Lost escrita por Gabs


Capítulo 9
IX


Notas iniciais do capítulo

eu devia ter postado bem antes, me perdoemmmmm.
tenham uma boa leitura e até depois ♥



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Sabe aquela sensação ruim que temos quando fazemos alguma merda bem grande? Como quando você come um hambúrguer, mas está fazendo uma dieta? Ou quando você precisa guardar dinheiro, mas aquilo que você realmente queria comprar entra em promoção?

Ou quando beija alguém que não deveria ter beijado.

Espero que não conheçam a sensação, de verdade. Acordar surpresa e suada de madrugada e não conseguir mais dormir por causa da maldita ansiedade... É, eu odiei.

Mas eu tive sorte de que Thomas estava jantando com os outros vampiros àquela hora, mesmo assim fingi estar dormindo quando o outro voltou mais tarde.

Não sabia como olhá-lo. Aquilo nos aproximaria? Ou seria o contrário? Como ele se sentia sobre aquilo? Como eu me sentia?

Bem, eu estava satisfeita com o beijo, sim. Mas preferia não tê-lo beijado se soubesse que minha cabeça ficaria tão bagunçada assim.

—Kate! –recebi um tapa no ombro de Megan que gritava ao meu lado, o susto foi enorme.

—OI! –gritei de volta.

—Olha lá, o Muralha escolheu o Thomas. –ergueu o braço apontando para o loiro aparentemente entediado ao lado do professor que nos observava minuciosamente.

A tensão só crescia na arquibancada, ninguém ali queria lutar com Thomas.

—Thomas? –Sophia murmurou baixinho. –Ele nunca escolhe o Thomas...

—Não mesmo. –concordei.

A surpresa foi maior ainda quando o professor chamou Morgana e mandou à garota descer da arquibancada, Morgana foi até os dois com um sorriso brincalhão nos lábios, não iria pegar leve com Thomas.

—Vamos lá, Morgana você treina com a Williams, certo? –o professor me fitou por um segundo, pelo canto dos olhos antes de voltar sua atenção à ruiva.

—Sim.

—Thomas, é o guardião, certo?

—Sim.

—Ok, quem vencer aqui... –a pausa fez meu estômago se revirar e meu coração quase parar, o que veio depois foi ainda mais chocante. –Irá para o baile de inverno no reino com a garota, para protegê-la.

Iria pra onde?

Com quem?

Fazer o que?!

Como ele pode dizer que um dos dois vai a um baile comigo quando eu mesma não estou sabendo do dito cujo?

Eu já deveria estar acostumada a não saber de nada a este ponto, mas porque ninguém me conta nada?

—Você não me disse nada! –Megan me empurrou, com ciúmes.

—Mas eu nem sabia!

No entanto, Morgana riu no meio da quadra. Como se estivesse mais do que fora de cogitação que ela perdesse, especialmente com um prêmio como esse.

Acho que deve ser normal eu estar me sentindo como um objeto agora, certo?

—Comecem!

Morgana estava com os braços cruzados atrás da cabeça, despreocupada. Mas assim que o apito foi soado sua postura mudou completamente.

Foi a primeira a atacar, Thomas desviou, ainda parecia fácil demais pra ele. Morgana cuspiu um pouco de cabelo que havia entrado em sua boca e ainda parada em uma pose parecida com a de um super herói, sorriu.

—Sabe que não posso perder, Collins. –o atacou por cima depois de dar um pulo mais alto do que seres normais deveriam conseguir dar e enfim Thomas fez alguma coisa, jogando-a no chão, sentando-se em cima da garota e prendendo seu braço.

—Não significa que não vá perder. –o loiro respondeu.

—Significa, sim. –de alguma maneira sobrenatural Morgana conseguiu se soltar e os dois começaram uma luta complicada demais para minha mente simplória de ainda-humana.

