A Trouxa escrita por Bábi


Capítulo 16
O Pai


Notas iniciais do capítulo

Pessoas, era para eu ter postado antes, me perdoem. Aconteceram algumas coisas em minha casa que me impediu de conseguir escrever, eu não conseguia me concentrar e tudo o que fiz foi ler incansavelmente até que meus pensamentos estivessem em ordem novamente.

Esse episódio foi inspirado em um sonho que tive nesse tempo que estive afastada, no mesmo tempo em que meu psicológico foi abalado pelos problemas familiares que tive. Espero que vocês se emocionem tanto quanto eu me emocionei escrevendo.

Aproveitem.



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A neve tinha parado de cair, meus malões já estavam no trem e todos se despediam de seus familiares. Minhas vestes haviam sido encaminhadas para a residência de meus pais no mundo trouxa depois das novas cores da minha casa serem bordadas e, agora, me acompanhavam em uma mala de mão.

Contei aos meus pais o que acontecera durante parte do meu ano letivo, só omitindo a minha conversa com o Ministro da Magia e minhas pesquisas. Contudo, o ministro não saiu de minha mente em um minuto. Embora ele tenha me dito para não perder Arthur de vista, o Chapéu Seletor deixou claro minha troca de casa para conseguir ser bem sucedida em minha missão.

Não sabia em quem acreditar, muito menos discernir se seria mais fácil para mim estando na Sonserina ou na Gifinória. Com certeza a diretora McGonagall impediria a minha troca de casa se eu contasse o plano do Ministério da Magia para mim, mas não o fiz. Eu estava consciente que já havia mudado minhas vestes e, principalmente, comprado meus novos cadernos para as aulas.

Durante as férias, contei para meu pai sobre a minha magia. Seu aparecimento deixou meu pai completamente feliz, como se a minha realização pessoal e, consequentemente, minha realização pessoal pertencesse a ele também.

Isso havia me feito sentir saudades da minha relação com meu pai, estava tão tempo distante de minha casa, que não sentia mais que pertencia a aquele lugar, mas meu pai me fez sentir confortável e extremamente feliz por estar de volta por um tempo. Um dos motivos para isso eram nossos passeios e nossas conversas, como se uma simples ida até a sorveteria.

Conversamos muito durante o caminho para a estação ferroviária, mesmo minha mãe não estando conosco, eu me sentia plenamente feliz. Finalmente encontrei o lugar a que pertencia.

Por esse motivo me sentia plenamente feliz andando ao lado de meu pai na estação, e não pensava, simplesmente, que ia abandoná-lo em casa, novamente. Nesse momento conversávamos abertamente sobre o que aconteceria comigo no castelo, enquanto maus olhares pousavam sobre nós; olhares pertencentes a pessoas completamente confusas enquanto ouviam palavras como feitiços e poções, mas não nos importamos nem por um momento.

Aquela seria a última vez que veria meu pai por um longo tempo, não podia deixar um único detalhe passar por entre minha percepção. Eu observava seu andar cansado, mas animado; sua voz excitada e completamente esperançoso com relação ao meu futuro estava presente em cada sílaba pronunciada.

Andamos lado a lado até a hora de passarmos pelo paredão. Como sempre, o receio esteve presente em meu pai nesse momento. Não sabia como era possível que, sem minha presença, ele conseguisse sair da estação. Como sempre disse a ele que não precisava me acompanhar, eu poderia ficar do lado de fora o tempo que fosse possível e entrar no trem quando o horário fosse mais próximo.

“Que tipo de pai não gostaria de observar sua filha, pela última vez, dentro do vagão do trem que parte em direção à escola? – ele respondeu minha pergunta de imediato – A filha que eu não verei por meses até que a troca do ano letivo aconteça. Irei com você e ficarei até o último momento, da mesma forma que te entreguei pela primeira vez e da mesma forma que fiz quando te busquei.” Mesmo sabendo que ele ficava desconfortável no mundo bruxo, fiquei feliz por me acompanhar.

Eu sabia o que aguardava por trás daquela parede de concreto e tijolos. Dentre todos os alunos de Hogwarts, Arthur me encontraria, como sempre. Não estava ansiosa por isso.

Por todos os dias durante as festas eu o estava evitando, não respondendo suas corujas, principalmente. As cartas chegavam quase que diariamente, algumas perguntavam, sobre meu dia, o porque das minhas respostas não chegarem e sobre meu pequeno Fred.

 Quase no final, parei de receber a visita de suas corujas, acreditava que ele havia desistido de me escrever, afinal, então eu esperava que ele tentaria me encontrar na plataforma. Por esse motivo me senti aliviada quando meu pai falou que iria comigo, mas ainda não queria entrar na plataforma, queria ficar o mais longe dele possível, enquanto eu ainda podia.

Não que eu não o amava, mas não podia encará-lo e terminar com ele depois de tudo o que passamos e depois de tudo o que ele passou sozinho no início do ano, não poderia deixa-lo. Contudo, com a nova situação ao qual fui submetida, nova casa, novo dormitório nova grade horária e nova posição sobre o que o Ministério me colocou para resolver, não conseguiria continuar com ele.

