Finnick Odair — 65ª Edição escrita por Magicath


Capítulo 11
♆ — Uma Luta (In)Justa


Notas iniciais do capítulo

não tem porque segurar se o capítulo já está pronto, não é mesmo? (e se não tem ngm para esperar por ele KKKKKKKKKK)



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♆ 

UMA LUTA (IN)JUSTA 

 

 

Cinco minutos após a fuga da garota, pude sentir meus movimentos retornarem.

Começou com um leve formigamento, junto com um pouco de dor. Meu cérebro voltou a processar; minha boca, babando até aquele momento, fechou-se e eu consegui mover a mandíbula para todos os cantos. Depois o pescoço, os ombros, o tronco, dedos das mãos, braços até poder, enfim, mexer meus pés. Tentei rapidamente me levantar apoiando os antebraços e elevando o peito, mas eu estava duro e logo fraquejei. Com muita calma e cautela, tentei de novo e de novo, até dobrar uma perna, depois a outra, sentando sobre os joelhos.

Olhei para o relógio pairando acima da minha cabeça. Foram praticamente duas horas imobilizado.

Voltei a focar no caminho por onde a garota tinha partido. Não fazia muito tempo que ela fugira e eu conseguira me mover, então talvez ainda estivesse perto. O ódio novamente se propagou em meu peito e eu parti para a mesma direção que ela fora.

Procurei por sinais no chão, enquanto gritava comigo mesmo mentalmente. Ela é uma idiota! O que ela planeja fazer com um tridente? Ela nunca vai conseguir lutar com aquilo! Sequer conseguiu me matar! Garota estúpida... Por que existe tanta gente idiota no mundo?

Grunhi irritado. O solo era simplesmente uma droga e estava difícil demais rastrear algum sinal daquela ladra.

Respirei fundo. Talvez eu não estivesse enxergando e pensando direito. Com a chuva de anteriormente e a constante umidade do ar na arena, sinais eram fáceis de ser deixados. O solo não estava tão seco quanto eu pensava. Eu só precisava esfriar a cabeça.

Inspecionei novamente a área. Dessa vez, constatei pedaços de terra levemente marcados. Não eram marcas de botas perfeitas, mas eram rastros de que algo havia passado ali e remexera a terra.

Ao apoiar a mão para me levantar, uma dor repentina e intensa fez eu me contorcer. Olhei para os meus dedos, que estavam completamente inchados. Experimentei mover as falanges, mas todos os nervos, músculos e tendões que se conectavam com elas arderam.  A garota pisara na minha mão... E o resultado era nada bom.

Fechei os olhos e massageei a testa com uma das mãos. Aquilo tudo estava me atrasando.  

Minha cabeça, pressionada pelo o calor e a exaustão mental, estava me matando. Eu estava abusando demais do meu corpo, sendo que, desde a hora que eu acordei, eu não tinha descansado. Não tinha parado de pensar e o estresse estava dominando meu cérebro, quase como um tumor. Se eu quisesse ficar à frente dos outros tributos, deveria estar relaxado, concentrado e apto a tomar decisões razoáveis de última hora. Naquele estado, eu não teria a menor condição de lutar.

Porém, sem o meu tridente, eu estava desesperado. Sentia-me incapacitado e totalmente desprotegido.

Fechei os olhos e respirei fundo, enchendo meus pulmões de ar. Era uma técnica que um professor na academia nos ensinara. Sentir o fluxo sanguíneo, concentrando-se apenas nele, imaginando-o correr pelos vasos sanguíneos, invadindo todos os membros do corpo, limpando as toxinas deixadas pelos pensamentos ruins, não pensar no que há em volta, não se preocupar se algo se aproxima, só você e você, conectando-se consigo mesmo. Visualize seu objetivo, trace um caminho, e não desista até chegar lá.

Quando abri os olhos novamente, senti-me mais leve. Continuava na arena e não havia nada a minha volta, mas não era preciso ter pressa. Eu voltaria para casa, cedo ou tarde. Concentrei-me nisso, meu objetivo. Uma pitadinha de esperança me preencheu. Eu acharia a garota, custe o que custasse.

Sem alternativas, eu rasguei minha própria camiseta. Aquele pedaço de pano não tinha utilidade. Com o tecido, enfaixei minha mão de uma forma que eu ainda pudesse move-la, mas sem sentir muita dor. É obvio que não adiantou muito, mas era o melhor que pude fazer.