Quando enfim diminuíram o ritmo Morgana estava com um corte no lábio que sangrava e Thomas tinha um arranhão, que parecia bem feio, no ombro esquerdo e seu supercílio estava cortado também. Mas de alguma forma Morgana parecia estar pior, cambaleava.

—Esperei tanto tempo para poder ver os dois lutando! É tão excitante! –um garoto murmurou sentado há apenas alguns degraus de distância.

—Os dois melhores lutadores da escola, uau... E pensar que aquela garota Katherine tem os dois, sinto inveja. –uma garota concordou parecendo muito satisfeita também, os dois pareciam ser amigos.

—Mas ela é especial, sabe disso.

—Se é especial mesmo deveria saber se defender sozinha, oras. –a garota deu um tapa em sua própria perna, parecia um pouco exaltada. –Olhe lá, acho que termina agora.

—T-Thomas, não deixarei que vença... –Morgana se engasgou, fiquei preocupada. Tínhamos nos tornado mais íntimas nas últimas semanas e ela foi a primeira e até agora, única vampira a ser gentil comigo. Não podia deixar que Thomas a machucasse daquele jeito.

—Eu já venci. –o garoto parecia sério até demais, deu um passo na direção de Morgana pronto para pôr um fim àquilo, mas já era tarde demais.

Pare!—protegi-a com meu próprio corpo e ergui meu braço em sua direção, desejando com todas as minhas forças que aquilo acabasse ali.

—Katherine, ficou maluca?! Quer tomar o lugar de Morgana entrando no meio de um duelo assim?! – o Muralha gritava, parecia mais do que com raiva por eu ter interrompido.

Não que eu estivesse sendo sensata fazendo aquilo. Mas eu não podia simplesmente ficar lá e assistir.

—Quero.

—Pois que assim seja. –se levantou da arquibancada e andou até mim. –A escolha foi sua.

Dois alunos vieram levar Morgana para a enfermaria, me senti aliviada. Pelo menos ela ficaria boa logo.

—Não, você não pode fazer isso... –a ruiva segurou minha mão, parecia realmente preocupada, eu também estava com medo.

—Eu já fiz.

Levaram-na mesmo com todos os protestos que a garota fez ao longo do caminho, seria uma preocupação a menos, e se Thomas lutasse comigo como lutou com ela, logo eu estaria na enfermaria também.

—Podem começar, as regras continuam. –a permissão foi dada e o apito foi soado.

Mas nenhum de nós dois moveu um músculo. O professor parecia ficar com mais e mais raiva a cada segundo que se passava, entrei em posição de batalha e me preparei, mas fui tão brutalmente interrompida que quase não entendi.

—Não vou fazer isso. –Thomas olhava para o Muralha diretamente nos olhos, mesmo com toda a raiva que o outro sentia. De alguma maneira parecia que Thomas sempre estava confiante o bastante para desafiar os professores, como se fosse intocável.

—Não vai? –franziu as sobrancelhas. –Você é o melhor lutador desta escola, Collins. Irá desistir e declarar derrota agora que tem um oponente ainda mais fácil?

—Ela não tem nenhuma chance de vencer, é injusto. E como pode me pedir para machucá-la quando meu dever é protegê-la? –nossos olhos se encontraram por segundos então ele finalizou. –Declaro derrota.

Todos que estavam ali ficaram pasmos, quase como se esperassem o Apocalipse, menos Thomas desistindo e declarando sua derrota.

Ele não estava mais ali quando olhei, o Muralha parecia furioso, os alunos estavam embasbacados.

—Então, Morgana te acompanhará. –rangeu os dentes ao passar por mim quando o sinal tocou.

Aquele professor realmente me assustava.

—Você teve muita sorte! O que estava pensando quando entrou naquela quadra? –Megan segurou meus ombros, parecia terrivelmente preocupada enquanto Sophia me lançava um olhar mortífero.

—O que aconteceu?! –Max gritou enquanto vinha em nossa direção, estávamos no corredor e ele parecia muito sério.

