Castelo de Cartas escrita por Clove Flor


Capítulo 6
Capítulo 6 - maybe you're gonna be the one that saves me


Notas iniciais do capítulo

GENTE EU JURO MESMO QUE TENTO FAZER CAPÍTULOS MENORES, MAS NÃO TA DANDO EU ME ANIMO!!! prometo que o próximo não passa de 3000 palavras -qq
hoje faz um mês do show incrível e eu mal posso acreditar que nesse horário eu estava gritando e sendo empurrada e morrendo e amando tanto quando possível

espero que gostem do capítulo! ele é praticamente puro fluffy SÉRIO SE VCS N TIVEREM DIABETES DPS DISSO EU NAO SEI O QUE VAI DAR eu quis incrementar o relacionamento dos nossos babys
música tema: wonderwall, do oasis ♥



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N/A: *chopsticks: hashi/ palitinhos de comer comida asiática*

 

 

There are many things that I
would like to say to you, but I don't know how

Because maybe
You're gonna be the one that saves me
and after all
you're my wonderwall

 

— Não me julgue – Savannah pediu enquanto destacava o hashi.  –, mas eu nunca aprendi a usar isso.

Jungkook deu risada. Havia se esquecido de que o ocidente não era acostumado a usar chopsticks como eles, na Ásia. Observou o modo desajeitado que ela tentava segurar o talher, torcendo-o e desequilibrando-o sobre seu prato vazio.

— Assim – o maknae descansou o dele na mesa, pegando delicadamente os dedos dela. As mãos de Jungkook estavam quentes em contato com as da morena quando posicionou seu indicador no palitinho de madeira acima e o dedo médio dela apoiando o debaixo. – Ta vendo? – ele apertou o polegar dela no talher, como se o fixasse. – Você segura assim e movimenta desse jeito.

Jungkook simulou estar pegando fios de macarrão com seu próprio chopsticks, arrancando risadas de Savannah ao fazer um barulho alto de sugação. Ele riu também, seu famoso sorriso de coelhinho brilhando para ela.

—- Certo – ela disse, ainda um pouco atrapalhada, mas segurando firme o hashi. – Eu vou conseguir.

— Claro que vai – Jungkook assegurou, maneando a cabeça.

Um garçom se aproximou da mesa do casal, os cumprimentando com uma rápida reverência e sorriso no rosto. O menino se sentiu em casa.

— Boa noite, sejam bem vindos! Já sabem que pedidos farão?

Jungkook olhou para Savannah, curioso em saber o que ela pediria do cardápio coreano.

— Você sabe melhor – ela deu de ombros, sorrindo. – Escolha por mim.

Jungkook sentiu-se animado, os lábios se esticando tanto que as bochechas se tornaram doloridas.

— Um ramen completo para ela e um pork soup rice pra mim, por favor.

— Para beber?

Jungkook, como já notado antes, não era um amante de bebidas alcoólicas, apesar de ganhar várias vezes de presente de suas fãs. Tentava tomar lá na Coréia com seus hyungs, mas o gosto forte ainda era um tanto evitado e parecia agredir sua garganta. Apesar de tudo, havia essa bebida que era até gostosa e famosa entre os jovens em Seoul que o mais novo queria que ela provasse.

— Uma Soju. E, uh, um suco de morango também.

As bochechas de Kookie estavam coradas, mas ele sorria para a morena. Começaram a engatar uma conversa sobre vários assuntos e riam, entretidos pelas histórias que saiam de suas bocas.

— Eu curso fotografia, você sabe... – Savannah soltou em um momento, um tanto tímida, mas ansiosa para contar para alguém. – Quero publicar um livro com minhas fotos do mundo... sabe, é um projeto.  Retratando a vida das pessoas, as diferentes paisagens e culturas... Ando aprendendo tanto com você, Kookie... acrescentou a última parte baixinho, mexendo no hashi. – Eu sei que é algo que não dá muito dinheiro, por isso já estou mandando meu currículo para algumas empresas publicitárias. É algo de longo prazo, mas é um foco meu.

