Academia de vampiros - Sacrifício Real escrita por Jéssica Salvatore, Raíssa Duarte


Capítulo 34
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Oi galera, estou aqui não abandonei a fic. Me perdoem pessoal, mas tive um problema relacionado a criatividade. Sério gente, esse capítulo foi difícil demais de escrever. E esse final nem me fale. Mas já estava mais do que na hora de postar. Então peço perdão a todo mundo e vamos parar de enrolação e boa leitura.



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Capítulo narrado pela Rainha Vasilisa Dragomir

Sabe aquele momento da nossa vida quando você não imagina que algo ainda pior vai acontecer. É eu estava muito enganada. A ligação de Ariana Szelsky era clara e objetiva. Todo conselho Moroi sabia. E eles queriam a minha cabeça. 

    

    Christian estava alegre demais, iriamos ficar pelo menos uns quinze a vinte dias em St . Vladimir. E ele poderia juntamente com Jill ensinar um pouco de magia ofensiva para alguns estudantes Moroi que tivessem interesse. Eddie e Mikhail haviam se voluntariado para ensinar alguns golpes. No primeiro dia de aula de Christian ele estava bem confiante.

   - Eu estou feliz Lissa. Vou poder ensinar alguns dos nosso como se defender. Nem todos tem direito a um guardião. Era contagiante ver Christian desse jeito. Por muito tempo ele foi escanteado, vivendo nas sombras,  criticado e foi apontado por muitos que se acham digno, que ele poderia se transformar em um Strigoi. Mas Christian não baixou a cabeça e hoje era reconhecido. Eu tinha orgulho dele. Do homem que ele tinha se tornado. Saímos do nosso apartamento e demos de cara com Eddie saindo do apartamento de Jill. Os dois estavam de mãos dadas, sorrindo, e não notaram a gente. Quando eles iam se beijar, Christian pigarreou. Jill e Eddie se afastaram imediatamente. E a cara que ela fez foi ainda mais engraçada. 

    - Guardião Castille, espero que a honra da minha cunhada ainda esteja intacta entendeu bem? Eddie ficou nervoso. Era engraçado demais ver ele tentando ficar sério e polido com a pergunta de Christian. Jill nem se falava. Ela parecia um tomate de tão envergonhada que estava. Eu achava bonito o amor que Eddie tinha pela minha irmã. Eu ainda achava estranho ter Jill como minha irmã, mas eu havia aprendido a gostar dela. Jillian tinha mostrado uma força e maturidade muito grande quando foi mandada para Palm Spring. Eu sabia que era difícil para ela ter que se afastar de todo mundo que amava. Porém ela foi sem reclamar. E Eddie mostrava quão grande era o amor dele por Jill a protegendo. Eu não poderia me opor ao relacionamento deles. Eles se amavam de verdade. Bem diferente de muitos jovens da realeza que só queriam status e poder. Poder esse que conseguiriam se namorasse a irmã da rainha. Eu sabia bem que a maioria dos casamentos entre a realeza eram casamentos arranjados. Poucos tinham a sorte de se casarem por amor. Meus pais tinham se casado por amor. Eles eram um exemplo de casal apaixonado para mim. Claro que me decepcionei muito ao descobrir a traição do meu pai. Mas tive que enxergar um lado positivo nisso. Hoje eu tinha uma irmã. Não éramos muito apegadas, mas eu gostava de passar um tempo com ela. Isso não acontecia com muita frequência, mas sempre que acontecia eu tentava fazer com que fosse algo agradável para nós duas. Christian deu uma gargalhada espalhafatosa e disse.

  - A cara que vocês dois estão fazendo é impagável. E isso é problema de vocês dois. Só não vão fazer um bebezinho. Jill colocou a mão no rosto e suspirou. Fiz questão de arrastar Christian antes que ele falasse mais alguma coisa constrangedora.

   A semana passou rápida. Todos os dias Christian se encontrava com o grupinho de Moroi que ele treinava. Eu amava ver aquele entusiasmo e aquela confiança nele. Christian tinha uma paciencia incrível com os adolescentes. Eles eram muito competitivos, e os treinos sempre terminavam em briga. Até que um desses dias a briga ficou feia. Um jovem Moroi da realeza, muito exibido quis mostrar que era melhor que um jovem Moroi não real, e a coisa saiu de controle.