—Bem, ele desistiu... –murmurei, confusa demais com os acontecimentos recentes.

Max agarrou-me pelos ombros e me empurrou até que eu batesse as costas contra a parede, seus olhos brilhavam em vermelho, como se chamas estivessem presas em suas íris. Me apertava com força e parecia estar com raiva, muita, muita raiva.

—Ele nunca desiste! É quase como... Nunca, entendeu? Nunca!

—Max você está me machucando. –tentei me soltar, Max mordeu o lábio inferior e abaixou a cabeça.

Ele parecia realmente magoado, triste, com raiva e outros vários sentimentos misturados, como angústia e até mesmo, nojo.

—O que você tem de tão especial? –seus olhos brilharam, senti como se fosse apanhar ali mesmo.

—Eu... Não sei. Não sei o que tenho de especial, Max. –o garoto desabou, lágrimas silenciosas escorriam de seu rosto num momento que pareceu que estávamos em uma bolha onde só nós sabíamos o que estava havendo. Todo o resto parecia se mover em câmera lenta.

Meu braço doía, mas tentei colocar a mão sobre o braço de Max que, no mesmo instante me abraçou, simples assim.

Eu sentia tanta compaixão por ele, dois confusos abraçados imersos cada um em suas próprias dúvidas.

Fazíamos uma bela dupla.

—Quando conheci Thomas, não foi de uma forma amigável, sabe. Venho de uma família humilde, tínhamos uma plantação e um haras com belos e fortes cavalos. Eu era muito tímido na época, quando o rei do reino dos vampiros vinha nos visitar procurando cavalos, eu sempre me escondia e ficava observando de longe enquanto Thomas e Elisabeth eram mais mimados pela minha família do que eu jamais seria. Observava minhas irmãs atrás de um Thomas de doze anos o tempo todo enquanto Elisabeth brincava com os cavalos.

—Quem é Elisabeth?

—A irmã mais nova de Thomas. Os dois são muito parecidos fisicamente, mas tem personalidades completamente opostas. Thomas brincava com as esperanças que minhas irmãs tinham de se casar com o príncipe enquanto Elisabeth tentava conversar comigo a todo tempo quando seu pai não estava por perto. Thomas foi o primeiro a se aproximar, e era estranho. Sempre que o rei vinha com seus filhos minhas asas simplesmente não ficavam escondidas, como se eu estivesse sempre em perigo até eles irem embora. E eu estava. Thomas usou a desculpa de treinar comigo para me bater.

—Que horror! –exclamei, dando um pulo na cama.

—Tem mais, ele me bateu de verdade aquele dia, mas a pior coisa que ele já fez comigo foi arrancar penas de minhas asas, aquela foi a maior dor que já senti em toda a minha vida. O buraco deixado pela falta de penas fora preenchido apenas um ano depois daquilo, e no mesmo dia que se completavam os 365 dias, Thomas me pediu perdão.

—Perdão?

—Sim. –Max sorriu, mesmo que fosse dolorosa era uma memória boa para ele. –Pediu perdão e me deu um anel de ouro roxo, que é bem caro e raríssimo, e perguntou se eu ainda aceitaria que ele fosse meu amigo, eu estava magoado então não aceitei de cara, demorei uns meses, pra ser sincero. –mais uma risada tímida. –E quando aceitei Thomas riu e chorou dizendo que pensava que eu o odiava e que estava muito feliz por eu não o odiar. Quando fui mandado pra cá ele já estava aqui, a felicidade dele a me ver foi... Indescritível. Já estive no seu lugar, fui colocado para duelar com Thomas uma vez. Eu, camponês leigo, e Thomas, um príncipe treinado. Foi um desastre.

—Ele lutou com você?

