007 Contra o Fim do Mundo escrita por Junovic


Capítulo 4
200KM/H


Notas iniciais do capítulo

Os mercenários seguem James Bond por uma frenética perseguição pelas ruas de Londres, causando consequências irreversíveis.



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Bond demorara mais do que o previsto para chegar ao seu Jaguar, a dois quarteirões do Nº70. Steve Moses andava com dificuldades, arrastando os pés e respirando pesadamente. Ali na rua ele parecia tão desajustado àquele bairro quanto Bond, mas, o agente acreditava, Moses soaria inadequado mesmo em um lar para idosos.

Ao chegar ao carro, rodeado por garotos na puberdade curiosos, Bond ainda teve que ajudá-lo a se acomodar no banco e a colocar o cinto de segurança. Alguns minutos depois, os dois acessavam a autoestrada. O destino daquela viagem, Bond já não sabia ao certo.

Bond dirigia o mais rápido que o transito o deixava. Havia nuvens espeças no céu, o que indicava que logo, logo a chuva recomeçaria. Por todo o percurso, 007 olhava para o espelho retrovisor esperando ser atacado a qualquer momento.

— É um passeio muito agradável, James, mas sinto informar que minha bexiga já não é tão resistente quanto já foi.

Bond ignorou a informação de Moses e no painel do carro digitou uma senha e segundos depois uma conexão iniciou sua ligação.

Diga, Bond. — era Moneypenny.

— Estou com Moses. Dois mercenários invadiram a casa dele e vieram matá-lo.

— Matar nós dois! Os dois!

— Ele cismou que o governo os enviou para nos atacar.

Do outro lado da linha Moneypenny hesitou.

— Money? — chamou Bond.

Bem, não posso dizer que seja impossível...

— Obrigado por contar com sua informação.

A verdade é que somos agentes secretos frustrados com o Estado, James. Eles não aguentariam mais um Wikileaks.

— Não esperava uma festa de despedida por parte do Rei Bolacha, mas isso já é um exagero. O que fazemos com Moses.

Não podemos coloca-lo no voo comercial que ele iria pegar. Nem todas as sessões do MI6 finalizaram os trabalhos. Pedirei para Tanner solicitar ao setor de transporte um voo fretado para o senhor Moses...

— E como os voos do MI6 não são monitorados pela agência de viação britânica...

Quando eles descobrirem que um avião da inteligência cruzou a fronteira, Moses já estará para lá do continente. Uma ligação para a aeronáutica dizendo que se trata de uma missão secreta não levantará muitas suspeitas.

Levarei Moses para o aeroporto, peça para Tanner se encontrar comigo.

Certo!

E dizendo isso, Bond desconectou a ligação. E não demorou um único segundo para Bond perceber uma situação incomum acontecendo bem atrás deles.

Uma Hilux negra aproximava-se rapidamente do carro de Bond. Ela estava a pelo menos cinquenta quilômetros acima do que a avenida permitia e ziguezagueava por entre os carros a sua frente.

James Bond acelerou e instintivamente Moses se segurou no banco do passageiro. Percebendo que fora descoberta, a Hilux partia para cima do Jaguar sem o menor pudor. Em poucos segundos, os dois carros estavam pareados um do lado do outro.

Bond pisou no acelerador, chegando a cento e cinquenta por hora. Ele driblava carro por carro e ainda tinha que manter-se atento para o motorista encapuzado ao seu lado, acompanhado de outro mercenário no banco do passageiro.

— Lá vem bomba!

Bond olhara da estrada para Moses, que se abaixara, protegendo de algo que Bond não via. De Moses, seu olhar fora para o passageiro da Hilux, que apontava uma XS1 em sua direção por cima do teto.

Bond girara o volante totalmente para a esquerda e invadira um cruzamento. Em uma manobra impossível, ele fizera o Jaguar passar por entre um ônibus de dois andares e uma van. Pelo retrovisor, ele vira os dois automóveis se chocarem, sem nenhum sinal da Hilux.

Ainda assim, ele acelerou o quanto pôde acessando a autoestrada que o levaria para o aeroporto, demorando alguns milhares de segundos para constatar que os mercenários estavam a sua frente.

O Hilux freou abruptamente, obrigado Bond repetir o gesto para evitar a colisão. Mas enquanto o Jaguar parara no meio da estrada, obrigando os demais carros se esquivarem, o Hilux fora manobrado com um movimento hábil, deixando-o de frente para o capô de Bond.

O mercenário que ocupava o banco de passageiro surgiu novamente pela janela, mirando a XS1 em direção a Bond e Moses.

Sem pensar mais, Bond engatou a ré e pisou no acelerador, no exato momento em que o Jaguar recebia todos os tiros disparados.

Abaixado, Bond recomeçou a dirigir, olhando o tráfico atrás dele pelo espelho lateral, sendo obrigado a desviar de todos os carros que faziam o lado correto do trajeto. Percebendo o tiroteio, os motoristas freavam os carros, obrigando a Bond usar toda a sua perícia.

Quando finalmente chegou a uma bifurcação, ele pôde manobrar e colocar-se de frente para a avenida, acelerando ainda mais, tentando ver por entre o vidro despedaçado. A Hilux continuava em seu encalço, por vezes batendo nas laterais dos carros dos motoristas amedrontados.

Para piorar a situação, a chuva começara a cair torrencialmente, fazendo gotas entrarem por entre o carro furado. Bond ajeitou-se no banco e seguiu o caminho.

Sem perceber, lá estavam eles dirigindo à beira do Rio Tâmisa e sendo obrigados a desviar de ônibus turísticos.

— Agora o Primeiro Ministro poderá ver que seus capangas estão realmente fazendo um ótimo trabalho! — gritou Moses, segurando-se como podia no banco.

A Hilux batera na traseira do despedaçado Jaguar, desestabilizando Bond na direção, que já não conseguia acelerar.

— Lá vem ele de novo!

Bond olhara pelo espelho retrovisor e pôde ver novamente o mercenário no carona preparando mira.

— SEGURE-SE — gritou Bond.

No exato momento em que Bond ouvira tiros sendo disparado, o Jaguar voava em direção ao Tâmisa, mergulhando deslumbrantemente na água inquieta do rio, submergindo Bond e Moses no mais completo silêncio.


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