Katherine jamais admitiria, mas ainda olhava muito na direção dos ruivos em busca de alguma indicação do que deveria fazer a seguir. Mas ali estavam todos, parados, mal respiravam, sujos de sangue de pessoas da própria espécie, e ninguém dava o menor indício de que sabia o que fazer a seguir.

—Princesa Katherine. -ouviu a voz melódica e doce da rainha chamar seu nome, não conseguiu evitar e se sentiu muito assustada.

Lembrou-se da primeira vez que a viu, quando Katherine se escondia na curva do corredor observando enquanto ela entrava com o marido ao seu lado, quando ela direcionou o mais cuidadoso e afetuoso olhar aos filhos antes de performar seu papel como rainha.

Reuniu seu orgulho e coragem e deu dois passos à frente, apresentando-se ao chamado da rainha.

A rainha Earyn não possuía um olhar superior, não a olhava com escárnio ou como se ela fosse uma ameaça, mantinha as costas retas e a olhava de uma forma diferente, de uma forma que nunca havia sido vista por ninguém.

Não era amor, não era carinho, não era amizade ou afeto, era respeito.

Não era inimiga da rainha, tampouco era sua amiga, mas notava que Earyn lhe encarava como alguém a lidar, não domar. Percebeu que Earyn tinha planos de lidar com a princesa da forma que costumava fazer, com diplomacia.

Não devia ter voltado.

Era sua voz em sua mente, mas não era nada igual a voz que vinha da marca em seu braço, a voz da rainha era suave e controlada, como sussurros em seu ouvido, as vozes que vinham de sua marca pareciam ecos dentro de sua mente, como se não ocupassem o espaço de seus pensamentos.

—Eu não queria ter voltado.

Se veio por ele, recomendo que dê a volta. Não porque não desejo que o veja, ou que o ajude, mas é uma decisão da qual você se arrependerá amargamente.

Seu peito se apertou, seu coração foi reduzido a cinzas.

—Nos deixe chegar até eles, e eu decidirei isso sozinha.

Sentia os olharem passarem de si para Earyn e ficava mais nervosa a cada segundo, não sabia do que ela era capaz.

—Estão nos calabouços, nas celas mais profundas. Morgana, Max, não deve ser difícil pra vocês dois os acharem. -ela informou para que todos ouvissem.

Podem ir, não tenterei impedi-los. Embora tenha minhas dúvidas com relação se sequer chegarão a subir aquelas escadas depois que as descerem.

Ela então lhes deu as costas e subiu as escadas com os soldados em seu encalço, sem dizer mais nenhuma palavra.

—Podemos ir, não vão tentar nos parar. -chamou, indo com pressa ao corredor que sabia levar ao calabouço.

Morgana e Max logo tomaram a dianteira e foram quase que correndo até o local informado, a cada passo que davam o ar ficava mais úmido e fedido, musgo cobria as paredes e algumas partes do chão que estava completamente molhado, tanto de urina quanto de água, lágrimas e cuspe.

Sabia que Teagan não costumava manter seus criminosos presos por muito tempo, mas imaginava que ele os fazia sofrer muito antes de acabar com suas vidas. Não acreditava que ele era capaz de infligir essa agonia até mesmo nos próprios filhos, por tanto tempo.

Já haviam se passado meses desde que Katherine tinha ido embora, não fazia a menor ideia do que havia acontecido depois disso, mas odiava imaginar o que o garoto devia ter sofrido por desapontar o pai.

—Sempre soube que a trariam para mim. -passos pesados vinham dos calabouços, Morgana e Max estavam congelados no local absortos no próprio choque.

A voz era única, forte e amedrontadora, não era de se surpreender que ele aparecesse quando menos esperávamos, mas não parecia lógico de qualquer forma que ele os deixasse ali abandonados e sozinhos.

Podia machucar, torturar, fazer lavagem cerebral o quanto quisesse, ele ainda precisava dos filhos, eram seus soldados de ouro.