  - Eu não preciso desses treinos inúteis. Eu terei uma escolta de guardiões e não precisarei me cansar dessa forma. Magia ofensiva deixa a gente muito cansado. Prefiro gastar minha energia na cama, com uma boa dhampir para me divertir. Isso foi o suficiente para exaltar o ânimo do outro Moroi. Ele partiu para cima e desferiu um soco no nariz do jovem da realeza. Eddie e Mikhail separaram os dois, e quando viram que não tinham como brigar nos socos e chutes, partiram para magia ofensiva. O Moroi da realeza era usuários de magia da terra, e fez a terra tremer. O outro prontamente fez uma rajada de vento forte o suficiente para jogar longe o Moroi junto com Mikhail que o segurava. Eu tive que intervir. Levantei minhas mãos e gritei.

   - Parem já! Os dois pararam na mesma hora. Mikhail e Eddie soltaram os dois e foram para o canto. Apertei a ponte do meu nariz, respirei fundo e disse.

   - A que família real você pertence? O jovem ainda mostrando um pouco de orgulho, respondeu.

   - Tarus majestade. Vi na mesma hora a cara de ódio de Christian. Ele havia tido uma briga com o advogado Damon Tarus, por causa de um discurso inflamado que Tarus dizia em alto e bom som que os dhampirs só serviam para ser guardiões, e as mulheres dhampir para serem meretriz de sangue. Damon Tarus era um primo de segundo grau de Adrian, e na época em que Rose havia sido acusada de matar Tatiana, ele iria ficar responsável pela defesa dela. Mas no momento isso não importava. Encarei o jovem Moroi e disse.

  - É por causa desse seu pensamento retrógrado e medíocre, que nossas raças estão sendo dizimadas pelos Strigoi. Você garoto, com certeza era ainda uma criança, e deveria está no prédio do ensino elementar quando aqueles Strigois atacaram essa instituição. E se não fosse por esses dhampirs, que você se acha superior, creio que hoje você não estaria aqui para falar tamanha idiotice. E a propósito, magia ofensiva foi usada naquele dia, e meu marido foi um dos que se voluntariou a salvar vidas. O jovem baixou a cabeça percebendo que nada que ele dissesse poderia amenizar as sandices proferidas por ele. O treino acabou, e todos nós voltamos para os nossos respectivos quartos. Os outros haviam marcado de se juntarem numa sala privativa para realeza. Porém não fui. Eu não estava me sentindo bem. Christian depois de muita insistência minha foi ao encontro do pessoal. 

   - Eu posso ficar aqui com você meu amor. Eu sei que o Adrian vai monopolizar a conversa, e eu prefiro ficar na companhia da minha linda esposa. Assim que Christian saiu do quarto eu me deitei na cama. Minha cabeça estava a mil. Todo o mundo Moroi pesou sobre meus ombros, e eu me senti sufocada. Meus pensamentos iam por direções perigosas, e minha mente não estava instável. Acabei levantando da cama e indo em direção ao banheiro. Olhei para meu reflexo no espelho, e não me vi. Eu estava diferente, apagada, sem animo algum. Peguei uma pequena navalha e brinquei com ela. A idéia era tentadora. Só um corte. Só um pouquinho de sangue. Segurei a navalha no pulso e travei. Eu não poderia fazer isso. Eu era a rainha, tinha responsabilidades. E se eu voltasse a me cortar como forma de suportar a dor mental, eu era uma fraca. E eu não poderia ser vista como uma pessoa fraca. Se minha fragilidade mental ficasse aparente, o conselho inteiro iria me destronar. E eu não desejava isso. Respirei fundo e resolvi andar. Só percebi que estava no lago quando ouvi uma voz familiar me chamar.

   - O que você está fazendo aqui? Adrian parou e sentou numa pedra grande o suficiente para nós dois. Ele deu um tapinha na pedra me convidando a sentar. Aceitei e fui fazer companhia a Adrian. Ele estava com um olhar perdido, meio confuso. Então eu notei. O uso indiscriminado do espírito estava cobrando o preço de Adrian também. 