Entre as folhas, um paraquedas branco planava. Ele desceu vagarosamente e caiu aos meus pés, delicado e gracioso. Abri a caixinha que guardava os suprimentos e encontrei uma garrafa com algo líquido dentro. Tratava-se de uma vitamina com um gosto estranhamente bom de morango e banana. Finalizei o conteúdo em quase dois segundos. Restaurado, retornei ao caminho.

Passei horas perseguindo rastros inúteis, que se foram ao longo da estrada, junto com minhas esperanças. O tempo passava e o caminho se alastrava, mas não havia sinal da garota. Cai de joelhos, em rendição. Afinal, já era tarde, e os músculos das minhas pernas não aguentavam mais andar.

Suponhamos que a contagem tenha iniciado as seis da manhã. Que, das seis até as oito horas, mais ou menos, eu tenha procurado por alguém para matar. Que, das oito até as dez, enfrentado Diane e seu aliado, passando a ficar imobilizado. E enfim, das dez horas até depois do meio dia, uma hora ou duas, procurado pela ladra do tridente. Assim, restavam-me dezesseis horas, exatamente como o relógio holográfico mostrava.

Ou seja, aquela tortura era interminável. E o desespero era contínuo.

Recostei-me em um tronco de árvore, arrastando minhas costas nele até chegar ao chão. Pousei minha cabeça entre os joelhos e segurei fortemente as lágrimas que queriam escapar. Como eu acharia meu tridente? Como eu iria para a casa sem ter com o que lutar? Eu queria me ajoelhar e implorar aos idealizadores para que me levassem até ele. Meu desespero não era aparente o suficiente ao menos para ganhar uma mãozinha? Algo me dizia que os planos maquiavélicos dos idealizadores deveriam envolver meu encontro com a garota e eu finamente pondo as mãos no pescoço dela.

Algo quente e viscoso molhou a palma da minha mão quando a deixei cair no chão ao lado do meu corpo. Era sangue. Sangue vívido, vibrante e molhado. Recente.

Meus olhos devem ter brilhado como dois holofotes de tanta animação. Aquele era o sinal que eu estava esperando?

Levantei abruptamente e procurei pelo chão. Havia sim uma trilha de sangue levando a algum lugar; escorrido na terra, pingado nas folhas, esfregado nos troncos. Estava lá, explícito. A garota tinha se ferido?

Eu estava completamente entorpecido. Assim, não percebi que estava caindo em uma armadilha.

Conforme eu avançava, a arena parecia se agitar com a minha presença e euforia. Pude ver duas araras majestosas em seus poleiros levantando voo, gritando, o vento tornando-se mais forte, impelindo-me a continuar.

Segui a trilha vermelha até encontrar uma faixa de luz. Era uma pequena cascata cuja altura dava mais ou menos dois de mim. Era um laguinho pequeno de aparência limpa e pura. Quase como uma piscina, dessas que as pessoas ricas têm em casa. Sentei na beirada de pedras e tomei um pouco da água. Estava gelada como um freezer, mas isso não me impediu de usá-la para refrescar um pouco meu corpo.

Usei-a também para tirar a sujeira impregnada em minha pele. Logo meus braços e pernas encardidos ficaram limpos, assim podendo enxergar os ferimentos que acumulara até aquele momento. A maioria eram arranhões e pequenos cortes que formavam as casquinhas que eu tanto adorava tirar quando criança. Não era muito propício arrancá-las na arena, já que era um convite amigável para as bactérias. Meus ferimentos mais profundos, como os dentes das piranhas e as garras do felino, eram cicatrizes profundas. Fora isso, só alguns roxos espalhados pela pele cuja origem eu desconhecia.

Com a cabeça girando nas nuvens, não percebi a presença oculta pelas folhas de uma enorme samambaia. Por sorte, avistei a sombra dele na superfície da água e me abaixei antes que ele me acertasse com um pedaço de madeira.

Virei-me bruscamente e pude ver cabelos de ferrugem tingidos de escarlate pelo sangue que escorria de um corte na cabeça. O vermelho brilhante passava pelo rosto e descia até o braço, pingando pelos dedos.