— Uau – Jungkook piscou, sorrindo, um tanto orgulhoso. – Eu definitivamente vou comprar um. Não, dez! Sua ideia é muito boa, noona. E bonita, também.

Savannah sorriu, envergonhada. Tinha um pouco medo de contar sobre esse seu plano, pois envolvia muito mais que apenas algumas fotos: era seu amor pelo mundo, pelas diferentes histórias. Sobre querer sair um pouco de sua cidade de 90 mil habitantes no interior de Maryland, querer conhecer mais e entender mais do planeta em que vivia. E, obviamente, captar cada centímetro que seus olhos enxergassem.

— Mas enfim, Kook, o que anda achando das aulas na faculdade? Tá acompanhando bem? – ela perguntou, desviando o assunto de cima dela.

Jungkook travou por um momento antes de lembrar-se da própria mentira.

— Aaah, ah, sim. O inglês não é mais um grande problema. – disse, evitando olhá-la nos olhos e observando a decoração da parede ao seu lado. Havia escritas em coreano e ele sorriu suavemente ao poder ter contato direto com sua cultura novamente.

— As pessoas são legais com você? – ela insistiu no assunto, curiosa.

— São sim – o mais novo tomou coragem, encarando os olhos verdes da menina. Seu coração estava acelerado, porque sempre tinha medo de que Savannah soubesse de algo que Jeon não sabia. Tinha medo dela estar apenas o testando e qualquer palavra errada explodiria uma mina diante de si. – Já tenho alguns amigos que se sentam próximos de mim... mas ainda gosto de sair mais com vocês.

Savannah sorriu e jogou o cabelo ondulado por cima do ombro, como se auto exibisse para ele, rindo. O maknae riu também, mas um pouco nervoso. A sensação de perigo passava depois de um tempo, mas a culpa não.

Alguns assuntos depois, a comida chegou junto das bebidas ordenadas. A mais velha olhou para seu prato fumegante e riu.

— Você pediu miojo pra mim?

Jungkook abriu a boca, chocado.

— Isso não é miojo! É ramen. Que ofensa, Savannah... – ele brincou, estalando a língua e balançando a cabeça em desaprovação. – Prove, prometo que é diferente. Deve ser uma das coisas que mais comi na vida! Você precisa gostar.

Savannah sorriu, a animação e fofura do menino a contagiando.

— Ok, ok – suspirou, fingindo rendição. – Se você escolheu, não tenho por que duvidar.

— Isso mesmo – Jungkook sorriu, vitorioso. Com facilidade, passou a pegar os cubos de carne de porco de seu prato com seus chopsticks. Quando colocou um em sua boca pela primeira vez, fechou os olhos, extasiado. O sabor salgado do caldo com o temperado da carne o lembrava sua casa e derreteu em sua língua. – Aaah meu Deus, isso é tão bom— ele gemeu.

Savannah o observou comendo e riu, achando graça do teatro que ele fazia. Focando-se em seu prato, segurou seus palitinhos, concentrando-se em conseguir segurar o macarrão e leva-lo até sua boca. Tentando não chamar a atenção de Jeon, fez um movimento mais brusco para conseguir empurrar a comida para dentro de si, mas os fios escorregaram e caíram de volta no prato com molho e carne, espirrando um pouco na toalha de mesa.

Savannah ergueu os olhos para saber se o mais novo havia visto sua tentativa falha e humilhante de comer com hashis e encontrou-o gargalhando, sua pele enrugando no canto dos olhos puxados. A morena riu, o acompanhando, escondendo momentaneamente seu rosto com uma das mãos. O maknae pegou os chopsticks dela, ajeitando em seus próprios dedos.

