Viajantes - O Príncipe de Âmbar escrita por Kath Gray


Capítulo 19
Capítulo XVIII


Notas iniciais do capítulo

Heey!
Eu sei que demorei. Estou 300% ciente disso. Maaas, se formos olhar pelo lado positivo, ontem foi a primeira fase da FUVEST! Isso quer dizer que eu vou ter um bom tempo livre a partir de agora! Yay! o/
Meu único leitor ainda vai estar um pouco ocupado provavelmente até o mês que vem, o que quer dizer que eu posso estar falando com as paredes agora, mas ao mesmo tempo quer dizer que eu vou ter tempo para escrever pelo menos mais um capítulo antes de ele voltar! o/
Enfim, se em algum futuro ermo mais alguém estiver lendo isso aqui, espero que goste~ Demorei bastante, mas fiz com o coração~



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No segundo dia, eles quase não pararam para descansar.

Os três seguiam a um ritmo tranquilo, de forma que era possível percorrer uma boa distância antes de sentir os músculos começarem a fadigar. Ao longo do percurso, Kath e Ty acabaram ensinando várias brincadeiras a Dean, das quais ele nunca havia ouvido falar, mas que os ajudou a passar o tempo. Em grande parte delas se brincava falando, e algumas podiam se estender por quase meia hora, se estivessem inspirados.

Katherine também parecia ter algum problema quanto a ficar com as mãos desocupadas. Quase todo o tempo era possível vê-la trançando alguma coisa enquanto andava, fosse uma folha especialmente fina, uma gavinha ou algum tipo de fibra que achasse no chão, até que finalmente ela terminava algo que lembrava muito um apanhador de sonhos. Dean calculou que, nas três ou quatro primeiras horas, ela devia ter enfiado pelo menos uns cinco deles na sacola em suas costas.

— Mas, e vocês? - perguntou Dean em um determinado momento. - Quais são os seus planos para o futuro?

Kath e Ty se entreolharam brevemente. Os dois sorriram.

— Nada muito elaborado. - respondeu ela.

— Nunca pensei nisso, na verdade. - disse ele.

— Ei, pera aí - disse Dean, torcendo o canto do lábio. - Só eu que vou falar? Assim não é justo. Eu quero saber os de vocês também.

Dean ainda tentou insistir um pouco mais, mas os irmãos apenas repetiam as respostas, sorridentes. Se alguém de fora pudesse vê-los naquele momento, pensar-se-ia que os dois estavam brincando às custas do garoto moreno.

Enfim dando-se por vencido, Dean deixou o assunto morrer.

As horas seguintes se passaram com naturalidade. Caminhada, intervalo, caminhada, intervalo. Mais uma vez eles encontraram uma lagoa um pouco maior, onde aproveitaram para se refrescar. Em vários momentos Ty e Kath interrompiam seu trajeto para mostrar a Dean uma nova planta ou animal. Mais pelo meio da tarde, Rue, Ellie e Pinmur se separaram do resto do grupo por algumas horas - “Rue e Ellie têm vários amigos nessa parte da floresta”, explicou Kath. Talvez por sentir-se um pouco mais íntimo de Dean, Pinmur não hesitou em seguir os outros dois.

Os seis tornaram a se reencontrar um pouco mais tarde. Graças às inúmeras paradas - boa parte delas por causa da ainda baixa resistência de Dean -, eles acabaram acampando mais uma vez ao ar livre.

O sol ainda estava longe de seu ápice quando, na manhã seguinte, Katherine escalou uma das árvores altas nas proximidades e os dois garotos ouviram sua voz exclamar lá do alto:

— Estou vendo!

Eles não precisaram se perguntar do que ela falava. Entusiasmado, Ty correu até a base da árvore e pôs-se a subí-la. Assim como a garota, ele a escalava com grande facilidade, saltando de galho em galho como se tivesse crescido fazendo isso.

Dean observou-o subir e desaparecer em meio às copas. Ele começou a se perguntar se devia fazer alguma coisa, ou se apenas os esperava ali embaixo.

Então, ele ouviu um farfalhar acima, e a cabeça de Ty surgiu de ponta cabeça abaixo de uma das camadas de folhas.

