Felicity Smoak.

Eu soltei todo o ar que tinha no meu peito, se a morte é tão silenciosa assim, para onde minha pobre alma estava indo? Meu corpo teve um pequeno solavanco, como se alguém tivesse me jogado no chão e pulado em cima de mim, como um escudo muito pesado. Eu gritei, mais de susto do que qualquer outra coisa que poderia ter acontecido, nessa noite loucamente insana.

— Merda! – Gemi depois de um tempo.

— Filho da p... – As palavras de Helena foram cortadas por gritos.

Abri meus olhos e fitei o chão do banheiro, bem morta eu não estava, pelo menos! Tateei o chão em busca de apoio, sentindo uma longa sacudida nos meus ombros.

— Amor você está bem? – A voz apetitosa de Oliver suou no meu ouvido, ele estava ofegante como se tivesse disputado alguma corrida ou uma longa briga. Meu coração se aqueceu ao saber que ele veio por mim. E que eu não tinha morrido sem pelo menos beija-lo.

— Meu Deus! Você está aqui. – Choraminguei para ele.

Sem cerimônias ele me virou e colocou-me de pé com tamanha agilidade, deixando atordoada.

— Por Deus, mulher! – Ele me sacode levemente. – Eu quase tive um ataque cardíaco quando cheguei até aqui e a porta estava trancada, eu ouvi o que Helena disse e coloquei a maldita porta adentro.

Ele estava frenético alisando meu corpo com suas mãos grandes.

— Está machucada, bebê? Ela não conseguiu atirar em você porque tem uma mira horrível, agradeço a Deus por isso. – Rosnou ainda de maneira frenética.

Olhei para o lado e vi Helena imóvel no chão, mas seu peito subia e descia. Cait estava agachada ao lado dela verificando o pulso, notei que na sua mão segura tinha uma... arma de choque?

— Princess? Como está? – Tommy apareceu do nada ficando próximo a nós dois. Seu cabelo um pouco bagunçado e seu paletó aberto. Ele também estava frenético. De algum modo eu perdi a fala, o medo ainda estava peguinhado nas minhas entranhas. – Cait, venha verificar a Princess. – Tommy solicitou.

Cait veem até mim ainda segurando sua arma de choque. Ela analisou meu rosto e pontos do meu corpo com paciência dizendo que tudo estava bem. 

— Você vai ficar bem, querida. – Afirma me olhando nos olhos com seu olhar de Dra. Merlyn. – É apenas o choque do momento, não está ferida, ela só precisa beber um pouco de agua e não ficar sozinha até que o estresse passe. – Disse para ambos. Balancei a cabeça com minha garganta seca, eu queria gritar que quase morri, e como a vida é valiosa quando se está vivo.

— Bom trabalho, gatinha. – Tommy elogiou tirando a arma das mãos de Cait. – Mas isso agora fica comigo, e não faça mais essa façanha.

— Como você... conseguiu... – gesticulei com a voz rouca ainda sem acreditar que eu estava realmente salva e que minha então amiga tinha abatido minha rival em segundos.

— Eu notei que você seguiu uma mulher estranha, então Tommy chamou Oliver, quando chegamos aqui a porta estava trancada e ouvimos uma discussão, Oliver percebeu que a voz era de Helena e a sua, então sem pensar ele chutou a porta e entramos na hora do tiro, qualquer um de nós poderíamos ter levado a bala, por sorte passou de raspão no braço de Oliver. – Ela respondeu descendo olhar para o bíceps de Oliver que começou a sangrar um pouco. Arregalei os olhos alarmada. – Eu puxei a arma antes do Tommy fizesse e disparei na vadia, ela vai ficar apagada por um tempo. Meu pai me ensinou como derrubar o inimigo.

— Oliver, você....

— Isso não é nada, apenas arranhou a pele, a bala nem entrou, acredite eu já passei por coisa pior. – Cortou-me com olhar aquecido. – O importante é você está aqui comigo e bem, querida. – Ele se aproxima e beija minha testa com carinho, mas posso sentir todo seu corpo tenso.

Eu tentei acalmar meus nervos que estavam a flor da pele, uma batalha internar se formou em mim e tudo o que eu queria era que nada disso tivesse acontecido. O que nada de pior venha acontecer.

