíper para baixo até o meio das costas, para então erguer o tronco, sentindo-a ficar mais próxima lá em baixo, enquanto a boca dele começava a distribuir beijos no ombro, descendo a primeira manga com os dedos inchados, traçando com a boca uma linha no colo dela, para então abaixar a segunda manga. O tecido desceu mais do que o esperado, revelando o começo do sutiã verde com pequenas rendas delicadas cobrindo a curva suave do peito. 

Ela sabia que não era uma Isabelle da vida, com três metros e meio de peito, e corou, encolhendo-se um pouco ao sentir os beijos dele descerem ligeiramente pelo colo. Puxou mais os fios dele, sentindo a vibração do som que ele soltou no próprio peito. Ele tomou um impulso, virando o corpo dela na cama e ficando por cima, a boca encontrando a dela novamente, enquanto as pernas dela enroscavam a cintura dele, deixando aquele calor quase que insuportável. Ele largou o peso do corpo e ela estremeceu com a sensação, o impacto que aquilo provocou nela, no contato dos quadris. Não pôde controlar o som que soltou quando ele repetiu o ato, ondulando os quadris, e correu as mãos pelas costas dele. Ele deixou a sua boca, tecendo beijos pelo pescoço, descendo novamente pelo colo, enquanto baixava ainda mais o vestido. Ele ergueu-se, puxando o resto da manga pelos braços dela, puxando o vestido até a cintura, e deitando-se novamente por cima, pele com pele, até que descesse ainda mais os beijos. Ele soltou o peso dos quadris novamente, investindo contra ela, e como resposta teve as unhas dela pressionando suas costas em oito arranhões paralelos. Gemeu contra o peito dela, subindo então os beijos para a boca dela, sendo mais ousado, mais exigente, sugando a língua dela enquanto a mão subia pela barriga da menina, adentrando a pequena peça de roupa que cobria a parte superior de seu corpo. A mão quente encontrando aquele pedaço de pele que ainda não fora realmente visto. Ela arquejou contra a boca dele, beijando então o pescoço do menino, os ombros, a nuca, os quadris se juntando ainda mais... 

A porta foi aberta de rompante. - O Sebastian foi embora. Como você tá, Ja-ce... - Isabelle terminou a frase mortificada com a cena. O primo aparentemente casto estava deitado em cima da amiga ruiva, a mão por debaixo do sutiã totalmente amostra, que antes era tapado pelo vestido que estava agora enrolado na cintura, enquanto as pernas dela envolviam o quadril dele. Ele estava encarando ela com um olhar de quem iria matá-la, os cabelos pendendo da cabeça, sem camisa. Clary estava corada demais, parecia que ia desmaiar de tão vermelha, enquanto estava deitada na cama de Jessamine. Não se contendo, Izzy começou a gargalhar. - Oh... Me... Me... Desculpem. Eu não queria interromper. Quando for assim, tranquem. - Saiu e fechou a porta. 

— Jace... - Clary murmurou quando ele não voltou a olhar para ela. A mão dele saiu de dentro do sutiã dela e o mesmo se afastou, sentando-se na cama de costas para ele. - Jace?

— Eu... Eu não posso, Clary. Me desculpe. Eu não deveria... - Ele balançou a cabeça, pegando a camisa rasgada do chão. 

— Mas eu quis. E-Eu quero. - Ela sentou-se também, passando a mão nos ombros dele. Ele virou o rosto para ela, levemente, e então ela o beijou. Foi muito mais calmo dessa vez, mas quando ela foi deitando-se, puxando ele para deitar acima dela, ele se afastou de vez e foi para perto da parede do quarto. 

— Não, Clary! Não! - Ele protestou. - Eu... simplesmente não posso. Me perdoe. - E vestindo a camisa por cima dos ombros, saiu correndo do quarto, batendo a porta. Ela sentou-se novamente, suspirando frustrada, e vestiu novamente as magas do vestido, catando os sapatos e arrumando o cabelo antes de descer. Encontrou Isabelle fofocando com Alec. 

Corou de vergonha ao ver o sorrisinho da morena. - Eu estava falando aqui pro meu irmão da posição que peguei o Jace naquela hora e...

— Valeu mesmo Isabelle, por cortar meu clima. - Revirou os olhos. - Vocês viram o Jace?

— Ele foi embora, mas pediu para que nós levássemos você em segurança para sua casa. 

Clary suspirou pela segunda vez. Aquele frouxo. 

                                     * * * * * * * * * * 

Clary havia voltado pra casa, tomado um bom banho e se jogado na cama. Estava tão cansada, pronta pra dormir, enquanto pensava em toda aquela cena quente entre os dois, que mal percebeu a figura se esgueirar pela janela de seu quarto. Sentiu a cama afundando e se assustou. 

— Hã... Jace? 

Ele murmurou um shhh, puxando ela para um beijo calmo. Ele estava cheirando a sabão e shampoo de maçã verde e nela não pôde deixar de sorrir durante o beijo. Ele estava ali para desculpar-se pela suposta rejeição, ela sabia. Estava bem tarde e ele tinha que dormir, assim como ela. Mas ainda assim estava ali. 

E então ele rompeu o beijo, aconchegando-se ao lado dela, puxando ela para o próprio peito. Não fazia ideia do porquê estava ali, mas estava tão cansado de tentar não sentir o que sentia por aquela garota. 

Depositando um beijo no topo da cabeça dela ele sussurrou um Durma, Clary. E abraçada pelo calor dos braços dele, ela dormiu. 

Ela poderia fazer um eterno voto de castidade se no final da noite eles dormissem assim. 

 


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Notas finais do capítulo

Gostou? Comente!
Não gostou? Comente para que eu possa melhorar!
Tá indiferente? Comenta uma coisa aleatória.
Mas por favor, comente!
XoXo
Undisclosed Desires.

Não vai comentar? Beleza. Também nem vou me apressar pra postar.