Estávamos bem instalados no antigo quarto de Dimitri. Claro que com algumas modificações. No lugar de uma cama de solteiro, uma de casal. Para a família dele, éramos como se estivéssemos casados. E as irmãs de Dimitri não paravam de falar em casamento e como o nosso seria lindo. As mulheres da família Belikov eram impossíveis de controlar, e elas estavam planejando tudo. Dimitri tinha me contado algumas coisas das tradições russas, o que era bem estranho. Eles faziam alguns jogos para saber se o noivo merecia se casar com a noiva. E só de imaginar Dimitri tendo que realizar algumas tarefas me deixava nervosa. Como meus pais não sabiam sobre meu casamento, consequentemente eles não compareceriam. Então escolhemos Mark e Oksana para fazer o papel deles. Era justo considerando que minha mãe estava em algum lugar bem distante com o protegido dela. E meu pai... Bem, ele era um caso a parte. Eu nunca tinha ideia de onde encontra-lo. Caso ele quisesse me ver, sabia onde procurar. Iria atrás de Lissa. 
Mark e Oksana aceitaram fazer o papel de meus pais. E ficaram ainda mais surpresos quando Dimitri e eu contamos sobre nossa "gravidez milagrosa".
 - Isso é um marco. Algo assim mudaria tudo. Imagine se isso cair nas mãos erradas. Mark estava ansioso, e eu percebi que Oksana também. Ela pediu minha permissão para examinar uma amostra de sangue meu. Eu fiquei meio relutante, mas acabei cedendo. O que eles dois poderiam fazer de mal para mim?
 - É, eu sei. Eu estou grávida do Dimitri, e sinceramente ainda não acredito às vezes. Parece um sonho, e que a qualquer momento vou acordar. Eu já tinha me conformado com o fato de nunca ser mãe. Sério, eu nunca na minha vida pensei sobre isso. Mas quando descobri sobre o Declan, foi como se um botão lá no meu inconsciente fosse acionado. Eu tinha a chance de dar a Dimitri algo que ele desejava. Dimitri olhava pra mim com um carinho e amor. Eu me sentia sortuda por ter ele na minha vida. Oksana segurou carinhosamente a mão do marido, e ele sorriu. Percebi que ela tinha se comunicado com ele através do laço. Eu detestava não saber de tudo.
 - Então, qual é a piada engraçada que você contou para ele através do laço? Oksana dessa vez sorriu. Mark também. Era bom ver eles assim, alegres. 
 - É só que eu acho que estamos ficando para trás. Deveríamos ter nosso próprio time de futebol em casa. E Mark acha que devíamos ter uns quatro garotos e uma só garota. Os garotos eram para defendê-la. 
     Eu tinha acabado de sair do banho, quando entrei no quarto e vi Dimitri sentado olhando para um sapatinho de bebê branco. Ele olhava admirado, como se naqueles pequenos sapatos estvesse os maiores segredos da humanidade. Parei e fiquei olhando para ele. Não por muito tempo. Assim que ele notou minha presença ficou meio embaraçado. Percebi que ele não queria ser pego num momento desses. Caminhei até ele e o abracei. Mesmo sentado era engraçado ver o quão alto ele é. Dimitri encostou a cabeça na minha barriga e eu fiquei mexendo nos cabelos dele. Eu amava fazer isso. Eram como seda. Os fios castanhos macios, que eu tanto amava.
 - Eu estou feliz Rose. Dimitri falou sinceramente. Eu não precisava olhar para ele pra saber que ele se sentia assim.
— Eu sei. Ele levantou a cabeça e me encarou. 
— Eu estou dizendo que minha felicidade não tem tamanho. Estou muito, muito feliz mesmo. E ao mesmo tempo em que isso é bom, é ruim também. Porque eu fico com medo de que isso tudo acabe. Que aconteça algo com você e o bebê. Eu não gostava de ver Dimitri desse jeito. Eu tinha que fazer uma piada. Era isso que me tirava desses momentos embaraçosos. 
— Ah camarada. Você não vai se livrar de mim. Saiba que morrerei de velhice. E ainda te darei muita dor de cabeça. E muitos cabelos brancos também. Dimitri deu um meio sorriso. Peguei os sapatinhos da mão dele e falei. 