Leviathan segurava o tecido das vestes da amiga e se perguntava o quão rápido conseguiria subir aquelas escadas de volta, Morgana e Max estavam inconsoláveis na frente, o encarando como se tivessem perdido a batalha e Katherine parecia ter sede de sangue.

—Vocês tentam agir como adultos, mas não passam de crianças estúpidas. -ele destilava seu ódio fazendo com que os ruivos se sentissem ainda mais insignificantes do que já sentiam, eles tinham feito tudo aquilo para salvar os amigos, e caíram perfeitamente na armadilha de Teagan. -É tão fácil manipular a esperança de vocês, plantar algumas informações nos lugares certos e pronto, trouxeram minha maior arma de volta ao meu arsenal.

Ele abria as celas lentamente enquanto falava, sem medo de lhes dar as costas, todos estavam petrificados demais para agir.

Samantha foi a primeira a sair de sua cela, havia pouquíssima luz ali, mas conforme foi chegando perto  do pai era possível enxergar o brilho feroz nos olhos da garota, ela estava com o corpo completamente ereto e parecia forte apesar do estado de suas roupas e corpo, os cabelos eram uma completa bagunça e seu rosto estava sujo de poeira e… quase não conseguiu identificar, mas Katherine tinha certeza de que era sangue.

As presas estavam a mostra e ela parecia que não comia há semanas, o olhar que direcionava aos três conhecidos na escada era puramente selvagem.

Como uma leoa que sonda suas presas, ela não tirava os olhos dos quatro ali.

O irmão saía da cela ao lado da dela e caminhava para ficar ao lado do pai no corredor estreito, Katherine sentiu que seria capaz de explodir aquele castelo quando enxergou suas roupas bonitas e delicadas sujas de sangue e terra, ele havia treinado naquele meio tempo, seus músculos estavam mais definidos do que antes, as mangas longas de sua camisa haviam sido rasgadas brutalmente, tendo sido completamente removidas, apenas seu tronco estava coberto pelo tecido. Ele estava de pé e encarava Morgana como uma incógnita, completamente parado, decifrando a imagem da garota a sua frente.

Eles se conheciam há muito tempo, os três, Thomas e Max eram amigos desde a infância e ele os encarava ali como se nunca os tivesse visto na vida, pior, como se quisesse machucá-los.

—Sabia que voltaria, mas eu não podia esperar que você superasse seus pequenos conflitos internos, princesa. Agora… Você pode subir comigo como uma boa garotinha ou eu posso mandar que Thomas te arraste até lá.

—Ele não conseguiria. -não estava subestimando o garoto, longe disso, mas ela jamais se deixaria ser dominada por eles mais uma vez, preferia a morte.

—Ele é uma arma, não se esqueça disso. Você pode usar uma lança como bengala, mas isso não muda sua natureza. Você foi tola ao achar que sexo e alguns sorrisos poderiam fazê-lo se curvar aos seus pés. -ele se vangloriava sem parar, como o porco imundo que era, sempre com um sorriso no rosto, e Thomas ali ao seu lado, com as mãos banhadas em sangue e um olhar vazio, fazendo jus ao que estava sendo chamado, uma arma.

Nenhuma consciência, nenhum discernimento, nenhum sentimento.

Max abriu as asas volumosas que logo preencheram o espaço do corredor, não conseguia mais vê-los diante da parede de penas que Max havia colocado entre eles.

—Suba! -Morgana gritou empurrando Katherine para cima enquanto Max oferecia o próprio corpo para defendê-los, Katherine conseguia ver a dor nítida nas feições do ruivo enquanto ele torcia o rosto em agonia ao sentir as costas sendo rasgadas brutalmente.

Leviathan puxava a amiga com a maior velocidade que conseguia para cima, cada vez mais alto, cada vez mais perto do salão do palácio. Ele sabia que Morgana não imaginava que estariam a salvo se saíssem das profundezas, mas era impossível lutar lá embaixo, eram apenas alvos fáceis e presas indefesas, mas ali em cima tinham alguma chance de se defender, sabia que especialmente Max e Katherine precisariam de espaço para que pudessem ajudar sem acabar machucando Morgana ou Leviathan que lutariam no chão.

