Rei do Baile 2017 escrita por WakaZ


Capítulo 5
No meu talento


Notas iniciais do capítulo

Por favor, não deixem de conferir o vídeo das coreografias pra conseguir captarem o máximo da cena. Basta clicar no link quando aparecer no texto pra ser redirecionado pro vídeo. A música usada como título desde capítulo é No Meu Talento, da Anitta. Eu estive esperando tanto pra escrever e postar a competição, vocês não fazem ideia...



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Quando Yuuri pensou que a Arena ia pegar fogo, ele não pensou que se tornaria exatamente como o inferno. Seus pais já haviam ligado para dizer que reuniram todos os amigos próximos no pequeno apartamento para assistirem juntos à transmissão. Faltava mais de uma hora para o início do evento e os primeiros espectadores chegavam muito animados – animados até demais. O teste de som penetrava pelas paredes do camarim como um lembrete constante de que o grande momento estava por vir.

Era difícil se comunicar com Victor no camarim justamente pelo ruído. Yuuri trocava sua roupa para o figurino escolhido para o primeiro dia de apresentação (uma camisa de gola canoa cinza chumbo, calça de moletom jogger roxa e tênis pretos) enquanto Victor se afundava em uma poltrona no canto oposto do cômodo, passando entediado pelo feed das redes sociais. Ele tinha apostado em vestimentas mais sérias: camisa social slim fit azul marinho, com as mangas dobradas até o cotovelo, uma calça cor terra skinny e um tênis social preto.

Victor tinha consigo uma grande bolsa cheia de apetrechos de beleza, de maquiagem e cabelo. Assim que Yuuri terminou de se aprontar, o carioca o pôs sentado na cadeira giratória em frente à penteadeira. Primeiro trabalhou com os cabelos: o estilo era quase o mesmo do dia-a-dia, com a franja sobre a testa. A diferença é que, para criar um aspecto mais despojado, Victor penteou com mechas desconexas, dando um ar de desarrumado e arrumado ao mesmo tempo.

Yuuri ainda não conseguia se ver no espelho, então só o podia torcer por Dois L estar fazendo um bom trabalho. Ele puxou o estojo de maquiagem e começou a trabalhar na pele do dançarino. Yuuri só havia usado maquiagem uma vez na vida, no dia em que gravou o comercial no estúdio de TV. Pelo visto ele teria que se acostumar com essa rotina, com o peso que ficava no seu rosto e principalmente da cosquinha que o pincel fazia no seu pescoço.

— Yuuri, eu preciso que você fique parado!

— Eu sei, mas eu não consigo controlar.

Com esse pequeno inconveniente, Victor demorou um pouco mais pra conseguir terminar o seu trabalho. Ele girou a cadeira para que Yuuri pudesse ver o seu reflexo. Felizmente, o aluno conseguia se reconhecer no espelho. Ele estava com medo de que Victor pudesse fazer algo muito extravagante, mas sua aparência estava a mais natural possível.

— Ficou ótimo! – Yuuri disse aproximando o rosto do espelho, prestando atenção nos mínimos detalhes do seu rosto que haviam sumido com a maquiagem.

Victor olhava para o espelho com triunfo estampado no rosto.

— Eu sei, eu sou bom nisso.

Satisfeito com o trabalho do seu técnico-maquiador-coreógrafo tudo-em-um, Yuuri se levantou da cadeira e se sentou na poltrona do lado da qual Victor havia sentado minutos atrás.

— Quem vai ser primeiro a se apresentar mesmo?

Victor guardava todo o seu material na bolsa, respondendo com a voz alta para se fazer ouvir:

— Chris. Chris é o primeiro.

— Hmm.

Foi a reação mais sincera que Yuuri pode esboçar.

Pelo tempo que estavam juntos, Victor sabia que esse “Hmm” não era boa coisa. Ele guardou tudo na bolsa e voltou a se sentar na poltrona em que estava afundado antes:

— No que você está pensando?

— Sobre ontem. Quando você pretendia me contar sobre... você sabe...

Victor franziu as sobrancelhas numa expressão de interrogação, forçando Yuuri a concluir seu raciocínio.

— Sobre você e o Chris. Pelo o que vocês conversaram ontem, existe uma história por trás.

Os dedos de Yuuri apertavam com força os braços da poltrona. Era um assunto que o deixava desconfortável, mas ele necessitava saber a verdade. Victor jogou o corpo contra o assento fofo da poltrona.

— Haa o Chris – ele soltou uma respiração pesada – não é exatamente o que você está pensando. Eu não tive nenhum relacionamento com ele. Bem, pelo menos não no sentido que você imaginou.

Yuuri não parecia convencido.

— Sério, Yuuri, eu te disse que nunca havia beijado um paulista.

— Você disse isso? Quando?

Victor coçou a cabeça.

