Meu Pecado escrita por Dálian Miller


Capítulo 9
Capítulo 8 – Inocência Perdida


Notas iniciais do capítulo

Seguindo alguns pedidos, postarei os capítulos finais juntos e deixarei a critério de vocês se os lerão em sequência ou se darão alguma pausa.
Boa leitura!



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A caminho de Drit’Flig, os raios da luz vespertina, que penetravam o vidro frontal do carro naquele final de tarde, exaltavam o brilho nos óculos escuros de Nick e a tonalidade do pecado de sua pele, coberta em partes por uma camisa regata azul e um short preto.

Ao som de Boulevard Of Broken Dreams, suas mãos tocavam o volante no ritmo das batidas acompanhadas pela letra cantada pelo jovem. 

Tudo naquela música fazia sentido em sua mente. Em um mundo de novas aventuras, ele trilhava um caminho solitário esperando que alguém o encontrasse, e talvez tenha. 

Agarrando o celular a fim de enviar uma mensagem para seu amigo, clicou em fotos por costume e notou a imagem enviada por Arthur, mas que ele guardava com cuidado. 

— Certamente esses cabelos ruivos dão um bom contraste a ele – Sorriu. – O que será que aquele cupido travesso anda aprontando para mim? – Bloqueou a tela e jogou o aparelho no banco ao lado. 

Distante dali, outro se encontrava igualmente perdido em seus devaneios. As lembranças da noite com Renan não deixavam a mente criativa de Arthur independente do esforço que fizesse. Quanto mais tentava esquecer, mais vívida e cheia de detalhes a cena tatuada em suas memórias parecia. Não se pode esquecer de algo que você está constantemente lembrando para esquecer. Um paradigma que o jovem não podia superar. 

Assim como a confusa cabeça do camisa 10 do time de basquete do campus de Drit’Flig. Sentado sozinho em seu café da manhã, ele vagava longe. A comida parecia não ter o mesmo gosto, não era apetitosa como fora quando estava acompanhado. Ele almejava aquela sensação outra vez. Estava decidido: Daria uma chance ao seu coração, seja ao lado de Arthur ou de Nick. 

Muito foi falado entre os três durante o dia. Desde os últimos acertos para a festinha até coisas pessoais, mas principalmente sobre a expectativa do encontro. 

De um lado Nick, que, embora mais confiante por já se aceitar a mais tempo, indagava sobre o que Renan gostava, e do outro, o novato no assunto, que bombardeava seu amigo de sala com inúmeras perguntas e curiosidades. 

Então chegou a noite. Aos poucos, um a um, os amigos e colegas de Arthur foram chegando à sua casa. Não seria um grande evento, apenas com algumas pessoas mais próximas.

A música eletrônica já rolava solta quando Nick chegou. Estacionou o carro em frente à casa. Logo chamou a atenção de muitos ali apenas em descer do veículo. Vestido com um blazer preto e uma camisa azul por dentro, cores que combinavam muito bem com seus olhos claros e sua pele de chocolate, além de vestir uma calça e sapatos pretos, encerrando seu look com um belo sorriso. Rapidamente adentrou na busca de seu amigo, encontrando-o na cozinha. 

— Arthur? – Chamou enquanto vasculhava o local. 

— Oi? Nick! – Sorriu ao vê-lo. – Nossa! Cara... você tá incrível! Incrível até demais para o que preparei. – Respondeu meio envergonhado. 

— Apenas acordei mais bonito que o normal hoje e decidi que o mundo precisava da minha beleza. – Brincou. 

— Idiota! – Tocou-o no ombro e o chamou para a sala enquanto levava duas garrafas de cerveja para seus colegas do time de basquete. – Então, o que você disse para seu pai dessa vez?  

— A verdade. Que viria para uma festa em sua casa aqui em...

— Você sabe que seu pai me odeia, Nick. – Redarguiu interrompendo-o. 

— Relaxa, ele nem se importa mais comigo, nunca se importou na verdade. – Suspirou e se jogou no sofá. – Som legal, onde conseguiu essas músicas? 

— Com Renan – Respondeu. – Quer uma cerveja?

— Quero sim... e, olha lá – Apontou para a porta de entrada. – Olha só quem chegou, nosso astro... o segundo, porque já sou o primeiro. Acho melhor você ir recebê-lo, pode deixar que eu entrego a cerveja. – Comentou o jovem de cabelos azuis.

— Certo, mas logo será só com vocês dois. 