As mãos de Katherine tremiam, seus olhos não saiam daquela porta estreita que dava aos calabouços, Max voou por ela como um raio, quase impossível de enxergar, sangue escorria de suas costas e pingava no chão metros abaixo de si, era difícil não pensar em destruir os dois depois de ver o que eles haviam feito com ele, mas precisava focar esse ódio em quem realmente merecia, os gêmeos subiram a escada devagar como se tivessem todo o tempo do mundo, saboreavam o sofrimento dos que machucavam.

Teagan murmurou algo para os dois e ambos olharam para Katherine simultaneamente, era avassalador ter ambos os pares de orbes de selvagens olhos claros em si ao mesmo tempo, precisava se controlar, precisava saber exatamente o que estava fazendo, se exagerasse, entrasse em pânico ou perdesse o controle poderia matá-los. Poderia matar todos ali.

—Você precisa fazer aquilo que Dex te ensinou. -Leviathan murmurou.

Sabia a que ele se referia, havia sido uma das últimas coisas que Dex havia ensinado à sua jovem aprendiz, quase como se soubesse que ela precisaria. Mas era algo muito difícil de se executar, especialmente com eles e naquela situação.

—Morgana, chame reforços. -Max se esforçava para falar, a adrenalina devia estar passando e sua dor aumentando a cada minuto.

Morgana assentiu rapidamente com a cabeça e fechou os olhos com força criando um campo de força vermelho e espesso ao seu redor, a própria imagem da garota parecia distorcida, Katherine podia ser novata ali, mas sabia o que aquilo significava. Ela estava falando com alguém telepaticamente.

Os gêmeos avançaram em sua direção, Max mergulhou com as asas fechadas na direção de Samantha e a agarrou lançando-a no ar contra uma coluna do palácio como se ela não pesasse nada. A garota parecia incomodada, mas usou da coluna onde havia feito um buraco com seu impacto para se impulsionar e agarrar Max no ar.

Thomas olhava para Leviathan, que havia se colocado entre ele e Katherine como se ele fosse menos que insignificante, ao menor movimento do príncipe Leviathan se impulsionou contra ele, jogando-o no chão e o acertando repetidas vezes, Thomas enfiava os dedos na pele de Levi como se ele fosse feito de geléia, tentando tirá-lo de cima de si, Leviathan mordeu o ombro de Thomas com violência, fazendo com que Thomas urrasse de dor e o agarrasse jogando-o para o lado, a boca de Leviathan estava cheia de sangue, assim como o redor dela e boa parte de sua bochecha.

Samantha gritava do outro lado do palácio onde Teagan estava, e agora estava completamente fora de vista.

Talvez esperasse que os filhos a levassem até ele quando tivessem terminado, mas Katherine estava longe de ser vulnerável e se deixar capturar.

Os gemidos e grunhidos da força que Max fazia para mantê-la longe ficavam cada vez mais audíveis conforme ele se cansava, jogava-a para longe e ela sempre voltava por mais, e ele perdia tanto sangue no processo.

As costas de Thomas subiam e desciam rapidamente no que ele dava seu melhor para lidar com o empecilho que Leviathan estava sendo para ele, imaginava que acabaria rápido com aquele projeto de traidor, mas ele era muito mais resistente do que parecia.

Katherine sacou uma das facas que sempre carregava e a enfiou com toda sua força nas costas do loiro, ele lhe deu um chute forte que a fez cair de costas no chão, roubando o ar de seus pulmões  e fazendo sua visão girar.

Ela já havia lutado com Samantha, havia treinado com Morgana e Max, era inaceitável que todo aquele conhecimento não tivesse servido para nada.

Leviathan parecia ainda conseguir lutar apesar do corte fundo no lábio e a forma que seu rosto estava roxo em mais de um local.

Thomas estava furioso, tirou a faca longa de suas costas com uma careta de dor, mas não parecia tão afetado, encarou a garota no chão por um segundo e disparou em sua direção, era tão rápido que ela mal conseguia vê-lo, desviava de suas tentativas de segurá-la sem conseguir se levantar, não tinha um segundo nem para pensar.

