Lost escrita por Gabs


Capítulo 10
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Notas iniciais do capítulo

depois de 300 anos eu consegui voltar com alguma coisa que preste, mas n foi fácil n.
esse capítulo foi apagado na primeira vez q eu escrevi pq meu notebook travou e eu perdi tudo, tive q reescrever e quase não consegui por causa da desmotivação então concluo q sou uma guerreira.
reclamações feitas, eu acho que esse é um dos capítulos mais fofos e mais bem descritos que essa fanfic já teve até agora então espero que tenham uma ótima leitura e que o próximo não demore tanto ♥



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Eu conseguia sentir a ansiedade crescendo dentro de mim, me sufocando e me engolindo, eu continuava tentando manter o controle sobre tudo o que estava acontecendo, mas era tão difícil. Parecia haver tanta coisa acontecendo em tão pouco tempo, descobertas, acontecimentos, mais descobertas e acontecimentos mais chocantes do que os anteriores e tudo isso de uma vez só e em poucos dias.

A roupa que eu vestia era desconfortável, o salto me incomodava e meu cabelo estava preso em um coque tão apertado que eu mal conseguia pensar, o que já estava sendo difícil o suficiente.

Morgana estava sentada ao meu lado naquela carruagem estranha, porém aconchegante, e estava tão animada que eu só sentia inveja. Eu estava tão nervosa que mal conseguia respirar por debaixo de todas aquelas camadas de roupa, e estava tão frio! Tentei respirar fundo algumas vezes tentando relaxar e falhei, nada adiantava. Aquele calor e as bolhas da ansiedade só cresciam dentro de mim e tudo se tornava ainda mais insuportável com aquele espartilho que me apertava até as costelas.

—Você está bem? –senti a mão da garota pousar sob a minha, estava gelada. Não estava bem, mas admitir aquilo seria uma completa derrota e de nada adiantaria toda a batalha interna que travei comigo mesma até aqui, seria inútil.

—Estou bem. –murmurei sem conseguir abrir a mandíbula direito, estava tensa demais. Não conseguia parar de pensar em porquês e em todo o meu incômodo ao estar ali vestindo aquele vestido e indo para aquele lugar com todas aquelas pessoas e com aquelas coisas que eram completamente desconhecidas e talvez agressivas.

Tudo me incomodava e isso me tornava uma pessoa insuportável, cheguei a um ponto crítico onde meu próprio subconsciente me dizia que eu estava sendo insuportável e que na verdade aquele baile provavelmente não seria nem a metade daquilo que eu estava pensando, mas eu não conseguia parar.

Porque eu? Porque neste lugar? Porque com estas pessoas?

Me sentia insegura e aquela era uma das piores sensações do mundo, odiava ter que ficar olhando para outras pessoas só para checar se as coisas que eu estava fazendo eram aceitáveis para elas, odiava não conseguia fazer as coisas que eu queria.

—Você não está bem. –constatou se aproximando de mim e fazendo nossas coxas se tocarem através dos fios e de repente me tornei consciente de tudo o que estava acontecendo ao meu redor. A preocupação de Morgana, o trote veloz dos cavalos, folhas sendo esmagadas pela carruagem, galhos de árvores sendo balançados pelo vento do lado de fora, a respiração pesada do cocheiro e de meu surto iminente.

—Vou ficar bem. –assegurei mesmo que tivesse zero de certeza sobre aquilo, mas tudo bem porque certeza era a coisa que eu menos tinha sobre qualquer coisa aquele ponto.

—Eu estou aqui para você e por você, Kate. Se precisar de qualquer coisa é só me dizer. –senti sua mão em meu ombro, e por mais que fosse fria, o toque fora caloroso e reconfortante.

Era daquilo que eu precisava, de alguém que estivesse ali para mim.

Morgana era praticamente a única razão pela qual eu ainda não tinha me jogado dessa carruagem e saído correndo floresta afora mesmo estando de saltos e espartilho.

A indecisão também tinha parte naquilo, estava curiosa em saber o porquê eu estava indo para lá, dentre tantas pessoas no mundo, eu.

Morgana se levantou e arrumou seu esbelto vestido verde e passou as mãos pelos fios vermelhos que se se encontravam soltos e esvoaçantes, parecia cheia de expectativas.

—Vou te proteger e te ajudar, é só me dizer quando precisar. Confie em mim. –estendeu-me a mão e fiquei estática, prendi a respiração e não conseguia me mover.