— Vai, abre a boca – ele pediu, pegando com facilidade o macarrão e erguendo na altura do rosto da mais velha. Ela corou um pouco, mas sorriu, aceitando o hashi dele empurrando a comida entre seus lábios. Jungkook movimentou-os para baixo, segurando os fios perto do queixo dela. – Agora você suga até onde consegue e corta com os dentes.

Savannah seguiu as dicas do asiático, levemente atrapalhada. Quando soltou, Jungkook encostou os palitinhos no bowl, sorrindo para a menina. Ela refletiu o ato, de boca fechada, mastigando. Realmente, a comida tinha mais sabor que um miojo convencional. A carne e os legumes e o apimentado da massa eram muito gostosos pro paladar americano da menina.

— Hmmm – fez um bico que o lembrou de Seokjin quando experimentava algo novo. – Muito bom, Kookie! Realmente, você tava certo.

Jungkook riu, orgulhoso de si mesmo. Pensou em, depois de terminar seu prato, pedir um ramen também. Afinal, ainda era um garoto em fase de crescimento (ou iria utilizar essa desculpa para sempre).

Após mais uma tentativa falha, Savannah passou a conseguir levar o macarrão e legumes para dentro de sua boca sem ajuda. Riu e comemorou com um gole de Soju, que achou gostoso e não muito forte, como havia sido avisada.

— Boa garota – Jungkook aplaudiu, feliz em fazê-la feliz.

O sorriso da menina se desfez levemente ao seu olhar ser atraído para a porta do ambiente. Seu corpo gelou por um momento, como se todas suas células entrassem em defesa. Qual a probabilidade dele...?

— Tudo bem? – Jungkook a indagou, olhando para trás. Havia um cara meio alto, mas não mais que o maknae, indo em direção ao caixa. Ele tinha uma expressão meio rude no rosto, um tanto agressiva, mas sorria para a atendente. O homem pegou uma sacola com uma marmita dentro, agradecendo a senhora.

— Jagi? Você conhece ele? – tentou novamente.

A morena voltou seus olhos para Jungkook, que parecia preocupado ao observá-la.

— Jagi? – ela imitou o som que saiu da boca do coreano, não reconhecendo a palavra. 

O mais novo corou um pouco ao notar o que havia dito. Teve de explicar recentemente o significado de “noona”, já que também teria soltado a palavra algumas vezes enquanto caminhavam até o restaurante, mas achava que “jagiya” era um termo um tanto mais... pessoal.

— Ah, quer dizer... hm, significa “babe” ou “sweetie”. Em coreano. É como... bem - - os casais se chamam, ele queria acrescentar, mas não teve coragem.

Ela sorriu doce, esticando o braço e segurando sua mão por cima da mesa.

— Eu to ótima, Kook. Pode ficar tranquilo.

Não era o tanto de informação que o menino gostaria de ganhar, mas acenou, voltando a comer seu prato e prestando atenção na garota em sua frente. Não iria forçá-la a dizer nada – sabia muito bem o que era querer guardar certas coisas para si mesmo –, mas esperava, com todo seu coração, que aquela pessoa não tivesse feito nenhum mal para a menina.

Savannah só voltou a respirar tranquilamente quando seu ex saiu do restaurante, poucos minutos mais tarde. Seus olhos haviam se encontrado momentaneamente por alguns segundos, mas ele ignorou, e ela fingiu ignorar também. Thomas podia ser muito complicado e a morena não queria nenhuma confusão e aproximação entre ele e o doce Kook.

— Ei – Jungkook a chamou, após um intervalo entre uma história e outra, limpando a boca em um guardanapo de pano. – Quer passar no meu apartamento depois?

Apesar de ter perguntado com toda a inocência do mundo, sentiu as bochechas queimarem após sentir o peso que suas palavras poderiam trazer. A verdade era que Jungkook estava com um tanto de medo de voltar para lá sozinho. Não queria sucumbir a tentação de ler notícias, mensagens e assistir aos vídeos da apresentação transmitida no Vlive. Não queria mais pensar no grupo por hoje. Já havia sido muito intenso a parte da manhã.

