Lost escrita por Gabs


Capítulo 11
XI


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo tava pronto, aí eu viajei e editei, cheguei em casa e viajei de novo e editei de novo e depois esqueci de postar kkkkkk, então é isso. Tá bem leve e um pouco grudento, mas eu gostei e espero q gostem tbm, beijo até as notas finais ♥
(primeiro capítulo de 2018 rsrsrs)



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Surpreendentemente acordei disposta no dia seguinte, animada, e até feliz. Tive um sonho no qual eu acordava em meu quarto numa manhã ensolarada onde o sol iluminava parte de minha cama através da cortina entreaberta e um delicioso cheiro de waffles e café que entorpecia meus sentidos.

Foi decepcionante acordar com água na boca e perceber que além de babar no travesseiro não haveria nenhum waffle e muito menos sol para mim naquele lugar.

Mas me sentia bem, acho que é isso o que acontece quando passamos por uma situação onde quase morremos, não é? Damos mais valor a vida, acho que é assim.

Nããããããão… Não era isso, com certeza. Meu valor pela vida continuava o mesmo. Um pouco baixo, mas o mesmo.

Minha felicidade e satisfação vinham especificamente no momento agradável que tive com Morgana e Thomas. Especificamente.

Morgana me mostrou como merece a confiança que lhe dei e demonstrou ser muito mais empática e companheira do que aparenta ser, enquanto Thomas conseguiu me surpreender muito com sua atitude charmosa e cavalheira durante o baile, fora a fuga rápida que os dois organizaram, um momento marcante, sem dúvidas.

—Bom dia, você babou no travesseiro. -Max comentou sorrindo assim que entrou no quarto com Thomas e Morgana atrás de si.

—Ah, é verdade. -ri. -Como sabe que babei? -perguntei limpando os cantos de minha boca novamente só para ter certeza de que não havia nada sobrando ali.

—Estava aqui há cinco minutos e só saí para buscar isso para você. -riu fraco enquanto explicava e mostrava a bandeja que trazia consigo, eu estava com vergonha, mas depois de tudo o que passei aqui dentro conseguia encarar aquilo como o menor dos meus problemas.

Peguei a bandeja de prata com todo o cuidado que pude e vi que Max havia me trazido um café da manhã, não havia nenhum waffle ali, mas eu estava com tanta fome!

—Obrigada Max, salvou minha vida. -agradeci sorrindo enquanto tomava um gole de café, me senti renovada.

—Quando disse que humanos dormiam muito, não levei a sério, mas cara! -Morgana cutucou Thomas com o ombro e o garoto arqueava as sobrancelhas como se afirmasse que estava certo o tempo todo, Morgana parecia chocada com seus olhos verdes arregalados enquanto exclamava.

—Eu estava completamente sem forças, tive que dormir muito! -justifiquei, até quando eles insistiriam em reclamar sobre a quantidade de horas que durmo?

—Normalmente você também dorme demais. -o loiro comentou sentando-se em sua poltrona.

—Mas você parece diferente hoje. -Max comentou chamando minha atenção, estava com a cabeça virada e me analisava como um tipo de arte moderna sem sentido, até mesmo cerrou as sobrancelhas. -Costumo reparar em você, e dá pra perceber que tem alguma coisa diferente.

—Hum… Acordei feliz hoje, me diverti no baile então acordei de bom humor. -sorri antes de comer um pedaço de um bolo que tinha um leve gosto de laranja, mas não parecia nem um pouco com um bolo de laranja. -Também acordei com vontade de cozinhar algo, estranho não?

—Bem, eu gosto de cozinhar. -Morgana sorriu e deu de ombros.

—Comer é o meu forte. -Max riu parecendo extremamente convencido, especialmente quando completou a frase. - Diferente de vocês, sabor é algo importante para mim.

—Não sentem o sabor dos alimentos? -indaguei chocada, sabia que não comiam porque não precisavam, mas não imaginava que não sentiam nem ao mesmo o sabor.

Thomas olhou para Max e revirou os olhos ao se levantar e vir até mim, se abaixar devagar e morder um pedaço do meu bolo, não me incomodei de perder um pedaço daquele bolo que até estava gostoso porque aquela foi uma cena sexy pra caramba. Senti meu coração acelerar quando nossos olhares se encontraram, ele estava tão perto.

—Laranja. -comentou limpando alguns poucos farelos que estavam grudados no canto de sua boca com o polegar. -Nós costumamos memorizar os sabores, não de fato saboreá-los.

Morgana havia tomado seu lugar na poltrona e concordava com a cabeça.