— Você não vem?

E tornou a subir, desaparecendo logo em seguida.

Dean andou até o tronco e olhou para cima, pensando. Curioso, ele resolveu tentar. Para a sua sorte, as ramificações daquela árvore começavam em uma altura baixa, então não seria difícil começar a subida.

Bom, não seria difícil desde que conseguisse alcançar a mais baixa.

Ele deu uma volta na árvore. Escolhendo o seu alvo, ele flexionou as pernas e tentou pular. Seus dedos passaram a alguns milímetros de seu objetivo.

Ele tentou de novo, mas o resultado foi quase o mesmo. O único diferencial foi que ele conseguiu tocar de raspão dessa vez. Depois de tentar mais duas, ele percebeu que não conseguiria ir além daquele ponto.

Mais uma vez, olhou em volta da árvore. Pela primeira vez, notou que algumas das raízes estavam meio expostas, subindo um pouco além do nível do chão. Uma delas estava logo embaixo do segundo galho mais baixo. Achando que valia a pena a tentativa, ele subiu aqueles quinze centímetros adicionais e tentou pular dali.

Na primeira vez, ele falhou completamente. Um dos pés escorregou para trás antes de pular e ele quase caiu com tudo. Mas na segunda ele se preparou melhor; novamente flexionou as pernas e…

Foi!

Sua mão não estava preparada para o peso que ia segurar, e quase se soltou por instinto. Mas ele conseguiu mantê-la firme por tempo suficiente para segurar-se com a outra.

Forçando todos os músculos do braço e do abdômen ao extremo, ele conseguiu se puxar para cima. Tentou se equilibrar na parte mais grossa, próxima ao tronco principal, e olhou para cima para escolher o próximo.

A partir dali, a subida foi relativamente tranquila. Procurar o mais próximo, alcançá-lo, subir. As diferenças de altura também diminuíam consideravelmente em algumas passagens.

Mas em outras, elas aumentavam um pouquinho; o suficiente para causar um pouco de hesitação em Dean.

Ele observou o próximo galho. Era o que estava mais perto dele no momento, mas ele só conseguia alcançar por muito pouco.

Com um pouco de impulso, ele saltou.

Para a sua felicidade, ele conseguiu se agarrar ao novo apoio sem muitos problemas. Começou a se içar para cima.

Infelizmente, no entanto, o galho não era tão resistente quanto parecia.

Dean panicou ao ouvir o som da madeira começando a rachar. Já tinha subido uma boa distância, e as chances de cair em algum lugar próximo e conseguir se segurar para não continuar caindo pareciam mínimas.

Não, não, não, não, não!!

O galho se partiu.

Todo o apoio que pensava ter desapareceu no ar.

No próximo momento de que se deu conta, uma pontada aguda subia por seus braços.

— Epa, te peguei - disse Ty, sorrindo. Suas mãos seguravam os punhos de Dean com firmeza; seu corpo agachado contra um galho próximo inclinou-se para trás para compensar a diferença de peso. - Essa foi por pouco, hein?

Dean não respondeu enquanto o pequeno puxava-o para cima.

Percebendo a expressão transtornada do outro, Ty deu um tapinha de leve em seu ombro.

— Fica tranquilo! A gente nunca ia deixar alguma coisa acontecer com você. Pode confiar. - afirmou, alegremente.

Dean não sabia se realmente confiava nisso, mas a partir desse momento, contentou-se em seguir os passos de Ty até lá em cima.

Era engraçado que Dean, sendo mais alto que Ty, tivesse mais dificuldade para alcançar os galhos, mas o menino saltava ridiculamente alto e sem um pingo de hesitação. Se Dean tivesse que tirar os pés do tronco anterior, já não tinha 100% de certeza de que conseguiria alcançar o próximo.

Mas, de alguma maneira, os dois conseguiram subir os metros finais até o topo da árvore.

Conforme subiam, os galhos ficavam cada vez mais compridos e ramificados, mas também mais finos. Assim que emergiu acima da copa, Dean segurou-se no fim do tronco principal, tentando ficar o mais próximo dele que conseguisse.

