Call Me Evans escrita por Coffee


Capítulo 1
Prologue


Notas iniciais do capítulo

Olar, sweethearts! Tudo bem com voces?! ♥

Então... Eu deveria atualizar outras fanfics, eu sei. Mas, aqui estamos nós. Com mais uma nova fanfic. Yay. Eu estou sinceramente e extremamente feliz de estar postando essa fic! Tive a ideia lá início de Dezembro e eu sinceramente achei que não ia sair! Mas, novamente, aqui estamos nós!

Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer a Giih Black que está betando essa fanfic. Sei que já disse isso nas notas da história, mas, não custa nada reforçar. Ela ajudou muito com a fanfic e a vontade que eu tenho é de colocar num potinho e proteger de todo o mal do mundo, mesmo sendo tímida ao ponto de ter dificuldades para começar uma conversa com ela skjskj Sz

Novamente, eu disse nas notas do capítulo, mas, não custa nada lembrar! Essa fanfic foi vagamente inspirada na história de Alexander Hamilton e tem várias citações de músicas do musical Hamilton! Inclusive, essa ideia veio quando eu estava sem internet e resolvi ler a biografia de Alexander Hamilton. Então, eu li e pensei: "Por que não?". Aqui estamos.

A fanfic se passa no ano de 1776 até aproximadamente 1804. Então, costumes diferentes, falas diferentes, modos de se agir diferentes. Inclusive, só por que alguns/vários personagens aqui bebem sem se preocupar com a vida, pensem antes de fazer isso. Nessa época, eram pouquíssimas as pessoas que conseguiam saber as consequências do álcool. O machismo que será apresentado também é da época. E, mais uma vez, lembro que o preconceito no mundo bruxo é diferente do mundo trouxa. Expliquei tudo bonitinho nas notas da história.

Enfim, eu sei que já devo ter enchido o saco de voces que não ignoram as notas do capítulo, né? Pretendo postar o próximo capítulo o mais rápido o possível (que está enorme, inclusive) e vejo todos voces nos comentários!

Boa leitura:



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“Eu penso que o primeiro dever da sociedade é justiça.” – Alexander Hamilton (1757-1804)

***

Acabada. Destruída. Despedaçada. Perdida. Essas quatro palavras facilmente podiam descrever o atual estado de Lily Evans, enquanto ela encarava com choque e tristeza a devastação que estava a sua pequena e pobre cidade. As pessoas choravam, se desesperavam, gritavam por nomes de pessoas que nunca iriam responder. Lily queria fazer o mesmo. Ela queria chorar, queria gritar, queria se desesperar. Porém, o choque era maior. Ela não conseguiu sequer se mover. Apenas ficou em pé no mesmo lugar, o vento balançando o seu cabelo ruivo e ondulado enquanto ela observa tudo acontecer.

Naquele ano, ocorreu a pior tempestade em dez anos. Ninguém estava preparado para aquilo. Foi um enorme susto. Quando trovões e tempestades começaram a cair e atingir árvores e casas, o desespero começou. Ninguém realmente conseguia ver algo em meio à gritaria, a ventania e a chuva. Lily gritava por seus pais. Quando a tempestade chegou, ela estava voltando do trabalho. Ela sentiu desespero, procurando por sua casa e não conseguindo achar. Lily escutou gritos de seus pais. Ela ouviu o barulho de um desabamento. Lily caiu de joelhos no chão, observando a sua casa cair em pedaços, sem ao menos ter a chance de fazer alguma coisa.

No dia seguinte, a agonia do dia anterior não era nada comparada ao que acontecia. As pessoas se desesperavam procurando por parentes que morreram em desabamentos ou atingidos por raios. Lily sinceramente queria ter sido atingida por um raio, naquele momento. Talvez o sofrimento tivesse sido menor do que ela estava sentindo. Ela era uma jovem mulher bruxa com nada mais do que um diploma de Hogwarts embaixo do braço, um vestido verde surrado sujo de lama, um pedaço de pergaminho e uma pena. Todo o dinheiro que ela tinha estava na casa que agora estava em pedaços, e todo esse dinheiro tinha simplesmente sumido, sido enterrado assim como as suas memórias e esperanças.