Jasper me olhava de cima a baixo. Parecia ter acabado de sair de uma briga, não sei com o quê, tributo ou bestante. Parecia completamente exausto; um corte bizarro na cabeça fazia sangue escorrer pelo rosto. Ele segurava o bastão com as duas mãos, ofegando, e tentava a todo custo manter os olhos abertos.

Fiquei estático, sem saber como reagir.

— Finnick — ele falou, mas fez uma pausa para recuperar fôlego. — Que bom te ver. Nos encontramos, enfim.

Dei de ombros, casualmente. Não poderia deixar meu pânico transparecer.

— Alguma hora isso ia acontecer.

— Fiquei decepcionado quando você foi embora. Mesmo um pé no saco, você tinha potencial. Mas deu para perceber que deu no pé porque só se importa com o próprio rabo.

Ai, essas palavras doeram no fundo do meu ego. Mas o que eu podia fazer? Eu sabia que era verdade. 

— Só não esperava que Delphine encobrisse pra você... — ele comentou e meu sangue gelou. — Ela pode ter achado que enganou todo mundo com a história da pedra, mas a mim não enganou.

— História da pedra? — indaguei involuntariamente. A partir do momento em que saí da aliança, não sabia o que tinha acontecido depois. Seria hora de descobrir a verdade ou mentiria para me manipular?

— Ah sim — Jasper assentiu, rindo. — Ela disse que você a atacou com uma pedra e saiu correndo com os pertences dela. Havia sangue por toda a areia. Foi uma atuação e tanto. Sabe, no momento eu achei que ela fez isso para proteger você, mas foi para proteger ela mesma. Ela esmurrou a própria cabeça com uma pedra, cara.

Meu corpo estremecia a cada revelação. Por que ele estava falando de Delphine? Ele estava ficando maluco? Não, Jasper não era o tipo que perdia a cabeça. Mesmo com um corte nela.

Sem escrúpulos, ele continuou.

— Ela era uma manipuladora do cacete. Você, Finnick, tudo o que você pensa e representa está estampado na sua cara. Já ela... Ah, ela era o próprio diabo. Se você um dia acha que ela se importou com você, está muito enganado. Não existe pessoa mais falsa que Delphine Algor e você se deixou cair na armadilha dela.

Johanna Mason discordaria dessa informação. Parte minha também queria discordar, mas no fundo da minha alma eu acreditava. Minha mente voltou no tempo e visualizou Delphine no momento em que fiquei preso na correnteza do rio no meio da chuva. A expressão de Del, prestes a me deixar...

Ela poderia ter mentido para mim, para todo mundo. Entretanto... era realmente o que ela desejava fazer?

O quanto eu sabia sobre ela me fazia duvidar. Mas... será que o que eu conhecia era mesmo real?

— Ela manipulou todo mundo para se proteger, porque ela não era boba. Mesmo sendo uma ótima carreirista, nunca teve coragem de matar alguém. Ela nunca se prontificava diante de uma luta, já percebeu? Sempre se escondendo por trás de máscaras, de pessoas. Ela só não queria usar os outros para alcançar a coroa, sem precisar sujar as mãos. Mas não é assim que o jogo funciona. Ele toma os trapaceiros, não é mesmo? Com você não foi diferente. Ela ia te entregar para mim, mas acontece que os idealizadores cagaram com o plano. Mas veja só onde estamos. Sorte a minha, não é mesmo?

Meu sangue explodiu em um fluxo frenético. Eu arregalei os olhos de raiva, querendo faze-lo parar com aquele monólogo infinito e tortuoso.

— Basta! — eu avancei com destreza, mas Jasper desviou com facilidade da minha investida contra o rosto dele.

— Calma aí, garoto!

— Deixe os mortos no mundo dos mortos — declarei. — Você está só ganhando tempo para você porque não sabe como me matar estando ferido e desarmado. Estava esse tempo todo pensando em como me abordar, não é?

— Você é esperto, mesmo assim não sabe de tudo — Jasper disse. — Desde nosso primeiro confronto, tive a impressão de que você queria muito acabar com minha raça. Bem, talvez eu te dê uma chance.

Tentei novamente avançar nele, mas ele conseguiu desviar por pouco. Não ataquei novamente, porque ele na defensiva estava se tornando algo irritante. Eu queria uma reação, mesmo sabendo que ele nunca tomaria uma decisão precipitada e atacaria por atacar.