Katherine, por outro lado, estava de pé longe da segurança do centro. Com as folhas cobrindo até a altura de seu joelho, não era possível ver onde ela estava apoiada - talvez nem ela mesma pudesse ver - mas ela parecia ter bastante confiança em seu suporte.

— Onde vocês estavam? Estava começando a pensar que não viriam - brincou ela, olhando para eles por cima do ombro.

— Tivemos contratempos - respondeu Ty, dando de ombros e andando até ela.

Dean ergueu o olhar para ver o que eles observavam.

Acima deles, o Sol brilhava forte. O céu inteiro estava azul claro, brilhante, pontuado por solitárias nuvens brancas. As folhas das árvores que se estendiam quase infinitamente a oeste e as ondas do mar que iam até a linha do horizonte a leste reluziam em amarelo claro. Várias criaturas que ele nunca vira antes, além de seus três protetores, voavam por aquelas partes, aproveitando as correntes de ar que se faziam sentir àquela distância do chão e que faziam os cabelos dos três balançarem em uma desordem que era tudo menos caótica.

E, ao longe, o primeiro vislumbre de uma cidade murada, rodeada por enormes muros de pedra lisa atravessados por inúmeras passagens em formato de altivos arcos ogivais.

— Lá estão. Os Reinos do Norte. Menos de duas horas de viagem - anunciou a garota, com um sorriso tão largo que atravessava seu rosto de ponta a ponta.

— O que você acha que eles estão fazendo? - perguntou Ty.

— Se eu ainda conheço eles, Henri deve estar começando a limpar os livros - disse ela, alegremente. - , e Shira está tentando separar os que ainda precisam de limpeza, mas se distraindo e começando a lê-los antes que se dê conta.

Ty riu.

— Tenho certeza de que não passou longe. E Elliot?

Kath inclinou a cabeça, sorrindo mais.

— Nós dois sabemos o que Elliot está fazendo. - riu ela.

Ty riu mais.

— Sim, nós sabemos.

Por mais alguns minutos, os três apenas apreciaram a paisagem. Então, Katherine esticou os braços para os lados, se alongando.

— Bom, vamos indo?

Dean, ainda segurando-se no único apoio visível, olhou para baixo.

— Ahn… como fazemos para descer?

— Fique tranquilo, essa é a parte fácil - contou Ty.

Dean não entendeu.

— Aqui, vem ver! - chamou Kath, se afastando ainda mais em direção ao fim do galho.

Dean não sabia se ela estava fazendo aquilo de propósito, mas cada vez que ela dava um passo para longe, ele se sentia mais aflito. Se Simon fizesse alguma coisa desse tipo, ele com certeza ficaria de castigo depois. Isso é, se ele não caísse antes.

— Ei, irmã, por que você não vai primeiro? - sugeriu Ty.

— Certo! - concordou Kath.

Ela virou-se para eles, se aproximou ainda mais da ponta atrás de si e, sorrindo, fez uma ligeira mesura.

— Cavalheiros.

Então, com um último passo, saltou para trás, desaparecendo em queda livre.

O coração de Dean parou por um momento antes de a razão lembrar-lhe de que aqueles dois não faziam nada sem ter alguma coisa em mente. Seus batimentos se acalmaram surpreendentemente rápido, mas a curiosidade impeliu-o a soltar-se de seu ponto seguro e tentar ver o que tinha acontecido mais à frente.

Criando coragem, ele se inclinou um pouco para frente, instintivamente tentando manter seu centro de equilíbrio mais próximo do chão. Pela primeira vez em algum tempo, ele lembrou-se de que estava descalça; depois de andar tanto no chão macio da floresta, a superfície irregular da madeira incomodava, mas ao mesmo tempo trazia um atrito muito bem-vindo, e assim ele podia sentir exatamente onde estava pisando.

— Ei, quer ajuda? - perguntou Ty ao seu lado. O menino estendeu-lhe o braço. - Se apoie em mim. Vai ser mais fácil assim.

Dean aceitou a ajuda. Com o novo apoio, ele conseguiu encontrar um equilíbrio bem melhor e mais estável. Os dois andaram até ficarem o mais perto da ponta que Dean conseguiu chegar, e Dean inclinou-se para ver o chão atrás das folhas.