[.....]

Oliver Queen.

Felicity deu uma décima volta em torno da mesa, seu cabelo estava bagunçado como se tivesse ficado no vento por um tempo, a coroa pequena estava quase caindo de um lado, seu vestido todo amarrotado e sujo de farinha e outras coisas. Ela cantava, chorava e balbuciava coisas, eu tentei falar com ela antes, mas ela acabou me ameaçando com uma colher de pau, então resolvi ficar calado e observa-la de perto, logo depois que uma tempestade tinha passado no palácio. Meu pai quase ficou louco e ordenou que Tommy e Diggle levasse Helena para a milícia real, onde ela seria detida e analisada por psiquiatras e outras pessoas. Eu me culpo por Felicity ter passado por isso, ela é nova aqui e não sabe o que passamos para ser a realeza, posso ser um bastardo egoísta por traze-la para o meio disso tudo, mas eu a amo, e seu lugar é ao meu lado.

— Querida, não acha que temos cookies e mini tortas o suficiente para um exército? – Questiono suavemente para ela que resolveu me ignorar. – Sinto muito pelo o que aconteceu, eu sempre soube que Helena era fútil e um pouco louca, mas nunca pude pensar que ela chegaria a esse ponto.

— Mesmo assim você dormiu com ela. – Ela responde suavemente ainda de costas para mim.

Fico em silencio, sabendo que doeu um pouco suas palavras, mas que era o mínimo a ser dito. Desde que Helena entrou na minha vida, eu segui um caminho sem regras colocando todos a minha volta em risco.

— Eu não pensei, apenas desejei o sexo como se fosse o bastante. – Cerro os dentes.

— Eu não culpo você por ter ficado com ela e agora ela quer me matar porque não aceita eu como a nova rainha ou sua esposa... – ela vira-se com os olhos marejados. – Estou com medo de tudo que ainda vamos passar, tem um louco lá fora que tentou me matar no carro, outra louca entrou no palácio e tentou me dá um tiro, e amanhã como vai ser?  Será que mais alguém quer minha cabeça? E nossos futuros filhos? O que será deles....

— Shiiii. – Puxo-a para mim, apertando seu corpo em proteção. – Nada vai acontecer a você e nossas futuras crianças, eu sei que você tem passado por muitas coisas e eu estou orgulhoso por você está lindando muito bem com isso.

— Oliver, eu não sei se posso ser.... – Calo sua boca com um beijo profundo sentindo o gosto do chocolate aquecer nossas bocas. Ela se agarra a mim com lagrimas molhando meu rosto. Ergo minhas mãos e seguro seu rosto, me afasto só um pouco olhando dentro dos seus olhos. – Eu escolhi você porque eu me apaixonei por você no primeiro momento em que olhei para você, eu fui um bastardo mais hoje sou um homem que pretende fazer de você a mulher mais feliz do mundo.

— Eu te amo. – Ela sorrir entre lagrimas e aquelas três palavras é tudo para aquecer ainda mais meu coração por ela.

— Eu também te amo, Princess. – Afirmo voltando a beija-la. Felicity corresponde como se fosse nosso primeiro beijo, e tudo que passamos hoje se torna distante. – Vamos descansar, aposto que os orfanatos amanhã terão um grande café da manhã.

Olho sobre a mesa, a enorme quantidade de comida que ela fez para relaxar sua mente. Em silencio subimos as escadas, me aproximo a porta do seu quarto onde ela entra e me puxa para dentro sem aviso. Felicity pede que eu fique e se direciona ao banheiro, depois de alguns minutos ela volta tomada banho e vestida com uma camisola delicada rosa, mesmo sem maquiagem ela é a mais bela de todas as mulheres que já conheci.

— Deite-se comigo. – Ela ordena me empurrando no colchão. – Se fosse outra noite eu cogitaria a ideia de fazê-lo meu, mas eu estou realmente cansada e ainda abalada então quero que você tire suas roupas e fique só de cuecas agarrado a mim.