O coração estava na boca, eu estava petrificada, com os olhos arregalados e todo o nervosismo do mundo obriguei-me a levantar e sair daquela maldita carruagem tomando todo o cuidado que pude ter para descer aqueles degraus de salto alto, já que afinal saltos altos e Katherine nunca foram muito amigos.

Arrumei minha postura e naquele momento tentei me imaginar no controle de tudo, eu sabia exatamente o que estava fazendo, eu sabia andar de salto alto, eu sabia andar como uma pessoa imponente que sabe exatamente o que está fazendo, eu sabia andar como se todos naquele salão não estivessem me encarando com tanta intensidade e acima de tudo, eu sabia não ter um ataque de pânico ou uma crise de choro na frente de todos.

—Perfeito, é aqui que nós nos sentamos. –Morgana segurou meu pulso discretamente me fazendo parar de andar, estava tão focada naquilo que não havia visto nosso lugar e poderia muito bem continuar andando até o fim do salão.

Grande maioria das pessoas ainda me olhava, metade não estava sendo nem um pouco discreta ao cochichar coisas sobre mim bem na minha frente e outras pareciam me julgar até o último fio de cabelo. Senti o medo me invadir como as raízes de uma árvore que se fincam no chão, se não gostarem de mim, o que podem fazer? O que acontece comigo então? Preciso de sua aceitação? Porque estão todos me olhando daquele jeito afinal? O que eu estou fazendo aqui?

—Não estou confortável. –murmurei o mais baixo que consegui apertando o joelho de Morgana com força já que a garota estava se preparando para se levantar e ir pegar algo para nós, algo que eu esperava que fosse uma faca para que eu pudesse me matar ou matar a todos que estavam ali me olhando fixamente.

—Desculpe Kate, sei que não é divertido estar aqui, mas eles não vão vir falar com você, então relaxe. As coisas que eles dizem não importam, desvie o olhar e finja que nada está acontecendo. –ela sorriu e eu estava à beira de um ataque de pânico.

Pessoas continuavam entrando pela grande porta de madeira então porque todos pareciam olhar para mim? Eu estava sendo egocêntrica? E se afinal, ninguém estivesse olhando para mim e eu só estivesse tão nervosa que aquilo parecia estar acontecendo?

Olhei para baixo, não conseguia parar de mexer meus dedos, estava muito nervosa, era muita expectativa e ansiedade junta, não conseguia fazer nada sobre aquilo, estava completamente à mercê de qualquer coisa que fosse acontecer ali.

Fechei os olhos e respirei fundo segurando o tecido da saia do vestido vermelho como se fosse salvar a minha vida, não queria olhá-los, não queria estar ali e não queria estar sentindo todas aquelas coisas ruins.

Eu só queria que tivessem perguntado minha opinião antes de me dizerem que eu iria para um baile desconhecido cheio de pessoas desconhecidas e mal-educadas que só sabiam cochichar, julgar e encarar as pessoas.

Eu queria chorar porque me sentia tão indefesa e aquilo me incomodava! Queria sair correndo, fugir dali e ir para qualquer lugar, mesmo sabendo que o frio que fazia lá fora poderia me levar à morte em poucas horas, e este vestido também possuía camadas finas demais e aberturas demais para tal coisa.

Eu só podia ficar ali e esperar.

—Não pude deixar de notar seu pedido de socorro então tive que vir até aqui e me certificar de que está tudo bem. –percebi a presença de alguém sentada ao meu lado, não queria conversar, sabia que as palavras não sairiam. Também não queria ter de abrir os olhos, pois sabia que tudo que sairiam seriam lágrimas.

Tremi um pouco, queria chorar.

—Katherine... –senti sua mão na abertura traseira de meu vestido, aquilo também me incomodava.

Olhei para ele com tantas lágrimas nos olhos que mal consegui diferenciar seu rosto de um borrão qualquer, respirei fundo e tentei me controlar, estava chegando ao ponto crítico.

—Estou com medo. –murmurei com a voz embargada de choro, odiava me ouvir falando daquele jeito e agindo daquele jeito, queria ser uma garota independente que sabe o que faz e não precisa de outras pessoas para se sentir segura e que não sentiria medo só por estar em um lugar cheio de pessoas que não conhecia.