Eu não sabia o que falar, mas percebi algo. Adrian estava com um pequeno cantil. Possivelmente era bebida alcoólica. Esse era o modo que ele tinha encontrado de parar os sintomas desagradáveis do espírito. 

Ele olhou para minhas mãos e também percebeu a pequena navalha que eu carregava. E ele sorriu.

  - Estamos no mesmo barco num é prima? Eu joguei a navalha no chão e comecei a chorar. Eu não queria me sentir desse jeito, mas era impossível ser forte o tempo todo. Adrian colocou a mão no meu ombro e disse.

   - Pode chorar prima, eu estou aqui para te apoiar. Depois de quase meia hora eu conseguir me recompor. Adrian dava pequenos goles do cantil dele. 

   - Quer um pouco? É Vodka russa. Eu já tinha provado vodka uma vez, então eu poderia tomar essa também. Mas nada me preparou para a sensação horrível de fogo descendo pela minha garganta. Cuspi quase metade do líquido. Adrian só fazia rir. 

   - Nossa prima, nunca imaginei que fosse te ver desse jeito um dia. Enquanto eu tossia, Adrian dava tapinhas nas minhas costas como se tentasse acalmar a falta de ar que fui acometida pela tosse incessante. Meus olhos ardiam e minha garganta estava igual.

   - Que porcaria é isso? Adrian sorriu e falou. 

   - Essa é a verdadeira vodka russa. Só tomo poucos goles dela quando vejo que não consigo controlar as vozes na minha cabeça. Adrian balançou os dedos em volta da cabeça em sinal de que estivesse ficando louco. Então eu perguntei.

   - Como é isso Adrian? Nos meus piores momentos eu me sinto fraca, desequilibrada e tento por meio dos cortes acabar com a dor mental. Eu sinto como se todos os problemas que estamos passando são causados por minha culpa. Claro que Rose vivia me ajudando, puxava um pouco da escuridão para ela. Mas agora eu carrego isso tudo sozinha. E percebo o peso que é. Os remédios poderiam me ajudar, mas eu sinto, não sei como, eu sinto que não é hora para eu voltar a tomar os comprimidos. Algo dentro de mim me diz que eu preciso está com todo meu poder em vigor. Mas esses dias tenho me estressado muito. Mas então, que voz é essa na sua cabeça? 

Adrian coçou a cabeça e disse. 

  - Não é uma voz qualquer. É a voz da minha falecida tia Tatiana. E é muito estranho para dizer a verdade. Ela fica aqui, me dizendo o que devo fazer ou falar. Ela fala de você as vezes. Fiquei intrigada. O que a Tatiana da cabeça de Adrian falava ao meu respeito? Adrian percebendo a minha curiosidade em relação a isso respondeu. 

  - Ela diz que você é só uma menina mimada e que não sabe de nada desse mundo de política e intrigas reais. Fiquei chocada. Adrian sorriu.

   - Mas não se preocupe, isso não é o que eu penso a respeito de você. Sorri. Adrian era meio irreverente as vezes, mas entendia bem o que eu sentia. 

   - E o que você pensa ao meu respeito? Adrian me puxou para um meio abraço e disse.

   - Você é mais forte do que pensa prima. E eu me orgulho de você. Ser rainha ainda jovem, sofrer esses efeitos colaterais de ter um poder tão "esquisito" e ter que suportar meu pai no conselho Moroi. Nossa! Você é forte pra caramba. Dei uma gargalhada com o comentário de Adrian a respeito do pai. Ele não se dava bem com Nathan, e eu o entendia. Nathan Ivashkov era um Moroi velho e intragável. Se achava superior e melhor que os outros. Resolvi mudar um pouco do assunto, eu não queria me lembrar do conselho hoje. Então falei de Rose. 

  - Ah Adrian, estou com tanta saudade da minha amiga. Eu não imaginava que um dia eu tivesse que mandar ela para tão longe. Rose sempre esteve aqui comigo, sempre me colocou em primeiro lugar na vida dela. Sempre esteve presente em todos os momentos da minha vida. Eu queria que ela pudesse ficar aqui. Eu queria poder participar desse momento tão importante da vida dela. Eu nunca imaginei que Rose um dia pudesse engravidar. Antes dela conhecer Dimitri, Rose era conhecida como a festeira. E a maioria dos caras caiam de paixão por ela. Até você se apaixonou por ela. Adrian deu um sorriso saudoso e falou.

