Quem é você? escrita por SthefanieAngel


Capítulo 6
Destino




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A resposta de Saito pairou no ar como um quebra-cabeça. Os olhos de Luna se arregalavam conforme fugia do afrontamento de Emy, constrangida.

— Namorados? ... — Emy não parecia muito confortável com aquela palavra.

Luna tentava se livrar do mal entendido, mas Saito tampava sua boca com sua mão direita antes que pudesse se pronunciar.

— Hahaha! Ela é meio tímida, então... — Ele sorria sorrateiramente, tentando conter as falas abafadas e conduzia Luna para longe de Emy. Quando estavam longes o suficiente, deixava que a garota respirasse e despejasse suas indignações. Ele que mantinha um olhar indiferente se voltava para ela:

—Vamos namorar.

—O-oque?! — Não era uma pergunta e sim uma afirmação, fato que deixava o rosto de Luna ferver, o escondendo com as mãos e emitindo um grunhido estranho como se estivesse chorando.

—Luna?! — Preocupado, Saito tocava o seu ombro, porém antes que pudesse imaginar tal possibilidade, um soco lhe deformava o semblante ardentemente.

Luna recuperava seu fôlego ainda de punhos fechados e Saito conferia se sua mandíbula estava no lugar, assim como a sua pele do rosto.

— As mulheres costumam me dar um beijo ou até um tapa, mas um soco foi a primeira vez... — Ele limpava os dentes com a língua, sentindo um gosto de ferro espalhar pela boca e a encarava como se não a conhecesse.

—M-me desculpe... —O sorriso de Saito era sínico, no entanto, demonstrava que havia se divertido com aquilo. Ela se afastava assustada consigo mesma e corria de volta para a casa, se perguntando milhões de vezes porque havia feito aquilo. Deixar sua raiva e emoções acorrentadas por muito tempo poderia lhe trazer alguns efeitos colaterais.

No caminho de volta para casa, tentava controlar a tremedeira de seu pulso. Sua pele por cima de suas articulações estava vermelha e ralada. Ao chegar em casa, a tratou com bandaids e seguiu sua rotina normalmente. Em seu celular havia mais de dez mensagens sem visualizações.

"Porque não me contou que tinha um namorado?!" Todas as mensagens era de Emy, exceto a última da lista, que vinha de um número desconhecido.

"Desde quando namorados se despendem com socos? Hahaha.

Saito"

Luna dava explicações para sua amiga e surpresa com a última mensagem, pensava o resto da noite em como responder Saito e como ele havia conseguido seu número. Todas as vezes que se recordava dele, dizendo que eram namorados, um sorriso preenchia seus lábios e a deixava entusiasmada. Será que finalmente seria capaz de ter alguém? A pergunta a fazia fantasiar e adormecer tardiamente.

A noite se foi e a alvorada preenchia a cidade do leste, incomodando os olhos de Luna que eram inchados e pesados. Já era a 5º chamada de sua mãe, lhe tocando as costas.

— Luna! Acorde! Você vai chegar atrasada! — A ansiedade em seu estômago lhe dava bom dia. Agarrou seu celular que dormia em baixo de seu travesseiro e procurou por uma mensagem, que não havia, a não ser de Emy.

— Esperando algo importante? — Akemi saia do quarto, provocando a filha.

O caminho todo para a escola tinha sido daquele jeito, não desgrudava os olhos da tela, esperando por um único sinal de vida. Desta vez usava o metrô diferente e evitava se debater com as encrenqueiras novamente.

"Você parece feliz hoje"

"Oh! Aquela voz de novo!" Luna olhava em volta atenciosamente, buscando de onde vinha aquela voz que a assombrava todos os dias.

"Você não vai me encontrar"

— Quem é você?! — Ela se virava para trás, veloz, buscando capturar o culpado. Contudo, apenas pessoas a encarava como uma maluca.

"Boa tentativa, você quase me acertou" Ela sentia um leve empurrão pressionar sua testa e leva-la para trás.

—E-ei! O que é isso?!

—Filha... Fique longe desta garota... — Uma mãe tentava proteger a filha de Luna, que conversava sozinha.

—Eu estou com medo, mamãe... — A voz manhosa da garota a fazia repensar em seus atos, se desculpando com as cidadãs e se voltando para o fundo do vagão.

"Eu estou totalmente delirando..."

A voz que a perturbava sumia por alguns instantes. Assim que as portas do metrô se abriam, duas figuras distantes, trajando uniformes diferentes rodeadas de outros mais, mantinham os rostos vidrados em Luna.

— É ELA, CORRAM! — Alguém apontava seu dedo indicador para a garota e mais uma vez a caçada começava.

Luna corria ao redor da escola, pelo mesmo pátio que ela e Saito estiveram uma vez. O apavoramento e tensão em suas pernas estavam cada vez mais frequentes, tudo que desejava era que fosse salva. Uma multidão de seis garotas se estendia atrás da indefesa, ansiosas pelo seu sangue. Não iriam sossegar até que houvesse vingança. Não se passaram mais de 3 minutos e o corpo de Luna pedia piedade, se jogando ao chão, tremulo.

—P-por favor... — Ao seu redor a vizinhança era vazia. Sons de tacos se chocando contra a palma da mão, deixava Luna fora de si. Não havia nada que pudesse fazer, seu rosto estava soando, suas pernas incapazes de correr mais um metro se quer e não havia ninguém que pudesse a salvar.

Tudo começou com um chute no estômago que lhe rendeu um vômito de todo seu café da manhã. Já que estava com aquela sensação de pôr tudo para fora desde que acordou, não achava tão ruim assim. Entretanto a dor que fagulhava seus músculos, a deixando tonta, a fazia mudar de ideia.

—Quem você pensa que é para nos humilhar na frente do Zack?!?

—E ainda foge para a outra escola e nos faz percorrer todo o bairro atrás dela! — Uma das capangas mirava um cuspe em direção ao rosto de Luna, o sujando.

—Fiquei sabendo que a piranha até conseguiu um namorado! — Elas riam em sintonia.

Luna pensava porque aquela voz que à perseguia e a tocava não havia interferido. Porque a deixava sofrer e sentir toda aquela tortura se era capaz de impedir? O que havia feito para que as pessoas a odiassem tanto? Sua consciência não aguentava mais pensar, raciocinar... Respirar... E ver.

A última coisa que se lembrou de ter visto era o chão, coberto por respingos de sangue e seu vomitado.

 

 


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