Meu Pecado escrita por Dálian Miller


Capítulo 2
Capítulo 1 – Segredo


Notas iniciais do capítulo

Mais um u.u
Boa leitura!



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Um mês havia se passado desde as boas-vindas da universidade onde Arthur iria estudar. Todos os preparativos para o primeiro dia de aula já estavam prontos. Deitado sobre sua cama ao lado da janela de seu quarto, as lembranças do garoto ruivo no vestiário não deixavam sua mente. Arthur se levantou, afastou as cortinas da vidraça aberta e pôs a cabeça para fora a fim de sentir o vento e observar o comportamento daqueles pássaros que dançavam sobre as árvores. Ele parecia ser muito bonito, mas não posso me deixar levar apenas por seu aspecto físico. O que estou falando?  Riu de seus próprios pensamentos. 

Um pouco abafada, a voz da mãe do garoto avisava atrás da porta que ele iria se atrasar caso ficasse observando a praça toda manhã. 

— Já estou indo, mãe. 

Alguns minutos depois, ele desceu as escadas em direção à cozinha, agarrou uma maçã sobre a mesa e saiu em disparada. O campus de Drit’Flig – cidade da região Leste de Parlahir –, onde ele estudaria, ficava a poucas quadras de distância e era possível ir a pé. Após chegar ao local, não esperou tanto tempo na calçada como fizera outrora, quando tomou banho de água suja. Seguiu até sua sala no primeiro bloco do segundo andar – prédio principal – onde avistou o garoto do vestiário com um pacote de salgadinhos em mãos e algo em uma sacola presa ao braço, estacionado no corredor e em frente à sala que Arthur teria a primeira aula. 

Será que somos da mesma turma? Será que ele também é um novato? Acho que irei falar com ele. Pensou. 

***

Pondo o braço sobre o ombro do garoto, Konei, um dos alunos do terceiro semestre de Geografia, insistia para que ele entrasse no time de basquete da universidade. Sua altura e experiência no Norte do continente o daria grande vantagem sobre os demais novatos. 

— Então Renan, você entrará para o nosso time, não é? 

— Não me enche! Já disse que entrarei para a equipe. – Murmurou. 

Ao lado do outro veterano, Hyuh, o capitão do time, comentou sobre uma partida amistosa contra outro grupo de basquete da cidade. Seus incríveis 191 cm de altura e seu posto no time explicavam o traço de prepotência apresentado pelo jovem às vezes. Entretanto, sua calma e o orgulho pelo trabalho de sua equipe balanceavam os pontos negativos e positivos. 

— Então, poderei ir nessa partida? – Questionou enquanto mordia um hambúrguer de 20 centímetros. 

— Você acabou de comer um pacote inteiro de salgadinhos. – Arthur comentou enquanto se aproximava por trás de Renan, embora ninguém tivesse notado sua presença.

—  Quando começamos o treino... – Indagou com a boca cheia, até que percebeu Arthur parado ao seu lado e cuspiu tudo no rosto de Hyuh, deixando seus óculos opacos e gosmentos. Logo em seguida, afastou Konei de perto dele. – Quando você chegou aqui?

— Olá! – Sorriu.

— O que você tá querendo? Me assustar? – Bradou ao agarrar o colarinho da blusa de Arthur, porém, soltando logo em seguida. 

— Eu cheguei agora, ouvi a conversa de vocês. Tenho um amigo que também joga basquete. O nome dele é Nick. 

Ainda surpreso por não notar o garoto de cabelos loiros se aproximando, Hyuh permanecia em sua contagem numérica regressiva, um método encontrado para relaxar após um momento de estresse. 

— Seu nojento! - Vociferou. - Você está vendo o que fez com meus óculos? Minha pele ficou coberta com suas bactérias. Ahh! – Pareceu mudar de temperamento subitamente. – Começaremos amanhã mesmo. – Após responder educadamente, o lado histérico do veterano retornou com maior intensidade. – Maldito. – Tomou o lanche das mãos de Renan e saiu acompanhado por Konei. 