  - Verdade. Não me arrependo de ter um dia amado a Rose. Mas ela não era meu amor épico, assim como eu não era o dela. Sydney já estava preparada para mim. Olhei para Adrian e vi os olhos dele brilharem ao falar da mulher dele. Adrian e Sydney tinham lutado bastante para ficarem juntos. Voltei a me focar em Rose e na saudade que eu sentia.

  - Mas então Rose mudou. Ela se tornou uma outra pessoa por causa de Dimitri. Ela não era mais a garota festeira que eu conhecia. Ela tinha ficado mais madura. E depois daquele episódio desagradável que ocorreu na escola, eu notei que o que ela sentia por ele não era simplesmente tristeza por ele ser o professor dela. Ela o amava. Na época eu fiquei chocada com essa constatação. Eu percebi tudo o que vinha acontecendo, e que eu deixava de lado. Até você tinha notado que ela era apaixonada por Dimitri, e eu não. E o que me magoou foi ela não ter confiado em mim e me contado como se sentia em relação ao professor dela. Adrian tocou no meu ombro e disse. 

  - Você não entendeu bem na época o amor que ela sentia por ele. E ficou furiosa. Mas até que enfim que tudo aquilo já passou e você entende num é? Adrian queria uma resposta minha. Mas o que dizer diante da situação em que eu me encontrava? Fui o mais sincera que pude.

  - Eu entendo até certa parte Adrian. Notei que ele ficou chocado, e quis falar mais eu o interrompi e conclui meu pensamento. 

  - Eu não estou dizendo que minha amiga errou em se apaixonar por Dimitri. Eu digo que não entendo tudo por que não estou na pele dela. Eu sou uma Moroi, da realeza. O tratamento que eu recebi durante toda minha vida foi de privilégios e poder. Esta enraizado na nossa sociedade que um dhampir só tem valor se for um guardião. E a nossa sociedade reprova qualquer tipo de envolvimento que os dhampirs venha ter. Você sabe que o que estou falando é verdade. Quando você se relacionava com a Rose, ouvia os mais diversos tipos de comentários. E seria muito pior se vocês estivessem juntos até hoje. Do mesmo modo é se dois dhampirs ficarem juntos. Eu estou cansada de ver os Moroi da realeza enrugar o nariz quando passa perto de Rose e Dimitri. Estou cansada de ver esse mesmo tratamento para você e Sydney. Até Jill sofre com isso. A realeza em peso desaprova o namoro dela com Eddie. Nosso povo precisa mudar Adrian, e já. Eu estou com alguns projetos na cabeça. E creio que muito em breve ele irá para o papel. Eu acabei voltando para o meu quarto depois de passar muito tempo conversando com Adrian. Nos despedimos e assim que entrei vi Christian parado de costas para porta. Ele se virou e sorriu para mim.

  - Cheguei agora pouco e estava tentando preparar uma surpresa para minha linda esposa, mas ela chegou antes da hora. Vi que ele havia trazido algumas rosas, e em cima de um criado mudo um balde com muito gelo e um champanhe com duas taças. Fora alguns chocolates e morangos. Christian sabia bem me mimar. Andei sorrateiramente até ele e o abracei.

  - Hmmm, posso saber porque todo esse mimo? Christian olhou para mim chocado como se eu estivesse ficando louca. Eu não entendi. O que eu havia esquecido? 

  - Hoje nós fazemos 4 meses de casados Lissa. Eu me senti mal. Como eu poderia ter esquecido dessa data tão importante? Como se não fosse possível, me senti ainda mais culpada. Christian percebeu meu lapso e me abraçou. 

   - O que foi meu amor? Olhei para ele e falei.

   - Estou me sentindo péssima Christian. E no meio de todos os problemas eu não poderia ter me esquecido do nosso aniversário de 4 meses de casamento. Eu estou me sentindo miserável agora. Christian beijou o topo da minha cabeça e disse.

   - Não fique assim meu amor, hoje nem estamos fazendo 4 meses de casados. Olhei de soslaio para ele e percebi que ele sorria.