Ela sabia que estava sendo ingrata. Sua irmã mais velha, Petunia, disse que ela poderia ficar em sua casa (junto com o seu sobrinho mimado e o seu esposo insuportável) o tempo que Lily precisasse. Ela deveria estar feliz de ao menos ter uma casa para ficar. Várias pessoas naquela cidade iriam ficar sem teto. Teriam de sobreviver em meio ao frio do inverno e as chuvas de verão. Porém, nem um único sorriso conseguia surgir no rosto de Lily naquele momento. Ela sentia como se toda a sua esperança tivesse sumido de seu corpo. Qualquer chance dela ser alguém no mundo bruxo parecia ter simplesmente evaporado.

Lily suspirou, cansada, olhando para o céu que ainda estava cinza, como estivesse sem humor, como se estivesse de luto. Ela então começou a caminhar pela destruição, sem se importar muito com o que acontecia ao seu redor. Os gritos eram abafados por seus pensamentos que gritavam em sua mente. Após alguns minutos de caminhada em pleno silêncio, Lily chegou ao seu destino. Ela encarou a casa de sua irmã, uma das únicas casas que não foram destruídas pela tempestade. Ela olhou uma última vez para trás antes de abrir a porta, revirando os olhos quando ouviu a irmã tentando negociar com o filho, Dudley (Lily ainda tenta compreender esse nome), que berrava por algum motivo. Percebendo a ruiva na sala, Petunia suspirou e sorriu fracamente.

— Olá, Lily! – Petunia gritou, tentando fazer com que a sua voz fosse escutada em meio aos berros do filho. –Então, como foi na cidade? Conseguiu algum cliente?

— Absolutamente nenhum. – Lily respondeu gritando. – As pessoas estão desesperadas demais para sequer pensarem em enviar alguma carta.

— Uma verdadeira pena. – Petunia pegou uma mamadeira e deu a Dudley, que, por um momento, parou de chorar, causando alivio em ambas. – Eu já lhe disse que você deveria esquecer essa história de ir para Nova York. Você deveria aproveitar que é bonita e tentar se casar com um homem rico.

— Bem, eu já lhe disse que você deveria parar de mimar o seu filho e deixar de ser capacho de Vernon, mas isso não quer dizer que você me escuta. – A ruiva retrucou, cruzando os braços.

— É diferente, foram escolhas que eu fiz e não me arrependo. – Petunia arqueou uma das sobrancelhas, chateada.

— Assim como eu não me arrependo de querer ser independente e querer deixar um legado. – A expressão de chateação era clara no rosto de Lily quando ela caminhou até a escada de madeira.

— Lily, não me interprete mal, não queria te ofender. – A mais velha parecia verdadeiramente arrependida.

— Estarei escrevendo algumas coisas no meu quarto. – Lily não olhou para a irmã quando murmurou. – Me avise quando o jantar estiver pronto.

Lily subiu as escadas antes que Petunia pudesse sequer responder. Ela entrou no quarto de hóspedes (que, por enquanto, era o quarto onde Lily dormia), suspirando. O quarto era pequeno e nem um pouco confortável. Conseguia ser menor do que o quarto de Lily na casa de seus pais. Tinha apenas o básico. Uma escrivaninha, uma cama (cujo colchão tinha mofo) e uma janela. Lily, cansada, caminhou até a escrivaninha e encarou o pedaço de pergaminho, a pena e um pouco de tinta que Petunia havia lhe emprestado.

Ela sentiu o coração pesar e sentou na cadeira de madeira. Não era confortável assim como a cadeira que seus pais lhe deram no aniversário (eles tiveram de trabalhar muito e juntar bastante dinheiro para conseguir comprar aquela cara cadeira), porém, tinha que servir. Suas mãos tremiam quando ela pegou a pena e molhou a ponta na tinta preta. Lily suspirou antes de começar a escrever no pedaço de pergaminho. Ela esperava que se escrevesse, poderia retirar do peito toda a dor e sofrimento que ela sentia no momento. Afinal, escrever era a única coisa que lhe restava a se fazer no momento.