— Que cara estranho... – Notou que Arthur já não estava mais ao seu lado e ficou surpreso por seu desaparecimento repentino. Olhou para a sala e a professora já havia começado sua apresentação. Ele cerrou o braço sobre a boca, retirando os restos de alimento e entrou. 

Quatro horas de aulas se seguiram da forma mais lenta possível.  Após isso, o grande fluxo de alunos saindo pelos corredores do prédio indicava o horário do almoço. Renan seguiu até a cantina, na procura de mais uma refeição. Desceu pelas escadas por onde Arthur chegou, dobrou à esquerda, e depois de passar por dois blocos, chegou. Acho que vou pedir mais um hambúrguer ou talvez algumas porções de batata-frita. Pensou. 

— Onde aquele baixinho se meteu?

Sentado à frente de Renan, e na mesma mesa, Arthur lhe respondeu “Olá!”  

Novamente Renan foi surpreendido pelo garoto de cabelos dourados. 

— Mas que diabos! Por que você sempre aparece assim, do nada? – Berrou.

— Eu já estava aqui, você que não me notou quando sentou na mesa. Gostei desse lugar.

Virando o rosto para o lado, Renan respondeu de canto de boca. 

— Não perguntei. – Seu pedido logo chegou: cinco porções de batata-frita e um suco. – Pega aí também. Se quer andar comigo, tem que ficar mais forte, você é muito magrinho. – Por um instante, ele se deixou levar e acabou por rir de Arthur, que acompanhou sua piada.

Apesar de tamanha brutalidade em uma única pessoa, ele parece ser legal. Até acho fofo quando ele se assusta comigo. Será que ele me viu naquele dia? Pensou Arthur. – Ei!

— Hum? – Com as bochechas estufadas de comida, Renan levantou a cabeça para prestar atenção no que ele iria falar. 

— Você também é calouro? 

— Sim... mais ou menos... – Deu uma pausa para tomar seu suco e engolir a mistura em sua boca. – Sou transferido. Eu morava numa cidade ao Norte do continente, Banotown ou Cidade das Roseiras, como queira chamar. Você é de Drit’Flig mesmo? 

— Não, mas não venho de tão longe como você. Minha família morava numa cidade vizinha, há 64 km daqui. 

— Você joga basquete? Se não me engano, comentou que um amigo seu jogava. – Renan, apesar de focado em sua refeição, parecia manter o diálogo com Arthur, que também não abria mão de uma boa conversa. 

Coçando o cabelo, ele respondeu timidamente:

 – Já tentei, mas não levo tanto jeito para esportes. – Arthur observou a sua volta, não notou nenhum outro estudante nas mesas próximas a eles e ousou em uma pergunta mais direta. – Renan, você não acha estranho estarmos comendo juntos? Explico: É que parece um encontro. Podem maldar ao nosso respeito.

Ele pareceu pensativo sobre que resposta daria. Arthur notou que sua mastigação havia desacelerado, e pela primeira vez, Renan falou normalmente, sem estar mordendo algo. 

— Você acha?

— Sei lá... não me importo. – Sorriu.

— Então você gosta de meninos? – Indagou esperando uma resposta.

— Algum problema com isso? – O garoto permanecia se esquivando das perguntas e rebatendo com outras. 

Rindo novamente, Renan comentou de maneira descontraída: 

— Eu morava na cidade das Roseiras, onde tudo possuía toques femininos. Até minhas roupas sofreram algumas mudanças pelas mãos habilidosas de minha avó. Claro que não tenho problema com isso. – Tocou o ombro de Arthur e continuou a soltar algumas risadas discretas. 

— Ainda bem. Posso contar um segredo? – Aliviado, ele se inclinou até o lado do rosto do ruivo e sussurrou algo em seu ouvido. 

— Só isso? Tudo bem. – Renan mudou sua visão para a última porção de batatas e voltou a olhar para onde Arthur estava em seguida. – Você quer... mas que diabos! Para onde ele foi?


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Notas finais do capítulo

Qual será o segredo que Arthur contou? Até o próximo!