   - Ah seu... Não consegui nem terminar a frase pois Christian já me beijava com muita paixão. Ele me pegou nos braços e me levou até a cama e se jogou sobre mim. Eu gostava de ser paparicada por Christian, mas eu sentia lá no fundo que não estava mais tendo um tempo para nós dois.

   - Me perdoe meu amor, eu não sabia que essa brincadeira fosse deixar você assim, triste. Eu vejo Lissa todo o esforço que você tem feito pelo nosso povo. Tem lutado bastante por igualdade para a nossa raça e a raça dos dhampirs. E eu só fico aqui, do seu lado como um enfeite. Me sentindo um inútil. A única coisa que me deixa feliz e poder preparar momentos assim de descanso e relaxamento para minha linda mulher, que trabalha arduamente pelo bem de todos. Era engraçado que por um lado eu me sentia mal por ter pouco tempo para Christian, quando ele se sentia praticamente da mesma forma.

   - Ah Christian, se você soubesse o quanto eu sou grata por ter você na minha vida. Por você fazer isso por nós. Esses pequenos momentos de descanso e prazer. Me sinto honrada de ser a sua mulher. E desejo sempre ter esses momentos lindos com você. Eu parei de falar, pois eu sabia bem que se continuasse, eu acabaria em lágrimas. Christian beijou no cantinho da minha boca e sussurrou bem baixinho no meu ouvido me arrepiando inteira.

   - Seu desejo é uma ordem minha majestade. 

Christian conhecia cada canto do meu corpo e fez questão de explorar cada um deles com seus lábios e dedos habilidosos. Eu me sentia sortuda e completa ao lado dele. Eu estava extasiada e radiante. Christian me amou feito um louco e ao mesmo tempo foi carinhoso, e era isso que eu mais amava nele. Acabamos saciados e cansados. Eu tinha um sorriso bobo no rosto quando peguei no sono.

    Acordei horas depois com o som alto e estridente do meu celular. Procurei no escuro pelo meu aparelho e quase cai da cama.

  - Droga! Christian se acordou do meu lado e sorriu.

  - Já se acordou de mal humor? Se quiser eu resolvo o seu problema rapidinho. Entendi a piada dele e sorri. Mas no momento eu queria poder encontrar meu celular e ver quem era a pessoa que estava me incomodando uma hora dessas. Ainda faltava uma hora para todo mundo levantar. Assim que encontrei o aparelho e vi de quem era o número congelei. Christian notou e prontamente veio para o meu lado. Com dedos trêmulos atendi. A voz do outro lado soou grave e preocupada. Ariana Szelsky estava me dando a notícia que rondava meu pesadelo. Todo o Conselho já sabia. E eles queriam a minha cabeça por conta disso.

     Eu estava nervosa demais para falar alguma coisa. Christian tinha uma mão na minha cintura, me apoiando. Jill e Eddie se olhavam e pareciam se comunicar daquele jeito deles sem palavras. Adrian e Sydney estavam abraçados com Declan, e Adrian sussurrava baixinho um "vai ficar tudo bem" para acalmar Sydney. Mikhail conversava com alguns guardiões resolvendo a viagem dele com a esposa. O olhar que Sonya me deu era como se me mandasse ficar calma. Ela com certeza via a angústia e aflição que emanava da minha aura. Os guardiões já tinham checado tudo. Nós só estávamos aguardando o jato que Ariana Szelsky tinha providenciado para mim. Minha cabeça estava a mil. Eu já imaginava que o conselho deveria está num alvoroço só. E se eles estivessem sendo liderados pelo asqueroso Nathan Ivashkov, eu já acreditava que nada que eu pudesse falar acalmaria os ânimos de todos eles. Assim que o jato particular chegou entramos. 14 dos meus 18 guardiões foram no vôo. Glen dava ordens estritas para todos eles e vez ou outra vinha me ajudar. Assim que me acomodei, Adrian veio falar comigo. 

  - Prima será que eu posso participar dessa reunião do Conselho? Os olhos de Adrian estavam ansiosos. Ele aguardava minha resposta. Mas o que dizer diante da situação em que estávamos? Eu queria poupar ele e Sydney de sofrimento.

   - Não sei Adrian. Você deseja participar? Eu queria a resposta dele. Se ele quisesse eu permitiria. Adrian apertou a minha mão como se me passasse forças e respondeu. 