— Esqueci que você não se lembra... Mas enfim, eu não tive nenhum envolvimento com ele. Acredite em mim.

— Então o que aconteceu?

Yuuri se tornava uma metralhadora de perguntas quando entrava no seu modo curioso.

— Chris foi o meu primeiro aluno. Quem o descobriu fui eu. Na época eu estava começando a minha carreira, então era difícil achar quem pudesse trabalhar comigo. Então trabalhamos juntos, nós dois, por um tempo.

Yuuri ouvia com atenção. Ele nunca havia se questionado muito sobre como Victor conseguiu chegar onde chegou, mas certamente ele não imaginava que esse processo todo envolveria justamente o Chris.

— Porém – Victor continuou – quando teve o anúncio do primeiro Rei do Baile, Chris quis participar e eu não deixei.

— Ele comentou algo sobre você não aprovar a competição – Yuuri acrescentou.

Victor concordou, mergulhando ainda mais num sentimento turbulento que ele não gostava de lembrar ou trazer à tona dessa forma.

— Na época eu achava uma grande besteira. Esse era o nosso trabalho, levávamos a sério o que fazíamos. E então tiveram a ideia de transformar isso em um grande entretenimento de massa. Claro que cantar e dançar são formas de entretenimento de massa também, mas de certa forma eu me senti... – Ele gesticulava com as mãos, tentando captar a palavra que melhor descrevesse o sentimento - desrespeitado. Entende?

Yuuri pendeu a cabeça para o lado:

— Se você pensa dessa forma, por que foi me procurar justamente pra competir aqui?

— Porque as pessoas e as coisas mudam, Yuuri. Eu poderia dizer isso sobre a primeira ou a segunda edição, mas depois disso? Olha só todos esses preparativos. O quanto nós nos dedicamos pra estar aqui. O quanto todos os outros competidores que vamos enfrentar hoje levam isso a sério. Tem pessoas lá fora dando suor e sangue pra conseguir essa oportunidade. Sabe por que? Porque o Rei do Baile pode parecer um entretenimento de verão, mas tem muita coisa em jogo. Quem vencer aqui terá praticamente uma carreira de sucesso encaminhada.

As palavras de Victor o incendiavam por dentro. Ele sabia que era verdade, que essa era a sua opinião mais sincera.

— São sonhos em jogo, Yuuri. Esse sonho é o seu também, não é?

O paulista compreendia perfeitamente.

— Então... Chris foi procurar o sonho dele em outro lugar – Yuuri concluiu.

— Foi quando ele encontrou o Masumi. E é por isso que ele me detesta tanto.

De repente, uma enorme explosão de vivas e balões de torcida estourou acima deles. Finalmente a semifinal do Rei do Baile iria começar. Yuuri pegou o controle remoto e ligou a TV do camarim, já sintonizada no Canal 3.

— Senhoras e senhores, se acomodem nos sofás porque a partir de agora damos começo à quarta edição do Rei do Baile!

E o barulho em resposta era ensurdecedor.