Não havia nada lá.

— Ei, Kath! Não vai mandar uma saudação para os dois garotos que andaram até aqui para te ver? - gritou Ty, brincando.

Para a surpresa - e o susto - de Dean, uma mão surgiu da terra. Mas não era como se ela estivesse de fato debaixo do chão ou algo do tipo - ela não espalhou terra nem pareceu fazer força para sair.

A mão acenou para os dois alegremente, e logo em seguida a cabeça e o tronco de Katherine também surgiram.

— Heeey! - cumprimentou ela, apoiando-se na borda de alguma coisa que Dean não conseguia ver, como alguém que descansa na beira da piscina, mas ao invés de uma piscina ela fazia isso em uma superfície aparentemente lisa e rígida de pura terra.

— ...Você vai me explicar o que é isso? - perguntou Dean.

— Nada demais. Só um esconderijo providencial - respondeu ele, torcendo o canto da boca.

— Esconderijo?

— Sim. Olha - ele indicou Kath com a cabeça.

Enquanto os dois a observavam, ela tornou a mergulhar no chão. Nesse momento, Dean teve a impressão de ver sua superfície tremular, quase como ondas suaves. Alguns segundos depois, ela tornou a aparecer, trazendo duas novas sacolas de pano nas mãos e largando-as sobre a terra dura logo ao lado. Rue, que até então estava perto dos dois garotos, mergulhou para baixo e chegou a desaparecer no chão por um breve instante antes de tornar a subir e pôr-se a flutuar próxima a Kath. Logo em seguida, a garota se içou para fora da superfície insólida com os braços e gesticulou que os dois descessem também.

Ty não pensou duas vezes. Antes que Dean reagisse, ele já estava pulando, e em poucos instantes sua silhueta desaparecia lá embaixo, só para a cabeça tornar a aparecer logo em seguida. Ellie mergulhou logo atrás. Ty liberou o caminho para Dean e os quatro olharam para cima, esperando que ele os seguisse.

Mesmo já tendo visto que era seguro, Dean tinha muitas coisas contra pular de uma árvore de mais de dez metros de altura. Por exemplo, o instinto de sobrevivência. Geralmente era uma boa ideia ouví-lo, e naquele momento ele lhe dizia que isso era suicídio.

Sem saída, ele percebeu que devia ter pensado nisso antes de subir na árvore.

— É só tentar não pensar muito! - gritou Kath para ele. - É bem macio, você nem vai sentir!

Apesar de Kath nunca ter mentido para ele, Dean não entendia como seria possível cair daquela altura e não sentir nada. Mesmo se a superfície lá embaixo o aparasse ou algo assim, ainda teria algum impacto, o que dificilmente seria algo agradável.

Pinmur não parecia estar com muito medo. Mas também, ele podia voar. O pássaro azul fechou as asas e desceu até quase tocar o chão. Então, provavelmente só para incentivar Dean, deu uma mergulhadinha no chão e tornou a subir. Então, olhou para cima e piou algumas vezes.

Dean suspirou. Não poderia ficar ali em cima para sempre, poderia?

Tentando não olhar para baixo, ele criou coragem para pular. Não poderia dar errado, certo? Os irmãos o teriam avisado se houvesse algum risco de ele cair no lugar errado. Ou se houvesse uma chance de a superfície misteriosa não segurá-lo. Na verdade, em ambos os casos eles provavelmente nem o deixariam subir lá em cima, já que ambos já tinham uma certa noção de suas capacidades físicas e acrobáticas.

Finalmente, ele experimentou seguir o conselho de Kath, e, antes que pudesse dizer a si mesmo mais inúmeros motivos pelos quais aquilo era uma péssima ideia, Dean saltou.


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Notas finais do capítulo

Outro motivo pelo qual eu demorei muito é, me deparei com uns probleminhas na lógica dessas cenas enquanto escrevia e.e' Dito isso, espero que não tenha deixado passar nenhuma discrepância. Enfim, espero que tenham gostado! Até o próximo! o/



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