—Ele me deu umas belas porradas, isso sim. Mas bem, eu preferia que meu, ênfase, único amigo me batesse do que levar uma surra do Muralha. Eu e Thomas estivemos juntos por muito tempo, mas eu sempre mantive esse trauma de infância comigo. Acho que me descontrolei quando o vi abrir mão de sua invencibilidade por você, mas fui egoísta, não tinha nenhuma possibilidade de você ganhar dele, que treina desde que nasceu. Seria uma covardia. Espero que me perdoe Kate.

Depois do que aconteceu na quadra Max disse que me explicaria as coisas, não queria que eu ficasse com medo dele, me trouxe para o seu quarto – bagunçado, porém aconchegante – e me contou a história por trás de seu surto.

—Claro que te perdoo Max, você teve seus motivos e se arrependeu. É o suficiente pra mim. –um grande sorriso se formou no rosto do garoto, me senti aliviada. Vê-lo com raiva e descontrolado daquele jeito tinha me apavorado.

Ficamos em silêncio por cerca de um minuto, respirei fundo e decidi fazer algumas perguntas também.

—Max... Porque todos agem como se eu fosse especial? Me olham de maneira diferente, me tratam de maneira diferente e mal falam comigo. Não vão com a minha cara ou existe algum motivo por trás disso?

—Primeiro preciso saber se confia em mim. –se aproximou, franzi as sobrancelhas.

—Claro que confio, estou num quarto em uma parte do castelo que nem conheço sozinha com você, não é o suficiente? Fora que você quase me bateu agora a pouc-

—Entendi, você confia, saquei. –colocou a mão sobre minha boca para que eu não continuasse, e ria.

—Porque pergunta?

—Confiar nas pessoas próximas a você é essencial por aqui, todos em quem não se confia são inimigos. É complicado para você que ainda sabe pouca coisa, mas eu realmente preciso saber se as coisas estão acontecendo como deveriam. –uma longa pausa se fez presente, não fazia a mínima ideia do que ele queria dizer, não que fosse uma novidade eu não saber de nada. – Já aconteceu algo entre você e Thomas?

Senti os cabelos da minha nuca se arrepiarem, arregalei os olhos e prendi a respiração, porque ele perguntava aquilo? Thomas tinha dito algo? Eu sou tão transparente assim?

—Porque quer saber?

—Você disse que confia em mim e eu te fiz uma pergunta.

—Já... –murmurei, provavelmente já com o rosto todo vermelho.

—Então ele quem tem que te contar, sabe que eu te adoro. Mas não posso fazer isso. –segurou minha mão e deu um leve sorriso, me senti de volta a estaca zero.

—Mas ele nunca me conta nada!

—Ele vai ser obrigado a contar, no baile.

—Mas ele não vai ao baile. –afirmei, até mesmo porque ele não tinha ganho a luta.

—Katherine. –ele riu. – Ele é um príncipe, você realmente acha que ele não vai ao baile? O que o Muralha fez na quadra foi deixá-los escolher quem iria com você, Thomas não tem muita escolha.

—E porque ninguém me contou que haveria um baile? Eu nunca fico sabendo de nada, é como se os outros decidissem a minha vida por mim! É tão frustrante.

Max se levantou da cama atento, como se tivesse que prestar muita atenção em algo.

—Thomas está te procurando.

Já era de se esperar que depois de me largar ele estaria me procurando, ele sempre faz isso.

—Max! –a porta foi aberta com um único baque e um Thomas mais do que furioso estava atrás dela. –O que você fez com ela?!

Suas íris estavam vermelhas da mesma maneira que haviam ficado quando me defendeu daquele vampiro quando cheguei aqui, era assustador. Não percebeu minha presença no quarto e simplesmente jogou o amigo na parede enquanto se aproximava, parecia cego de raiva.

—Thomas! Ela... –Max ficou sem ar quando suas costas atingiram a parede.

Agarrei o braço do loiro e o puxei para trás, o que ele pensava que ia fazer? Matar o amigo?