— Então vou subir depois, quero um pouco de privacidade com o rapaz. – Sorriu com malícia.

— Não destrua meu cantinho, ainda precisarei dele. – Riu e entregou-lhe a chave de seu quarto para Nick. 

— Pode deixar. – Piscou-lhe o olho como sinal de confiança. 

Desviando das pessoas que dançavam, bebiam e conversavam ali, ele seguiu até a entrada, recebendo Renan ao som de alguns remixes. 

— Chegou na melhor parte. – Disse o dono da festa parado em pé em frente a seu amigo, que não disfarçava seu nervosismo, com suas mãos inquietas nos bolsos, desviando o olhar entre as pessoas a sua volta e sua roupa um pouco diferente do tradicional uniforme do time de basquete ou de suas calças jeans e camisas de manga longa, as quais costumava usar para ir às aulas. 

— Um short branco e uma camisa laranja... Você até que fica bem vestindo algo mais leve, sabia? – Arthur comentou. – Entra, Nick já chegou, tá lá em cima te esperando. Disse que precisava de um pouco mais de privacidade com você.

Renan corou rapidamente.

— Já? Me esperando? Só a gente? Sabe, não me importo de ir mais outra pessoa comigo... – Comentou nervoso. 

— Desculpa, mas não posso deixar a casa sozinha com essa festa rolando. Fica tranquilo, cara, ele é legal, vai ver. – Tentou acalmá-lo. 

— Eu sei, mas... se não lembra – aproximou-se de seu ouvido e disse em voz baixa. – Você foi o único cara que já fiquei... e foi por acidente, quero dizer, não foi planejado. Sou novo nisso, Arthur, me ajuda. 

Tocando-lhe o rosto com as duas mãos, ele disse lentamente. 

— Só aproveita o momento, bobinho, o que tiver de acontecer, vai acontecer, não precisa ter medo de nada. Agora preciso ir, sério. Boa sorte! – Terminando a breve conversa, ele sumiu entre aquele grupo de pessoas e Renan se viu sozinho em seu mundo.

Agora é comigo... fudeu! Pensou enquanto subia as escadas degrau por degrau, em passos lentos e trêmulos. Suas mãos estavam suadas, seu coração batia acelerado e sua respiração era forte. Então, deu três batidas na porta ao chegar. Após abrir-se, o encontro tão esperado por ambos finalmente aconteceu, contudo, apenas se encararam por alguns segundos sem que uma palavra fosse dita ou ouvida. 

— Olá! – Nick o cumprimentou quebrando o gelo. – Entra.

— Oi... tá. – Respondeu Renan com a voz trêmula. 

Já à espera, o jovem de blazer havia preparado o ambiente com a ajuda de seu parceiro. Um drink estava pronto sobre a escrivaninha de Arthur, além de vários travesseiros reunidos sobre a cama e alguns materiais mais específicos para o caso do encontro apimentar. 

— Tudo bem? Você parece bem nervoso. – Riu e deu um gole na bebida. 

— Tudo sim, estou bem... é que... não, não é nada, esquece. – Disse ainda de pé próximo à porta e a escrivaninha. 

— Ei, pega um drink aí e vem para cá – Tocou o colchão com uma das mãos – você bebe, né? Senão, pelo menos prova. Dá um crédito para o Arthur, ele deu duro para esse encontro acontecer. Até preparou isso para a gente. 

— Sim, tudo bem. – Pegou o outro copo e sentou-se ao lado de Nick. 

— Essa é a sua primeira vez com um cara, né? Seu jeito entrega. – Sorriu novamente. – Mas não se preocupe, não vou te forçar a nada, também já passei por isso.

— Não é bem meu primeiro encontro com outro homem... eu meio que já fiquei com o baixinho... outro dia. – Ergueu o copo e bebeu uma grande quantidade do líquido. 

Surpreso, ele respondeu entre risos. 

— Aquele safadinho... Não perde uma mesmo. 

— Não tem problema eu ter ficado com ele, né?

— Não, relaxa. Eu até já fui namorado do Arthur antes, quando criança. Éramos inseparáveis. – Comentou relembrando das cenas. – Mas nosso tempo passou, hoje estou interessado em conhecer outra pessoa, olhou-lhe com malícia enquanto deslizava a mão por sua coxa até tocar o tecido branco do short. 

***

Caminhando até o cesto de lixo do lado de fora da cozinha, Arthur recolhia algumas garrafas de bebidas e as organizava em um grande sacolão. Aquele lado da rua estava deserto. Ao sair, se deparou com a figura de um homem alto, coberto com uma capa preta e um chapéu da mesma cor a lhe encarar. Não era possível ver seu rosto, apenas uma faca em sua mão esquerda. 

