Eu estava entediada. Irritada. Nervosa e enjoada. Lissa tinha discretamente pedido que me dispensassem de ir para faculdade com ela. A desculpa era que eu estaria cuidando de todos os detalhes das viagens que ela faria a todas as academias do país. Eu estava sentada, com as pernas cruzadas digitando todo o itinerário da minha amiga.         St. Vladimir seria a última academia que ela visitaria. Dimitri chegou com meus remédios passados pela médica da corte. Ácido fólico e sulfato ferroso. Eu detestava os remédios, mas se eu quisesse uma gravidez saudável, e um bebê perfeito, teria que seguir a risca tudo que a médica me passasse. E isso incluía retirar meus momentos de treino. Eu amava treinar. Me mantinha relaxada. Eu só podia fazer alguns exercícios, chatos e sem graça. Tomei os comprimidos e fiz uma careta. O metabolismo dos dhampir é bastante acelerado, e precisávamos de muita comida. E a gravidez aumentava ainda mais minha fome. Eu parecia uma esfomeada. Dimitri fazia meus gostos, e me tratava como se eu fosse a própria rainha.
 - Rose você já se alimentou hoje? Olhei de soslaio para ele.
 - Camarada, minha mente só pensa em comida. Tudo que eu vejo é comida na minha frente. Você não tem ideia do quanto estou desejando nesse momento uma porção enorme de batata frita coberta de cheddar. Minha boca salivava pensando nas batatas fritas. Dimitri beijou o topo da minha cabeça e foi em direção à porta.
 - Onde você vai? Mal chegou já tá saindo. Dimitri sorriu e falou.
 - Estou indo atrás da sua batata frita. Era nesses momentos que eu amava ainda mais ele.
 - Vai, mais volta logo. Precisamos conversar algumas coisas. Dimitri piscou e saiu. Desde a descoberta da minha gravidez, Dimitri havia se transformado. Quando estávamos a sós, ele fazia carinho na minha barriga e ficava conversando com o minúsculo bebê em russo. Quando eu perguntava o que ele tinha falado, ele não me contava. Claro que eu ficava curiosa. Até que acabei filmando um desses momentos e mostrei a Sydney para que traduzisse para mim. Sydney entendia perfeitamente o que ele falava. Sydney me disse que ele falava de mim para o bebê, e o quão feliz ele estava por ser pai. Saber daquilo me deixara emocionada. Meus hormônios viviam a flor da pele. Com qualquer bobagem eu estava chorando. Eu era forte. Uma guerreira, mas nesses momentos fofos eu mais parecia uma garotinha chorona. 
      Lissa tinha conseguido um mês de folga da faculdade. Aquilo não acontecia com ninguém. E eu já imaginava que minha amiga tinha usado compulsão nos professores. Ela era uma ótima aluna, e não faria muita diferença para as notas dela assistir mais algumas aulas. Nosso pelotão estava completo. Adrian, Sydney e Declan haviam sido encaixados de última hora na viagem. Adrian queria ver de perto as salas separadas para usuários de espírito. E claro Lissa havia batizado uma das salas em homenagem a ele. Lissa reconhecia o trabalho que ele tinha tido ao ajudar descobrir a vacina anti Strigoi. 
     Começamos nas menores academias do país, e os professores estavam felizes por receber a rainha. A viagem estava ficando cansativa. Até que descobrimos na Academia Olga Dobrova uma estudante usuária de espírito. Ela se chamava Emily e era muito nova, ainda estava na escola Elemental. Mas já tinha aprendido bastante coisa. Ela conseguia caminhar pelos sonhos tão bem quanto Adrian. Não era muito boa com curas, mas sabia interpretar auras. Emily estava encantada com Lissa e Adrian. Eles eram tipo celebridades para garota. Christian acabou indo atrás de alguns Moroi usuários de fogo. Ele também tinha o interesse de ensinar mágica ofensiva para os que tivessem vontade de aprender a se defender dos Strigoi. Nem todos Moroi tinham direito a um guardião, por isso alguns se interessavam em aprender. Dimitri e eu ficamos de longe observando os Dhampir treinarem. Me bateu uma saudade dos tempos onde eu era só uma novata. Dimitri era só meu mentor. E vivíamos nos amando em silêncio. Dimitri parecia adivinhar meus pensamentos. 
 - Com saudades Roza? Abracei-o e enterrei meu rosto no ombro dele. Dimitri era meu porto seguro. 
 - Um pouquinho. Sinto falta de algumas coisas, não de todas. Enquanto conversávamos alguns novatos apareceram de fininho.
 - Aí meu Deus! São vocês mesmo? Rose Hathaway e Dimitri Belikov. Um garoto dhampir estava impressionado quando nos viu. Éramos celebridades também. Sorri e falei.
 - Se com isso se refere a mim, claro que sou eu. Um grupo se juntou a nós, e cada um tinha uma pergunta a fazer. O burburinho era grande. Uma garota que tinha aproximadamente uns 16 anos fez uma pergunta que deixou Dimitri um pouco sem jeito.
 - É verdade que você se apaixonou por Rose quando ela ainda era sua aluna? Dimitri não falava muito a respeito do começo do nosso romance para as pessoas. Poucas sabiam. Dimitri tossiu e respondeu bem rápido. 
 - Sim, foi isso mesmo. Os olhos da garota pareciam brilhar quando ela me fez a pergunta.
 - Como você se apaixonou por ele? Eu olhei pra Dimitri e falei.
 - Eu não sei explicar. Só sei que me apaixonei. A garota respirou profundamente e saiu. 
Fui pesquisar mais tarde a respeito da dhampir que perguntou sobre mim e Dimitri e descobri que ela também tinha um mentor. Acabei compreendendo os motivos das perguntas. Ela estava apaixonada pelo mentor dela.
      Seguimos viagem a St. Vladimir. Eu estava nervosa, pois iriamos voltar depois de dois anos que havíamos saído de lá. Eu sabia que alguns antigos professores nos aguardavam. Alberta era uma das guardiãs que eu mais respeitava. Uma nevasca transformava a viagem um pouco perigosa, mas conseguíamos nos mover. Éramos um total de 27 pessoas divididas em quatro carros. No nosso carro ia eu, Dimitri, Adrian, Sydney, Declan, Lissa e Christian. O nosso carro era o primeiro. Sydney conversava calmamente com Adrian quando o pneu do nosso carro estourou. O comboio parou e todos nós descemos. Percebi que foram colocados no meio da pista pregos torcidos para nos parar. Os outros guardiões também tinham percebido, e na mesma hora fizemos um círculo e no meio ficou Lissa, Christian, Adrian, Sydney e Declan. Foi aí que notamos uma coisa. Estávamos numa armadilha. O sangue corria nas minhas veias, e eu estava com a estaca na mão quando dez Strigoi atacaram a gente.