Sua energia implorava para ser solta nele, suas veias pulsavam em seu corpo e suas mãos tremiam na tentativa de conter o próprio poder.

Ele se descuidou por um milésimo tentando se colocar por cima dela e foi jogado longe por um chute bem colocado no estômago, Leviathan se atirou para cima dele mais uma vez e os dois rolavam no chão como dois cães.

—Chamei reforços, mas não podemos deixar que se matem antes que eles cheguem, faça o que for preciso. -Morgana segurava o ombro da garota e olhava fundo em seus olhos, sabia que Katherine precisaria de algum tipo de aprovação para tomar as medidas necessárias, ela carregava um poder imenso dentro de si e ter esse tipo de informação fazia com que ela tivesse medo de usá-lo.

Morgana disparou na direção de Max e Samantha que ainda lutavam de forma selvagem, metade das pilastras do palácio já estavam destruídas com o impacto de ambos.

Leviathan gritou no que Thomas torcia seu braço impiedosamente num ângulo aterrorizante, o sangue de Katherine ferveu dentro de si, seu corpo emitia uma luz mais uma vez, dessa vez mais ofuscante do que a anterior.

Agarrou a faca ensanguentada que havia usado contra Thomas com força e caminhava até onde ele machucava Leviathan a passos pesados, odiava o que Teagan havia feito com eles, não via nada do que eles costumavam ser naquelas criaturas sedentas por sangue e destruição, ele havia os transformado exatamente  naquilo que ele queria, armas de destruição poderosas, impiedosas e imparáveis.

Os olhos de Leviathan se arregalaram em alívio quando viu a garota se preparar para atacá-lo pelas costas mais uma vez, mas Thomas não deixaria isso passar despercebido.

Segurou a mão de Katherine segundos antes da lâmina penetrar sua pele mais uma vez.

—Não seja covarde, princesa. -ele murmurou uma vez que seus rostos estavam próximos o suficiente para que ele não precisasse levantar o tom de voz para que ela o ouvisse.

Arregalou os olhos e sentiu todo o ar escapar de seu pulmão no que um ardor intenso se espalhava por todo seu corpo no que a faca que ele empunhava atravessava seu torso.

Segurou a cabeça de Thomas e fez exatamente o que Dex havia lhe ensinado, só teria uma chance, se é que conseguisse superar a dor excruciante que sentia para se focar naquilo. Suas mentes se juntavam como se se conectassem no que ela entrava em sua cabeça, passando por cada momento de tortura intensa que o pai os havia posto, cada agressão, humilhação, lavagem cerebral e punições como deixá-los passar fome num ambiente pequeno e úmido enquanto Teagan repetia que lhes devolveria todo o sangue  e luxos caso lhes dessem Katherine, ele havia feito eles imaginarem que ela era a causadora de todo seu sofrimento. Vê-los daquela forma através das memórias do próprio Thomas era pior ainda, sentia a dor dele, angústia, ódio, fome, desespero, e doía ainda mais do que a faca que atravessava seu corpo. Katherine sentia a energia de alguns dos feitiços que Teagan havia colocado no filho, para que ele não se curasse, para manipular sua mente e coração a seu favor e o mais recente, o feitiço que bloqueava suas memórias, ele de fato não sabia que eles se conheciam, o pai havia tirado até mesmo aquilo dele.

Era como se ele não fosse uma pessoa, o pai o havia manipulado até a última gota de sangue, ele dominava cada aspecto da vida de Thomas, seus sentimentos, para que nunca parasse de sofrer, suas aspirações, para que nunca conseguisse ver além do que o que o pai fazia com ele, até mesmo dor que sentia, a fome que sentia, Teagan controlava tudo aquilo. 

Aquilo era desprezível em tantos aspectos. Se Katherine estivesse nesse palácio sozinha com Teagan o destruiria de formas piores do que o que ele havia feito com Thomas.

Não tinha muita força restante e conseguiu remover apenas aquele feitiço de sua mente, precisava que ele se lembrasse, o feitiço era forte, mais forte que qualquer outra coisa que já tivesse lidado, sentia a mão de Thomas segurar seu corpo no que estavam colados um ao outro, entre camadas de suor e sangue.