—--___---

Acredito que o sofrimento não seja algo que passa rapidamente pela sua vida. Onde você for, onde você estiver sempre vai ter alguém ao seu redor sofrendo. Lágrimas traçando um caminho de tristeza e uma dor que não foi expressa em palavras. Uma vez, uma pessoa me disse que o silêncio é o grito mais poderoso que existe. Eu discordo em certa parte. Acredito que o grito mais poderoso que existe não pode ser expresso com barulhos e muito menos o silêncio. Acredito que as palavras escritas em um pedaço de pergaminho conseguem ser o maior e mais doloroso grito que você pode dar.

Ainda procuro palavras para expressar o sofrimento que passo nesse momento. Eu cresci nessa pequena cidade. Eu me lembro de acordar com o doce cheiro da venda de morangos pela janela. Eu não fui muito favorecida, posso afirmar. Meus pais não possuíam uma grande e segura fonte de renda. Mas, posso tentar afirmar que eu consegui ser feliz. Enfrentei preconceitos devido o meu gênero (e ainda enfrento, para ser sincera) e consegui aprender a ler e escrever. Sei que, para alguns, pode ser uma coisa banal. Mas para mim, Lily Evans, uma jovem e pobre mulher em um mundo dominado por homens e ricos, foi uma conquista enorme.

Naquela tempestade, eu senti e vi a morte como se fosse uma velha amiga. Uma memória. Alguém de muitos anos atrás, quando eu me vi infectada com uma doença desconhecida. Quando um milagre aconteceu e eu me vi curada, percebi que, se eu tivesse morrido ali, o que eu teria deixado? Qual seria o meu legado? Quem, atualmente, iria lembrar-se do meu nome? Quem iria lembrar-se de quem era Lily Evans? Talvez uma ou outra pessoa, que se lembre de quando eu escrevi uma carta. Mas, o que eu iria deixar? Não faço a mínima ideia.

Acho que foi por causa desse pensamento que eu quis ir para Nova York. Céus, Nova York! Algumas pessoas me dizem que se você sobreviver em Nova York, isso quer dizer que você pode sobreviver em qualquer lugar. Queria trabalhar escrevendo, queria trabalhar na política. Eu estudei um pouco de Direito, eu sei o que fazer. Praticaria a lei e a praticaria perfeitamente. Foi esse sonho que fez com que eu tivesse impulso, algum objetivo de vida. Comecei a juntar um pouco de dinheiro. Pouco por mês. Nunca iria conseguir comprar uma passagem de navio para Nova York, desse jeito. Mas havia uma coisa que me incentivava a continuar. Esperança.

Mas a esperança foi completamente amassada, despedaçada, arruinada. A tempestade que atingiu a minha cidade, a nossa cidade, esmagou qualquer chance que eu tinha de um dia embarcar em um navio para Nova York e construir um legado, algo para deixar quando eu morrer. Algo para que, no mínimo, uma única pessoa lembre-se de mim. Algo para que saibam quem foi Lily Evans.

Porém, me vejo triste em saber que, provavelmente, passarei o resto da minha vida nessa cidade. Verei-me obrigada a me casar e ter como único trabalho servir a um marido, que, provavelmente, não me respeitará. A minha esperança morreu, assim como a minha casa desabou e meus pais pereceram. Gostaria de chorar, porém, acredito que toda a água que tinha que ser derramada já foi derramado com toda a água que caiu das nuvens.

Atenciosamente para Ninguém,

Lily Evans.

