Lost escrita por Gabs


Capítulo 13
XIII


Notas iniciais do capítulo

Não sei o que dizer, to muito envergonhada por ter demorado tanto pra atualizar.
Primeiro: meu notebook ficou sem carregador por muito tempo e eu tive que juntar dinheiro pra comprar outro.
Segundo: a falta de inspiração ainda me assola, a escola tem me deixado muito desmotivada e eu ando tendo muito pouco tempo pra dedicar a minha escrita.
Porém eu andei me inspirando com algumas coisas no Pinterest e planejo trazer coisas novas pra Lost e peço para os que não a haviam abandonado ainda não o façam.
Enfim, espero que tenham uma boa leitura eu adoro vocês.



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Após alguns minutos dentro do castelo sem saber ao certo o que fazer, pensei que deveria puxar algum assunto com Thomas, que esperava ao meu lado pacientemente, eu sabia que ele ficaria ali até eu decidir fazer algo, e também permaneceria caso eu não fizesse absolutamente nada.

A presença dele ali, mesmo que em silêncio, me reconfortava.

Não precisava olhá-lo para saber que ele estava próximo, não era como se sua presença não fosse notada por mim assim que ele aparecia nos lugares, todas as vezes em que Thomas adentrava um cômodo no qual eu estava o ar ficava mais leve e eu me sentia muito mais segura com ele ali, afinal ele só tinha me conhecido por que foi designado para me proteger.

Mas eu gostava de pensar que atualmente ele fazia isso voluntariamente.

—Você não acha que pode me ajudar com Megan? -murmurei tentando persuadi-lo a me ajudar com a crise de ciúmes de Megan, que parecia uma crise seríssima, pois até agora ela não havia voltado a falar comigo.

—Não tenho certeza se sou a pessoa certa para isso, tenho muitos talentos, mas creio que apaziguar a ira de uma mulher com ciúmes não seja um deles. -ponderou e após uma breve pausa, completou. - Não de uma mulher que não seja minha, pelo menos.

—E qual é a diferença? -zombei, mas pela seriedade ao me responder ele não havia percebido a ironia em minha pergunta.

—Não tenho como falar pelas outras pessoas, mas posso assegurar uma garota de que não precisa ter ciúmes de mim, você pode não achar, mas sou mais fiel do que pareço. -ele se sentou ao meu lado no refeitório vazio, o local possuía um eco que fez com que as palavras de Thomas reverberassem por mais alguns segundos antes de desaparecerem no ar dando um toque de mistério a sua provocação.

Fiquei pensando naquele termo, fidelidade.

Ele queria dizer que seria fiel a mim? Sequer estávamos juntos para começo de conversa?

—Talvez Morgana possa te ajudar. -ele adicionou não parecendo incomodado por eu não ter comentado nada sobre o que disse e parecia tampouco ter percebido que eu não estava mais prestando atenção nele.

Um clique se deu em meu cérebro.

—Por falar em Morgana, o que foi aquilo enquanto voltávamos? Pensei que vocês dois fossem brigar ali mesmo. -cruzei os braços.

—Ah, coisas já aconteceram e me deixam surpreso até hoje que ainda estejamos inteiros. Como eu disse, Morgana é muito instável e impulsiva.

—E…?

—É difícil confiar nela, por isso disse ontem que te admirava por fazê-lo. -deu de ombros e virou o rosto para encarar a escada enorme que se desenrolava até o alto do lado de fora do refeitório.

—Você não me disse que me admirava. -fiz bico e esperei, se era isso o que ele achava, ele teria que me dizer.

—Eu te admiro, Katherine. -ele riu fraco, como se eu tivesse contado uma piada muito previsível e um selinho leve e singelo foi depositado no bico manhoso que eu insistia em fazer.

Recuei e ri também, porém de nervosismo e timidez.

—É isso o que somos agora? Demonstrações de afeto e beijos roubados?

—Eu sou o único ladrão aqui. -apontou, mais como uma acusação.

Um sorriso brincalhão brotou em meus lábios, eu não estava acreditando no que estava acontecendo.

