(Narrado por Dimitri Belikov)

    Estavamos voltando para os Estados Unidos. Rose dormia tranquilamente no assento desconfortável que ela se acomodou. Eu tinha entrado em contato com Sydney e pedi ajuda dela para me esconder com Rose antes de irmos para Corte. Sydney havia pedido que eu fosse diretamente para Palm Spring. Eu ficaria na casa de Clarence, um Moroi velho e solitário que morava numa casa grande e afastada. Era perfeito. Mas antes eu teria que ir até Amberwood buscar algumas ervas que Sydney havia pedido a antiga professora dela Jaclyn Terwilliger. Sydney era praticante de magia humana. E muita das vezes ela precisava de algumas ervas, e a Sra.Terwilliger fornecia a ela.

   Chegamos em Palm Spring no finalzinho da tarde, e o calor estava insuportável. Rose parecia dispersa, e muito cansada.

  - Você está bem Rose? Ela virou o rosto na minha direção e respondeu. 

  - Tô bem camarada. A única coisa que desejo no momento é um enorme hambúrguer com muita batata frita. Antes de seguimos até a escola, paramos numa lanchonete. O ar condicionado que o lugar possuía era refrescante e acalmava o calor que as ruas quentes de Palm Spring oferecia. Pedi o hambúrguer com batata frita para Rose, e para mim um suco de laranja. Enquanto Rose atacava a comida com gosto, fiquei observando o lugar. A lanchonete possuía duas saídas rápidas. Uma porta na frente, e uma menor que dava numa ruela. Se caso precisássemos sair as pressas, teríamos essa rota de fuga. Rose terminou de comer, e eu fui logo pagar. Assim que saímos da lanchonete demos de cara com Angeline e Trey. Angeline era uma dhampir que morava com os conservadores no meio de uma floresta. Ela tinha sido convocada para proteger a princesa Jillian Dragomir quando a mesma estudava em Amberwood. E Trey era um ex guerreiro da luz, que tinha sido banido por ajudar Sydney, que na época ainda era uma alquimista. Trey namorava Angeline e por causa disso ele tinha sido praticamente deserdado pelo pai. Mas Trey não se importava muito. Assim que Angeline nos viu, correu na nossa direção. 

   - Rose, Dimitri. O que fazem aqui em Palm Spring? Rose apertou minha mão e sorriu como quem não quisesse nada.

   - Viemos visitar o Clarence. Angeline fez uma cara de descrença. 

   - Vocês vieram visitar o Clarence, sei. Não precisa mentir para mim guardião Belikov, eu sei o real motivo da sua "visita". Rose me encarou como se tentasse entender aquilo tudo. Eu não tinha a mínima ideia de como Angeline sabia do real motivo da minha visita a Clarence. Ela notou minha expressão confusa e foi logo dizendo.

  - Sydney ligou pra mim e disse que vocês ficariam aqui em Palm Spring por um tempo. Ela também me pediu para ajudar a esconder vocês dois. E a propósito, parabéns pelo bebê. Rose não estava muito confortável com a nossa conversa no meio da rua. Trey percebendo isso, nos convidou para ir ao apartamento dele. O apartamento de Trey era o antigo apartamento de Adrian. Quando ele foi embora de Palm Spring, ofereceu o lugar para Trey, pois os pais dele tinha deixado de pagar o alojamento em que ele dormia em Amberwood. O lugar tinha mudado bastante, considerando que Trey não recebia um salário alto trabalhando num café. Ele tinha pintado as paredes da sala de verde claro. Até a escassa mobília tinha sido trocada. Aonde ficava o antigo sofá xadrez de Adrian, dava lugar para um estofado novo, em couro preto. A televisão era a mesma. Trey nos convidou a se acomodar e foi buscar algo para que pudéssemos beber. Eu ainda queria saber como Angeline havia descoberto sobre a gravidez de Rose. Mas tive que deixar o assunto de lado assim que Angeline notou a aliança na mão esquerda de Rose. 

   -Vocês se casaram! Ela estava eufórica. Parecia que ela própria tinha se casado. Rose sorriu da euforia de Angeline. Afinal de contas, nenhum dhampir havia firmado um compromisso sério como um casamento. Trey percebeu meu desconforto em relação a conversa de Rose e a namorada dele e me chamou até a cozinha. Trey coçou a cabeça e disse. 

  - Então é verdade o que Adrian disse. Os dhampir agora podem ter filhos. Declan é filho de Neil com a falecida Oliver num é. Fiz que sim com a cabeça. Eu não queria entrar em detalhes com ele. Trey notou que eu não estava muito confiante em relação a ele.