—Estranho. -concluiu Max.

—Ah, suas amigas queriam te ver, estavam preocupadas. -Morgana pareceu se lembrar e comentou com urgência suavizando seu tom enquanto falava. -Sempre que elas vinham você estava dormindo…

—Eu dormi por quantos dias no total, só pra saber. -perguntei achando que iria me arrepender, até mesmo porque eles falavam como se eu tivesse dormido por três meses.

—Três dias, dois dias direto, aí você acordou por uns cinco minutos e dormiu o dia todo ontem. -Thomas quem me respondeu, com rapidez e precisão como se tivesse passado todo esse tempo aqui esperando que eu acordasse, o que eu não duvidava nada.

—Estou sem vontade alguma de ir pra aula. -joguei a cabeça para trás, definitivamente morta.

—Podemos dizer que ainda estava fraca e não podia ir para a aula, né. -Max olhou para os outros dois com expectativa.

—Podemos, mas tem que ir para a enfermaria antes de ficar deitada o dia todo, elas querem checar você. -comunicou Thomas com os braços cruzados na altura do peito e uma expressão séria.

—Então como vai ser? -Morgana se levantou e se alongou um pouco, parecia com preguiça. -Você leva ela na enfermaria e me encontra na sala do diretor depois ou eu levo e-

—Eu levo. -respondeu sem nem olhar para a garota que ainda se alongava e também foi pega de surpresa com a interrupção. -Preciso que faça a diretora ficar mais calma antes que entremos lá ou ela pode tentar me matar.

Morgana riu e murmurou um ok enquanto acenava um tchauzinho para mim saindo com Max.

Também me espreguicei na cama, bocejei e fiz corpo mole antes de me levantar para me trocar e colocar o uniforme, percebi que não estava com a roupa que havia ido para a festa, o que significava que alguém havia trocado minhas roupas.

—Quem tirou meu vestido? -questionei-o assustada, o garoto estava de costas para mim e também pareceu ter sido pego de surpresa, a pergunta não era uma das mais comuns.

—Quem fez o quê?

—Meu vestido, quem me trocou? -perguntei ficando desesperada, não suportaria passar por essa vergonha, já era demais!

—Que susto, foi… Ah, Morgana. Com a ajuda das enfermeiras, não precisa se assustar, não pude ficar dentro do quarto.

—Claro que preciso me assustar! Não é como se eu confiasse em você o suficiente para isso. -cerrei as sobrancelhas, meu coração ainda estava acelerado do susto que tomei, ele parecia debochar de mim.

—Isso não importa, sabe disso. Se tivesse que fazê-lo, o iria fazer de um jeito ou de outro.

Fiz uma careta e murmurei ao entrar no banheiro: -Você é um pervertido, ugh...

—Salvei sua vida! -exclamou do outro lado da porta e parecia rir.

—Isso não muda nada, continua sendo um pervertido! Agora entendi porque ficou tão perto de mim quando dançamos. -eu ria, mas estava aliviada que não havia sido ele ou Max que havia tirado meu vestido.

—Fala como se não tivesse sido quem mais se aproveitou de mim.

Senti-o se apoiar na porta de madeira conforme eu colocava a saia do uniforme e sorri, não me arrependia nem um pouco.

Saí do banheiro e pude perceber algumas marcas roxas que já estavam um pouco fracas, mas não me lembro disso estar escrito no livro de feitiços que li e Sophia também não me contara nada sobre isso.

O garoto abriu a porta para que pudéssemos sair do quarto e decidi que seria melhor perguntar do que ficar com dúvidas.

—O que são essas marcas roxas?

—Onde elas colocaram os minerais de cura para que fossem absorvidos pelo seu corpo, geralmente as marcas não são tão intensas, mas presumo que seja porque você precisava muito das proteínas. -explicou.

—Porque disse que a diretora é capaz de te matar? Fez algo de errado? -me virei para olhá-lo enquanto andávamos e vi o micro sorriso que se formou em seu rosto como se algo cômico tivesse acontecido.

—Fora o fato de que entreguei uma luta para você, fui ao baile mesmo que ela insistisse que eu não fosse mesmo com toda a insistência dela para que fiquemos juntos e… Nada demais. -se interrompeu quando parecia prestes a revelar algo, cerrei as sobrancelhas e parei de andar.

—Insiste para que fiquemos juntos?

—Na presença um do outro, pervertida. É só que ela segue as regras muito à risca. -sorriu de canto convencido. -É aqui.