Minhas sobrancelhas sobem até o couro cabeludo, eu gosto do modo como ela pode ser direta as vezes. Escondo um sorriso, porque jamais eu iria ser capaz de usar sua fragilidade para meu prazer. Tiro meu paletó que contém os emblemas reais, minha camisa e calça, fico de cuecas. Puxo Felicity para mim que aguarda em expectativa, jogo o coberto sobre nós e aliso suas costas. Inspiro o cheiro de seus cabelos, relaxando ao saber que ela está bem e segura nos meus braços.

— Está segura querida, amanhã é um novo dia e nós iremos encontrar que tentou machuca-la, Helena irá ter o destino que merece. – Sussurro fechando minhas mãos em punhos.

— Ela não passa de uma louca, e sei que o reino irá tratar isso com justiça, mas prometa que vai ficar seguro. – Ela murmura olhando para mim.

— Eu prometo, e sempre cumpro minhas promessas. Agora relaxe e durma. – Peço gentilmente beijando seus lábios. Ela se enrosca mais a mim e solta um suspiro satisfeito.

Felicity acaba dormindo depois de alguns minutos, eu permaneço acordado com meu corpo tenso, eu quero muito por minhas mãos no maldito que tentou matá-la no carro, e isso está sugando o resto de humanidade que ainda tenho dentro de mim, meu pai me ensinou como ser um homem justo, porem com Felicity em jogo eu posso me tornar um bastardo sujo, pois eu faria qualquer coisa para salvar minha família, começando por aniquilar meus inimigos mesmo que minhas mãos saíssem sujas depois. Isso me torna um homem de sangue frio, mas o que posso fazer se o amor da minha vida corre risco.

[......]

Acordo com a claridade entrando por uma das enormes janelas do quarto, fico em alerta quando percebo que minha baixinha não está ao meu lado, antes que eu possa sair da cama noto que a mesma deixou um bilhete.

“Querido, estarei no jardim, venha me encontrar.

Com amor, Felicity.”

— Vamos lá, então. – Me levanto alongando meus músculos, recolho minhas roupas e saio do quarto em direção ao meu que está no fim do corredor.

Tomo um banho rápido e faço minhas higienes matinais. Visto uma roupa confortável e um par de tênis de correr, desço as escadas de dois em dois e vejo que o palácio está quieto demais, sempre os gêmeos estão aprontando uma ou minha mãe dando ordens. Franzo o cenho e vou até a cozinhar, noto que todas as comidas que Felicity fez sumiram, assim como os empregados.

— Acho melhor você ir para o campo de treinamento. – Cait disse ao passar por mim com Kate chorando em seus braços. – Tommy está na milícia e não voltou ainda, digamos que sua ex está um pouco possessa. – Ela bufa.

— O que está acontecendo? E onde está todo mundo? – Pergunto ainda confuso.

— Acho melhor você ver com seus próprios olhos. – Ela responde desaparecendo pelo o corredor, ainda com Kate em seus berros.

Rapidamente saio pela a porta dos fundos e contorno o palácio correndo, quando chego do outro lado do pátio vejo meus pais sentando em duas cadeiras confortáveis bebericando sucos verdes, meu pai aplaude algo e outras pessoas gritam empolgadas. Me aproximo de ambos e vejo que são todos nossos empregados que estão em algum tipo de círculo.

— O que está acontecendo? – Pergunto assustando um pouco a minha mãe que pula e engasga.

— Diabos menino. – Ela estala com a mão no peito. – Você quase me matou de susto.

— Sinto muito, mãe. – Suspiro.

— Resolvemos tomar um banho de sol e notamos que nossa Princess estava triste olhando as flores, então do nada ela resolveu treinar. – Meu pai relata com entusiasmo.

— Ela o que... – sou cortado por um grito agudo dos gêmeos que batem palmas animados.

Quase derrapo quando me aproximo de ambos, a cena que vejo me faz dá um passo em falso. Felicity está suada com um conjunto de roupa de malhar e uma tiara sobre a cabeça deixando seus cabelos para fora do caminho. Ela soca um dos guardas no peito fazendo-o tropeçar para trás e cair de bunda no chão.

— Isso garota, pés firmes no chão e punho reto. – Diggle incentiva ao lado dos gêmeos. – Gancho de direita e derruba.

— Felicity, o que diabos....