—Pare! Estou aqui! Não toque nele! –fechei os olhos com força me concentrando em puxá-lo e acima de tudo, pará-lo.

Consegui fazê-lo parar, ouvi a cama ranger e presumi que fosse Max se sentando e respirei fundo.

—Estou bem. –suspirei.

—O que ele fez com você? –tomou meu rosto em suas mãos, abri os olhos e meu coração disparou. O que ele pensava que tinha acontecido?

—Nada.

—Ouvi as pessoas dizerem que ele te bateu, eu... –soltou meu rosto e olhou para o teto, passou a mão pelos cabelos e suspirou.

—Você se sentiu culpado, sei. E você é mesmo. Me deixou sozinha!

—Eu sei! Porque acha que vim correndo? –foi até Max e o estendeu a mão. –Tudo bem?

—Já sofri piores.

—Desculpa, cara.

—É compreensível, mas se fizer isso outra vez vamos ter uma briga. –Max sorriu parecendo um pouco dolorido e Thomas sorriu de canto aliviado, ter um amigo como Max deve ser algo incrível. –Eu só me descontrolei um pouco, não cheguei a fazer nada com a Kate, pode ficar mais calmo.

—Você não foi as suas últimas aulas. –se virou para mim, parecia mais um comunicado do que uma bronca.

—Não fui. –concordei.

—Mas pelo menos está viva.

—Estou.

Pediu desculpas a Max mais uma vez e eu o agradeci pela conversa, tinha sido útil saber mais sobre Max e Thomas. Agora me sentia mais próxima dos dois, e gostava de pensar que Thomas não era frio como eu imaginava, fazia com que eu me sentisse mais confortável perto do garoto.

Estávamos em uma região do castelo que eu conhecia e percebi que era perto de meu quarto, ia perguntar para Thomas se Morgana estava bem, mas ele me interrompeu antes mesmo que eu pudesse terminar a palavra.

—Foi corajoso de sua parte entrar no meio do duelo daquele jeito. –me olhou de canto, me senti envergonhada. Sabia que tinha sido idiota e insensato, mas eu não consegui me conter. –Mas nunca mais faça algo assim novamente.

Segurou meus ombros e me virou fazendo-me encará-lo, estávamos parados na porta de meu quarto e o corredor estava vazio.

—Nunca. –repetiu.

—Nunca, entendi. –assenti com a cabeça.

Abriu a porta e me deixou entrar primeiro, me sentei na cama e ele apenas permaneceu de pé no meio do quarto.

—Não faz ideia da sorte que teve. Quase te machuquei.

Agora isso parecia uma bronca.

—Tenho sim.

—E Max? O que ele fez com você? –se aproximou, acho que já sabia que eu provavelmente tentaria fugir do assunto.

—Nada, conversamos. –desviei o olhar.

—Então porque as pessoas estavam dizendo que ele te jogou contra a parede e parecia que ia te bater? –se agachou a minha frente com os dedos entrelaçados, parecia um pai dialogando com um filho rebelde.

—Porque foi isso o que aconteceu. –ele se levantou e parecia pronto para voltar ao quarto de Max e acabar com a raça dele, fiquei tensa. –Mas depois nos resolvemos, não me machucou nem nada.

—Resolveram o que? –se sentou ao meu lado, senti o sangue congelar em minhas veias.

—O que tínhamos que resolver, você é o que, meu pai agora? –me afastei um pouco, era uma situação até engraçada.

—É isso que ganho por me preocupar?

—Isso é o que você ganha por bater no seu melhor amigo. –empurrei seu braço de leve, ele assentiu.

—Mas eu tinha motivos, você poderia estar muito machucada agora.

—Sei disso, mas tudo deu certo, não deu?

—Seu otimismo me frustra. –bufou. –Mas veja pelo lado bom, Morgana irá com você para o baile!

Então me lembrei de uma coisa que realmente me deixou com raiva sobre a luta de hoje.

