Finnick Odair — 65ª Edição escrita por Magicath


Capítulo 13
♆ — Penalidade


Notas iniciais do capítulo

ola

eu não ia fazer esse capítulo, mas deixar o final como estava parece muito inconclusivo
eu desisti desse site por diversos motivos, mas isso aqui mal finalizado me deixa com agonia
talvez tenha mais um capítulo, só pra fechar
espero que ainda estejam por aí e que apreciem com moderação



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PENALIDADE 

Os momentos depois que sai da arena, eu mal lembro. Há apenas uma imagem viva até hoje em minha cabeça: duas mulheres, meus pés descobertos. Elas discutiam.

Mas veja só essa marquinha, acha que devemos consertar?” uma delas dizia.

“Hm... Até que ela é bonitinha, pode ser um daqueles detalhes únicos no rosto que dá um charme”.

“Mas quando olharem para o rosto dele, é a primeira coisa que vão ficar encarando. Isso não é muito bonito, chama muito a atenção”.

“Tem razão”.

“Em qual das lutas será que ele conseguiu?”.

Depois, só lembro de ter acordado quando Helva apareceu para me tirar da cama do hospital. Ela disse que eu estava pronto e “curado”, e que o pior já tinha passado. Havia uma atadura protegendo a região do ombro que fora atingido. Quando lembrei do motivo, agitei-me a espera de Febe, até me tocar que isso estava no passado.

Passei por uma última avaliação antes de ser liberado. Recebi ordens médicas de usar uma tipoia e cuidar para não fazer movimentos bruscos com o ombro recém remendado. Ele também disse que eu talvez precisasse de sessões de fisioterapia para recuperar 100% dos movimentos. Após isso, as enfermeiras ajudaram a me vestir e fui acompanhado até o andar destinado ao Distrito 4, onde eu descansaria e me prepararia para o evento final dos Jogos.

Meus jogos.

Durante o trajeto pelos corredores da ala hospitalar, pude ver pessoas do outro lado dos vidros escuros olhando para mim enquanto eu passava, como se eu fosse uma espécie de atração. “É ele, é ele!”, as bizarrices diziam, junto a outros comentário que faço questão de não lembrar.

Quando cheguei ao quarto andar, toda a minha equipe me recebeu com palmas e celebração. Porém, meu olhar estava pregado apenas em Mags e Kieran, meus mentores, cuja preocupação transparecia pelas íris de seus olhos, pois eles eram os únicos que sabiam o que era passar por aquilo. Eu não sei dizer o que eu senti naquele momento, ainda não assimilara os fatos. Para mim, eu ainda não saíra da arena. A minha alma ainda estava perdida em algum lugar.

Informaram-me que haveria um jantar naquela noite, e que o encerramento seria no dia seguinte. Fui levado aos meus aposentos por uma avox enquanto os adultos discutiam os preparativos. Dormi por mais meia hora, até os pesadelos me acordarem. Sentei na cama, encarando a Capital pela janela do quarto.

O Jantar foi normal, com uma mesa farta. Toda a comida foi a única coisa que conseguiu fazer meus olhos brilharem. Havia um maravilhoso pernil no meio da mesa, acompanhado de ensopado, purê de batata com molho especial, caviar, uma sobremesa chamada creme brulee, champanhe e diversos outros pratos. Confesso que estava com saudades de uma refeição como aquela. Comi até a barriga estufar. Claro que vomitei praticamente tudo depois.

Ninguém me perguntou nada sobre os Jogos, mas era claramente o assunto que estava na ponta da língua da maioria ali. A televisão estava ligada e os apresentadores falavam de mim. Eu fingia não prestar atenção, concentrado na minha taça de cidra sem álcool.

Vencedor da 65ª edição, garoto do Tridente, o vitorioso, incrível performance, surpreendente, som da televisão ecoava nas paredes do meu cérebro, repetindo as palavras.

No dia seguinte, Helva e seus rabichos começaram a trabalhar logo cedo, pois o evento seria no fim da tarde. Helva teve que me ajudar a enrolar as ataduras no meu ombro após o banho. O tempo todo ela permaneceu quieta, felizmente, tentando cortar o clima pesado com comentários agradáveis. Eu, no entanto, era monossílabo. Parecia que ela estava tendo compaixão, mas pude vê-la revirar os olhos depois das tentativas frustradas de me agradar.