 

~~~~~~~~

 

A transmissão sempre começava com uma lenga-lenga enorme. Mostravam e entrevistavam os últimos espectadores chegando na HSBC Arena, entrevistas com atores e cantores sobre o que esperavam dessa edição, recapitulavam cada um dos candidatos. Yuuri não conseguia deixar de balançar as pernas freneticamente na poltrona de tanta ansiedade. Ele seria o penúltimo a se apresentar, então teria que esperar muito ainda. Era o pior tipo de tortura para alguém como ele.

Victor acompanhava a transmissão bebendo uma garrafa d’água que havia pego no frigobar do camarim e comentava alguma fofoca ou outra sobre os famosos que conhecia pessoalmente.

Quando a câmera aérea passou pela Arena pra mostrar a plateia, Yuuri sentiu seu coração bater na boca e voltar. Estava completamente lotada de pessoas de todas as idades, de todos os estilos em todos os três andares da arquibancada. Os torcedores gritavam, batiam com os balões de torcida, estendiam até mesmo cartazes. Era uma atmosfera totalmente diferente da peneira ou da arena vazia no dia do ensaio geral.

E Yuuri pode sentir a vibração da torcida quando Chris subiu ao palco. Sentir de verdade porque o barulho era tão gigantesco que parecia fazer as paredes vibrarem. Que pressão enorme era começar a competição justamente com o favorito e o mais carismático de todos.

A exagerada reação da torcida também se justificava pelo traje que Chris havia escolhido: um short jeans bem colado, uma regata cavada rosa (tão cavada que fazia Yuuri se questionar se podia mesmo ser classificada como roupa) e tênis branco.

Antes dos competidores se apresentarem, era exibido no telão atrás do palco algo relacionado à vida sua pessoal. Para Chris, escolheram mostrar fotos dele se divertindo numa boate da Augusta e perdendo a linha em cima do palco improvisado onde ficava o DJ.

Quando Chris revelou ao apresentador que a sua música seria “Bumbum Granada”, a multidão veio ao delírio.

— Ele está vindo com tudo que tem – Comentou Victor ao lado de Yuuri.

De fato, esse era o ponto forte de Chris. Yuuri nunca havia parado pra reparar, mas o defensor do caneco realmente tinha uma parte traseira bem definida.

Assim que tomou o lugar central do palco, a música começou ao som de urros de aprovação da torcida.

Chris não tinha a mesma flexibilidade que Yuuri, mas tinha mais coordenação, carisma, presença. Todos esses pontos o faziam com que se tornasse o competidor a ser derrubado.

O começo da coreografia seguia exatamente o mesmo ritmo da música: a cada “tum”, ele jogava o pescoço para o lado, com os braços cruzados. Também descia o corpo conforme a altura do som: ao decrescer, o corpo abaixava, e ao som crescente, ele levantava até a posição ereta novamente.

Chegada a pausa da música, a interação da torcida foi fantástica: um grande “Aaaaah...” de desaprovação por parte da plateia, enquanto Chris apontava pro ouvido e fazia uma pose de questionamento com os ombros arqueados.

— Cadê o “tan tan tan tan”? – Ele dublou perfeitamente por cima da voz.

Quando a batida recomeçou, o dançarino estampava um enorme sorriso, retomando a coreografia enquanto o público batia animadamente com os balões de torcida.

E para a surpresa de Yuuri, Chris também conseguia fazer passinhos muito bem.

— Ele é um dançarino completo...

Victor, em resposta, segurou a mão de Yuuri por cima do braço da poltrona.

— Você também é.

Yuuri queria acreditar naquelas palavras, mas a cada segundo que continuava com os olhos fixados na tela, maior parecia o abismo técnico entre os dois. Ele precisava de muita experiência até chegar no nível do Chris.

Os movimentos do quadril de Chris eram rígidos e Yuuri pode reparar nisso. Primeiro quando ele fez o movimento de lado, mas teve certeza quando chegou na parte do “vai taca, taca, taca”

— Eu rebolo melhor, pelo menos – comentou sentindo a confiança voltar a ganhar força dentro de si.

Victor riu do seu lado.

— Isso eu não posso negar.

O final da apresentação também foi marcado com muitos vivas e barulho. Chris retribuiu com largos acenos. Algo apareceu voando até o palco pela transmissão: era uma calcinha! Jogaram uma calcinha vermelha em cima do palco. Yuuri nunca tinha presenciado isso antes ao vivo. Chris a pegou do chão e a esticou para que todos pudessem ver bem. Aquele seria um dos pontos altos do evento e em breve a internet estaria em polvorosa.

Chris agradeceu uma última vez e saiu com uma breve corridinha pela outra lateral do palco. O apresentador parecia um tanto encabulado com o que tinha acabado de acontecer, tanto com a apresentação quanto ao objeto jogado.

— Então, hã, você aí de casa pode mandar a sua nota pelo aplicativo oficial do Rei do Baile! Peço que a plateia também se acomode e use o dispositivo localizado ao lado do seu assento para votar. Nossos jurados também darão a nota e daqui a pouco vamos ter o resultado aqui no telão. Enquanto isso, vamos chamando o próximo competidor?

Yuuri se espreguiçou no lugar e resolveu ir ao banheiro. Ao voltar, já se deparou com o placar do Chris exibido na tela e com Georgi já no palco.

— Com as notas: 9.9 pela plateia, 9.5 pelos jurados e 9.8 pelo aplicativo, a média final de Chris é 9.7! Impressionante! É maior do que sua pontuação do ano passado!

A multidão comemorava de pé. Georgi, vestido com uma regata preta, calça verde escuro e tênis de cano alto preto, aplaudia timidamente ao lado do apresentador.

— E você, Georgi, meu baiano sangue bom, o que você preparou pra hoje?

— A música que eu escolhi foi “Saudades da minha ex” do maravilhoso Maneirinho.

— Então manda a ver, o palco é todo seu!

A multidão deu leves vivas, sem saber exatamente o que esperar de Georgi.

A coreografia já começava com um movimento de soco para baixo, leve requebrado e gingado de pernas. Yuuri achou fantástico como ele fez um semi-giro em pique sem sair do ritmo e com muita fluidez. Parecia que o atrito embaixo dos seus pés era menor que o normal e isso o fazia ter passadas muito leves. Ao longo da coreografia, deu pra perceber que o enfoque da dança era justamente nesses passos.

Porém, ele parecia estar... se emocionando? Yuuri não sabia dizer ao certo, mas o sorriso havia sumido e ele podia jurar que ele estava se controlando muito pra não fazer cara de choro. Quando a música terminou, Georgi de fato começou a chorar. A plateia não sabia se aplaudia, se gritava. Estavam todos meio confusos.