— Eu estou treinando, não está vendo? – Ela grita no meio do campo chutando outro guardar nas canelas. Pobre bastardo virou saco de pancada porque jamais iria revidar a Princess.

— Ela está tendo aulas de autodefesa. – Jax um dos gêmeos birrento se anima entre pulinhos. – Você consegue Princess.

E como se isso fosse o suficiente outro guarda leva um chute nas bolas, ele grita de dor e cai no chão. Faço uma careta sabendo que isso dói como uma filha da puta. Estremeço ficando mais perto de Diggle, antes que ela possa me fazer seu alvo.

— E quem teve essa brilhante ideia? – Questiono para todos.

— Diggle. – Os gêmeos entregam sem remorso recebendo um olhar voraz de John.

— Sua vez Oliver. – Diggle sorrir me olhando com interesse. – Ela precisa de algo para bater e acho que você seria o melhor saco de pancadas.

— Como você ousa, eu sou o príncipe. – Engasgo lançando olhar afiado para ele.

— Você é a melhor opção no momento, desde que a Princess foi atacada por Helena. – Ele rosna.

— Diggle...

Eu nunca gostei daquela mulher, e você nunca quis me ouvir e quase pagou caro por isso, agora vá. – Ele corta como um trovão e me empurra para o campo. – Espero que ela acerte suas bolas.

Me seguro para não ergue meu dedo do meio para ele, devido meus pais estarem olhando para nós todos com interesse e as crianças. Volto minha atenção para Felicity que já derrubou outro guardar.

— Querida, vamos conversar sobre sua raiva. – Chamo ainda ao longe.

— Não me chame de querida. – Ela rosna se aproximando de mim. Ela tenta me socar mais desvio segurando eu punho fechado. – Agora percebi que você era um homem puta e que pode ter muitas vadias loucas atrás de mim.

— Pequena e ousada, é eu gosto disso. – Sorrio fazendo-a bufar.

Ela tenta me chutar mais eu prendo sua perna entre as minhas, deixando-a longe do meu pênis. Ela está queimando de raiva acumulada e não quero perder meu membro precioso para sua ira.

— Não, não gatinha má. – Estalo a língua girando-a como se estivéssemos dançando uma valsa.

— Oliver. – Ela grita em protesto mais inclino seu corpo e lhe roubo um beijo apaixonado. Ela morde meu lábio inferior, solto-a gemendo. Ela me dá um sorriso triunfante e chuta minha perna.

— Mas, diabos mulher. – Gemo mais alto segurando minha pobre canela.

— Isso é para você aprender a não sair por ai dormindo com qualquer mulher. – Ela grita me chutando mais uma vez. – E isso é para você deixar de ser lerdo.

Solto um rosnado baixo e a pego, jogando-a sobre meu ombro, Felicity grita como uma menina e sem mais nenhuma palavra sigo para o único lugar que gosto de esfriar a cabeça, a lagoa.

— Você não ouse me jogar na agua de novo, seu bastardo. – Ela grita socando minhas costas. Sorrio e entro na agua fria com ela. – Eu odeio você.

— Hora do banho, gatinha. – Mergulho com ela que xinga antes de ser deixa a se levar pelo o momento.

[.....]

Muitas horas depois em algum lugar em Star City.

— Quem é você? – Helena engasga olhando para a sombra de alguém no canto do quarto. Ela podia sentir o perigo lhe rondando, e seu fim próximo.

— Você é mesmo uma vadia louca. – A voz rosna fazendo Helena se arrepiar. – E falhou ao não mata-la, mas não repetirá o erro novamente, não preciso de uma louca no meu caminho, pois você quase tirou de mim algo que eu quero muito.

Antes que Helena pudesse dizer algo, sua ameaça se desloca da parede escura e vem com um travesseiro nas mãos cobertas por luvas negras como a noite, o quarto escuro não lhe deu chance de ver seu agressor, seus gritos foram abafados onde ninguém pudesse ouvi-la, com os pulsos amarrados na cama, sendo diagnosticada como louca ou desequilibrada, Helena deu adeus para homem que amava insanamente, mas Oliver nunca saberia disso, pois desde que Felicity entrou em sua vida, ele não teria olhos para nenhuma outra mulher.