Eu me obrigava a dizer alguma coisa, a puxar palavras, mas elas quebravam em minha garganta e se transformavam em cacos de vidro que rasgavam os meus tecidos. Eu sempre fui bom de lábia, sempre sabia dizer o que os outros gostariam de ouvir, mas naquele momento eu estava inerte. Acabado. Morto.                       

E assim, as horas passaram como uma rajada de vento e logo eu estava pronto.

Ao olhar-me no espelho, eu me senti ainda mais tonto. Foi a primeira vez que eu notei de verdade. Digo, as diferenças. O meu rosto sem nenhuma marca. O meu cabelo arrumado, os meus dentes completamente brancos. Eu ainda era eu, minha aparência genuína permanecia ali, entretanto... Eu parecia ter passado pelo estirão de crescimento e envelhecido alguns anos. Era estranho; esperava, pois, encontrar um adolescente acabado, mas estava encarando um jovem perfeitamente renovado.

Minha garganta fechou e comprimiu o ar dentro dos meus pulmões. Eu não consegui conter a piscina que se formava acima da linha d'água. Era um choro reprimido; fazia força para manter as lágrimas dentro dos olhos e os soluços dentro do peito, sendo tudo em vão.

Helva se aproximou e notou as linhas molhadas em minha bochecha.

— Oh querido, não chore — ela disse com a voz mais doce que conseguiu fazer. Ela pegou um lencinho e enxugou delicadamente meu rosto. — Vai borrar a maquiagem.

O comentário dela desencadeou uma onda de raiva imensurável que eu tentei conter. Minha garganta ardia e minha mandíbula estava completamente travada. Tentei inspirar fundo sem tremer de tensão, mas senti que o caminho para o ar e voz estavam comprimidos pelas mãos da dor. O colarinho apertado piorava ainda mais a situação.

— Não consigo... — pronunciei devagar, correndo perigo de me engasgar e morrer. — Respirar.

— Tudo bem, acalme-se — Helva disse, claramente perdida. —Hã... Vários outros tributos passaram por isso. É... não precisa ficar nervoso. Quer que eu chame alguém? Algum médico?

— Chame... Mags — pedi.

Assim ela foi, e Mags entrou na sala com um desespero materno logo em seguida. Ela acolheu-me com suas mãos, apertando fortemente meus dois braços.

— Finnick... — ela disse antes que não conseguisse falar, assim como eu.

— Não dá... respirar

O ar embrenhava-se nas minhas cordas vocais, arranhando toda a minha garganta. Eu estava tonto pelo pouco oxigênio que estava recebendo.

— Shh, tá tudo bem. Olhe para mim, acompanhe meu ritmo.

— Não dá.

— Olhe para mim.

— Não consigo... me mexer.

As mãos quentinhas dela agarraram o meu rosto e ela me fez encarar seus olhos cristalinos.

— Você pode chorar, meu querido. Não precisa mais lutar.

— Não posso... não quero. Se eu chorar, nunca mais vou parar. E estragar a maquiagem.

Um sorriso duro escapou de meu rosto, fazendo-me relaxar só um pouquinho. Mags riu minimamente também.

— Feche os olhos.

Obedeci e, assim que encarei a escuridão, as mãos dela se fecharam em concha sobre meus ouvidos. Assim, podia ouvir um ruído semelhante ao das ondas do mar, exatamente igual a quando se coloca uma concha com abertura na orelha.

Aos poucos, minha respiração regulou e meus músculos relaxaram. Foi como esvaziar uma banheira.

— O que fizeram comigo...? — sussurrei, ainda de olhos fechados.

— A partir de agora, Finnick — ela prosseguiu, — vai ser tudo diferente e não há nada que possamos fazer para mudar. Mas em seu interior, você ainda é você, meu querido. As coisas que fizemos para sobreviver não nos definem.

Olhava para minha palma da mão com um questionamento pairando a minha volta.