—--___---

Lily abaixou a pena e encarou tudo o que havia escrito no pergaminho. Por algum motivo, ela sentiu como se tivesse tirado um enorme peso de seus ombros. Ela sentiu como se toda a ansiedade presente no seu coração tivesse sumido e, pela primeira vez em anos, Lily sentiu-se tranquila. Claro que, no fundo, o sofrimento, a dor, a tristeza e a ansiedade continuavam ali, causando uma tremenda dor em seu coração. Porém, pareceu que tudo ficou mais calmo e que o futuro poderia ser melhor.

— Lily! – ela rapidamente virou a cabeça na direção da porta quando ouviu a sua irmã chamá-la do andar de baixo. – Vernon chegou e o jantar está pronto! Venha, só falta você!

— Já estou indo, Tuney! – Lily gritou a resposta.

Ela se levantou da cadeira, porém, antes, encarou o pedaço de pergaminho que estava na escrivaninha. Lily franziu a testa e suspirou. Foi realmente muito bom tirar todo aquele peso de suas costas, porém, ela não via a necessidade de ter aquilo ocupando o pouco espaço que ela tinha. A ruiva então caminhou na direção do papel e o amassou, andando até a janela, a abrindo e jogando o papel amassado pela mesma, observando o vento o arrastar pelas ruas.

— Lily, você vem ou não?! – A ruiva revirou os olhos quando ouviu Petunia chamá-la mais uma vez.

— Já disse que estou indo! – Lily mais uma vez gritou.

Lily se afastou da janela e tranquilamente desceu as escadas. Dudley, como sempre, fazia birra por algum motivo cujo ela não se importava em saber. Petunia, calada, colocava a comida na mesa. Vernon não parava de reclamar sobre alguma coisa aleatória. Quando ele a viu no topo da escada, Vernon lhe lançou um olhar furioso, quase como se a odiasse (e talvez realmente odiasse). Porém, Lily apenas suspirou e caminhou na direção da mesa. Novamente, a esperança pareceu desaparecer.

***

A manhã na casa dos Dursley era algo que sinceramente irritava Lily. Com dor de cabeça, a jovem de dezenove anos, calada, apenas não tirava os olhos do seu prato. Dudley berrava, pois não estava satisfeito com a quantidade que ganhou de comida. Vernon iria apoiar o filho, dizendo que ele tinha que comer para se tornar um homem grande e forte, e aproveitava para criticar duramente Lily com os seus ideais (cujos Lily considerava ridículos) relacionados à superioridade do homem em relação à mulher. Eram os olhares desesperados que Petunia lhe lançava que faziam com que Lily não desse um murro no rosto de Vernon.

— Sabe, Evans, ainda não entendo o que faz com que você trabalhe. – Vernon repentinamente disse e Lily cerrou os punhos. – Você é uma mulher bonita e inteligente. Qualquer homem iria te querer.

— Eu já lhe disse mais de cinqüenta vezes, Dursley, que eu não estou interessada em me casar. – O suspiro que Lily deu era irritado e aborrecido. – Sem contar que a minha felicidade não depende unicamente de um homem.

— Claro que depende! – Vernon pareceu indignado quando exclamou. – O que é uma mulher sem um homem ao seu lado?!

Lily ia responder. Ela ia dar uma resposta tão azeda e grossa que, provavelmente, Vernon iria expulsá-la da casa. Porém, antes mesmo dela sequer abrir a boca, alguma pessoa bateu na porta. Enjoada da conversa com Vernon, Lily se levantou e caminhou até a porta, arqueando uma das sobrancelhas quando abriu a porta. Quem estava ali era um homem que Lily nunca havia falado, porém, ela o reconhecia como quem escrevia o jornal da pequena cidade. A ruiva reparou que ele segurava fortemente um pedaço de papel.

— Posso ajudá-lo? – Lily educadamente perguntou.

— Com licença, a senhorita é Lily Evans? – O homem perguntou com os olhos arregalados.

— A primeira e única. – ela cruzou os braços, se apoiando na porta. – O que o senhor gostaria?

— A senhorita não deve me conhecer, mas, meu nome é Lyall Faucette. – O homem estendeu a mão e Lily, desconfiada, a apertou. – É um prazer te conhecer.