   - Eu preciso prima está nessa reunião. Todos nós apertamos nossos cintos e voamos rumo a Corte.

    O vôo durou poucas horas, e assim que pousamos, uma comitiva de guardiões nos acompanhou até a sala de reunião. Jill e Eddie ficaram para trás. Um silencioso boa sorte foi dito pela minha irmã, e eu só pude acenar. Ariana me aguardava na porta da sala de reunião com o semblante abatido. Assim que me viu se aprumou e fez uma pequena mesura.

   - Majestade me perdoe por ter acabado com a sua viagem. E me perdoe mais uma vez por esse alvoroço que a senhora vai encontrar aqui. Do lado se fora já era possível ouvir os gritos de diversas vozes. Cada um tentando falar mais alto que o outro. Coloquei uma mão no ombro de Ariana, e num sinal meio que de aceitação falei. 

   - Eu já esperava por isso. Mas me conte, como está a situação aí dentro? Ariana Szelsky estava meio perturbada com tudo aquilo, mais ainda mantinha uma fachada de durona. Eu a admirava muito por isso. Ela tinha uma força invejável. Era engraçado que na época da eleição eu desejei que ela ganhasse.  

   - Para ser sincera vossa majestade, a situação não está nada boa. Os conselheiros estão com os nervos a flor da pele. E estão debatendo seriamente a questão. Eu sabia que ela não estava me contando tudo, mas deixei para lá. Eu mesma entraria na sala e descobriria por conta própria o que todos eles queriam. 

   Assim que as portas foram abertas e eu entrei no salão, um silêncio sepulcral se fez. Todos Moroi que falavam se calaram, e um a um me encaravam. Nathan Ivashkov fazia questão de me encarar com desdém. E assim que ele viu Adrian e Sydney adentrando ao meu lado, ele enrugou o nariz. E eu percebi que não só ele, como a maioria dos outros conselheiros. De cabeça erguida fui para o topo da mesa, com Christian ao meu lado direito e Adrian e Sydney ao meu lado esquerdo. Todos se ajoelharam perante mim, e eu fiz questão que se levantassem logo. Eu não queria demorar mais. 

   Ariana Szelsky tomou a palavra.  

  - Agora se inicia a sessão do conselho. Lord Ivashkov pode começar. Ele levantou da cadeira e me encarou. Seus olhos varreram o salão como se buscasse apoio entre os outros conselheiros para começar. Notei que boa parte dos conselheiros o incentivaram a falar. Com um cinismo bem pungente na voz, Nathan falou.

  - Majestade, sabemos bem que a alguns anos sua guardiã Rosemarie Hathaway mantém um relacionamento nada aconselhável com o guardião Belikov. E foi assim me dito que sua guardiã Rosemarie está grávida do guardião Dimitri. Nos ilumine Majestade, creio que é de suma importância para todos nós do Conselho saber sobre essa "gravidez". Nathan Ivashkov se sentou mas não abandonou a pose arrogante que ele tinha. Eu sabia que ele estava só querendo me confrontar a respeito da gravidez de Rose. Se eu mentisse a respeito ele jogaria todas as provas na minha cara, na frente de todo mundo, e levantaria um motim nada saudável para minha mente já instável. E se eu confirmasse, ele me acusaria de esconder assuntos importantes do conselho. O que eu poderia dizer? Negar ou afirmar? Ariana aguardava uma resposta minha. Ela lutava assim como eu pelo bem dos dhampirs. Ela não achava justo que os Moroi continuassem a se esconder atrás dos guardiões para se salvarem. Ela queria ver os Moroi e guardiões lutando lado a lado para exterminar os Strigoi. Ela gostaria assim como eu e uma boa parte dos Moroi da realeza, que Moroi fossem ensinados desde cedo na academia, magia ofensiva e luta. Pois nem todos os Moroi tinham direito a um guardião. Deixei minhas divagações de lado e encarei Christian. Ele estava ao meu lado, e apertava minha mão como se me pudesse passar forças para enfrentar o que viria a seguir. Levantei do trono e falei em alto e bom som para que todos ouvissem.

  - Sim. A guardiã Rosemarie Hathaway está grávida do guardião Dimitri Belikov. E o pandemônio se instaurou na reunião do Conselho.