— Se você não acha que consegue lidar com a entrevista hoje à noite — fora o que Kieran dissera, — tenho algo para te dar. Essas pílulas são como cápsulas energéticas que vão aumentar o seu astral. Não diga para Mags, isso é um segredinho nosso.

E pensar que esse foi o primeiro preço que eu cobrei. Um segredo em troca de um serviço. O primeiro dentre os muitos que viriam depois.

Suspirei. Eu sabia que não poderia enfrentar o que estava por vir com baixo astral. Contudo, também tinha noção de que era capaz de subir no palco e conquistar o público com carisma e autopropaganda. Afinal, era parte de quem eu era agora. Uma imagem a ser vendida, um brinquedo. É o ultimo desafio, repeti para mim mesmo. Você é o cara que venceu com tudo que tinha e mais um pouco. Vá lá e se exiba com o máximo de vaidade que consegue reunir. Porque você merece.

Merece...

Voltei meus olhos para o entorno, lembrando-me das primeiras entrevistas. Havia muitos tributos ali, dois de cada distrito. Meus colegas temporários. E lá estava eu de novo, dessa vez completamente sozinho.

As pílulas pareciam sorrir para mim.

Mas não foram elas que alimentaram aquele fogo ardente que crescia dentro de mim.

Foi a necessidade de deletar o passado.

♆ 

Funcionou perfeitamente.

E lá estava eu, Finnick Odair, inteiramente novo, sorridente, o garoto do tridente, o prodígio do Distrito 4, o rostinho bonito. Uma imagem completamente nova, do jeitinho que eles queriam.

Nesta edição, os tributos não tiveram que enfrentar apenas eles mesmos, mas também a própria natureza, tão feroz e mortífera quanto. — Caesar começou dizendo. Para quem dava sua primeira entrevista, ele estava indo muito bem. — Vamos dar as boas-vindas a quem enfrentou tudo isso com bravura e determinação. Finnick Odair, pessoal!          

Quando entrei, o público estourou, pipocou, rugiu. Entrei sorrindo, acenando com um dos braços, pois o outro estava na tipoia — concordamos que isso traria uma imagem impactante de superação e luta, como aquelas pessoas que passam por experiências quase morte e aparecem nos programas com parte dos membros amputados que representam a lembrança de como venceram a morte por muito pouco ­(sinto muito, Peeta, meu amigo).

Caesar até perguntou como estava o ombro quando sentamos nas poltronas do palco. Eu disse que estava ótimo, mas era difícil de tomar banho. Houve algumas risadinhas e comentários entre certos grupos na plateia. Já imaginava o que comentavam umas com as outras.

"Que sonho deve ser tomar banho com o Finnick". Ah é, deve ser muito bom mesmo. Algumas até conseguiram.

Então houve a reprise dos momentos mais emocionantes dos Jogos. Lá estava eu no Banho de sangue, quando cortei as cordas dos botes. “Uma estratégia elementar, caro Finnick, muito esperto”. “Obrigada, senhor”. “Oh, que gentileza! Mas pode me chamar pelo nome, por favor”. Risadas. A morte de Ruber foi passada, mas não comentada.

Então a cena na qual recebo o tridente. Eu novamente, olhando para o céu com a mão cobrindo os olhos e a expressão de surpresa e felicidade pintando o rosto quando entendi o que o paraquedas carregava. Todos assistiam àquilo sem desgrudar os olhos da grande tela, vidrados. Confesso que senti um pingo de nostalgia ao vivenciar essa cena por outro ângulo.

Parecia que o foco de todas as cenas era eu. Vários outros momentos da arena que poderiam ser mostrados foram ignorados. Felizmente, as respostas que tanto esperei encontrar estavam nas pequenas cenas após a minha saída do grupo carreirista.

Delphine não acertara a si mesma com uma pedra. Diferente disso, ela usou seu turno de vigília para caçar um animal e usar o sangue dele para espalhar pelo rosto e pela pedra, de forma a parecer que fora acertada por mim. Todos menos Jasper ficaram agitados com meu sumiço. Ele os mandou dormir e assumiu o posto de guarda até que fosse manhã.