— Digo o mesmo. – Lily acenou rapidamente. – Porém, você ainda não me deu uma resposta para a minha primeira pergunta.

— Oh, sim! – ele entregou o pergaminho para Lily. – Acredito que isso é seu.

— Como você achou isso?! – Lily arregalou os olhos quando percebeu que aquele pergaminho era o mesmo que ela jogou fora no dia anterior.

— Eu achei esse pergaminho amassado na rua!– Lyall parecia uma criança que havia acabado de ganhar um doce. – Céus, como você pode jogar isso fora?! Eu fiquei repleto de arrepios! Quase chorei! Sua escrita é incrível!

— Eu... – As palavras se engasgaram na garganta de Lily, que, chocada, não fazia a mínima ideia do que falar. – E-Eu joguei isso fora...

— Que sorte eu tive de encontrar, então! – Lily ergueu os olhos do pergaminho e encarou Lyall, que tinha os olhos brilhando. – Isso é simplesmente lindo! Vim pedir sua permissão para publicar o texto no jornal!

— Publicar no jornal?! – As mãos de Lily tremiam quase incontrolavelmente e ela estava completamente incrédula.

— Sim! – Lyall afirmou, rindo um pouco. – São essas as palavras de inspiração que as pessoas da cidade precisam nesse momento!

— Bem, acho que sim. – Lily franziu a testa, ainda em choque. – Não me importaria.

— Ótimo! – ele repentinamente pegou o pergaminho nas mãos de Lily, sorrindo histericamente na direção da ruiva. – Muito obrigado, Srta. Evans, muito obrigado!

E dizendo isso, ele começou a correr para longe, dando pulinhos. Lily apenas arqueou uma das sobrancelhas, ainda em choque. Ela não tinha a certeza de como Lyall Faucette havia achado aquele pergaminho, nem sequer sabia como as palavras que ela havia escrito estavam legíveis após ela ter amassado o pergaminho. Lily apenas suspirou e fechou a porta, voltando até a mesa e se preparando para novamente escutar o discurso de Vernon. Nada de muito extraordinário deveria ocorrer após isso.

***

No dia seguinte, Lily percebeu que, quando ela saía na rua, todos os olhares se voltavam para ela. A ruiva não se sentia incomodada, porém, aquele novo sentimento era estranho. Ela nunca foi o que poderia se chamar de “centro das atenções”. Nem quando ela estudou em Hogwarts as pessoas prestavam muita atenção na jovem garota ruiva de origem trouxa. Então, foi esquisito quando as pessoas a olhavam e cochichavam o seu nome. Ela não precisou pensar duas vezes para saber o porquê de ter se tornado o centro das atenções tão repentinamente. O seu texto publicado no jornal era o único motivo.

Lily apenas não entendeu o porquê de tanto estardalhaço. Era apenas um texto, assim como qualquer outro. Ela tinha quase a certeza de que em alguns dias, as pessoas iriam esquecer daquilo. Porém, Lily estava errada. O número de pessoas que lhe pediam para escrever cartas aumentou absurdamente. E todas elas perguntavam se ela era a garota do jornal. Ela apenas assentia e sorria levemente, sem entender o porquê de toda aquela agonia por causa de um simples texto, que não era muito diferente dos que ela escrevia. Lily apostava que, até o final do mês, as pessoas iriam esquecer aquilo e iriam voltar as suas vidas normais. Mais uma vez, Lily estava errada.

Faltavam apenas alguns dias para o final do mês. Graças ao incidente do jornal, as pessoas procuraram Lily para que ela escrevesse alguma carta devido a sua escrita bonita e tocante. Lily sentia-se feliz das pessoas valorizarem o seu trabalho. E, de qualquer jeito, ela estava ganhando uma boa quantidade de dinheiro. Naquela tarde, enquanto Vernon trabalhava e Petunia cuidava de Dudley, Lily terminava de escrever uma carta no seu quarto. Ela ouviu alguém bater na porta e, antes que Petunia fosse atender, ela gritou:

— Eu atendo!