   O burburinho era grande.Os conselheiros estavam debatendo entre si. Cada um com uma opinião diferente. Mas todos concordavam em uma coisa. Isso era muito perigoso. Percebi que os poucos guardiões que se encontrava na sessão ficaram pasmos. Eles esconderam bem, mantendo seus rostos rígidos e imparciais. Mas as auras de cada um deles continha um traço de curiosidade e deslumbramento. Rufus Tarus foi o primeiro a falar. Em meio ao falatório ele disse. 

  - Isso é muito preocupante. Se os dhampirs agora podem ter filhos com dhampirs, eles não terão mais nenhum motivo para proteger a nossa raça. Vi na face de cada príncipe e princesa o temor de ficarem sem proteção.  Até que o príncipe dos Dashkov se pronunciou. 

  - Fale por você mesmo Rufus. Eu tenho guardiões de confiança, e sei que eles não me abandonariam. Vocês se julgam melhores que muitos guardiões, mas nunca se importaram de verdade com a vida dos guardiões que protegiam as vossas vidas. E agora em meio a essa notícia chocante percebem que podem ficar sem seus protetores. Se vocês soubessem lutar pelos direitos dos dhampirs em vez de ficar se mostrando melhor que eles, hoje não estariam nessa situação. Ava Drozdov que muita das vezes se mantinha nas sombras, sem dar sua opinião, falou.

  - Concordo com o príncipe Dashkov. A muitos anos vínhamos lutando para conseguir que os Moroi pudessem lutar lado a lado com seus guardiões, mas o conselho aqui sempre se mostrou contra. E agora com essa notícia temem que os guardiões se revoltem contra nós. Eu posso afirmar com convicção que confio nos meus guardiões. Nathan estava bufando, pois ele percebia que duas famílias reais estavam basicamente do meu lado. Ele levantou e jogou a cartada que ele mantinha para esse momento.

  - Ora meus amigos, isso ainda não é tudo. Como vocês bem sabem a nossa querida rainha saiu com uma grandiosa comitiva visitando as nossas academias. Nathan Ivashkov falou o "querida rainha" com tanto menosprezo, destilando veneno em cada uma de suas palavras.

  - E em meio a essas visitas, sua comitiva foi atacada por um grupo de 10 Strigoi. O espanto era evidente na face de todos. Eu não informei a ninguém na corte a respeito do ataque. E pelas caras que cada um na sala fazia, era como se eles temessem que um grupo de Strigoi entrasse pela porta a qualquer momento.

E Nathan não parou com seu discurso. 

   - E isso não é tudo. Em meio ao ataque a guardiã Rose Hathaway foi atacada por um Strigoi e ficou incapacitada de se defender por conta da gravidez. E o seu amado namorado, o guardião Belikov, abandonou o seu protegido, o Lord Ozera para proteger a sua namorada. A cara de todos era uma mistura de indignação com medo. Nathan tinha realmente inflamado os ânimos de todos. Mas uma pergunta que não queria calar. Quem havia contado tudo isso nos mínimos detalhes para ele? Alguém da minha guarda real tinha traído minha confiança? O príncipe Lazar se pronunciou. 

  - Isso é uma lástima vossa majestade. Nós a avisamos que esse tipo de relacionamento é totalmente desaconselhável para guardiões, mas a senhora deu carta branca para que eles levassem isso adiante. Isso é terrível. Os conselheiros começaram a discutir. Nathan parecia se alegrar em ver minha desgraça. Adrian não aguentou ficar calado e falou.

   - O Senhor está adorando esse circo não é pai? Sempre desejou o poder, e agora quer de qualquer jeito tomar o trono. Isso é muito sujo pai. Nathan ficou ofendido e ordenou que um dos guardiões colocassem Adrian para fora mais eu impedi. O príncipe dos Zeklos falou o que piorou tudo.

   - Essa notícia é apavorante. Ainda mais nessa perspectiva. Imaginem se todos os dhampirs resolvem entrar nessa empreitada de se relacionar uns com os outros e nos abandonam. Como ficaremos? Já que agora eles podem ter filhos. Eu tinha que falar algo e acabar com tudo aquilo. 