Febe roubara as coisas na noite seguinte à que eu fui embora. De dia, a confusão no grupo se instalou. Por incrível que pareça, foi Cecil quem começou uma discussão. Jasper e Del não tiveram reação e ficaram na praia decidindo se deveriam se separar ou não. Incrivelmente, eles permaneceram juntos, decididos a caçar Cecil, Febe e, é claro, Finnick Odair.

Cecil saíra muito antes de Delphine me encontrar, porém ela e Jasper perseguiram-no até encontra-lo — com muita facilidade, já que o garoto estava louco e não fazia ideia do que estava fazendo — no mesmo dia no qual matei a garota do sete. Os dois o mataram segundos antes de eu acabar com a vida dela. Assim, o estardalhaço que fizemos chamou a atenção dos outros dois, que estavam próximos o bastante para nos ouvir.

Foi assim que Delphine me achou. Ela me viu matando a garota do 7, então voltou para discutir um plano com Jasper, e ele concordou em usar a estratégia de parecer vulnerável para que eu cedesse e a ajudasse, destruindo-me de dentro para fora, até que ela revertesse a situação de desvantagem. Afinal, eles estavam desarmados e eu era um garoto, mesmo muito mais novo, experiente com o tridente.

Surpreendi-me com a mente diabólica de Delphine. Era difícil aceitar. Senti uma decepção crescente, pois nem mesmo a pessoa em quem eu mais confiava naquela edição era quem eu pensava ser. Ali, com Caesar, a realidade estava sendo jogada diretamente na minha cara, coisa que era bem desagradável. Era muito mais fácil viver num mundo fantasia, onde os efeitos das ações, consequências e verdades estão encobertos.

Depois disso, meu encontro com Del. Várias cenas minhas sem camisa. A Tempestade. O mar levando minha aliada. A morte de um dos tributos misteriosos enquanto eu dormia, encurralado pela aliança do distrito 3 com o 6 e o 9. Ele conseguiu se defender, levando a garota do 6 consigo. Os dois paralisaram com o efeito do veneno da zarabatana do 9, que foi perdida logo em seguida. Afogaram-se nas águas do mangue invadidas pelo mar quando ainda chovia. O garoto que persegui perdeu a zarabatana após isso.

Não consegui assistir até o final. Desviei o olhar quando Jasper apareceu. Eu não queria lembrar da sensação terrível do pescoço dele nas minhas mãos.

A reprise estende-se até quando ergo o tridente no ar e a tela fica preta. O público comemora e Caesar começa suas perguntas.

— Finnick, essa foi a edição mais interessante. No começo, não diríamos que o menor e mais novo dos carreiristas seria o mais bravo e corajoso, disposto a enfrentar a arena sozinho — ele comenta.

— Bem, eu também achei que não conseguiria! — ressaltei em um tom de brincadeira, fazendo as pessoas rirem.

— Ah, meu jovem, mas você nos surpreendeu por conseguir sair inteiro dos primeiros dias. Após isso, você ganhou seu tridente... A cena em que você o recebe é de tirar o fôlego — Caesar relembra. Ele fez uma pausa e soltou um suspiro, entrando em uma overdose de nostalgia. — Acho que todos concordam que foi simplesmente lindo de se ver, não é mesmo?

Caesar virou-se para a plateia e palmas e gritos preencheram o local confirmando a concordância entre todos.

— Diga-me, Finnick, o que você sentiu quando viu a dádiva?

— Olha, devo dizer, primeiramente, que fiquei extremamente decepcionado quando não o colocaram na cornucópia — comentei. O coro de risadas se fez presente — Eu poderia ganhar sem ele, claro, mas, sim, estar com o tridente em mãos me deixou mais forte e confiante. Eu senti... que não estava sozinho.

Lancei um olhar de compaixão para as milhões de pessoas sentadas. Elas foram a loucura.  

— Sinto-me honrado! — O homem sorriu. — Mas então, quando foi que decidiu sair da aliança e por que? E como foi ver a reação de seus colegas?

A expressão que ele usou me deu arrepios. Colegas. Como seus colegas de turma que você tem que matar.

— Confesso que achei engraçado — eu disse com desdém. — Talvez nem Jasper tenha esperado por isso. Eu resolvi sair quando percebi que não poderia mais ficar com eles, pois eles me limitavam. Eu consigo agir melhor quando estou sozinho. Tinha certa pressão dentro do grupo.