E dizendo isso, ela afastou a cadeira da escrivaninha e se levantou. Rapidamente, ela desceu as escadas, que rangiam com os seus pesados e apressados passos. Lily abriu a porta e arregalou os olhos quando viu um grupo consideravelmente grande de pessoas a sua frente. Ela tinha quase a certeza de que praticamente toda a cidade estava a sua frente. Uma pessoa que ela reconheceu como sendo Lyall Faucette deu um passo a frente, sorrindo largamente. A confusão era clara no rosto da ruiva.

— Sr. Faucette. – Lily rapidamente acenou. – Com todo o respeito, senhor, o que está fazendo aqui com boa parte da cidade aqui?

— Temos uma ótima notícia, Srta. Evans! – Lyall trocava olhares com algumas pessoas que estavam ao seu lado. – A senhorita irá para Nova York em alguns dias!

— O que? – ela sussurrou, mal acreditando na frase que Lyall havia dito. – Eu... Eu não posso ir até Nova York, Sr. Faucette. Eu não tenho dinheiro para isso.

— Agora tem! – O sorriso de Lyall ficou mais largo quando ele tirou uma pequena sacola do bolso e a entregou para Lily, que, chocada segurou a pequena sacola com as mãos tremendo. – Depois de publicar o seu texto no jornal, muitas pessoas da cidade se comoveram com as suas palavras e a sua história. Então, começamos a fazer uma campanha para juntar dinheiro e pagar uma passagem de navio até Nova York.

— Eu... Eu não posso acreditar. – Lily ergueu os olhos da sacola, segurando fortemente, quase como se ela pudesse sumir a qualquer minuto.

— Você merece, querida. – Uma idosa disse com um sorriso leve ao encará-la. – Pessoas como você vão longe nessa vida.

— Está esperando o que? – Lyall arqueou uma das sobrancelhas. – Vá comprar a sua passagem! Será daqui a alguns dias que o próximo navio para Nova York parte! Todo o dinheiro que você precisa está aí!

Lily o encarou por um momento antes de sorrir largamente. Ela então o abraçou fortemente e rapidamente antes de começar a correr entre a multidão. As pessoas gritavam palavras de incentivo para ela e comemoravam. Naquele momento, Lily não pareceu se importar com muita coisa. Ela tinha uma nova chance, um novo futuro. Em Nova York, ela poderia ser uma nova mulher, poderia lutar pelos seus direitos como nascida-trouxa, poderia se enturmar entre a comunidade bruxa. A esperança pareceu voltar.

***

O vento do mar fez com que o cabelo de Lily balançasse. Ela gostava dessa sensação. Ela gostava do cheiro do mar, também. Trazia-lhe tranqüilidade. Ela se aproximou do homem que recolhia as passagens. Seu coração rapidamente acelerou, porém, ela pensou no quanto queria aquilo. No quanto queria lutar por seus direitos. Lembrou de sua época em Hogwarts, quando era chamada de sangue-ruim praticamente todos os dias. Lembrou de que, em Nova York, ela teria uma chance de mudar isso.

— Sua passagem, por favor? – O homem na porta do navio perguntou e ela rapidamente entregou a passagem. – Qual o seu nome, senhorita?

— Lily Evans. – ela se apresentou, sorrindo levemente. – Mas, o “senhorita” me incomoda um pouco. Apenas me chame de Evans.

O homem a encarou por um momento, porém, apenas assentiu. Ela entrou no navio, respirando fundo. Ela rapidamente subiu até a parte superior, encarando o mar, diversas pessoas ao seu redor. Não demorou muito até que o navio finalmente saísse do local e oficialmente começasse a navegar. Um sorriso surgiu no rosto de Lily. Seria em Nova York onde ela iria deixar o seu legado.


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Notas finais do capítulo

:3 :3 :3 :3 :3 :3 :3 ;3



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