A enfermaria se parecia com qualquer outra enfermaria das quais eu já havia entrado, branca, cortinas para garantir a privacidade dos pacientes, armários, cheiro de remédio… Nada fora do padrões.

—Aqui é tão normal.

—Então porque parece triste? -me indicou a maca onde deveria me sentar.

—Estava começando a gostar das surpresas. -dei de ombros.

Ele assentiu com a cabeça e foi procurar alguma enfermeira, fiquei sentada naquela maca ouvindo o barulho do papel ao ser amassado e observando as marcas em meus braços, passei os dedos levemente pela faixa que cobria meu antebraço direito, onde o Golior havia me mordido, maldito. Mas nada doía e nem nada, fiquei pensando se um dia se tornariam lembranças de batalha, sorri.

—Estava pensando em mim? -Thomas tocou meu joelho com seu dedo indicador me fazendo arregalar os olhos ao vê-lo de volta tão depressa e a enfermeira sorriu.

Era jovem e bonita, suas mãos estavam cobertas por luvas, mas diferente do que eu pensei, ao me tocar a garota removeu as luvas permitindo que eu visse seus dedos magros com vários anéis e unhas pintadas de roxo.

—Preciso que se deite, Katherine. -pediu com uma voz suave enquanto colocava a mão em minhas costas e me deitava devagar na maca gelada. -Talvez sinta uma leve pressão sob seu corpo, é porque vou checar a intensidade de sua magia, ok?

—Ok.

Posicionou suas mãos sob meu corpo de forma quase cinematográfica e movimentava apenas as pontas dos dedos de forma habilidosa, fechou os olhos e então senti a tal pressão que pareceu ser mais intensa do que eu havia previsto, não foi tão forte como a que senti quando acordei depois da batalha, mas me deixou sem ar e tive que fechar os olhos para não dizer nada que pudesse atrapalhá-la.

Aquilo deve ter durado menos de três minutos e então ela estava sorrindo para mim, satisfeita, fez um gesto com as mãos e de uma fumaça lilás surgiu um pirulito em sua mão, ela o estendia para mim. Me perguntava se aquilo era comestível ou se desapareceria assim que saísse da sala.

—É comestível, lidou bem com sua primeira consulta consciente aqui então pensei que gostaria de um,sei que os médicos humanos costumam fazer isso. -peguei o pirulito e agradeci, ela era muito gentil e habilidosa no que fazia, senti até mesmo admiração por uma garota que não conhecia. -Seus níveis estão normais, essas marcas devem sumir em no máximo, duas semanas então não se preocupe, nenhum dos dois. -Thomas levantou a cabeça parecendo surpreso que a garota o tivesse incluído na conversa e considerado a preocupação do garoto.

—Obrigada. -agradeci e a garota acenou para mim enquanto sorria.

—Eu havia me esquecido disso, Anastasia é uma ninfa. —parecia frustrado.

—Ninfa? Agora entendi como ela sabia o que eu estava pensando. Te incomoda?

—Me incomoda da mesma forma que te incomodava quando eu usava das batidas de seu coração para saber como se sentia. -sorriu cínico. -Mas é pior. Eu só adivinhava, podia errar. Ninfas nunca erram.

Soltei um “ah…”, ele parecia realmente incomodado e frustrado com aquilo então decidi que não iria continuar aquela conversa para mantê-lo no bom humor que estava antes.

Consegui ouvir as vozes dos alunos que estavam em aula quando passamos pelo corredor principal, me senti quase como uma fugitiva.

—Posso perguntar qual é o motivo do seu bom humor sem estragá-lo? -comecei com cuidado, tinha que ser delicada.

—Pode, mas não é nada demais. Não estou de bom humor, Max e Morgana já haviam me dito antes que deveria parar de te tratar daquela maneira, mas no dia do baile percebi que era mais sensível do que deixava transparecer, havia me esquecido de todas as coisas que passou e como fui rude ao tratá-la daquela maneira. Decidi ser mais amigável. Estranho para você?

—Um pouco, mas se me permite dizer acho que é uma versão muito mais legal de você. Não é assim com todo mundo, é?

—Não. -riu. -Mas não é como se você pudesse se aproveitar da minha bondade. -sorriu malicioso enquanto ria mais uma vez.

“Saiba que eu não beijaria uma garota debilitada”

Balancei a cabeça como um cachorro que deseja remover a água de seu corpo, não queria que coisas desse tipo ficassem passando pela minha mente aleatoriamente assim, não era confortável olhá-lo depois disso.

Não conseguia parar de pensar que tanto eu quanto ele havíamos pensado em um beijo naquele momento e em porquê diabos havíamos pensado naquilo.