— Eu sei que não há escapatória para nós dois. Que tal acabarmos isso de uma forma justa? — ele propôs, jogando o bastão de madeira para longe. A única coisa que eu tinha era minha rede. Engoli em seco, discretamente. Hesitei por alguns para ela antes de deixa-la de lado, com pesar, embora soubesse que não adiantaria muita coisa.

Eu estava nem um pouco afim de lutar com Jasper. Meu estilo de luta era diferente do usual; eu quase não me aproximava do oponente, procurava usar a rede para prendê-lo. Foi me ensinado, também, que poderia usá-la para apanhar a arma do oponente. Era uma técnica peculiar, sem contar arriscada, pois poderia dar errado certamente. Porém, não dependia somente disso. O tridente era a arma mortal, podendo atingir membros desprotegidos e causar ferimento graves no crânio. Podia acertar alguém rapidamente, dando a chance para, em seguida, recuar e manter distância. Assim, eu nunca daria brecha para me atingirem.

No momento em que bati meus olhos em um tridente na academia do meu distrito, foi amor à primeira vista. Ele me proporcionava tudo que eu queria: a chance de lutar sem dar abertura aos adversários. Ao lutar, éramos um só; ele era parte de mim, eu era parte dele. Ele parecia expressar abertamente aquilo que eu era e sentia.

Sem ele, eu não era nada, a conexão se perdia. Eu estava — e sentia-me — extremamente desprotegido contra Jasper. É claro que sabia lutar corpo-a-corpo sem nenhuma arma, mas, para mim, era desconfortável. Jasper tinha duas vezes o meu tamanho e era um lutador excepcional, muito melhor do que eu. Eu poderia ser milhões de vezes melhor que ele com arma em mãos, mas na situação que ele procurava me deixar, estava totalmente em desvantagem.

Contudo, se eu quisesse acabar com aquilo de uma vez, deveria provar minha capacidade, com ou sem tridente.

— Vamos Finnick, não se acanhe, vamos tornar isso interessante ao público — o oponente insistiu.

Cerrei os punhos, decidido a acabar com aquilo de uma vez. Eu estava simplesmente cansado de joguinhos. Nada mais importava para mim, eu só queria acabar com a raça daquele desgraçado e destroçar a cara dele — mais do que já estava destroçada.

Não sei dizer muito bem quem avançou primeiro. Só sei que, quando menos esperava, estava bloqueando um soco de Jasper com meus braços. O choque foi certeiro e forte, fazendo-me grunhir por causa da dor. Acertávamo-nos da forma que podíamos, sem saber aonde aquilo nos levaria. Seus punhos eram rápidos e eu me defendia com os braços para que ele não acertasse a cabeça; por vezes, seu joelho acertava em cheio minha barriga, fazendo-me perder o ar. Ele se defendia de todos os meus ataques.

— Você luta igual uma criança, Finny. Desesperado, tudo o que sente é raiva. Você não tem controle e ataca com precipitação, sendo previsíveis todos os seus movimentos.

— Obrigada — disse, sorrindo com ironia. — E você? Sempre fica falando merda pra tentar surpreender a você mesmo? Se for o caso, sua autoestima deve ser uma bosta.

Jasper fechou a cara, mas não se precipitou e atacou como eu imaginei que faria. Meu potencial empalidecia perante o dele e logo fui superado em força e destreza. Ele era muito mais forte, além de esperto, o que me causava ainda mais raiva. Os braços musculosos do carreirista agarraram minha cabeça, que foi levada até o joelho dele. Recebi um golpe que quase me fez perder a consciência. Agarrei-me aos braços dele e me joguei no chão. Ele teve que me soltar para que não fosse junto.

Jasper parou por um tempo a fim de recuperar o folego. Seu peito crescia com força, e eu podia ouvir o esforço que fazia para respirar. Suas costas estavam curvadas, como se não aguentasse o peso próprio.

Eu literalmente me joguei sobre ele antes que ele tornasse a atacar. Jasper era muitos centímetros mais alto do que eu, pois meu corpinho ainda estava em crescimento, portanto era como tentar mover um armário. Ele agarrou meu braço e tentou torce-lo, mas eu usei minha força restante para jogá-lo ao chão. Entretanto, ele não se moveu. Era como tentar passar um urso por cima do meu ombro.