Canalha. Você saiu porque estava com medo.

— Esse é o espírito! — o apresentador comemora.

O resto foi pura conversa fiada. Perguntas inúteis sobre minha vida no Distrito 4. E, por último, o que eu faria agora que era vitorioso. É claro que a conversa no riacho veio à tona e lembrei das palavras ácidas encobertas de mel da minha companheira.

— Hm... o que eu queria realmente é dar a maior festa de todas! — finalizei. O público vibrou.

Como uma última homenagem, a coroa do vitorioso foi trazida ao palco, mas junto a outro presente, dessa vez limpo e polido, brilhando como nunca: o tridente. É obvio que não deixariam de lado o símbolo.

Quando Caesar o tomou nas mãos e o estendeu para mim, hesitei em pegá-lo. Antes o que era meu amigo e aliado tornou-se meu maior inimigo. Ainda assim, fazia parte de mim. Mas não mais da parte boa, e sim da parte terrível e monstruosa.

Porém, quando o peguei nas mãos, o peso era diferente. Não era meu tridente, tampouco era de verdade.

Abri um sorriso seco. Era exatamente como eu.

Mas eles nunca vão saber, não é mesmo?

♆ 

Após o encerramento, achei que teria finalmente o meu descanso. Contudo, Mags me avisou que fomos convidados a um jantar de gala onde estariam os membros que faziam os Jogos Vorazes serem um “sucesso”. Suspirei, concordei com a cabeça, permanecendo calado. Façam o que quiser comigo enquanto podem.

Lá, fiquei sentado a maioria do tempo. Eu não conhecia ninguém. Era a menor pessoa daquele lugar, a não ser por um ou dois homens baixinhos e velhos. As outras pessoas jovens deveriam ser filhas dos adultos lá presentes.

Uma mulher jovem sentou ao meu lado na minha mesa. Ao fundo, tocava uma música clássica para que as pessoas dançassem no salão dourado.

A mulher ficou bem próxima, de frente para mim.

— Olá, garoto do tridente — ela cumprimentou. Sua voz era suave e o sorriso era largo. — Meus parabéns pela vitória.

— Obrigada — agradeci sem sorrir.

— Por que não está dançando? — indagou como se zombasse de mim. — Afinal, é noite de comemoração para você. Precisa de uma companhia?

Olhei-a no fundo dos olhos, estranhando. O timbre da voz dela produzia um tom estranho, persuasivo. Os orbes de gato me encaravam como se quisesse me possuir. Ela tinha... um interesse estranho em mim.

— Não, obrigada — respondi gentilmente. — Não sou muito bom em dançar.

A moça soltou uma risadinha animada e calma, colocando a mão na frente da boca. Depois disso, apoiou o cotovelo na mesa e o rosto na palma da mão. Com a outra, brincou com o canudo de um drink com os lábios.

— Diga-me, Finnick, já pensou em morar na Capital?

— Não, porque? — questionei inocentemente.

— Você seria útil por aqui. Teria tudo que quisesse — esclareceu, ficando mais próxima. Meu coração palpitava de horror e medo. Eu conseguia sentir uma pressão sobre mim exalando do corpo dela, um desejo estranho que uma mulher normalmente teria por homens mais velhos. Mesmo ainda sendo criança, captei os sinais. Aquela cobra me estrangulava sem dar deixa para eu escapar. Ninguém estava prestando atenção em nós, também. Eu não tinha culpa se ela tinha fetiches escrotos e proibidos.

— Desculpe, acho que não entendi — disse, segurando-me para não balbuciar.

Um sorriso enorme se abriu no rosto dela. Felizmente, isso a fez se afastar.

— Nada não. Você seria perfeito para os meus negócios. Quem sabe um dia... — A mão dela guiou o drink até a mesa. Ela se levantou. — Até logo, garoto do tridente.

Nos encontramos alguns anos depois. Sim, é isso mesmo que você está pensando. Ela quem me escravizou.

Ela foi a minha primeira. 


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Notas finais do capítulo

agora vocês sabem como Finnick garota de programa



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