007 Contra o Fim do Mundo escrita por Junovic
Notas iniciais do capítulo
Os mercenários seguem James Bond por uma frenética perseguição pelas ruas de Londres, causando consequências irreversíveis.
Bond demorara mais do que o previsto para chegar ao seu Jaguar, a dois quarteirões do Nº70. Steve Moses andava com dificuldades, arrastando os pés e respirando pesadamente. Ali na rua ele parecia tão desajustado àquele bairro quanto Bond, mas, o agente acreditava, Moses soaria inadequado mesmo em um lar para idosos.
Ao chegar ao carro, rodeado por garotos na puberdade curiosos, Bond ainda teve que ajudá-lo a se acomodar no banco e a colocar o cinto de segurança. Alguns minutos depois, os dois acessavam a autoestrada. O destino daquela viagem, Bond já não sabia ao certo.
Bond dirigia o mais rápido que o transito o deixava. Havia nuvens espeças no céu, o que indicava que logo, logo a chuva recomeçaria. Por todo o percurso, 007 olhava para o espelho retrovisor esperando ser atacado a qualquer momento.
— É um passeio muito agradável, James, mas sinto informar que minha bexiga já não é tão resistente quanto já foi.
Bond ignorou a informação de Moses e no painel do carro digitou uma senha e segundos depois uma conexão iniciou sua ligação.
— Diga, Bond. — era Moneypenny.
— Estou com Moses. Dois mercenários invadiram a casa dele e vieram matá-lo.
— Matar nós dois! Os dois!
— Ele cismou que o governo os enviou para nos atacar.
Do outro lado da linha Moneypenny hesitou.
— Money? — chamou Bond.
— Bem, não posso dizer que seja impossível...
— Obrigado por contar com sua informação.
— A verdade é que somos agentes secretos frustrados com o Estado, James. Eles não aguentariam mais um Wikileaks.
— Não esperava uma festa de despedida por parte do Rei Bolacha, mas isso já é um exagero. O que fazemos com Moses.
— Não podemos coloca-lo no voo comercial que ele iria pegar. Nem todas as sessões do MI6 finalizaram os trabalhos. Pedirei para Tanner solicitar ao setor de transporte um voo fretado para o senhor Moses...
— E como os voos do MI6 não são monitorados pela agência de viação britânica...
— Quando eles descobrirem que um avião da inteligência cruzou a fronteira, Moses já estará para lá do continente. Uma ligação para a aeronáutica dizendo que se trata de uma missão secreta não levantará muitas suspeitas.
— Levarei Moses para o aeroporto, peça para Tanner se encontrar comigo.
— Certo!
E dizendo isso, Bond desconectou a ligação. E não demorou um único segundo para Bond perceber uma situação incomum acontecendo bem atrás deles.
Uma Hilux negra aproximava-se rapidamente do carro de Bond. Ela estava a pelo menos cinquenta quilômetros acima do que a avenida permitia e ziguezagueava por entre os carros a sua frente.
James Bond acelerou e instintivamente Moses se segurou no banco do passageiro. Percebendo que fora descoberta, a Hilux partia para cima do Jaguar sem o menor pudor. Em poucos segundos, os dois carros estavam pareados um do lado do outro.
Bond pisou no acelerador, chegando a cento e cinquenta por hora. Ele driblava carro por carro e ainda tinha que manter-se atento para o motorista encapuzado ao seu lado, acompanhado de outro mercenário no banco do passageiro.
— Lá vem bomba!
Bond olhara da estrada para Moses, que se abaixara, protegendo de algo que Bond não via. De Moses, seu olhar fora para o passageiro da Hilux, que apontava uma XS1 em sua direção por cima do teto.
Bond girara o volante totalmente para a esquerda e invadira um cruzamento. Em uma manobra impossível, ele fizera o Jaguar passar por entre um ônibus de dois andares e uma van. Pelo retrovisor, ele vira os dois automóveis se chocarem, sem nenhum sinal da Hilux.
Ainda assim, ele acelerou o quanto pôde acessando a autoestrada que o levaria para o aeroporto, demorando alguns milhares de segundos para constatar que os mercenários estavam a sua frente.
O Hilux freou abruptamente, obrigado Bond repetir o gesto para evitar a colisão. Mas enquanto o Jaguar parara no meio da estrada, obrigando os demais carros se esquivarem, o Hilux fora manobrado com um movimento hábil, deixando-o de frente para o capô de Bond.
O mercenário que ocupava o banco de passageiro surgiu novamente pela janela, mirando a XS1 em direção a Bond e Moses.
Sem pensar mais, Bond engatou a ré e pisou no acelerador, no exato momento em que o Jaguar recebia todos os tiros disparados.
Abaixado, Bond recomeçou a dirigir, olhando o tráfico atrás dele pelo espelho lateral, sendo obrigado a desviar de todos os carros que faziam o lado correto do trajeto. Percebendo o tiroteio, os motoristas freavam os carros, obrigando a Bond usar toda a sua perícia.
Quando finalmente chegou a uma bifurcação, ele pôde manobrar e colocar-se de frente para a avenida, acelerando ainda mais, tentando ver por entre o vidro despedaçado. A Hilux continuava em seu encalço, por vezes batendo nas laterais dos carros dos motoristas amedrontados.
Para piorar a situação, a chuva começara a cair torrencialmente, fazendo gotas entrarem por entre o carro furado. Bond ajeitou-se no banco e seguiu o caminho.
Sem perceber, lá estavam eles dirigindo à beira do Rio Tâmisa e sendo obrigados a desviar de ônibus turísticos.
— Agora o Primeiro Ministro poderá ver que seus capangas estão realmente fazendo um ótimo trabalho! — gritou Moses, segurando-se como podia no banco.
A Hilux batera na traseira do despedaçado Jaguar, desestabilizando Bond na direção, que já não conseguia acelerar.
— Lá vem ele de novo!
Bond olhara pelo espelho retrovisor e pôde ver novamente o mercenário no carona preparando mira.
— SEGURE-SE — gritou Bond.
No exato momento em que Bond ouvira tiros sendo disparado, o Jaguar voava em direção ao Tâmisa, mergulhando deslumbrantemente na água inquieta do rio, submergindo Bond e Moses no mais completo silêncio.
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