Eu não estava ficando louca. E nem podia mais ver fantasmas. Eu não era mais uma shadow-kissed há muito tempo. Então o que era isso? Uma brincadeira de mau gosto da minha mente? Minha mãe, ou seja, lá o que fosse aquilo, falou.
 - Filha não vai vim me abraçar? Então notei que não só eu via minha mãe. Todos, inclusive meu pai, que se encontrava ao lado dela, esperavam uma reação minha. Só que ninguém contava que essa fosse minha reação. 
Sai correndo e chorando, me joguei nos braços da minha mãe. Eu a abracei com força, como se naquele abraço eu pudesse ficar com ela para sempre. 
 - Mãe... Minha voz saia embargada, eu não sabia o que falar. Eu só queria ficar ali, agarrada a ela, e nunca mais soltar. Ela também chorava, porém controladamente, bem diferente dos meus soluços. 
 - Como isso é possível mãe? Me disseram que a senhora estava morta. Que o carro caiu e não sobrou ninguém. Ela beijou minha testa e disse. 
 - É uma longa história. Mais tarde eu lhe conto tudo. Agora quero que me apresente a todos. 
Dimitri foi até a mãe e as irmãs e as apresentou.
 - Guardiã Hathaway essa aqui é Olena Belikov, minha mãe. Essas são Sonya, Karolina e Viktoria minhas irmãs. E essa senhora é Yeva Belikov, minha avó. Minha mãe deu um pequeno sorriso a elas, e notei que correspondiam da mesma forma. Percebi algo que nunca tinha passado por mim. Dimitri se sentia um pouco constrangido em relação à família. Elas não eram guardiãs famosas como minha mãe era. Elas eram simples dhampirs que ficavam em casa, enquanto os homens iam lutar. Elas ficavam e tinham casos com homens Moroi, e se submetiam ao doloroso título de "Meretriz de sangue". O clima estava pesado, então quis tocar num assunto onde todos pudessem relaxar.
 - Mãe, eu e Dimitri vamos nos casar. Meu pai que antes se encontrava calado, falou.
 - Ora Belikov, vai entrar mesmo para família. Eu conheço algumas tradições do casamento russo, e ficarei muito feliz em colocar elas em prática. 
Entramos e nos acomodamos na pequena sala da casa. Sonya e Karolina foram para cozinha preparar algo para meus pais, enquanto os restos de nós conversavam. Meus pais se sentaram juntos, enquanto eu, Dimitri e Olena nos sentamos em outro sofá. Viktoria ficou sentada no chão ao lado da mãe, e Yeva na cadeira de balanço sorrindo sozinha. Era até estranho. 
 - Mãe como a senhora está viva? Ela olhou para todos e começou a falar.
 - Como todos vocês sabem, eu era a guardiã do lorde Szelsky, e dediquei anos da minha vida protegendo ele. Ele havia recebido um convite de um lorde dos Badica para um evento de caridade. Alguns Badica gostam de ajudar os guardiões. Claro que isso é em sigilo. E o lorde Szelsky fazia parte desse círculo de seletos Moroi. Esse grupo é a favor de que os Moroi se defendam contra os Strigoi com magia. Eles não falam sobre isso com outros Moroi, e os guardiões que são ajudados também não comentam nada com outros guardiões. Sigilo total. Se os Moroi do conselho descobrissem sobre os planos deles, com certeza seriam presos por traição. Creio que a rainha Vasilisa ficaria a favor deles, mas os conselheiros não. E isso causaria muitos problemas. Mas voltando para o dia do acidente. Eu estava designada para ir à viagem, juntamente com outros guardiões. Quando passei muito mal. E não foi um mal estar qualquer, eu me senti muito mal mesmo. Não sei se foi um presságio, mais acabei ficando de molho. E uma guardiã foi no meu lugar de última hora. Ela tinha acabado de sair de uma academia. Era forte, determinada, e bem animada. Ela só tinha 18 anos. Quando eu me lembro da face dela radiante por ir numa primeira viagem com o lorde Szelsky, me dá uma tristeza no meu coração. Era eu que deveria está lá. Ela tinha uma vida pela frente. E numa primeira missão a vida dela é interrompida dessa forma. E fiquei ainda mais triste pela morte do lorde Szelsky, eu o mantive protegido por tantos anos. Lutei contra Strigoi tantas vezes, coloquei minha vida em risco várias vezes para protegê-lo. E uma curva tira a vida dele. O alvoroço foi grande quando descobrimos sobre o acidente. As irmãs do lorde ficaram desesperadas, e eu não sabia o que fazer. E as pessoas acreditavam que eu era a guardiã que estava no carro. Quando me viam ficavam atônitos. Aí depois de descobrirem que eu estava viva quiseram saber quem era a guardiã que estava no meu lugar. Foi uma semana turbulenta, e eu só queria vim te encontrar. Eu sabia que você já havia recebido a notícia da minha "morte", então quis eu mesma vim desmentir o fato. Abe então entrou em contato com a rainha para descobrir seu paradeiro, já que nem mesmo os guardiões sabem onde vocês estão. E viemos para te contar filha. Eu só queria te ver e dizer que eu estava bem.
Meu coração não cabia no peito de tanta felicidade, minha mãe estava viva, participaria do meu casamento. Ela conheceria meu bebê. 
     Passamos a noite toda conversando e sorrindo. Viktoria ficava empolgada a cada história da minha mãe. Eu notei que ela desejava ardentemente isso. Viktoria tinha mudado bastante. Há alguns anos atrás quando eu tinha vindo para Rússia, ela não tinha interesse em se tornar uma guardiã. Mas percebi que ela agora desejava isso. Olena estava um pouco deslocada em meio a história de lutas e batalhas sangrentas contra os Strigoi. Ela saiu de fininho, e foi para cozinha. Senti-me mal por ela. 
Quando estava bem tarde, minha mãe se despediu dizendo que iria voltar para o hotel onde ela estava hospedada.
 - Eu prometo Rose, amanhã estarei aqui cedo. Abracei minha mãe com força e disse.
 - Por mim a senhora não iria pra lugar nenhum. 
Meu pai impaciente foi logo dizendo.
 - Rose eu estou cansado e quero muito dormir. Amanhã vocês conversam mais. E além do mais sua mãe também está cansada. Vamos logo Janine, senão eu não farei aquela massagem que te prometi. A cena do meu pai fazendo massagem na minha mãe me deixou enjoada.
— Urgh... Se comportem vocês dois. Não quero ganhar nenhum irmãozinho. Dei um abraço no velhote e entrei. Dimitri me abraçou e eu sorri satisfeita. Nunca tinha imaginado que ficaria tão feliz um dia. E com certeza hoje era um desses dias.