  - Eu sei guardião Belikov que você não confia bem em mim, mas saiba que eu devo muito a Sydney, e prezo pela amizade que tenho com ela e Adrian. Eles pediram que Angeline e eu ajudassem vocês dois. E a propósito, eu falei com a Sra.Terwilliger e ela virá aqui no apartamento trazer os ingredientes para Sydney. E quando quiser eu levo vocês dois para casa do velho Clarence. Trey saiu me deixando sozinho na cozinha. Peguei um copo e bebi um pouco de água. Ainda era possível ouvir a voz esganiçada de Angeline, falando sobre os casamentos que ocorria entre os conservadores. Eu acabei sorrindo, me lembrando da vez que Angeline bateu em Rose para provar se ela era boa o suficiente para o irmão dela. Rose provou o valor dela, e deixou Angeline mais confiante em relação a Rose. Peguei meu celular e resolvi ligar para Sydney. Disquei e assim que chamou ela atendeu.

   - Sydney aqui quem fala é Dimitri. Ela sorriu e disse.

   - Oi Dimitri, você já chegou em Palm Spring? 

   - Estou na casa de Trey. E a propósito ele me disse que você contou para ele a nossa situação. E que ele e Angeline vai nos ajudar. Ouvi um barulho ao fundo na ligação, e ela respondeu rápido. 

  - Realmente pedi a ajuda dele. E amanhã um amigo meu chamado Marcus vai aí conversar com vocês dois. Mandarei uma mensagem com o horário que ele vai chegar. E não se preocupe com as pessoas que estarão com ele. Essas pessoas são ex alquimistas e ex guerreiros da luz. Escute tudo com atenção, e Dimitri, cuide bem de Rose. Esse é um pedido tanto de Vasilisa quanto meu. Rose é minha amiga, e desejo muito que ela seja feliz.

   Trey cumpriu com o prometido e levou eu e Rose até a casa de Clarence. Assim que nos viu, ficou muito feliz. Ele estava bem mais cansado e acabado. Desde a morte do filho, Lee, o velho Clarence tinha ficado sozinho, e as vezes eu o pegava falando sozinho. 

  - Rosemarie Hathaway e Dimitri Belikov. Que visita maravilhosa. Eu me sinto muito só nessa casa, Lee nunca mais apareceu, mas ele me ligou e disse que vem me ver. Eu não falava nada a respeito do filho do velho Moroi. Lee desejava se tornar novamente um Strigoi. E por causa dele descobrimos que pessoas restauradas do antigo estado de Strigoi ficava imune a se transformar ou ser transformado. Nos acomodamos em um dos quartos da mansão do velho Moroi. Rose estava muito cansada, e eu entendia. Nós tinhamos voado da Rússia até a Turquia, e depois da Turquia para os Estados Unidos. Ela se deitou na cama e fechou os olhos. 

   - Camarada eu estou acabada. Sorri e me sentei ao lado dela. Acariciei os cabelos da minha Roza e disse.

  - Aproveite e descanse. Daqui a pouco estarei saindo com Trey. Preciso ir até a casa da Sra.Terwilliger. Rose tentou arquear uma sobrancelha como eu fazia mas não obteve sucesso. Eu sorri, pois era engraçado ver todas as tentativas falhas dela de me imitar. Ela colocou a mão no meu rosto e falou.

  - Tenha cuidado camarada. E não confie muito nesse Trey. Ele já foi um guerreiro da luz. Eu sabia que Rose teria receio de confiar nele. Eu não confiava 100% nele, porém Sydney tinha me acalmado em relação ao rapaz. Ela confiava nele, e eu ia dar um pequeno voto de confiança também. Beijei minha Roza e sai do quarto indo ao encontro de Trey, que conversava com o velho Clarence. Angeline fazia companhia a empregada e disse que ficaria caso Rose precisasse dela. Eu sabia que minha Roza poderia se defender, mas eu não queria ela numa luta corpo a corpo. Trey me acompanhou até a casa da Sra.Terwilliger, que me recebeu muito bem. Assim que ela abriu a porta dei de cara com dois gatos.

  - Ora ora, que visita agradável. Quando Sydney me ligou dizendo que iria mandar alguém para pegar alguns ingredientes não imaginei que fosse um dhampir. Ela me olhou de alto a baixo e disse.

  - Você é muito bonito. Me senti um pouco constrangido, mas consegui esconder meu constrangimento atrás da minha máscara de guardião sério. Trey por outro lado deu uma gargalhada. 

  - Sra.Terwilliger esse aqui não é para o seu bico. Ele já tem dona, que por sinal o amarrou direitinho. Trey apontou para minha aliança na mão esquerda. Ela sorriu e disse. 

  - Okay, mas vamos ao que interessa. Ela fez um gesto para que nós dois a acompanhasse. Me senti literalmente entrando num covil de bruxa.