  - Vocês já falaram tudo o que tinham de falar, agora é a minha vez. Dhampirs não podem ter filhos. Isso só aconteceu porque o guardião Belikov foi restaurado ao seu antigo estado. O espírito alterou algo nele, e a guardiã Rose Hathaway foi tatuada com o sangue infundido espírito. Acreditamos que nesses casos aí sim pode acontecer de gerar uma gravidez. Isso não é uma possibilidade para todos os dhampirs. Nathan Ivashkov se alterou.     - Vossa majestade se me permite, creio  que até mesmo dhampirs que estejam tatuados podem ter filhos com dhampirs que também estão tatuados. Teremos que parar essas tatuagens já. Christian não se conteve e falou.

  - Mas porque parar essas tatuagens? Elas são a chave para salvar a nossa raça de ser transformada a força em um Strigoi. Porque acha que vamos querer parar com elas?

Rufus Tarus acabou piorando a situação.

 - Nós sabemos que os únicos beneficiados com essas tatuagens são os dhampirs. Não vi até agora nenhum Moroi ser tatuado. Porque vossa majestade os dhampirs são os únicos privilegiados com tal tatuagem "milagrosa"? Era possível notar a arrogância na voz de Rufus. Eu tinha que responder. 

  - Porque toda vez que acontece um ataque, os dhampirs são os únicos que vão para linha de frente nos defender. Nada mais justo que eles tenham essa proteção. Creio que nada é mais doloroso para eles serem transformados contra própria vontade. 

  - Nossa raça também é transformada vossa majestade. O que vejo aqui na verdade é seu grande apreço por uma raça inferior a nossa. Os dhampirs estão aqui para isso, para nos proteger. E se a senhora majestade não colocar essa gente no lugar dela, ela vai se rebelar e nos abandonar. Os dhampirs são nosso servos e nada mais. A maioria dos outros conselheiros concordava com os pensamentos nojentos de Tarus. Christian estava literalmente bufando de ódio e disse.

  - Lorde Tarus, você não merece os guardiões que tem. Gritos e mais gritos eram ouvidos, junto de muitas palavras de baixo calão. Tarus estava roxo de ódio. Notei que os guardiões no canto do salão estavam parados com seus rostos imparciais, mas as auras deles me diziam outras coisas. Raiva, indignação, tristeza. Eles estavam tristes por perceberem o quanto as pessoas que eles protegiam não se importava nem um pouco com a vida deles. Eu tinha que falar algo para que apaziguar aqueles sentimentos.

  - Eu só posso expressar minha tristeza ao ouvir isso da sua boca Lord Tarus. Os guardiões a qual você diz que são seus servos, e estão aqui para isso, são pessoas como eu e você, e isso não te dar o direito de falar o que quiser a respeito deles. São homens e mulheres que dedicam suas vidas desde a infância para nos proteger. Deixam suas vidas de lado. E eu agradeço todos os dias por ter essas pessoas para me proteger. E sim, eles merecem ser tratados com dignidade e respeito. E eu estou feliz e a favor da gravidez da minha amiga e guardiã Rose Hathaway. 

   Eu sabia que essa minha afirmação iria causar um impacto, mas era verdade o que eu dizia. Eu estava feliz pela Rose. E queria de uma vez por todas que os dhampirs fossem melhor tratados.

  - Se a nossa raça em vez de se esconder nas costas dos guardiões fossem a luta lado a lado, não estaríamos nessa situação. Mas vocês se acomodaram. Esqueceram que a magia que corre no sangue de vocês pode ser muito bem utilizada na hora do combate. Cada elemento pode ser usado como uma arma, basta só aprender. O ultraje na face dos conselheiros chegava a me enojar. Eles não enxergavam que estavam errados e ainda por cima queriam de uma forma ou de outra continuar a regredir. Para minha surpresa e descontentamento Evetta Ozera foi a primeira a falar.

  - Consilium legis deponit.

Eu sabia o que aquilo significava. Eles queriam o meu afastamento de uma vez por todas. E como num coro, 9 famílias reais se levantaram e disseram em uníssono. 

  - Consilium legis deponit. Esse com certeza era o fim do meu reinado.


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Notas finais do capítulo

E aí pessoal, o que acharam do capítulo? Deixem seus comentários. Bjsss e até a próxima.



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