—O que foi?

—Pensamentos errados na hora errada. -resumi, não iria contar a ele que estava pensando no que havia me dito na noite anterior porque seria óbvio demais e ele iria sugerir que eu  queria beijá-lo, mas…

A verdade é que a noite do baile ocorrerra como um filme romântico com algumas cenas de ação e na minha mente humana e adolescente um beijo seria a forma perfeita para terminar aquele dia, e como o dito cujo nunca chegara a se realizar eu não conseguia parar de pensar nisso.

Eu também não gostava desse meu lado que pensava em Thomas como algo mais do que um vampiro encarregado de tomar conta de mim, porque não deveria passar disso.

Mas era tentador demais quando ele mesmo não mantinha a postura e me deixava tão confusa a ponto de fazer mente e coração travarem uma batalha, e a sensação não era prazerosa.

Mas o que eu poderia fazer quando ele quem havia dado o primeiro passo?

—Parece estar tendo uma batalha interna, está tudo bem? -curvou-se de leve para me olhar, encarei-o séria e bufei, queria socar seu rosto por me deixar confusa. -Com raiva?

—Frustrada.

—Nada aconteceu nos últimos dois minutos em que você mudou de humor repentinamente, não vejo motivo para frustração. -parecia confuso, mas ele nunca saberia, a não ser que fosse uma ninfa fofoqueira que ficasse lendo a mente dos outros, o que felizmente para a minha imensa sorte, não era.

Morgana veio correndo em nossa direção sorrindo, parecia ter visto um anjo.

—Ela está ocupada, disse que pode nos ver amanhã. Que sorte, talvez ela esteja mais calma.

—Espero. -murmurei, estava aliviada, mas não queria voltar para o quarto.

Demos meia-volta em direção ao meu quarto, seguimos em silêncio, mas para minha surpresa Thomas o quebrou quando entramos no corredor onde meu quarto ficava.

—Não saber porque ficou mal humorada está me incomodando.

—Não sei quase nada sobre você e aceitei esse fato, só porque não sabe uma coisa sobre mim fica incomodado? Vê como é injusto? -sorri cínica, não queria que ficasse perguntando porque já era vergonhoso o suficiente sem que ele soubesse, se ele soubesse então era melhor que eu mergulhasse nos edredons fofinhos que estavam espalhados pela minha cama e ficasse lá até morrer.

—Vejo, mas me conte. Parece estar te incomodando tanto quanto me incomoda. -comentou quando abriu a porta.

Ele definitivamente não pararia de perguntar, mesmo sem olhá-lo conseguia sentir seu olhar sobre mim.

Me fundei nos edredons e murmurei bem baixinho.

—O que você disse ontem… -o edredom cobria meu rosto então não conseguia ver sua reação, mas ele não parecia ter me ouvido.

Se aproximou de mim e se sentou na cama, me encolhi de tal forma que apenas meus olhos podiam ser vistos. E me esofrçava para olhar para qualquer coisa, até para o pirulito que havia deixado em cima do criado mudo, mas não para ele, de jeito nenhum.

Me achava ridícula fazendo aquilo, mas todos temos nossos momentos de clichê adolescente, certo?

—O que disse?

—É o que você disse…

—O que eu disse…? -se inclinou para ouvir melhor, queria me bater de tanta vergonha, sentia-me como se estivesse confessando meus sentimentos por ele, mas comparado a isso nem era algo tão sério.

—Ontem… -senti meu fluxo sanguíneo subir para minhas bochechas e ele sorriu, estava tão tensa que até meus dedos dos pés estavam contraídos.

—Ah… O que eu disse ontem. -sorriu como se tivesse entendido absolutamente tudo, expirei o ar com força tentando aliviar a tensão. -Sobre te beijar?

—Não repita isso! -balancei as cobertas. -Não pode falar sobre isso do nada e fazer isso do nada, é injusto e fico pensando sobre isso depois mesmo sabendo que deveria deixar para trás.

—Isso significa que não gosta? -sugeriu tombando a cabeça para a esquerda um pouco.

—Significa que não deveria ter começado, não podia ter cruzado aquela linha entre vampiro que me protege para vampiro que me beija e salva minha vida.

—Não respondeu minha pergunta.

Me virei e fiquei de costas para ele ainda completamente enrolada nas cobertas.

—O assunto está te incomodando então quero saber como se sente, se disser que odeia posso parar de te tratar com mais simpatia e ser absolutamente profissional como se não houvesse nenhum tipo de atração entre nós. Mas se me responder-

—Não quero que pare de ser gentil comigo. -encarei-o.