Confuso, ele recuou e indagou sobre o que ele queria.

— Senhor, tudo bem? Posso ajudar? E... essa faca? 

— É para eliminar um mal desse mundo. - Respondeu-lhe com uma voz rouca, caminhando em sua direção. 

— Senhor... não... não... – Arthur tentou correr, entretanto, o homem arremessou a lâmina, acertando-o nas costas e derrubando-o. – Ah! Berrou, mas não foi ouvido a princípio. Ninguém estava naquela parte da casa.  

— Deixarei seu corpo com tantos furos quanto uma peneira. – Disse ao sentar-se sobre o garoto, retirar a faca e acertar-lhe no braço. Retirou novamente e desferiu outro golpe e assim seguiu. 

— Socorro! – Berrou. 

***

Deitado com a cabeça sobre o colo de Renan, o moreno, apenas vestido com a calça e meias, ria descontroladamente com as histórias que ouvia. 

— Cara, você tem muitas aventuras engraçadas, nossa! Minha barriga chega a doer de tanto rir. – Encarou-o novamente, levantando-se em seguida e colando seu rosto ao do outro jogador. Com leveza, sua mão direita deslizou do colchão e subiu de modo a tocá-lo por cima da camisa laranja, sentindo a definição daquele abdômen e peitoral ao passo que sua mão esquerda acariciava a face rosada de Renan, conduzindo o dedo indicador até seus lábios, beijando-os na sequência. 

Rapidamente retirou sua camisa laranja e jogou-o sobre a cama, observando cada detalhe e fazendo-lhe morder os lábios. 

— Seu corpo é tão... me beija outra vez. – Balbuciou o ruivo, deitado com o outro sentado sobre seu colo. 

Com a língua, Nick tocou-lhe a barriga e foi subindo até os mamilos e acompanhando suas mãos, que, por cima, dominaram Renan. Seus troncos logo se tocaram, suas pernas se entrelaçaram e, totalmente excitados, puderam sentir o que estava por debaixo da roupa deslizarem entre si. 

O momento foi interrompido por uma gritaria eufórica e a parada súbita da música, algo havia acontecido. Ambos desceram as escadas para olhar o que tinha acontecido, mas nunca mais esqueceriam daquele dia. 

Atravessando a barreira de pessoas, Renan e Nick viram seu amigo, já deitado sobre uma poça de sangue, esfaqueado por um homem de chapéu. Ao notar que haviam muitas testemunhas, ele tentou correr, mas um forte vento derrubou seu chapéu e todos puderam ver seu rosto, fazendo-o parar. 

— Pai? – Nick indagou com os olhos cheios de lágrimas. – O que você fez com o Arthur? Seu monstro desgraçado. – Correu até o corpo caído. – Arthur, Arthur, fala comigo. – Embora tentasse esboçar algum tipo de reação, apenas sua boca mexia sem conseguir emitir qualquer tipo de som – Por favor cara, fala alguma coisa, joga um picolé dentro da minha roupa.... faz alguma travessura como de costume... Não me deixa! – Berrou abraçando-lhe forte. Levantando-se, ele gritou para seu pai. – Sabe, até agora eu tinha dúvidas sobre o que tinha acontecido a minha mãe... como ela havia morrido... então foi você que a matou, não foi um acidente, né? Assim como tentou fazer com o Arthur e tenta fazer com todas as pessoas que amo? Seu desgraçado… você tem sérios problemas... e o único mal que deve ser removido desse mundo é você! Te odeio! Te odeio! – Partiu em sua direção, derrubando-o com apenas um soco, mas fora segurado em seguida. – Eu juro que um dia me vingarei. Eu juro! E se prepare, porque se ele morrer, você será o próximo... Vou te caçar nem que seja no inferno!  – Gritou enfurecido vendo-o correr. Virando-se, Nick pediu que o ajudassem a levar Arthur até seu carro. Ele iria para o hospital mais próximo. 

Renan aproximou-se em seguida e encostou o ouvido próximo ao peito de Arthur e sentiu sua pulsação. 

— Ele ainda está vivo, mas não vai aguentar muito tempo. – Pronunciou entre prantos. – Aguenta firme, baixinho. Vamos te tirar daqui. Não me abandone agora, Arthur... justamente agora... preciso de você. 


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Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam. Até o próximo!



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