O apresentador se aproximou cautelosamente:

— Georgi, o que aconteceu?

— ANYA SE VOCÊ ESTIVER ASSISTINDO VOLTA PRA MIM! – Ele gritou no microfone com a voz embargada.

— C-Certo, Anya, se você estiver assistindo, não deixe de dar a sua nota pelo aplicativo também! Assim como todo mundo aí de casa. Muito obrigado, Georgi! Façam barulho pro Georgi!

Os torcedores brandiram seus balões, outros aplaudiram e gritaram bastante.

— VOLTA, VOLTA, VOLTA – Agora a torcida entoava o mesmo coro. Yuuri podia jurar que viu alguém enxugando os olhos na plateia também.

Georgi abraçou o apresentador como agradecimento e saiu do palco limpando os últimos resquícios de lágrimas.

— Enquanto todos vão votando, já vou chamar aqui o terceiro candidato do dia: Jota Jota, pode vir!

Jean surgiu no palco com o maior sorriso Colgate já visto em televisão, fazendo os seus dois J com as mãos, sua marca registrada. Victor e Yuuri começaram a rir no camarim diante da roupa que ele vestia: totalmente de branco (camiseta, cinto, sapato, calça) e com detalhes dourados, ele parecia ter saído diretamente de um show do Roberto Carlos.

O telão mostrava depoimentos da família e amigos de JJ. Victor não podia acreditar que tamanha breguice ainda existisse em pleno 2017.

— Temos as notas para o Georgi agora, vamos ver... 9 cravado da plateia, 8.5 dos jurados e 8.4 do aplicativo, dando uma média de 8.6!

Agora uma aba de classificação apareceu na transmissão: Chris no primeiro espaço com 9.7 e Georgi logo abaixo com sua nota de 8.6 piscando.

— JJ, preparado?

— Preparadíssimo!

— Qual é a sua música?

“Eu sou a diva que você quer copiar” da Valesca.

— Então vai nessa em três, dois, um...

JJ nasceu para brilhar. Sob a luz dos holofotes ele se sentia em casa. Sua personalidade extravagante combinava perfeitamente com a música, como se esta tivesse sido composta somente para ele. Yuuri se perguntava como era possível alguém ter uma autoestima tão elevada e ser tão seguro de si. Dentro do seu mundinho de constante ansiedade e falta de segurança, era simplesmente surreal assistir a alguém que fosse seu completo oposto.

Porém, como Victor comentou ao longo da coreografia, aquele não era exatamente o tipo de dança para a semifinal do Rei do Baile. Jean tinha uma boa interpretação e os movimentos se encaixavam bem, mas não era o suficiente. Pra conseguir avançar você precisava de diversidade de movimentos, de uma boa apresentação técnica. Embora a dança fosse boa, ela pecava nesses quesitos. Se adequava bem à música, mas eram movimentos simples. Caso fosse uma competição de música pop, ele estaria como favorito. Mas não é o tipo de apresentação que se espera de um funk.

O público, por outro lado, pareceu adorar JJ. Quando ele terminou, todas as arquibancadas vibravam de aprovação. Ele pediu o microfone por um instante:

— ESSE É...

— ... O ESTILO JOTA JOTA! – responderam em coro.

Ele agradeceu com uma reverência e saiu do palco arremessando beijinhos para o público.

— Agora vamos ao último competidor do primeiro bloco: venha até aqui, Phichit!

A plateia o recebeu calorosamente. Phichit já era um mascote dos torcedores. Ele usava uma regata laranja com estampa frontal azul, bermuda azul marinho, tênis vermelho e um casaco amarrado na parte inferior da cintura da mesma cor dos sapatos.

No telão eles resolveram destacar as publicações nas redes sociais, já que Phichit fazia o maior sucesso na internet. Seus seguidores triplicaram depois que ele foi anunciado como semifinalista.

— Aqui a apuração das notas do Jean, joga na tela: 9.0 do público, 7.5 dos jurados e 8.0 do aplicativo! Uma média de 8.2 e com isso ele fica abaixo do Georgi.

Os torcedores estavam arrasados e decepcionados com as notas baixas dos outros dois avaliadores.

No camarim, Victor explicou:

— O público leva mais em conta a carisma do participante ou o quão popular é a apresentação. Por isso tem essa discrepância de notas. É muito fácil se deixar envolver nesse clima da Arena.

O apresentador voltou sua atenção para Phichit:

— Ô BOY! Falei certo? Qual vai ser a sua música?

“Taca Taca” do MC Koringa, aproveitando esse clima de pós-carnaval.

— Ok, arrebenta tudo na HSBC Arena!

A música mesclava funk e axé, resultando numa mistura muito interessante e bem pra cima, que combinava demais com a personalidade de Phichit. Diferentemente de JJ, Phichit conseguiu adequar bem a música com os passos de funk. Ele também tinha um gingado muito bom, o que facilitava na hora de jogar a bunda pra trás e encoxar o ar. Yuuri não tinha entendido o motivo do casaco até ele ver esses dois movimentos: ele servia para dar destaque.

Phichit não era corpulento, então precisava recompensar isso de alguma forma. Quando executava os movimentos com o quadril, o casaco também se mexia e ondulava de acordo com o passo. Na frente, eram as mangas penduradas que davam esse detalhe. Por trás, era a parte lateral do casaco que, quando amarrada, ficava com uma das barras voltada pra baixo.

Ele irradiava felicidade e era tudo muito evidente: no sorriso em seu rosto, na escolha de cores das roupas, no ritmo do axé. Yuuri e Victor não conseguiam desviar os olhos da tela e tinham total certeza que aquela seria uma das notas mais altas da semifinal. O grau de dificuldade não era igual ao do Chris, mas todos os outros aspectos compensavam esse quesito.

Houve uma comemoração muito grande quando a dança terminou e Phichit parecia o homem mais feliz da face da Terra. Ele fez várias reverências para gradecer ao público.

— Tem algo que queira dizer pra todo mundo que vibrou por você agora?

— Eu queria dizer... que... – Ele estava muito ofegante – Independentemente da nota, eu me diverti muito. Muito obrigado!

Mais barulho veio da arquibancada, todos num grande delírio. Phichit saiu acenando pelo outro lado do palco e o apresentador precisou esperar um tempo até que todos se acalmassem e ele pudesse falar.

— Muito bem, nós vamos dar uma pausa para todos pegarem o fôlego, fazer mais pipoca aí em casa e ir votando porque depois do rápido break nós estaremos de volta para o segundo bloco!

Victor tocou o ombro de Yuuri para chamar sua atenção.

— Vamos nos aquecendo, então?

O estômago de Yuuri se revirou quando percebeu que a sua hora estava mais perto do que nunca. Com o coração palpitando até a ponta dos dedos, ele se levantou e os dois saíram do camarim, começando o aquecimento no próprio corredor dos competidores.

 

