(Narrado por Dimitri Belikov)

      Há muito tempo eu tinha traçado como seria a minha vida. Desde criança eu já sabia que me tornaria um guardião. O melhor. E eu lutaria por isso. E eu me tornei. Eu era um símbolo entre os guardiões. Era um exemplo até mesmo entre os guardiões mais famosos e experientes que eu. Eu tinha uma carreira brilhante. Mas uma coisa eu não tinha planejado. Ter um grande amor pelo qual lutar. E hoje eu tinha. Rose havia aparecido na minha vida de forma extravagante, e assim que pus meus olhos nela fui atraído pela beleza e coragem que ela tinha. Fora o senso de dever, que poderia ser comparado ao de um guardião mais velho. Rose possuía uma chama viva, que queimava nela, e isso a movia. E isso tudo nela me conquistou. Mesmo eu sabendo que era errado e proibido ficarmos juntos. E eu, considerado um guardião prático e estoico, tinha me rendido ao amor. Um amor que me fazia arder em chamas, todas as vezes que eu olhava para minha Roza.
      Rose dormia calmamente enroscada em mim. Um dos meus braços circulava a cintura dela, e o outro apoiava minha cabeça. Eu amava ficar observando ela dormir. Ela estava tranquila, com uma expressão de paz, e sossego. Algo raro de se ver, já que a vida que levávamos não era nada calma. Ela apoiava a mão esquerda no meu peito, e eu fiquei admirando o conjunto belíssimo que a aliança e o anel de noivado dela fazia no dedo. Rose era oficialmente minha mulher. Pensar no nosso casamento me trazia uma alegria indescritível. Uma sensação de bem estar misturado com prazer. A imagem de Rose no vestido de noiva nunca sairia da minha cabeça. Iria ficar marcado, como ferro em brasa na minha memória. Ela estava lindíssima. Perfeita. Ela estava radiando felicidade, e assim que a vi a caminho do altar, meu coração errou algumas batidas. O vestido dela marcava cada parte linda do corpo dela. Destacava cada atributo que ela possuía. Ela estava mil vezes ainda mais linda. Se é que isso era possível. Ouvir Rose declarar o amor dela por mim, e falar de cada barreira que tínhamos enfrentado para ficarmos juntos, me fazia acreditar que nosso amor poderia vencer qualquer coisa. A única parte que eu queria esquecer-se do meu casamento era a chegada de Rand. Ele era um lixo, se é que eu poderia classifica-lo dessa forma. O lixo ainda poderia ser reciclado. Ele por outro lado, não valia nada. E para minha surpresa, minha mãe estava namorando um dhampir, e eu tinha ouvido que ele agora estava aposentado, pois num acidente de carro, tinha sofrido um terrível trauma na perna, impossibilitando de voltar às suas funções de proteger os Moroi. Isso não significa que ele era menos digno. Ele era corajoso, e eu estava feliz pela minha mãe. 
     Me levantei devagar afim de não acordar Rose, e fui preparar o café da manhã dela. Deixei um bilhete caso ela acordasse, e uma rosa. Pedi de tudo um pouco. Assim que voltei para o quarto, encontrei Rose sentada. Ela cheirava a rosa com os olhos fechados. Um lençol mal fazia o trabalho de cobrir o corpo dela. Cheguei devagar e me sentei na cama ao lado dela. Ela abriu os olhos e sorriu para mim.
 - Bom dia meu amor. Rose soltou a rosa e respondeu.
 - Bom dia. Ela segurou meu rosto e me beijou. Comecei a aprofundar o beijo, mas tive que parar quando ouvi o estômago dela roncar. Rose deu uma gargalhada. Era gostoso ouvir ela sorrir. Era momentos como esse que me fazia acreditar que nós dois tínhamos feito a coisa certa.
 - Está com fome? Rose pegou um pedaço de pão e mordeu. Ela deu um gemido em meio às mordidas.
 - Estou faminta camarada. Você acabou comigo ontem. Puxei ela para meus braços e beijei os lábios dela. Rose colocou uma das mãos no meu peito para se apoiar, e o lençol caiu revelando seu corpo perfeito para mim. Era uma das melhores visões para se começar o dia. Ela corou.
