A Trouxa escrita por Bábi


Capítulo 8
O Esquecimento


Notas iniciais do capítulo

Hey, people.
Mais um capítulo para vocês, espero que gostem.



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Acordei em um lugar estranho, Otaves estava sentado em uma cadeira perto de mim, abraçado com Thomas e ambos dormindo. Eu não sabia onde estava, o que tinha acontecido, quanto tempo se passara e como eu havia saído da floresta. Não sabia quem era o professor que tinha ido nos buscar e onde meu pequeno amigo havia parado.

Olhei em volta e reparei no teto, que começava pelos cantos da sala hexagonal e subiam até o pico, bem acima de nossas cabeças. Grandes janelas foram instaladas por todas as paredes, menos a que possuía a porta encostada. Era majestoso e intimidador o local, me fazia sentir como se estivesse deslocada e, ao mesmo tempo, em casa.

Um menino entra pela grande porta do salão e se dirige a minha maca, a última do salão, posicionada perto das mais altas janelas que eu havia visto. Minha visão estava deturpada, minha cabeça latejava e eu sentia cede, mas nada me incomodou quando vi que era Arthur que havia me visitado no que eu deduzia ser a enfermaria.

Ele estava nervoso, se sentia culpado por algum motivo e não com seguia me encarar nos olhos. Eu sentia falta do meu amigo no trem, que havia me feito rir em um momento duvidoso e diferente da minha vida, o amigo que havia me salvado no trem e na floresta, fazendo eu me sentir como se pudesse contar com ele para qualquer situação e para tudo.

Agora era diferente, eu sentia. Um muro havia sido colocado entre nós e eu não sabia como quebra-lo, ele não se lembraria de nada que eu havia contado para ele na noite anterior, não importa o que eu fizesse, nossa conexão nunca voltaria. Pensei que eu poderia ter ficado segurando sua mão, não tê-lo distraído por aparecer subitamente atrás do homem que estava nos atacando ou, simplesmente, eu poderia não ter ingressado em Hogwarts e desistido do sonho de me enturmar, mesmo não possuindo magia.

Contudo, muito mais do que a tristeza de perder a amizade, que nunca tive por toda a minha vida, era a minha preocupação, naquele momento, com Arthur. Imaginei o quão desagradável seria para alguém seguir uma vida com um buraco e uma falta de noção do que aconteceu no passado e como ele chegou onde estava, no momento em que acordou do feitiço.

“Eu sempre achei que eles tinham algo a mais, mas nunca pude comprovar. Penso que, se eles quisessem que eu soubesse, eles teriam me contado.”

Arthur se manteve, por um tempo, desde sua entrada, encarando seus amigos. Eles faziam um belo casal, mas me intrigou o porque dele aparecer na enfermaria e me visitar. Ele encontraria o Otaves e o Thomas nas aulas, não havia necessidade de vir onde eu estava.

Gostaria de evitar, ao máximo, o constrangimento de o encontrar. Eu não saberia o que dizer e, muito menos, como agir. Eu havia sido apagada, completamente, da memória dele, não havendo resquícios de que eu existia.

“Alice, eu gostaria de pedir desculpas por não lembrar. Os meninos me disseram que nos damos bem logo de cara e que havia uma conexão visível entre nós e eu, realmente, me sinto culpado pela situação em que lhe coloquei. Não deve estar sendo fácil encarar a minha falta de memória porque você ainda se lembra do que aconteceu. Sei, também, que você espera que ela volte alguma hora, mas fiz uma série de exames e nenhum feitiço ou poção pode reverter o que aconteceu.”

Eu chorei desde a primeira palavra direcionada á mim. A pronuncia de meu nome com um tom frio, me pegou de surpresa. Esperava que, ao menos, ele sentiria nossa conexão e não fosse frio comigo, que tentasse não me deixar constrangida e não se constranger.

Thomas levantou da cadeira e me confortou, como um amigo de longa data. Eu não pertencia ao mundo trouxa, não pertencia ao mundo bruxo e não tinha amigos. Esperava que pudesse me sair melhor na primeira escola que eu realmente quis entrar, por mais que as dúvidas tenham surgido no começo.

O que me restava, agora, eram dois novos colegas que não abandonarão seu amigo e uma possível chances com as aulas que não envolvem a utilização da varinha, como a maioria das aulas, provavelmente. Com a falta de memória de Arthur, apenas a diretora saberia da minha condição não mágica, nesse momento.

Não havia como me preocupar com a opinião dos outros estudantes as descobrirem o que realmente sou e que Hogwarts havia sofrido um equivoco. Eu passei dias acordada e sozinha, planejando o que eu poderia fazer para esconder o que havia de errado com meu organismo.

Após alguns dias, uma senhora entra pela grande porta do salão com vestes de camurça e um chapéu pontudo combinando. Contudo, o que realmente chamava a atenção era o cabelo preso sob o chapéu, decorado com penas da cor de suas vestes, e os óculos pequenos pousados, delicadamente, e em seu nariz.