Mas eu não era aquela garota. E eu sabia que se suspirasse mais uma vez começaria a chorar, então prendi minha respiração e me foquei em não deixar que aquelas lágrimas caíssem.

Quando o borrão que estava em minha frente finalmente se tornou Thomas, pude perceber que estava mesmo preocupado comigo, olhava para os lados e até mesmo encarou todas aquelas pessoas ali e também pareceu incomodado por alguns segundos, mas é claro que ele não sabia o que fazer.

—Você precisa respirar Katherine. –o garoto se abaixou ficando agachado a minha frente e segurou minhas mãos que tremiam.

—Não quero chorar. –sussurrei mal conseguindo fazer com que as palavras saíssem de minha boca.

—Não tem problema se chorar, entendo que esteja nervosa, mas preciso que relaxe. Há alguns dias você me disse que se sentia confortável perto de mim, eu estou aqui agora e preciso que você esteja comigo, não posso deixar que se perca em seu próprio medo. –segurou minhas mãos com mais força e eu conseguia sentir minhas próprias mãos tremendo enquanto as suas permaneciam firmes.

Tencionei a mandíbula e respirei fundo, queria conseguir me concentrar nas coisas boas, mas a meu ver não havia nenhuma coisa boa, então me vi presa em minhas próprias inseguranças que me arrastavam cada mais para um estado de pânico crítico.

—Não consigo. –o encarei, ele me olhava com intensidade e de um jeito que parecia tentar passar algum tipo de força para mim, mas a cada segundo me sentia mais fraca e impotente do que já estava.

Tudo aquilo era muito avassalador e não queria parecer frágil para nenhum ali, queria estar tomando alguma coisa e conversando e não pedindo para mim mesma que não perdesse um controle que já não existia.

—Preciso distrair você, não pode ficar pensando em todas essas coisas que te fazem se sentir mal, isso te destrói. Vem comigo, vamos dançar. –um pequeno sorriso de canto charmoso brotou nos lábios de Thomas, eu não estava disposta a me sentir abatida por aquilo, mas foi inevitável. Todos os sentimentos em meu peito pareceram borbulhar por um momento.

Não tinha forças para forçar-me a ficar sentada e nem para me negar então apenas segurei a mão dele com uma mão e meu vestido com a outra e o segui, me aproximando dele enquanto entrávamos em um tipo de pista de dança.

Ele ficou parado em minha frente e analisou o espaço entre nós e o espaço a nossa volta pareceu pensar por um segundo até segurar minha outra mão, aquela que segurava o vestido, e colocá-la em seu ombro, deu um passo a frente e arregalei os olhos, aquilo não estava me acalmando de forma alguma. Continuou segurando minha mão com firmeza enquanto a outra foi até minha cintura, eu conseguia sentir a velocidade com que o sangue fluía pelas minhas veias e aquilo era intenso demais para mim.

Senti quando seu toque que antes era delicado se tornar firme em minha cintura, ele deu mais um passo e me puxou fazendo com que ficássemos grudados um no outro, eu nunca teria a coragem de dizer que aquilo não foi aconchegante, mas minhas pernas ainda não estavam estáveis o suficiente para me manter de pé, eu ainda estava instável.

—Preciso que olhe para mim, sei que a costura do meu terno parece fascinante, mas preciso que olhe para mim. – o tom de sua voz soou mais grave por causa da proximidade, mas sabia que ele também estava brincando. Em partes.

Respirei fundo e fechei os olhos por um momento, não iria chorar e não iria me deixar sucumbir ao medo, eu estava ali e nada aconteceria.

—Não é tão ruim, não é? Eu sou bonito, deve ser prazeroso poder me admirar. –comentou assim que levantei meus olhos para olhá-lo, eu ri. –Bem, agora vamos começar a dançar, e para isso preciso que preste atenção porque não gosto muito que pisem no meu pé. Ok? –deu mais uma olhada ao nosso redor e voltou a me encarar, desta vez sorriu, sem mostrar nenhum dente, mas foi um sorriso simpático e espontâneo. Ele realmente queria fazer com que eu me sentisse bem.

—Eu não sei dançar, mas vou me esforçar.–ri.

—Então acho que eu deveria preparar meu pé. –foi a última coisa que disse antes de começar a me conduzir lentamente pelo salão, não era difícil. Pisei em seu pé pelo menos quatro vezes, mas se tornou mais confortável depois que memorizei os passos.