Ambos foram separados abruptamente no que Thomas desmaiou jogado sob o corpo da garota e ela teve que usar o último da própria energia para tirá-lo de cima de si e arrancar a espada que lhe atravessava.

Todas as vozes estavam muito distantes e vários passos puderam ser ouvidos, como se um exército se aproximasse, a arma escapou de seus dedos no que perdia a consciência ao lado de Leviathan e Thomas.

[...]

Acordou num salto, paredes, via paredes ao seu redor e um edredom macio sob seu corpo que tremia, sua respiração estava tão rápida que ela mal conseguia acompanhar, a luz estava fraca e sentia uma dor desconfortável em seu torso, sentia o perfume de Leviathan no ar e ao passar a mão no rosto notou que estava limpa, e debaixo das cobertas, uma faixa estava apertada em volta de sua cintura para proteger seu ferimento, não sabia onde estava.

Anastasia apareceu na porta e seu coração relaxou, isso significava que ela sabia do que estava acontecendo?

—É sempre bom ver você. -ela sorriu fechando a porta atrás de si. -Como se sente?

—Dolorida e com dor de cabeça.

—Você fez uma coisa bem arriscada lá, entrando na mente dele daquele jeito. -ia interromper a garota, mas não teve a chance. -E graças a você conseguimos prender Thomas e Morgana e Max conseguiram prender Samantha. A decisão que você tomou salvou a vida deles.

Sentiu como se todo o peso que andava carregando tivesse sumido de seus ombros, estavam seguros.

—Vou te explicar como as coisas estão agora e se você se sentir bem, posso te levar para onde estamos cuidando de Max, Morgana e Leviathan.

—Tudo bem. -assentiu se sentando na cama e notando o quão apertada aquela faixa estava, grunhiu em desconforto.

—Ao chegarmos eu vi enquanto você entrava na mente dele, foi surpreendente para mim ver você fazer algo tão complicado, fiquei tão orgulhosa de você, você desmaiou alguns segundos depois e nós, com os soldados de Tamir entramos para ajudá-los. Samantha já estava bem ferida dos ataques poderosos de Max então não nos deu muito trabalho, Max nos preocupou muito, pelo estado em que suas costas e asas se encontravam, estava horrível, o garoto que encontramos ao seu lado, Morgana me disse que se chama Leviathan, também estava bem ruim. Os trouxemos o mais rápido que conseguimos.

—E os gêmeos?

—Selados cada um em um quarto, tratamos seus ferimentos e estão desacordados até agora, vão ficar bem. -ela tocava minha mão com gentileza.

—Eu o odiei, Anastasia. Com tanta força… Eu não fazia a menor ideia, não sabia de nada. -queria chorar, queria implorar para que aquilo não doesse tanto.

—Não posso te julgar por tê-lo odiado, Katherine, seus sentimentos tiveram motivo, você não precisa se sentir na obrigação de perdoá-lo por causa disso.

—Eu queria estar dormente, queria não sentir nada quando o vejo, mas é como se eu estivesse olhando para as minhas raízes, é algo que eu conheço, mas não consigo ser otimista a ponto de achar que vou me aproximar dele e ele não vai mentir pra mim de novo.

Anastasia se sentou na cama ao lado da feiticeira e a segurou com firmeza em seus braços enquanto ela soluçava, Katherine havia passado por mudanças gigantes na forma em que vivia, foi tirada de sua cidade e largada em um lugar qualquer com pessoas estranhas, demorou para se abrir, sofreu tentando aprender a se portar nesse novo mundo, perdeu tudo mais uma vez, se ergueu e continuou se esforçando, ela era tão mais forte do que imaginava. Nem todas as pessoas conseguem se reinventar dessa forma e continuar vivendo.

Ela jamais voltaria a ser a garota que era antes de descobrir as mentiras que seus amigos e o homem que ela amava contavam para ela, mas ela estava caminhando para se tornar a mulher mais poderosa que Ellarya já havia visto.