Eu não sabia quando eu tinha tido uma conversa de verdade com a minha mãe. Eu não queria pensar nisso no momento, eu só queria aproveitar. Eu e minha mãe não éramos muito sociável uma com a outra no passado. Mas eu tinha que admitir, eu estava amando essa reaproximação. Eu amava minha mãe, e a quase morte dela tinha reforçado tudo.
 - Então mãe, depois do meu casamento a senhora vai para onde? Minha mãe remexia na cadeira como se estivesse nervosa. Eu não sabia o que se passava na cabeça dela. 
 - Não tenho a menor ideia filha. Desde que me lembro fui a guardiã do lorde Szelsky, e agora não sei mais o que fazer. Ele era como se fosse um parente meu, e isso me deixou abalada. Sinto falta das nossas conversas. Ele era um bom homem Rose. Minha mãe estava muito triste, mas não deixava transparecer muito. Era parte do trabalho saber esconder os sentimentos. Eu não conseguia imaginar isso acontecer comigo e Lissa. Eu imaginava ela morrendo de velhice, na cama dela, quentinha e macia. Ao lado das pessoas que ela mais amava. Cheia de filhos e neto. Com o chato do Christian ao lado. Segurei as mãos da minha mãe e falei.
 - Eu sei que a senhora quer ser forte, mas não pode guardar tudo aí dentro. Uma hora isso vai extravasar e não vai fazer bem nenhum. Minha mãe me encarava com um misto de emoções. Era uma mistura de amor, admiração e respeito. Ela pegou uma mecha do meu cabelo e disse.
 - Rose eu nunca te disse isso, mas saiba que me orgulho muito da mulher que você se tornou. É responsável, controlada. Eu devo muito a Belikov. Ele te ensinou muita coisa. Ouvir ela falar de Dimitri desse jeito me fazia aquecer por dentro. Ela tinha ficado um pouco brava ao descobrir o nosso romance enquanto eu ainda era uma simples novata.
 - Eu estou impressionada mãe. A senhora não ficou muito feliz ao descobrir que sua filha e o professor dela, que é mais velho sete anos, estavam namorando. Minha mãe sorriu.
 - Na época eu fiquei realmente furiosa. Você era muito nova. E além do mais isso traria problemas pra vocês dois se isso vazasse. Olhe que Tasha armou pra cima de você ao descobrir sobre o amor que Dimitri sentia por você. Até hoje imagino como ela deve está. Vasilisa foi muito condescendente em relação a uma traidora. Natasha deveria está morta, e não presa em Tarasov. Ouvir sobre a prisão fez meu sangue gelar. Eu havia resgatado Victor Dashkov da prisão há alguns anos atrás para tentar descobrir um jeito de restaurar Dimitri. Acabei perdendo ele, mas ele encontrou um jeito de se comunicar comigo. Através do irmão dele, Robert, outro usuário de espírito, que tinha conseguido a proeza de restaurar dois Strigoi. E quando eu era ainda uma shadow-kissed o matei. Não me orgulhava dessa morte a sangue frio, porém não me flagelava mais. Acabei mudando de assunto, pois esse me dava embrulho no estômago. 
 - Então Janine, como se sente sabendo que sua única filha vai se casar? Minha mãe sorriu. Um sorriso grande, raro. Daqueles muito difíceis de ver.
 - Rose eu estou orgulhosa, você se tornou um incrível mulher. E tem ao seu lado um homem que a ama muito. Você tem o que a maioria das mulheres passa a vida toda procurando. Você tem amor, companheirismo, lealdade. Você tem o que nenhuma mulher dhampir conseguiu. Você é Belikov são o início de algo maior que todos nós. Ouvi minha mãe falar desse jeito me emocionou. Então acabei chorando feito boba.
 - Fico muito feliz ouvindo isso da senhora.
 - Estou falando sério Rose. Sei que será uma maravilhosa mãe, e não cometerá os mesmos erros que eu cometi. Olhei de soslaio para minha mãe. 
 - A senhora tem sido muito boa. Ela pegou meu rosto para que eu a encarasse.
 - Isso não é o suficiente filha. Eu sempre inventava uma desculpa boa o bastante para nunca ir te visitar. E a cada ano que se passava, o vazio que eu sentia só aumentava. E quando você fugiu com Vasilisa eu temi nunca mais te ver. E quando eu te vi depois de anos, não te reconheci de imediato. Aquilo chocou a mim. Eu não conhecia a minha própria filha. E nós duas só brigávamos. Era quase impossível manter uma conversa civilizada com você. Eu vejo a forma como a família de Dimitri é. Como os filhos amam a mãe. Eles não vivem sem ela. Olena é sortuda por ter filhos que a amam muito. Notei um pouco de inveja ao ouvir ela falar da sorte de Olena ter filhos que a amava muito. Era engraçado ver os dois lados da moeda. Olena se sentia um pouco constrangida por ser só uma dhampir comum. E minha mãe, desejava ter um pouco do amor que a mãe de Dimitri se via cercada. Não notei quando Dimitri havia chegado. Eu tinha percebido ele sair com uma lista na mão. Ele se dirigiu a minha mãe de forma educada.