 - Já disse que você é linda? Tao linda que chega a doer Roza. Rose me empurrou na cama, e subiu em cima de mim.
 - Calma Roza, você ainda não comeu, deve esta com fome ainda. Ela me deu um sorriso daqueles de tirar o fôlego e falou.
 - Minha fome no momento é outra camarada.

    Saímos do hotel em direção ao aeroporto. Abe e Janine já nos aguardava. Abe tinha tudo planejado para nos tirar de circulação. Nós tínhamos planejados a algumas semanas, um local seguro, para que eu pudesse manter Rose fora de perigo. Nosso destino era a Turquia. Assim que chegássemos lá teríamos documentos novos, com nomes e nacionalidades diferentes. Rose tinha detestado o plano, desejando ardentemente voltar para os Estados Unidos, porém ela sabia que, assim que nós dois colocássemos nossos pés lá, ficaríamos encurralados. Éramos celebridades em qualquer lugar que fossemos, mas desejávamos que na Turquia fosse diferente. 
     Quando chegamos no aeroporto, vimos Abe discutir ferozmente em turco pelo celular. Pela cara que ele fazia, as coisas que ele tinha planejado não havia saído como desejado. Rose assim que viu a mãe a abraçou. As duas falavam baixinho, e Janine sorriu. Percebi que uma mulher encostou ao meu lado, e me senti muito feliz. Minha mãe também estava no aeroporto, para se despedir de mim e Rose. Ela parecia um pouco triste, mas entendia a razão da minha partida.
 - Filho, estou feliz por ter visto você se casando. Você se transformou num maravilhoso homem, e acredito que será um ótimo marido e um incrível pai. Sei que você não teve um exemplo de pai e marido, mas você se mostra um homem melhor do que ele jamais será. Eu sei meu filho que a vida que eu e suas irmãs levamos não lhe agrada, mas saiba que não me arrependo nunca de ter desistido de tudo para ver vocês crescerem. Puxei minha mãe para um abraço sincero, tentando passar para ela todo amor e orgulho que eu sentia por ela.
 - Mãe saiba que eu me orgulho muito de ser seu filho. A sua luta diária para nos criar foi tão honrosa quanto a luta de qualquer guardiã. Notei quando uma lágrima escapou no canto dos olhos dela.
 - Saiba filho que eu me orgulho muito do homem que você se tornou. É você não tem ideia de como suas palavras me deixa muito feliz. Rose veio na minha direção com um sorriso arrebatador. Eu sabia que ela tinha ouvido minha conversa com minha mãe. E ela tinha gostado muito disso. Rose passou um braço em volta do meu tronco, e eu aproveitei e a puxei para mais perto de mim. 
 - Rose minha querida estou muito feliz de ter você como minha nora. Você é como uma filha para mim. E eu não imagino ninguém mais digna do que você para está ao lado do meu filho. Rose abraçou a minha mãe, e ela tirou um embrulho pequeno do bolso.
 - Esse é um presente de Oksana para você Rose. Ela disse para usar com sabedoria. Assim que Rose abriu o embrulho ela arregalou os olhos. Um anel simples de prata, mas que carregava um poderoso efeito de cura. Oksana tinha sido muito gentil. Rose pediu para minha agradecer por ela.
 - Agradeça a Oksana por mim. Ela usou muita magia em pouco tempo, e isso trás consequências para os usuários de espírito. Minha mãe sorriu e disse.
 - Ela imaginou que você diria isso, e pediu para lhe tranquilizar a respeito do uso da magia. Ela disse que o esforço vale a pena se for lhe ajudar, e ajudar ao bebê futuramente. 
Nós despedimos de todos, e Abe antes de partirmos me deu várias instruções. 
 - Cuide bem da minha filha Belikov, e não permita que nem um mal seja feito a ela e a essa criança que carrega. Se algo acontecer com ela, teremos uma conversinha nada agradável. 
 - Fique tranquilo Abe, eu daria minha vida por Rose. Abe deu um sorriso irônico e falou. 
 - Espero que as coisas não cheguem a esse ponto.
Rose deu mais um abraço em todo mundo, e depois partimos rumo à Turquia.