Ele tentou passar o braço pelo meu pescoço a fim de me enforcar, mas levou um escorregão, e nós dois fomos parar no chão. As pedras abaixo dos nossos pés estavam molhadas e lisas devido aos respingos da cascata.

Jasper tentou bater em mim de novo, mas percebi que ele estava confuso. Atacava o ar, muito mais à direita de onde eu estava. Seu cenho estava franzido e seus olhos faziam esforço para enxergar, e ele não conseguia se equilibrar muito bem, tampouco se levantar. Estava completamente atordoado.

Eu tinha uma chance. O corte na cabeça ou a perda do sangue tinha causado algo ruim nele. Meu cérebro trabalhava como uma máquina a vapor em alta velocidade, queimando meus neurônios para achar um jeito de acabar com ele. Meus olhos pousaram imediatamente no bastão ao meu lado.

O choque da madeira com o crânio do meu adversário foi tão forte que partiu o objeto em dois. Jasper caiu no chão, zonzo. Então, o empurrei com força para dentro da água.

Percebi que não era tão fundo quanto esperava e Jasper ainda apresentava resquícios mínimos de consciência. Com quase todo o sangue fluindo diretamente para minhas mãos, precisei simplesmente empurrá-lo para baixo, segurando seu pescoço. O processo foi breve; suas mãos agarraram meus pulsos com força, talvez inconscientemente, quando o corpo faz de tudo para se manter vivo e sair daquele estrangulamento. Mas logo ele parou e últimas bolhas de ar explodiram na superfície, até não sentir mais vida dentro daquele ser. O canhão veio logo em seguida.

Respirando pesado, afrouxei lentamente meus dedos. Minha mão ferida latejava de dor, mas eu não prestava atenção. Jasper me arranhara e eu sangrava, mas a adrenalina estava tão presente que a dor não surtia efeito.  Minhas mãos tremulas caminharam pelo corpo mergulhado na água vermelha, temendo que ele acordasse. Ou, na verdade, esperando por isso.

Para mim, era difícil aceitar. Não por gostar de Jasper, mas sim porque o espírito assassino em mim era tão grande que fora capaz de matar a pessoa que eu pensava ter a menor chance contra. Jasper era habilidoso, inteligente e dez vezes melhor e maior do que eu; estava lá, porém, com as mãos no pescoço dele. Ele tinha desistido de lutar? Ou fora o corte em sua cabeça que o deixara confuso? Muitas perguntas circundavam minha mente, todas elas tentando apaziguar o verdadeiro culpado: minha força assassina.

Eu saí do lago respirando pesado e com dificuldade. Fiquei com as mãos e joelhos apoiados nas pedras frias por um momento, vendo as gotas de água pingarem do meu rosto, caindo no chão. Ainda tremia, não acreditando que realmente fizera aquilo. Reprimi um grito dentro de mim, fechando os olhos com força e mordendo meu próprio dedo. Grunhi uma última vez por causa da dor que parecia apertar meu coração e respirei fundo. Precisava continuar.

Recuperei minha rede e observei o relógio flutuante. A luta não tinha me tomado muito tempo e, com mais uma morte, o jogo estava perto do fim. Sabia que teria de buscar pelos outros. Fechei os olhos, apertando a mão contra o peito, visualizando o caminho de volta para casa tão perto... Imaginar a minha família e amigos me abraçando, poder ver Mags e todos eles novamente me encheu de determinação. Lágrimas escorreram dos meus olhos enquanto eu pedia perdão, tanto para minha família, quanto para as próximas vítimas e seus familiares, por ter que matar para saciar meu desejo, por ser obrigado a tornar meu desejo mais importante que uma vida. Eu queria ir para casa, queria muito voltar. E essa força, cuja fonte era desconhecida, foi o que me fez reerguer e prosseguir em minha missão.

Olhei para o lago uma última vez. Depois, virei o rosto, e fui embora.


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Notas finais do capítulo

tchau tchau Jasper

to só organizando os detalhes finais pra postar o último capítulo da arena
posto amanhã mesmo, se eu estiver afim
o resto eu vou pensar se posto ou se deixo o capítulo 12 sendo o final mesmo
até