~~~~~~~~

 

 

Victor e Yuuri ouviram a nota de Phichit sendo anunciada acima deles. Com uma pontuação de 9.0, ele era o segundo colocado. Yuuri precisava fazer mais do que sua pontuação para conseguir chegar na final. Era uma pontuação bem alta e não tinha certeza de que poderia chegar tão alto. Ele tentava não pensar muito na questão, mas os flashes das apresentações de Chris e de Phichit atormentavam sua mente enquanto ia de um lado para o outro do corredor.

Ele viu Yuri passar pela outra extremidade do corredor a caminho do palco. O garoto parecia mais tenso e irritado que o normal, porém o que mais chamou a atenção de Yuuri foi a sua roupa: um casaco colegial com estampa de onça por cima de uma camiseta preta, calça jeans rasgada também preta e tênis da mesma cor da jaqueta, só que com asas.

O apresentador chamou pelo seu nome e ele sumiu pela escada metálica que dava até o palco. Victor assistia a transmissão por cima da cabeça de alguns membros da staff que se aglomeravam perto da escada em frente a uma televisão instalada improvisadamente. Eles deveriam estar trabalhando, mas ninguém conseguia perder o Rei do Baile.

Ver Victor assistindo TV com outras pessoas e interagindo com elas como se fossem grandes amigos despertou uma pontada de ciúmes forte em Yuuri. Victor devia estar prestando atenção no aquecimento dele, e não no garoto loiro arrogante.

Por ser o competidor mais novo, os organizadores acharam que seria uma boa fazer uma apresentação para todos verem suas fotos quando bebê e criança. Em pequenos intervalos regulares, podia-se ouvir um grande “oown” vindo da arquibancada. O sulista estava embaraçosamente envergonhado enquanto tentava explicar que havia começado a dançar com 7 anos de idade.

A música escolhida por Yuri era “Vidro Fumê”. Yuuri esgueirou-se por trás de Victor para ter a visão de uma pequena parte da televisão.

Yuuri podia entender a escolha da música assim que ela começou: quem quer que tivesse produzido a música mesclou um famoso solo de guitarra com uma batida genérica de funk. Uma combinação interessante, podia-se dizer.

Ele se sentiu um pouco desconfortável ao chegar na parte explícita da música, já que era um garoto de 15 anos dançando. E Yuri fazia até mesmo encaixada de quadril! A coreografia, fora esse passo, não apresentava outro elemento mais sensual (para seu alívio) e era bem pensada, ele precisava admitir. Mas havia 2 grandes problemas: a escolha do figurino limitava muito os seus movimentos, deixando alguns passos engessados e o rapaz não conseguia esboçar nenhuma reação ou sorriso. Ele começou e terminou a sua apresentação com a mesma cara fechada e isso de certo o custaria pontos.