—Porque você continua evitando as minhas perguntas?

—Por que você continua fazendo perguntas tão difíceis de serem respondidas?

—É difícil conversar com você, mas estou tentando. Está me deixando ansioso também.

—Ansioso por que? -me sentei de novo, ficando curiosa. A distância entre nós ainda era segura.

—Para saber se tenho liberdade para te beijar ou não deveria nunca mais pensar nisso, existem coisas que não posso decidir sozinho.

—Eu… Me sinto realmente insegura com relação a você, diz como se quisesse ficar comigo, mas sei que na verdade você gosta de relacionamentos bem abertos. Já fazem piada de mim agora, se descobrirem que divido você com sei lá quantas outras garotas desse colégio não consigo nem imaginar o que será de mim.

O garoto permaneceu quieto enquanto eu falava, com a cabeça tombada para o lado e uma expressão de quem estava prestando atenção, não o considerava 100% confiável, principalmente com meu corpo, depois do que havia feito comigo.

—Acho que eu queria que você fosse o mesmo Thomas que dançou comigo aquela noite todos os dias, mas não acho que seja possível. -contraí a boca deixando-a em uma linha reta, estava insegura e ansiosa sobre o que responderia.

—Eu sou o mesmo Thomas daquela noite, mas não tomo as mesmas atitudes daquela noite porque são situações diferentes. Mas não estou surpreso que essa seja a imagem que tem de mim, eu tentava te afastar fazendo com que tivesse vontade de ficar longe de mim, mas você nunca ficava longe o suficiente, não é? Mas parecia difícil até mesmo para mim quando ficava me encarando fingindo estar com raiva ao invés de deixar que eu me aproximasse, você me evitava em certos momentos e eu te evitava em outros, o ciclo vicioso estava me irritando.

—A primeira e a segunda vez aconteceram num intervalo de tempo muito curto, não tive tempo para assimilar. -murmurei.

—Mas como se sentiu aquela noite em que não te beijei?

—Queria que tivesse me beijado. -respirei fundo e me desvencilhei dos edredons nos quais me escondia com tanta vontade e me ajoelhei na cama a sua frente.

—Poderia ter me-

Thomas ia dizer algo como “poderia ter me dito” ou algo assim, mas da mesma maneira que ele fazia comigo, calei-o com um beijo.

O que exigiu toda a minha coragem e impulsividade, mas era mais do que um “sim, eu quero que você me beije”, porque de fato havia uma atração forte entre mim e ele que só parecia se intensificar ao ponto de que as provocações de Thomas se tornaram em beijos aleatórios que vinham de surpresa para beijos dados por mim e retribuídos com a mesma intensidade.

Thomas estava apenas sentado na cama com as pernas para fora da mesma enquanto eu estava ajoelhada na cama, tornando aquilo um pouco desconfortável porque ambos estávamos tortos. Mas claro que Thomas não podia permitir que aquilo se tornasse um obstáculo, quando nos separamos para respirar o garoto me colocou sentada em seu colo fazendo com que eu apertasse seus ombros e ficasse mais vermelha do que já estava.

Beijos, para mim, nunca passaram de troca de saliva inconsciente entre duas pessoas, mas parece que a este ponto percebi que realmente existia a tal “magia” que tornava uma simples troca de saliva num beijo, que se revelou ser apenas uma pessoa que te beijaria da forma certa.

Por mais que eu estivesse no colo de Thomas não sentia como se fôssemos passar de beijos para sexo ou algo do tipo, ele não me beijava como se estivesse desesperado, aproveitava e fazia certeza de que eu também estava aproveitando a cada toque de seus lábios nos meus ou o jeito que suas mãos me seguravam.

Suas mãos eram tão firmes quanto no dia em que dançamos, mas o grau de intensidade aqui era maior e parecia quase que incontrolável, quanto mais o beijava mais queria beijá-lo.

—Isso foi um sim? -perguntou dando um beijo em meu queixo enquanto eu recuperava o fôlego.

—Foi… definitivamente um sim. -respirei fundo enquanto ria sem jeito.

O garoto me deu um selinho e rimos juntos, a cena era cômica, mas ambos estávamos felizes com o resultado.

E acho que de todos os lugares dos quais eu me imaginaria tendo algum tipo de romance com um garoto como Thomas, um internato era o último da lista.

Mas a vida é sempre uma caixinha de surpresas.


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Notas finais do capítulo

ai eu sou mto soft por esses dois ㅠㅠ
enfim eu espero q tenham gostado e que 2018 seja o ano de vocês! ♥



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