—Te roubei um ontem. -lembrei.

—Eu ainda tenho a vantagem numérica. -sorriu.

Não sabia quando isso havia virado uma competição e muito menos por que, mas estava sendo divertido.

Sentei-me um pouco mais próximo dele e ele virou o corpo para ficar de frente para mim e assim lá estávamos nós, em um cenário do qual eu jamais - nem em meus mais felizes sonhos - poderia imaginar, eu virada em sua direção com um sorriso bobo nos lábios e ele também me encarando com um sorriso de canto sugestivo.

—Estou disposta a fazer esse sacrifício para igualar o placar. -sorri.

Mas não adiantou nada ter dito aquilo, depois de poucos segundos me encarando com aquele sorrisinho nos lábios Thomas colocou a mão em minha bochecha e logo seus lábios estavam nos meus mais uma vez.

Beijá-lo daquela vez foi natural e quase inocente, lento e leve, sem muitos toques como costumava ser e sem os tais apertos que me deixavam ser ar, apenas um beijo tenro e sincero, talvez pudéssemos nos permitir ser assim quando não havia ninguém por perto.

Thomas sem dúvidas era uma pessoa diferente quando estávamos sozinhos.

Ao terminar tão prematuramente nosso beijo depositou exatos dois selinhos em meus lábios antes de se separar por completo de mim.

—Eu estou muito mais na vantagem agora. -ele sorriu e só o barulho dos lábios dele - agora vermelhos após o beijo - se abrindo foi o suficiente para que eu tivesse vontade de beijá-lo novamente.

—É injusto, você roubou a minha vez. -ele ria. -O almoço já vai começar, seria bom se não nos vissem nessa situação. -murmurei saindo de seu aperto e ficando em pé próximo dele.

—Eu não teria problema algum. -retrucou dando de ombros.

Eu não duvidava nem um pouco que ele não desse a mínima, mas eu gostaria de evitar mais olhares indesejados e intrusos.

Então, pelo menos em público, ficaríamos devidamente separados.



Era hora do almoço afinal, eu deveria conversar com Megan e tentar resolver toda essa situação, mas pediria ajuda a Morgana, para ver se eu conseguia de alguma forma resolver aquilo mais rápido.

A dona dos cabelos vermelhos esvoaçantes entrou no refeitório antes de Megan, para minha sorte, logo corri até ela e a segurei pelo braço, puxando-a para um canto afastado onde os outros não pudessem nos ouvir.

—Preciso da sua ajuda.

—Diga, meu bem. -ela parecia animada, quando foi embora depois que entramos no castelo parecia particularmente irritada, Morgana possuía emoções incrivelmente volúveis.

—Megan está com ciúmes de mim, preciso que você me ajude a convencê-la de que ela não tem motivo algum para sentir ciúmes de mim.

—E do quê ela tem ciúmes? -a ruiva perguntou como se essa fosse a coisa mais sem sentido que ela ouvira a vida toda.

—Você, Thomas e Max.

—Que idiotice. -comentou revirando os olhos. - Porém acho que você deveria simplesmente esclarecer pra ela que nós também somos os seus amigos e que te ajudamos a treinar e que por isso ela não precisa ficar agindo como se você fosse propriedade dela ou algo do tipo.

—Sobre o que estamos falando? -Max apareceu e ele estava acompanhado.

Megan e a pequena Sophia seguiam atrás dele e eu me perguntava se ele havia ido atrás delas apenas porque comentei que havíamos brigado, e se caso a resposta fosse sim, ele desejava me ajudar ou me atrapalhar?

—Coisas de humanos, Max. -Morgana comentou parecendo entediada, concordava com ela que os motivos da garota eram pouco plausíveis, mas não gostava de ter Megan com raiva de mim.

Era estranho que eu estudasse magia e lutas e não me sentisse sobrecarregada, mas apenas uma picuinha adolescente já era capaz de me tirar do sério.

Megan ainda não parecia disposta a dar o primeiro passo me vi obrigada a puxá-la pelo braço para fora do refeitório e eu não planejava parar de arrastá-la o mais longe possível dali até ela soltar-se de meu aperto.