A reação do público foi bem morna, condizente com o desempenho não tão convincente do quinto competidor. Yuri saiu do palco sem ao menos dar uma última palavra ao microfone. Apenas acenou para cumprir protocolo e se dirigiu ao outro lado do palco.

Aos sons de fortes passos descendo a escada do outro lado de onde Victor e Yuuri estavam, Otabek já estava de prontidão para ser chamado a qualquer instante. Yuri passou reto pelos dois, se dirigindo diretamente pra Otabek. Eles fizeram um cumprimento ensaiado, do tipo que só bons amigos fazem.

— Boa sorte, Beka.

— Obrigado.

Yuuri não podia acreditar que tinha acabado de ver o curitibano ser gentil com alguém.

De onde ele estava, logo do lado da escada de acesso, ele conseguia ouvir o apresentador sem problemas, o som mais alto do que nunca:

— O próximo competidor a se apresentar é Otabek, de Minas Gerais!

O mineiro fez um sinal da cruz e subiu até o palco, sendo ovacionado pela torcida. Otabek vestia um blusão de manga comprida marrom e com capuz, bermuda preta e tênis vinho. Yuuri fazia seus últimos alongamentos enquanto seu coração acelerava cada vez mais, ainda com os olhos focados na frestinha da tela que conseguia vislumbrar por entre as cabeças.

Para Otabek, o que escolheram apresentar no telão foram umas fotos dele com o Yuri que havia acabado de se apresentar. Ele admitiu, quando questionado, que os dois se conheciam antes da competição e a decisão de participar do torneio foi tomada em conjunto.

Aproveitando a deixa, o telão atualizou para o placar de Yuri: com parciais de 7.6, 7.2 e 7.8, sua nota final era de 7.5.

— Você consegue superar a pontuação do seu amigo?

— Acredito que sim – ele respondeu com o mesmo rosto sisudo de sempre.

— Com o que você vai desafiá-lo?

“Deu Onda”, do G15.

Um notável “ooh” de surpresa se deixou escapar entre a plateia.

— Legal, a música da moda! Pode ir com tudo!

Otabek também se apresentava com uma coreografia simples. Assim que ele fez o coraçãozinho com as mãos na parte do “mozão” Yuuri tinha certeza que alguns ovários acabaram de ser explodidos lá em cima. Otabek tinha muito charme e ele conseguia se aproveitar bem disso. E ele sorriu! Ele sorriu em uma parte da coreografia em contraste com a expressão séria que carregava durante todo o resto da música. De dabs a sarrada no ar, finalizando com um bom trabalho de pés, ele terminou a apresentação sem muitos problemas – e honestamente, sem muito esforço também.

O público parecia um tanto decepcionado. Com a música que Otabek tinha escolhido, todos esperavam algo mais... elaborado.

Victor se virou pra trás para procurar Yuuri e não esperava encontrá-lo de prontidão atrás dele, os olhos castanhos em chamas como lenha. O funkeiro percebeu que não precisava falar nada: Yuuri já estava mergulhado no clima da competição. Victor pegou a mão direita de Yuuri e beijou seu anel, sussurrando seu pedido de boa sorte.

— Victor, eu só vou te pedir uma coisa. Não ouse tirar seus olhos de mim.

— Jamais, Yuuri.

Ao ser convocado ao palco, Yuuri suspirou profundamente antes de tomar a subida pela escada. Lá em cima era muito mais brilhante do que se deixava ver na TV e se antes a torcida já era pesada, estar de frente para ela enquanto vibravam freneticamente era carregar o mundo nas costas. As câmeras apontavam em sua direção e ele sabia que todos os olhares estavam voltados para ele – e somente ele – naquele momento.

O apresentador o cumprimentou com um aperto de mão (e ele parecia mais baixo pessoalmente, o paulista percebeu) e juntos assistiram ao famigerado vídeo do youtube sendo exibido em rede nacional. Yuuri não podia deixar de rir de nervoso. Ele estava lutando para refazer sua reputação para que esquecessem do tal vídeo, mas aparentemente era impossível. Uma vez que se torna um meme, é pra sempre um meme.

— O que te levou a gravar esse vídeo?

— Na verdade foi uma aposta. Eu não sabia que estavam gravando. Eu fiquei surpreso tanto quanto vocês assim que me mandaram o link.

— E hoje, você vai usar a mesma música? Já que Dois L é seu técnico?

— Não, hoje eu preparei algo diferente. A minha escolha é “Menina Má”, da Anitta.

O mesmo “ooh” que fizeram para Otabek foi reproduzido, porém bem mais alto e evidente. Yuuri não sabia, mas ele era um dos candidatos mais esperados por todos.