Fui rapidamente surpreendida e tirada de meus pensamentos quando meu pai segurou minhas mão de forma segura. Ele estava lá para mim, não importava  o que eu precisasse ou o que eu quisesse, ele me ajudaria da melhor forma que ele pudesse e, nessa hora, eu só precisava dele me apoiando, exatamente como estava naquele momento.

Empurrei meu carrinho em direção á coluna em minha frente, andando logo atrás de meu pai. Como em minha primeira vez, me vi parada em uma plataforma completamente cheia, o trem já parado esperando que os alunos embarcassem.

A fumaça saia de sua parte frontal e tomava toda a sua volta, seu apito era podia ser escutado de longe, anunciando a aproximação da hora da parida. Meu carrinho foi levado para longe, para ser colocado no vagão do trem para ser transportado, ficando apenas minha mala de mão com as vestes a serem trocadas.

Olhei para meu pai, já com saudade de casa, mas seria impossível voltar agora. Eu estava muito envolvida com o que acontecera no mundo bruxo do que jamais pudesse imaginar, precisava descobrir o que estava acontecendo na escola, não porque me mandaram, mas porque eu queria e precisava.

Não pretendia ou pensava em ser a salvadora de todos e acabar com o terrorismo em que se encontrava o atual mundo bruxo, mas se alguém estivesse tentando entrar em Hogwarts e fazer mal para os alunos que estudam lá, eu deveria ajudar da melhor maneira que pudesse. Estava preparada para isso.

Troquei algumas palavras com meu pai até que foi anunciado que o trem estava partindo. O medo tomava conta de meu corpo nesse momento, que só se manteve são pela presença de meu pai ao meu lado, me apoiando exatamente como fez enquanto estávamos fora da plataforma bruxa.

Me despedi de forma calorosa, porque realmente não gostaria de deixa-lo naquele momento. Pela primeira vez estava com medo de partir e, a pior parte é que eu sentia medo pelo medo que estava sentindo. Eu não conseguia fazer sentido algum enquanto estava parada em frente a entrada do vagão.

Percorri o corredor comprido do trem, procurando por uma cabine desocupada. Os vagões já estavam lotados, os alunos do terceiro ano agora embarcavam para ocuparem seus assentos no último vagão, diferente dos ocupados pelo primeiro e segundo ano.

Encarei o vidro de minha cabine, corri os olhos pelas pessoas paradas na plataforma procurando por meu pai, não o encontrando de primeira. Eu sabia que ele ainda estava lá, esperando para me ver partir, como havia me prometido antes de entrarmos no mundo bruxo mais uma vez.

Então eu o vi, parado ao lado de meu pai. Estava com suas vestes compridas e pretas, com o emblema da Grifinória estampado. A princípio, não entendi o que estava fazendo, até que vi Otaves, Thomas e alguns outros alunos do segundo ano. Cada um parado ao lado de algumas pessoas.

O terror estampado no rosto de meu pai deu lugar a uma feição de tristeza quando colocou os olhos em mim. Uma lágrima deixou seus olhos e percorreu o diâmetro de suas bochechas, sendo acompanhada por uma lágrima que deixara meu olho logo em seguida.

Quando o trem partiu em um solavanco, vi um sorriso triste estampar os lábios de meu pai. Ele estava feliz por me ver partir, me ver seguir meu caminho de forma segura e não ter que se preocupar com o que aconteceria comigo, mesmo sendo o último momento dele.

Arthur sacou sua varinha e eu não tive forças para, ao menos, levantar de meu assento e clamar por ajuda. Um som agudo e baixo deixou minha garganta, que estava seca e fechada pelo pânico que estava presenciando.

Aquele era o motivo pelo qual eu não gostaria de partir. Eu deveria ter ficado.

Olhando para trás, um clarão verde tomou conta da estação depois do trem já ter se afastado dela. Eu não acreditava no que meus olhos viam. Meu pai estava morto, fora assassinado de forma brutal e insensível, sem ter feito nada e sem ninguém para apoiá-lo.

Eu nunca o veria novamente, ele nunca mais me buscaria na estação, nunca mais me mandaria uma carta e eu nunca mais ouviria sua voz. A melodiosa voz que me colocava para dormir com uma antiga história de ninar ou uma antiga lenda folclórica.

Eu nunca mais ouviria sua voz me incentivando. Nunca mais veria seus olhos sorrindo. A última expressão dele seria gravada por mim, sobrepondo todas as outras. Eu nunca me esqueceria dele.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado, ele foi muito importante para mim e marca o penúltimo capítulo de nossa história. Agradeço muito o tempo que passei escrevendo para vocês.

Como sempre, peço que comentem o que vocês acharam ou, ao menos, para que eu saiba que alguém ainda está lendo o que escrevo, mesmo eu tenho demorado entre 2 e 3 semanas para postar um novo capítulo. A palavra desse capítulo, para quem não quer escrever nada, seria AZUL, que está sendo minha cor preferia esses dias. Então um pequeno comentário com a palavra AZUL já seria perfeito porque sei eu vocês ainda estão aqui, me acompanhando.

Espero conseguir escrever mais rápido do que esse. Sinto saudades de vocês.

Xoxo, Bábi.