 - Onde você conseguiu esses sapatinhos? Ele deu um sorriso tímido, e respondeu. 
 - Esses sapatinhos eu consegui com a minha mãe. Ela disse que eles foram meus. Minha avó os tricotou para mim quando minha mãe ainda estava grávida. Eu fiquei emocionada e me vi chorando. Dimitri me puxou para o colo dele, e me deu vários beijos. 
 - Ah Roza! Não fica assim. Eu percebi que eu não tinha nada de quando eu era um bebê. Dimitri tinha uma família que o amava. Uma mãe que tinha guardado lembranças do filho quando era um bebê. Foi aí que notei que eu queria ser uma mãe presente na vida dessa criança. Eu queria que quando ele ou ela crescesse, e me amasse. Que não tivesse nenhum ressentimento de mim. Eu amava minha mãe, mas eu queria que ela tivesse sido mais carinhosa. Que se preocupasse mais comigo. Claro que agora as coisas entre nós duas estavam melhor. Mas nem sempre tinha sido assim.
 - Dimitri eu quero participar da vida desse bebê. Eu quero poder criar essa criança, acompanhar o desenvolvimento dela, mas também quero continuar a proteger minha amiga. Você melhor do que ninguém entende o dever de cuidar dos nossos protegidos Moroi. Dimitri beijou minha bochecha e disse.
 - Não se preocupe Rose, você vai poder ter tudo que quiser. Dimitri começou a olhar para meus seios, e eu falei.
 - O que você tanto olha? Fiz minha cara de desentendida, e Dimitri disse.
 - Seus seios estão muito maiores. E muito mais bonitos ainda. Fingi ficar envergonhada. 
 - Dimitri, não fale bobagem. 
 - Não me venha com essa de vergonha. Você é linda, sedutora, sexy. Você é uma mulher incrível. E quem sabe eu não possa avaliar todo seu lindo corpo. Dimitri se deitou me puxando junto. Enrolei meus braços no pescoço dele, e sussurrei.
 - O que você tem em mente? Dimitri puxou minha perna para que eu enganchasse no quadril dele. Ele estava bem excitado, e me senti poderosa. Eu era a razão de toda excitação. 
— Oh Roza, você não tem ideia. De uma coisa eu tinha certeza, minha noite seria muito agitada. 
       Minha semana tinha sido corrida. Viktoria e Karolina me levaram para escolher um vestido, e depois de muitas horas provando vários modelos, me decidi por um. Ele era simples, pois eu não queria um casamento pomposo. Possuía pequenas mangas, tinha o busto justo, e abaixo ele abria como um leque. O busto era de renda floral, e a saia de seda esvoaçante. Eu tinha sinceramente gostado dele e acreditava que Dimitri também gostaria. Viktoria não tinha se conformado, por ela eu levaria um vestido digno de rainha.
Karolina também tinha aprovado o modelo, e já fazia planos para o meu penteado. Quando cheguei em casa notei um clima estranho. Olena, Yeva e Dimitri conversavam entre si, e as expressões deles não estavam boas. Viktoria e Karolina na mesma hora ficaram sérias. Algo bom não poderia vim dali. Olena chamou as filhas, que a acompanharam para cozinha. Yeva foi atrás antes de da uma olhada assustadora para Dimitri. Ele balançou a cabeça e se virou para mim.
 - Rose precisamos conversar algo sério. Acho melhor você sentar. O tom de voz que ele falava ligou algo dentro de mim. Eu sabia que nada de bom vinha quando ele falava daquele jeito. Me sentei no sofá e Dimitri sentou ao meu lado. Percebi que ele suava bastante. Pela forma como ele estava afetado, a coisa devia ser muito séria. 
 - Já estou sentada. Agora me conta. O que é tão sério a ponto de deixar você abalado desse jeito? Não me diga que aconteceu nada com Lissa. Ela está bem num está? Dei um salto do sofá pensando no que poderia ter acontecido com Lissa para ele está desse jeito. Eu tinha que ligar para Lissa com urgência. Mas Dimitri agarrou meu braço e falou.
 - Rose, Vasilisa está bem. Na verdade é sobre sua mãe. Olhei séria para ele e perguntei.
 - O que tem a minha mãe? Dimitri respirou fundo e falou de uma vez por todas. 
 - Sua mãe morreu Rose.