—O que você está fazendo? -ela não estava calma, mas essa era uma reação esperada tendo em mente que ela estava mais do que disposta a continuar sem falar comigo, e eu queria resolver aquilo o mais rápido possível.

—Estou tentando resolver as coisas, foi pra isso que te trouxe até aqui.

Observei-a tencionar a mandíbula, pensei que diria algo, porém se contentou em respirar fundo e finalmente parecia disposta a ouvir o que eu tinha para dizer.

—Você devia ter me dito se estava se sentindo injustiçada pelo tempo que eu passo com Morgana e Thomas, eu não tinha como saber se você não me dissesse. -ela abriu a boca, mas continuei sem dar a ela chance de refutar. - E eu não estou passando tempo com eles só por sermos amigos. -Megan arqueou a sobrancelha e debochou dizendo “amigos?” . Me vi obrigada a esclarecer algumas coisas. - E independente da relação que eu e Thomas temos, isso não tem a ver com mais ninguém e não entendi porquê se incomodou tanto com isso.

—Bom, tem a ver que se vocês forem ficar juntos seu tempo com eles será maior ainda, você foi a primeira amiga que já tive, claro que Sophia também, mas eu sinto como se tivéssemos perdido você. -seu tom de acusação nunca desaparecia, não gostava de tê-la usando-o comigo, afinal eu não havia feito nada errado, mas não me sentia no direito de censurá-la.

—Eu preciso deles, Megan. Eles me ajudam nas práticas mais do que qualquer professor e eu aprendo muito com eles, não posso te contar tudo, mas você tem que acreditar em mim, eles merecem minha confiança. E você se dava bem com eles, não entendo o que mudou.

—A distância, Katherine. Ela mudou nosso relacionamento, o de todos nós. É como se você vivesse em outro universo agora, compreendo que você não pode me contar certas coisas, mas não pode esperar que eu aceite tudo sem saber de nada.

De certa forma, Megan acabara de resumir tudo o que eu fazia ao lado de Thomas e Morgana.

Aceitar tudo sem saber de nada.

—Você não precisa aceitar nada, isso não é um contrato de fidelidade Megan, somos pessoas. -suavizei o tom de voz, Megan parecia estar muito mais magoada do que deixava transparecer.

—Somos seres, e você parece estar se tornando um ser muito mais evoluído do que eu e Sophia, agora entendo porque deseja passar tanto tempo com aqueles Vampiros esnobes, você é igualzinha a eles. -Megan sibilava ao falar, aquelas palavras me machucaram, me esforcei para pensar que haviam sido ditas da boca para fora, mas ela possuía tanta raiva no olhar…

Era impossível não perceber que aquelas palavras eram endereçadas a mim, apenas.

Assim que Megan saiu esbarrando seu ombro no meu propositalmente e em seguida andar a passos pesados na direção contrária a do refeitório aquilo tudo pesou ainda mais.

Nunca poderia ter imaginado que estava negligenciando as duas, eu estava ocupada, tantas coisas haviam acontecido nas últimas semanas, eu apenas não tive tempo.

Não conseguia ver pelo ponto de vista de Megan, porque independente de quais foram as minhas atitudes passadas, eu não merecia ser odiada.

Quanto mais eu repassava suas palavras em minha mente enquanto fazia o caminho de volta para o refeitório, menos sentido elas faziam.

Max, Thomas e Morgana conversavam e pareciam apreensivos, estavam reunidos em círculo na mesa e sussurravam uns para os outros, como se discutissem o segredo do século, considerando quantas vezes Morgana havia olhado ao redor para ter certeza de que ninguém os ouvia.

A reunião logo foi suspensa assim que Max percebeu que eu havia retornado.

—Como foi?

—Acho que não somos mais amigas. -concluí me sentando entre Max e Morgana.

—Foi tão ruim assim? -Morgana parecia não acreditar, para ela desentendimentos humanos poderiam ser facilmente resolvidos, e eu gostaria que fossem.