— Antes de te mandar pro centro, temos enfim a apuração do Otabek! Tivemos alguns problemas técnicos com a rede, por isso a demora. Peço desculpas pelo inconveniente, mas aqui estão as notas! 7.6 da plateia, 7.2 dos jurados e 7.8 do nosso aplicativo! Uma média de 7.5! Minha nossa, essa pontuação não foi idêntica ao do Yuri?

Cochichos curiosos faziam burburinho pela arquibancada. No dia seguinte ou mais tarde naquele mesmo dia várias teorias da conspiração estariam rondando pela internet. Um erro de programa e a exata mesma nota? Isso dava manga pra muita conspiração.

— Então, agora, com vocês, Yuuri Katsuki de São Paulo! – O apresentador enfim anunciou.

Yuuri pode perceber que as luzes do palco estavam todas voltadas para ele, mesmo estando de costas para a plateia. Com a introdução da música, ele se virou de frente com um giro e esperou. O sinal era o “vai começar”. Ele soltou um sorriso de lado pervertido e pode ver algumas das pessoas da plateia se ajeitarem na cadeira.

A partir daquele instante, Yuuri era a própria personificação da Menina Má.

Na sua mente ele lembrou de todas as coisas ditas no dia anterior, sobre como estavam todos preocupados demais com o Victor, como se o dançarino fosse um mero acessório. Ele queria que Victor recebesse destaque, claro, mas hey, não era justo me deixar de lado! Ele também queria mostrar que a pausa de Victor em sua carreira não havia sido em vão, que valeram todos os dias gastos na sua preparação. E mais do que tudo, ele queria chamar a completa atenção de Victor e mostrar a todos que sim, Dois L era dele a partir do momento em que pisara no Rio de Janeiro. Podiam desaprovar e argumentar o quanto quisessem, mas a verdade era incontestável: eles haviam se envolvido a um ponto sem volta, um nó no destino impossível de se desfazer. E o anel que brilhava no seu dedo anelar direito, carregando o desejo de boa sorte de Victor, era uma das provas mais concretas que se podia ter desse fato.

A outra era sua apresentação naquele momento.

E ah, a reação das pessoas que duvidavam da sua capacidade assim que ele começou a rebolar em plena HSBC Arena era impagável. Todos os passos, que foram treinados até a exaustão por dias e dias, eram executados com muita fluidez e quase automaticamente. A sensualidade, nesse novo modo de Yuuri, era como sua primeira natureza.

Yuuri conseguia fazer caras e bocas para instigar qualquer um que estivesse o vendo no momento. Seu quadril parecia possuir vida própria: ele estava no auge da sua flexibilidade. Ao fazer o quadradinho, era certo que a maioria dos espectadores já havia perdido a sanidade.

Victor, porém, já havia perdido sua razão desde que Yuuri havia sorrido daquele jeito. A ideia foi, obviamente, de Victor, mas até então ele nunca tinha feito isso nos ensaios. Ele não esperava por aquilo agora. E desde então Victor não prestava mais atenção na música ou nos passos, mas sim como o corpo de Yuuri se movia como um todo. Podia sentir sua pele inteira mais quente, da cabeça aos pés, e ele se amaldiçoou por ter optado por vir com uma calça skinny. Tinha sido uma péssima escolha diante daquele Yuuri que era a personificação do dia no Barra Music. Ao fazer o quadradinho, então, o que conseguiu fazer foi morder os lábios para conter o grunhido de aprovação.

“Vem se deixar render, vou como sereia naufragar você”

Victor só queria o quanto antes ser naufragado por Yuuri.

“Satisfaça o meu prazer. Te provocar e deixar você querer”

Victor de fato não devia ter deixado Yuuri dançar essa música. Ele se amaldiçoou pela segunda vez, e amaldiçoou Yuuri pela, talvez, décima vez desde que tinham vindo morar juntos. Ele já tinha perdido a contagem.

Com uma impactante pose final, mãos no quadril, dedo indicador apontado diretamente para a câmera, Yuuri terminou sua apresentação.

A reação do público foi estupenda! A garota que arremessou a calcinha pra Chris agora se arrependia de não ter trago mais uma. Pessoas se abanavam e sorriam surpresas. Quem tinha os balões de torcida os batiam com toda a vontade do mundo.

As mãos de Yuuri estavam um pouco trêmulas enquanto enxugava o suor da testa formado embaixo da franja. Aos poucos foi saindo do estupor do personagem e voltando a ser o garoto ansioso e receoso de sempre.

O apresentador o passou o microfone e Yuuri encarou a multidão sem saber exatamente o que falar.

— Vocês gostaram?

Grande barulho de aprovação se fez na arena inteira.

— Então esperem por mais amanhã.

A multidão gritava desesperada e loucamente, já totalmente envolvida com a grande pessoa que era Yuuri Katsuki. O paulista devolveu o microfone e saiu pela outra extremidade do palco sem nem olhar pra trás, antes que a súbita onda de coragem pós-apresentação se esvaísse completamente.