E era realmente confortável, quero dizer, eu não conseguia perceber se alguém estava me encarando agora e o lugar e as pessoas a nossa volta pareciam não existir. Estávamos perto o suficiente para que eu pudesse encostar minha cabeça em seu peito e não parecer tão estranho, pelo menos para mim. E eu estava realmente me acalmando, e eu estava me sentindo melhor.

Ficamos dançando por aproximadamente cinco minutos e foram poucos os minutos nos quais eu não estava com a cabeça em seu peito e os olhos fechados, queria me concentrar completamente naquele momento, naquele sentimento, naquela sensação e naquela pessoa em particular. Houve um momento em que consegui ouvi-lo sorrir e olhei para cima, ele parecia orgulhoso e até tímido.

Claro que uma versão assim tão amigável de Thomas não era algo que se via todos os dias, mas talvez, e só talvez, ele pudesse se permitir ser assim por um tempo.

—Está se sentindo melhor? –perguntou assim que a música acabou, eu estava com um pouco de vergonha, mas me arrependia pouquíssimo do que havia feito.

—Sim, ob-

—Não me agradeça. Não seria racional te deixar sofrer sozinha daquele jeito, era o mínimo que eu podia fazer. Foi bom e você só pisou no meu pé oito vezes. –sorriu irônico e fingiu comemorar.

—Foram quatro!

—Só se for quatro mais quatro. –riu e não consegui responder nada porque me distraí um pouco com seu sorriso, ele sempre seria tão desconcertante assim? Não era justo que perdesse o foco por causa dele toda hora!

—Achei você! Eu já estava pronta para ser morta pelo-

Morgana abriu caminho por entre as pessoas na base do empurrão e parecia furiosa.

—Thomas? –indaguei me sentindo mal pela garota.

—Não é justo! Eu saí por cinco minutos para ir pegar isso aqui —me entregou a bebida com tanta violência que desejei que ela nunca tivesse saído para pegá-la. – e você já vem atrás! Parece sombra! –Morgana esbravejou apontando para Thomas que sorria malicioso.

—Eu estava... –tentei explicar, e fui interrompida bruscamente.

—Eu sei que você não estava bem e por isso fui pegar isso aí, mas quando voltei vi os dois agarradinhos dançando e me perguntei por que me dei ao trabalho de ir até lá, isso é muito injusto sabia? Eu também sou charmosa, também sei ajudar as pessoas, Collins!

Morgana parecia mais do que furiosa com Thomas, mas eu tinha ficado para trás na parte do “dançando agarradinhos”, me perguntei se era tarde demais para sair correndo.

Mas tudo bem, eu estava calma. A situação estava bem melhor e finalmente sob controle.

Não durou nem dois minutos, é claro.

O chão começou a tremer e os lustres começaram a chacoalhar enquanto as pessoas soltavam grunhidos de surpresa m impedindo de ouvir os barulhos que vinham do lado de fora, me agarrei em Thomas que estava ao meu lado e olhei para Morgana com os olhos arregalados de susto, mas a garota também parecia estar nervosa.

—Terremoto? –foi a única coisa que consegui perguntar em meio a todo aquele desespero.

Um estrondo foi ouvido e a parede inteira da frente fora derrubada pelo o que era, aparentemente uma bola enorme feita de árvores e barro. Os destroços foram jogados em direção ao fundo do salão, onde estávamos e a única reação que tive foi me abaixar.

Thomas se abaixou e me cobriu com o próprio corpo enquanto eu ainda me segurava em suas roupas, Morgana gritou algo e ele assentiu, saiu de cima de mim e me ajudou a levantar. Felizmente nenhum pedaço de concreto chegou a nós.

Subimos a escada rapidamente enquanto seres que deviam ter no máximo 1,35 de altura começaram a invadir o palácio e matar as pessoas, desviei o olhar, não podia presenciar aquilo.

—Décimo primeiro quarto! –Thomas gritou e Morgana apenas fez um sinal positivo com os dedos e começou a correr ainda mais rápido, quando diminuiu a velocidade conseguiu derrubar a porta do quarto e tudo pareceu se acalmar por um momento.

Eu estava ofegante e meu pulmão ardia enquanto implorava por oxigênio e meus tornozelos já deviam estar sangrando pelo impacto do salto, tirei o cabelo do rosto e fiquei observando-os, Morgana estava dentro do quarto e eu estava com Thomas do lado de fora.

—O que está esperando? –eu estava impaciente, o que ele estava esperando afinal?