—Megan aparentemente tinha mais problemas comigo do que eu imaginava, ela me odeia. -abaixei a cabeça na mesa e respirei fundo, meu corpo tinha passado por muito estresse ao conversar com Megan, me sentia mole agora.

Morgana e Max se entreolharam como se a coisa mais estranha do universo tivesse acabado de acontecer bem na frente de seus olhos.

—Enquanto eu vinha com ela Megan me disse que não se lembrava de ter brigado com você.

—Como poderia não se lembrar se assim que entrou no refeitório olhou pra Kate com cara de brava? -a ruiva questionou com as mãos na cintura.

—Não sei, mas logo em seguida Sophia me disse que ela estava agindo estranho com relação a Kate nos últimos dias, sem motivo algum. -deu de ombros como se aquilo tivesse pouca relevância, mas era muito estranho que ela estivesse com raiva de mim apenas quando estávamos juntas.

—Ela está agindo estranho desde o dia do baile, pra ser sincera. Ela não ficou feliz com nada que eu contei de lá pra cá. -observei. - E não é como se Megan fosse ciumenta, ela adora me provocar com relação a Thomas, você a conhece não é Max?

—Sim, você tem razão, ela não é ciumenta.

Ao mesmo tempo eu, Max e Morgana começamos a analisar a situação ao mesmo tempo, como se os três cérebros juntos fossem funcionar melhor.

Thomas, que até então estava em silêncio atrás de Morgana, riu fraco como se uma piada ridícula tivesse acabado de ser contada.

—Vocês não perceberam até agora? -ele pausou, nos dando uma chance para responder, nenhum de nós disse nada, ele continuou. - Ela está enfeitiçada.

—Porque ela estaria enfeitiçada? -fui a primeira a questionar, já que na cabeça de Max e Morgana isso parecia, de alguma forma, fazer sentido.

—Para atingir você, de alguma maneira.

—Ela não está enfeitiçada, pode ser uma febre ou algo assim, mas se fosse um feitiço eu saberia. -Morgana observou.

Me perguntei quanto de magia ela entendia.

—Um ou outro, essa Megan não é a Megan normal então você não precisa se preocupar com o comportamento dela ou as coisas que ela te diz.

Aquelas palavras me soaram estranhas, eu devia descartar tudo o que ela havia me dito? Mas de certa forma, não existia um pouco de verdade naquilo tudo?

—Não vai ser fácil. Já que ela me contou todas aquelas coisas não significa que é aquilo o que realmente passa pela cabeça dela?

—Não, ela disse aquilo justamente para te atacar, e ela conseguiu. Como Max nos contou, ela nem sequer se lembra do que acontece entre vocês assim que se afasta, a Megan de verdade provavelmente nem sabe o que está acontecendo.

—E como podemos resolver isso?

—Temos que levá-la para a enfermaria, Anastasia sabe o que fazer. -Max nos instruiu, Thomas e Morgana assentiram com as cabeças e se levantaram assim que o sinal tocou.

Era como se - ironicamente - uma caça às bruxas tivesse acabado de começar, todos focados em capturar e curar algo ruim antes que piorasse, pelo bem de Megan.

Eu ficava agradecida por tê-los ao meu lado, se Thomas não tivesse dito que ela está doente e Max não soubesse como podemos curá-la o que eu faria?

Se eu estivesse sozinha, o que eu faria para ajudá-la?

Eles não tinham obrigação nenhuma de me ajudar, nem mesmo Thomas que querendo ou não tinha algum tipo de obrigação comigo precisava me ajudar, era algo fora de sua alçada, mas ele estava disposto a me ajudar mesmo assim, todos eles.

E conseguia ser até estranho tentar me imaginar sem eles, como se não fizesse sentido. Como se já fizessem parte de minha nova vida.

E também como se tudo o que eu tivesse vivido antes de os conhecer parecesse não fazer sentido, como uma parte desconexa de mim, apenas algum filme clichê que eu tenha visto, não algo que eu tenha vivido na pele, era tão estranho.

Eu me sentia no lugar certo.


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Notas finais do capítulo

Eu ainda sou muito soft pelo Thomas e pela Kate :(
Até o próximo capítulo! ♥



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