Victor já havia se recomposto e o esperava no final da escada de saída. Yuuri, do antepenúltimo degrau, saltou em sua direção e dessa vez foi bem recebido e amortecido pelo abraço de Victor. Yuuri sabia que tinha ido bem. Victor sabia mais ainda.

— Posso saber no que você estava pensando pra dançar daquele jeito?

— Em você, é claro.

Os dois ficaram completamente sem graça.

— Digo, é claro que eu pensaria no que o meu técnico me ensinou durante os ensaios, certo?

— Sim, certo... Faz o total sentido.

Eles se dirigiram direto para o camarim, para esperar pelo resultado e acompanhar a última apresentação do dia.

— Eu falei que me apresentaria amanhã de novo. E se eu não conseguir a vaga? Que vexame vai ser – Yuuri confessou, se jogando na poltrona em que havia sentado mais cedo.

— É impossível você não se classificar. A não ser que Michele seja o melhor dançarino do Brasil inteiro que ainda não conhecemos, você já tá dentro.

Yuuri assentiu quieto. Ele não concordava com Victor, ele não se achava o melhor dançarino do país. Na verdade, ele acreditava que faltava muito até conseguir esse status. Não ficaria chateado se dessem essa alcunha pro Chris. De certa forma. Ele queria vencer, mas não achava que pudesse vencer.

Com Michele já em palco, a nota de Yuuri foi anunciada.

— Plateia, 9.8. Juri técnico, 9.3. No aplicativo, 9.5. O total da nota é... 9.5! A mesma pontuação de Chris no ano passado! É incrível, senhoras e senhores, que dia estamos presenciando aqui!

Yuuri engoliu em seco de nervoso. Sua nota era muito alta, mas ainda faltava um competidor a se apresentar. Por mais que suas chances de avançar para a final fossem altíssimas, teoricamente tudo estava em aberto. O único classificado de fato era Chris, que já nem devia estar mais na Arena a essa altura do campeonato.

Michele não parecia já tão motivado para estar ali. Yuuri também não estaria, se fosse ele no lugar. Entrar em palco já sabendo que nada menor que 9.5 seria suficiente colocava pressão em qualquer um.

A música escolhida por ele foi “Diva”, para homenagear sua irmã. Michele usava regata machão cor salmão, bermuda, calça de compressão e tênis pretos.

Os primeiros passos da coreografia eram baseados em movimentos de balé, o que Yuuri achou muito interessante. Michele tinha uma boa empinada de bunda e conseguia tremer no lugar muito bem. Mesmo estando abalado pelo notão de Yuuri, ele mantinha o sorriso constante e firmava uma postura positiva. Foi o primeiro competidor que Victor e Yuuri viram descer até o chão e fazer uma abertura de pernas sem quebrar contato visual com a câmera. Teria sido uma apresentação assustadoramente boa se Michele estivesse nos seus 100%.

Yuuri quase se engasgou quando o viu terminar a apresentação de uma forma muito parecida com a sua: apontando para a câmera, mas com o corpo de lado como se fosse um desafio.

A plateia comemorou mais uma grande apresentação.

Michele não precisou sair do palco enquanto a apuração dos votos era feita.

Em questão de instantes, a classificação final apareceu na tela para todos verem.

1º Chris – 9.7

2º Yuuri – 9.5

3º Phichit – 9.0

4º Georgi – 8.6

5º Michele – 8.5

6º Jean – 8.2

7º e 8º - Otabek e Yuri – 7.5

Yuuri não conseguia acreditar, congelado olhando pra tela, que ele estava classificado para a final. De verdade. Não era um sonho, porque o calor de Victor o abraçando era real demais pra ser apenas um delírio.

Naquele instante, a sementinha do terror de enfrentar Chris em mano a mano, para um tudo ou nada, acabava de se instalar dentro da mente de Yuuri.


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Notas finais do capítulo

Lista de todas as músicas utilizadas nesse capítulo:

Chris - Bumbum Granada (MCs Zaac & Jerry)
Georgi - Saudades da minha ex (MC Maneirinho)
JJ - A Diva que você quer copiar (Valesca Popozuda)
Phichit - Taca Taca (Dennis DJ, MC Koringa e Psirico)
Yurio - Vidro Fumê (MC TH)
Otabek - Deu Onda (MC G15)
Yuuri - Menina Má (Anitta)
Michele - Diva (Mc Marcinho e MC K9)

Edit 29/4: Esse capitulo foi postado um pouco antes de ter a divulgação do video de Welcome To The Madness e comecei a me roer por dentro. Não acredito que por questão de dias não tive a oportunidade de colocar o Otabek dançando Bang! (Por conta da parte da pistola com os dedos). Deixo esse cenário pra imaginação de vocês.



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