—Morgana.

—Podem entrar! –a garota chamou de dentro do quarto, as portas de todos os cômodos estavam abertas e ela parecia ter checado cada um deles. Observei a garota rasgar o próprio vestido enquanto Thomas trancava e bloqueava a porta. –Estava apaixonada por este vestido, mas sou ainda mais apaixonada por mim. –piscou assim que percebeu que eu a encarava.

—Vamos logo, precisamos sair daqui. O haras é para aquele lado. –apontou para a esquerda de onde estávamos, Morgana assentiu e colocou as pernas para fora da janela, se sentando no parapeito da mesma.

—O que está fazendo? –me assustei.

—Não acha que vamos sair daqui pela porta da frente, acha? –Thomas retirou seu terno e sua gravata ficando apenas de camiseta social e usando-os para fazer um tipo de tranca na porta. –Aliás, não existe mais porta da frente.

—E o que vamos fazer?

—Fugir.

—Como?

—Você já vai descobrir. –fez um sinal com a cabeça para Morgana e a menina pulou da janela, gritei e corri até lá para ver se ela estava bem, a garota gritou “liberado” E Thomas me agarrou e me pegou no colo em questão de segundos, tomei um susto e nem tive tempo de ruborizar. –Essa já é a segunda vez que tenho que te pegar no colo, Katherine. Como se sente?

—Vou me sentir aliviada o suficiente se eu não morrer, o resto eu te conto depois. –comecei a bater em seu peito para que se fosse mesmo fazer aquilo, que fizesse logo, não aguentava mais meu coração batendo tão forte no peito que chegava a doer.

Atingimos o chão bruscamente, mas nada demais. O garoto continuou a correr comigo em seus braços e não consegui fazer com que meu lado humano associasse aquilo com algum tipo de cena de filme romântico, mesmo que na verdade não estivesse sendo romântico.

Fui jogada em cima de um cavalo no qual ele subiu logo após, Morgana estava logo atrás de nós.

—Podia ter me avisado. –murmurei com dificuldade enquanto tentava não cair e sentar direito em cima daquele cavalo.

—Eu avisei, disse “cuidado aí”, mas estava tão embriagada pela minha beleza que não se deu conta, é compreensível. O garoto deu de ombros sorrindo de canto mais uma vez e estalando as rédeas fazendo com que o cavalo começasse a correr imediatamente.

Assim que chegamos à entrada onde poderíamos sair da área do palácio e entrar na trilha de volta para o colégio, centenas daqueles pequenos seres selvagens começaram a nos seguir e eles corriam muito rápido!

Morgana lançou seus saltos em alguns deles e joguei os meus em direção à garota, que conseguiu pegar a lança de um antes de matá-lo, e sorriu antes de começar a jogá-los para um lado e para outro como se não fossem nada.

Um deles grudou na lança da garota e começou a escalá-la de alguma forma fazendo com que Morgana tivesse de se livrar dela, estávamos dentro da floresta e eles estavam perto demais.

Eu precisava fazer alguma coisa, não podia deixá-los fazerem tudo, eles não podiam lutar com todos eles corpo-a-corpo, mas eu podia fazer algo com magia, mas eu precisava me concentrar. Com certa dificuldade fiquei de costas para Thomas e de frente para as criaturas, o que tornou tudo bem mais assustador.

Nunca nos ensinaram nada deste tipo nas aulas! Nos ensinaram a escrever usando o dedo, não a matar centenas de seres pequenos e selvagens de uma vez só.

O cavalo grunhiu quando um destes bichos grudou em seu rabo e usou-o para escalar até mim, entrei em pânico, tinha que tomar uma atitude.

Tentei bater nele para que perdesse o equilíbrio e caísse do cavalo, mas o desgraçado fincou os dentes e garras em meu braço assim que tentei.

—Filho da p-! –gritei ao sentir seus dentes e unhas penetrando minha pele e, de alguma forma soltei um feitiço forte que o jogou para longe.

Tanto eu quanto Morgana, que estava tentando me ajudar, ficamos impressionadas.

Eu precisava achar aquele sentimento de novo, precisava acabar com aqueles desgraçados.

E eu só tinha uma opção.

Urrei de dor assim que enfiei o dedo dentro do corte deixado pelo maldito bicho e me foquei no sentimento, senti a tensão percorrer meu corpo e uma luz roxa brilhar assim que minhas mãos começaram a arder, mas não doía muito fora o próprio machucado que eu já tinha, e a sensação de poder era muito prazerosa.