 - Guardiã Hathaway, posso atrapalhar um pouco a conversa de vocês duas? Minha mãe levantou do sofá e falou.
 - Claro Dimitri. E me chame de Janine, já que futuramente serei sua sogra. Enquanto minha mãe se afastava, vi meu pai. Ele parecia nervoso, como se algo o incomodasse bastante. Assim que ele viu minha mãe, puxou ela pelo braço e falou. 
 - Precisamos conversar. E os dois saíram da minha vista. Olhei para Dimitri e falei. 
 - Então, o que você precisava conversar comigo? Dimitri segurou meu braço e me arrastou escada acima, até que estivéssemos dentro do nosso quarto. Quando menos esperei Dimitri me puxou pela cintura colando nossos corpos, me dando um beijo. Com a perna livre ele chutou a porta, fechando. Ele me segurou pelos quadris, me levantando com facilidade. Eu não entendia o motivo disso tudo, mas me deixei levar por aquela fome que ele tinha de mim. Dimitri estava me levando à loucura. Ele arrancou nossas roupas numa pressa, como se necessitasse daquilo para viver. E ele sussurrava, em russo, meu nome misturado a outras palavras desconhecidas para mim. E me beijou em cada parte do meu corpo, e me amou, como se o mundo fosse acabar. Ele estava transtornado, e isso era notável. Eu nunca tinha visto ele desse jeito. Dimitri era muito calmo, polido, era um perfeito guardião. Mas hoje ele estava diferente. Agia por impulso. E eu aproveitei. Eu o beijei com a mesma intensidade que ele me beijava. Quando acabamos, ele deitou na cama cansado, e eu me aninhei ao lado dele. Fiquei quieta, esperando ele falar alguma coisa. Mas como ele não falou, respeitei o silêncio dele. 
      O almoço estava pronto, e o cheiro delicioso. Meu pai e Dimitri levaram a mesa de madeira para o quintal da casa. Uma brisa suave aliviava o calor, e acabamos decidindo almoçar fora de casa, ao ar livre. Minha mãe tentava ser útil, mas chegava a ser engraçado ver ela tão deslocada. Se um batalhão de Strigoi atacasse a gente, ela pularia no meio sem pensar duas vezes. Mas um almoço em família a deixava sem saber como agir. Só notei que estava com fome, quando meu estômago roncou. 
     Estávamos todos sentados ao redor da mesa. Minha mãe e meu pai estavam de frente para mim e Dimitri. Olena ao meu lado, Viktoria numa ponta, e Yeva na outra. Parecíamos uma grande família feliz. Dimitri estava tenso, mas eu não tinha a mínima ideia do motivo, até notar os meus pais da mesma forma. Então puxei um assunto qualquer, a fim de acabar aquele clima tenso.
 - Viktoria, você sabe pra quem o Nikolai foi designado? Assim que mencionei o nome Nikolai, Dimitri surtou. 
 - Quem é esse Nikolai? Você o conhece Rose? Dimitri parecia que iria enfartar a qualquer momento. E meu pai também. Viktoria ficou assustada com a reação do irmão. 
 - Calma Dimka, Nikolai é só um dhampir que se formou na mesma época que eu me formei. Ele deve está nos Estados Unidos também. Ele tinha sido escolhido por um Zeklos. Na hora me veio Jesse. Eu torcia para que o pobre Nikolai não tivesse tido o azar de ser guardião dele. Deixei de lado isso e me foquei na reação de Dimitri. 
— O que está acontecendo camarada? Se eu não te conhecesse bem, diria que algo relacionado a alguém com o nome Nikolai está te incomodando. Minha mãe interviu, e tudo fez sentido para mim. Os três estavam escondendo algo de mim. Fiquei muito furiosa.
 - Por isso você chegou daquele jeito selvagem. Eu sabia que você não estava bem, mas não quis insistir no assunto. Deixei-me ser atacada por você. Todos os olhares se viraram para nós. Então me dei conta que havia deixado escapar nossa "rapidinha". Dimitri ficou vermelho. Viktoria tossiu, e Olena cobriu o rosto com as mãos. Minha mãe virou o rosto, e o único que não se importou foi meu pai. Joguei às mãos para o alto e suspirei.
 - Vamos deixar a minha vida sexual de lado e focar no que vocês três estão me escondendo. Minha mãe foi a primeira a se manifestar. 
 - Deixa isso pra lá Rose. É só uma questão boba, que já vai ser resolvida. Dimitri concordou, porém eu não estava satisfeita.
 - Eu não posso deixar pra lá como vocês me pedem. Isso tem alguma coisa a ver com a minha gravidez num é? Eles continuaram calados, me deixando ainda mais irritada.
 - Droga gente. Assim não dá. Vocês não podem tomar a droga de todas decisões por mim. Então meu pai acabou desembuchando tudo.
 - Um Moroi até então desconhecido, tá pagando uma grana preta pra te capturar. Meus olhos se arregalaram, e acabei soltando um palavrão. 
 - Puta merda, estou mesmo fudida.