Minerva McGonagall, que era a diretora de Hogwarts, havia ido, pessoalmente, se apresentar, pedir desculpas pelo imprevisto no trem e conversar comigo sobre as aulas. Ela sabia que eu não possuía magia, ainda, então propôs um esquema eficaz para os estudos e para a discrição de meu problema com magia.

Dei uma última olhada na enfermaria uma vez que não planejava mais entrar pela porta do salão. Aquele lugar foi a primeira parte do que eu julguei ser a escola de Hogwarts. Era tão diferente do que eu havia imaginado porque possuíam tetos altos e entalhes pelos pilares que sustentavam o local.

Decidi andar pelo castelo e vaguei pelos corredores e pelas escadas.  Ao invés de uma escola simples, com um prédio atrás para acoplar os alunos durante a noite, ela era um castelo com torres altas e masmorras.

Grandes pilares eram instalados para a sustentação das altas e pesadas esculturas por todas as paredes e tetos. Fiquei absorta pelos detalhes entalhados em cada pedacinho do castelo. As portas de madeiras possuíam desenhos bem entalhados da fauna e flora que, julguei no momento, apenas apareciam no mundo bruxo.

Diante de mim surgiu Thomas arfando de cansaço. Me informou que o banquete iria logo começar e, como eu havia faltado na distribuição dos alunos, essa seria apenas para mim. Eu teria, então, que ficar na frente de todos os alunos e ser testada por um chapéu, de acordo com a bruxa que eu era e que eu seria, para determinarem minha casa de Hogwarts.

A preocupação não me deixou por um minuto durante o longo caminho até o salão onde seria realizada a refeição. A escola toda saberia que eu era uma trouxa, eu não seria determinada para nenhuma casa e, por fim, ficaria sozinha como minha vida toda.

O único amigo que eu havia conquistado, e que me aceitava sendo trouxa, já se esquecera de mim, e os dois únicos que se identificaram com minha personalidade e gostaram de mim, seriam dispersos ao perceberem que eu não possuía mágica e que não era como eles. Achava que seria descartada como sempre fora.

Entrei no grande salão e todos estavam a minha espera. A diretora, que estava sob o palanque e segurava o chapéu, sorria afetuosamente para mim, fazendo eu me sentir mais confortável e confiante enquanto eu andava em sua direção. Parei ao pé da escada e em sua frente, esperando por ordens a respeito do meu comportamento. Ela grita meu nome para que todos ouçam e indica para que eu me aproxime.

“Eu sei de sua incerteza, é natural para quem ainda não desenvolveu a magia, mas acredite quando digo que muitos que já passaram por aqui eram exatamente iguais. Eu me lembro de um menino logo após a minha promoção como diretora. Então não se preocupe, o Chapéu Seletor já foi informado e conhece os procedimentos, garanto que você terá um grande futuro. Agora sente-se , por favor, para que possamos descobrir sua casa.”

Aquelas palavras me acalmaram e acalentaram. Talvez o mundo bruxo seja exatamente onde eu deveria estar e onde eu deveria passar o resto da minha vida.

Sentei no banco e encarei meus colegas de escola. Cada casa, descobri, estava dividia pelas grande mesas que corriam o salão, com suas respectivas bandeiras mantidas sobre a cabeça de todos, pendurada pelo teto, que parecia o céu estrelado do lado de fora.

Logo encontrei Arthur, Thomas e Otaves sentados na mesa com a grande cobra suspensa em verde, assim como os detalhes refletidos nas vestes dos três amigos. Antes de ser deslocada para uma casa ou para nenhuma, desejei ter trocado de roupa antes do jantar; ainda estava com as roupas de trouxa que não havia tirado na noite do acidente.

Assim que colocou o chapéu em minha cabeça, a diretora Minerva prendeu uma capa ao meu pescoço, uma peça bruxa para disfarçando minha falta de responsabilidade com minhas vestes para aquele momento. Mesmo assim, com esse ato, me senti igual a todos naquele salão e desconfiava que ninguém me julgaria, independente do que acontecesse.

Relembrei o momento em que li minha carta de aceitação para a escola, revi o semblante de meu pai ao descobri que, independente do que tenha acontecido com a minha vida acadêmica até aquele momento, eu havia sido convidada para uma escola. Também relembrei o que senti ao entrar, pela primeira vez, no mundo bruxo e os sentimentos confusos sobre o que deveria fazer a respeito da escola.

No mesmo momento em que me senti confiante comigo mesma e soube que ali era o meu lugar e, portanto, onde deveria estar, o chapéu estava pensando nas casas. Foi uma cerimônia tranquila e rápida, enquanto vivia absorta em meus pensamentos, o chapéu murmurava coisas até que, finalmente gritou minha casa.


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Notas finais do capítulo

Então, pessoas, me digam se vocês gostaram e o que pode ser mudado para a história ficar ainda melhor. Esse foi o primeiro dia em Hogwarts e muita coisa ainda está por vir!

As aulas e os problemas vão começar daqui a pouco, começando pela falta de magia de nossa personagem principal. Comentem o que vocês acham que vai acontecer, o que ela deveria fazer, para qual casa ela vai e como ela retomaria a memória de Arthur!

Xoxo, Bábi.



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