Pelo menos uns 40 eu queimei dali, e a quantidade que restava estava bem mais para trás, estava consideravelmente seguro.

—Uhul! –Morgana comemorou levantando seus braços mais feliz do que eu mesma.

Sorri e me lembrei de algo que Sophia e Max haviam me ensinado, eram bombas que poderiam ser tão poderosas quanto sua vontade, eram fáceis de projetar e muito poderosas, as pesquisas de Sophia eram muito úteis.

E como eu não queria morrer o feitiço acabou sendo bem poderoso, fiquei sem ar ao terminá-lo e distribuí algumas pelo chão conforme cavalgamos, e assim que as criaturas passavam, explodiam.

—Katherine você é A MELHOR! –Morgana estava extremamente feliz e não conseguia parar de sorrir.

Senti Thomas rir conforme suas costas desciam e subiam rapidamente de acordo com sua respiração e me sentir útil foi a melhor coisa que aconteceu desde que cheguei aqui.

Me virei novamente e me agarrei a Thomas, depois que um pouco da adrenalina passou me senti mole.

Assim que pude ver de relance os grandes portões de ferro do colégio sorri e pela primeira vez, estava feliz de estar ali. Aos poucos minha visão escureceu e senti meu aperto ao redor da cintura de Thomas diminuir e apaguei completamente.

 

[...]

 

Estava com dor de cabeça, meu braço doía pra cacete e a luz estava forte demais. Mas não me sentia no direito de reclamar uma vez que eu estava dentro do colégio.

—Finalmente acordou. –Thomas exclamou se levantando da poltrona rapidamente e vindo até mim, senti algo pesado sobre mim ao tentar me sentar e voltei a me deitar, ainda estava cansada.

—Eu... –mal saía voz, não sabia como poderia dizer o que queria dizer.

—Não diga nada. Chegamos bem, você desmaiou porque usou muito de seu poder e te trouxemos para dentro para que as enfermeiras pudessem dar uma olhada em você e te fizeram curativos e fizeram dois feitiços de cura e um de força para que se levantasse bem, isso faz um dia inteiro.

Arregalei os olhos fechando-os novamente, estava surpresa.

—Sim, não se preocupe. Você salvou nossas vidas, nenhum professor vai ter a coragem de te punir por descansar, por falar em salvar nenhum Golior chegou até aqui.

Sorri levemente, sentia como se todo o meu corpo estivesse dormente, era até gostoso levando em conta toda a tensão dos últimos dias. Mas consegui sentir quando tocou minha mão e se sentou na cama ao meu lado.

—Foi muito corajoso da sua parte e eu, Morgana e os professores estamos muito orgulhosos de você. –sorriu enquanto acariciava minha mão levemente, apenas passando o dedo por ela e se meu corpo não estivesse todo mole eu provavelmente teria me arrepiado toda.  –Uma pena que não tive tempo para te dizer o quão bonita estava com aquele vestido vermelho, estava deslumbrante. –sorriu com um pouco de malícia, mas parecia estar dizendo a verdade. –Depois terá tempo de me elogiar, não se preocupe, sei que sou irresistível de terno.

Ri fraco, aquele garoto era impossível.

Ele também deu risada e se inclinou em minha direção, fechei os olhos instantaneamente e me encolhi. Senti um beijo ser depositado em minha testa delicadamente e respirei fundo tentando aproveitar aquela sensação.

O observei com expectativa conforme ia se afastando até se levantar e ficar de pé e seus olhos brilharam em malícia quando disse:

—Saiba que eu não beijaria uma garota debilitada.

Tive que rir de novo, porque ele era assim?

—Descanse, se esforçou muito ontem e precisa descansar, se saiu muito bem. Boa noite Kate, tenha bons sonhos. –a luz se apagou e respirei fundo, realmente estava cansada.

Assim que respirei fundo e consegui relaxar para tentar dormir, lembrei-me do beijo na testa que recebi há alguns minutos e não pude evitar o sorriso, gostava dessa versão gentil de Thomas e não queria que ele deixasse de ser assim.

E ele realmente estava um gato naquele terno.


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Notas finais do capítulo

espero q tenham gostado e perdido um possível ranço do Thomas pq na vdd ele eh bem legal ♥
até a próxima!!!



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