—Porque lutou com ela sendo que vai ao baile mesmo assim? Não havia necessidade daquilo se você vai estar lá de um jeito ou de outro.

—Não era como se Morgana também não quisesse lutar comigo. –deu de ombros se levantando e se distanciando de mim.

—Isso não responde a minha pergunta, independentemente se ela queria ou não, é injusto. Porque lutou?

—Porque eu tinha que lutar, porque o professor mandou, porque Morgana me desafiou, porque tenho que te proteger, tenho diversos motivos. Pode escolher.

Franzi as sobrancelhas.

—Lutou com ela mesmo sendo injustamente, mas não lutou comigo.

—Queria que eu tivesse seguido em frente com aquilo? Morgana tinha capacidade para me enfrentar, você não.

—Você é realmente um príncipe, não é? –ironizei.

—Quem te contou essas coisas? Foi Max, certo? –passou a mão pelos cabelos, vi seu supercílio agora curado, eu ainda não havia me acostumado com esse tipo de coisa. –Ele não devia ter te contado.

—Devia, nunca soube nada sobre você. Agora sei, mesmo que pouco. Me sinto mais confortável perto de você agora, e como percebi que te incomodava a forma que eu me sentia com relação a você, é algo bom. Devia agradecer a Max por isso. –sorri convencida de que ele iria mesmo agradecê-lo eventualmente.

—Pensei que já tivesse superado o desconforto. –parecia confuso.

—Claro que não, até mais cedo você era apenas um conhecido. Agora eu sei mais sobre a sua personalidade e sobre quem você é.

—Devia ter presumido então que eu ficaria furioso ao saber sobre o ocorrido no corredor, se me conhece tão bem.—ergueu as sobrancelhas.

—Ah, eu... Não conheço tão bem assim. –desviei o olhar, sem jeito.

Senti-o me beijar novamente sem nenhum tipo de aviso prévio ou pista, me pegando completamente de surpresa como da primeira vez.

Mas de alguma maneira dessa vez parecia algo mais, familiar. Como se não fosse apenas a segunda vez, o pensamento me causou arrepios na coluna.

Este fora mais intenso do que o anterior, com sua mão em minha nuca e as minhas em seus ombros e nuca mantendo um próximo do outro, e desta vez nossas línguas chegaram a se encontrar num momento onde um arrepio percorreu minha espinha.

A intimidade deste beijo parecia maior, os toques, o calor e, sem dúvida, a necessidade.

Eu sabia muito bem que não tinha parado de pensar nele desde que aconteceu, mas Thomas também não ficava atrás, considerando o quanto seus dedos passeavam por meu cabelo.

Foi muito bom, sem dúvida alguma, mas me sentia insegura com relação aquilo. O que estávamos fazendo afinal?

—Porque sinto que não sei muitas coisas sobre você? –murmurei assim que nos separamos, haviam apenas alguns milímetros entre nós, mas não consegui conter minha curiosidade.

—Porque não sabe. –sorriu de leve, fiz bico.

Não gostava de não conhecê-lo, mas tinha muito medo do que poderia descobrir caso tentasse desvendá-lo.

—Sabe que vou estar lá, não sabe?

—No baile? Sei. –afirmei com a cabeça. –Por quê?

—Para que saiba, não confio em Morgana o suficiente para deixá-las sozinhas fora do castelo. Ela não resiste aos encantos da realeza, te deixará na mão.

—Devia colocar mais fé nela.

—Deixo isso para você. –piscou.

Tudo que me restava fazer agora era esperar que as coisas corressem bem no baile para que talvez parem de me tratar como uma debilóide.

Talvez até descubra porque sinto como se um imã me puxasse para Thomas a todo tempo, e porque ele se deixa ser puxado.


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Notas finais do capítulo

ficou bem grande uhu! Espero que gostem, comentem qualquer cisa aí pra eu saber o que vcs acharam ♥



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