— Hmm... – ela conferiu as horas no celular, mesmo que não precisasse exatamente. Sua mãe não era muito rígida, mas precisava de alguns segundos para pensar na proposta. – Claro, acho que dá sim. Você não vai enjoar de mim?

Jungkook ficou um pouco surpreso. Havia feito a mesma pergunta para si mesmo naquela manhã em relação a ela. Ele sorriu doce, voltando a segurar sua mão por cima da mesa e a apertando levemente.

— Nunca.

[...]

Já estava um pouco frio quando os dois desceram do ônibus, algumas ruas antes do apartamento do mais novo. Savannah havia se lembrado de retirar mais fotos dos momentos em que passava junto do sul-coreano, para que ele guardasse futuramente em um álbum ou coisa do tipo. Uma foto sua comendo ramen com palitinhos tirada por Jungkook o fez gargalhar.

— Então você ta dormindo aqui? – ela indagou, observando a estrutura de classe média do apartamento do mais novo. Ele maneou com a cabeça e a direcionou para seu cômodo, no sétimo andar. Suas mãos suavam um pouco e ele constantemente as limpava na calça jeans que usava. Sentia-se nervoso, porque ele realmente não queria tentar nada com a mais velha - apenas estender o máximo possível o tempo de permanência com ela.

Seus dedos tremeram um pouco quando ele foi abrir a porta, mas conseguiu passar despercebido. Agradeceu aos céus por ter morado tanto tempo (e tecnicamente continuar morando) com um grupo grande de garotos bagunceiros e ter se tornado o mais organizado, mantendo assim as aparências da sua pequena instalação.

Savannah tomou a liberdade de entrar primeiro, deixando a mochila que levara mais cedo no estúdio ao lado da porta. Percebera que atrás de si, Jeon retirou seus tênis, os encostando na batente, e apesar do chão estar frio, ela imitou-o. Suas meias eram amarelas com passarinhos negros, mas as de Jungkook eram do homem de ferro, então ambos apenas riram.

— É super confortável, Kook – ela elogiou, observando a sala de conceito aberto junto da cozinha (típico americano) e o corredor que parecia levar para um banheiro e quarto. Havia um sofá diante de uma televisão razoavelmente grande e algumas cômodas aleatórias espalhadas. – Você gosta daqui?

O mais novo pensou.

— É bem tranquilo – concluiu, porque era verdade. Ali dentro era apenas ele. – Onde eu morava antes era um tanto... turbulento.

Céus, mal podia contar as vezes que os meninos roubaram suas cuecas ou desarrumavam suas coisas.

— República? – indagou, sentando-se no sofá.

— Quase isso – ele deu de ombros. – Eram mais seis caras comigo.

Seis caras. Havia tanto para falar deles, que apenas mencioná-los desse modo soava... ofensivo.

Savannah riu, fazendo uma careta.

— Mais seis caras? E pensar que eu te achava inocente...

Jungkook engasgou, rindo e corando. A verdade é que ele sabia das coisas, só nunca havia feito nada antes. Isso o mantinha inocente?

Savannah riu da reação do coreano e puxou seu rosto para beijá-lo brevemente nos lábios, apenas para sentir mais uma vez o gosto do menino.

— Você quer ver um filme? – ele perguntou, tentando se concentrar em qualquer outra coisa que não fizesse seu rosto queimar de timidez. – O aluguel já vem com Netflix.

Savannah sorriu, batendo palmas.

— Sim!

Jungkook foi até seu quarto, pegando de sua cama o cobertor. Ambos haviam tomado uma ducha no estúdio da Lia, portanto não se incomodaram com outra. Quando voltou para o sofá, Savannah já se encontrava com o controle da TV na mão, buscando por algum filme. Ele apagou as luzes e sentou-se ao seu lado, cobrindo seus corpos com o tecido quente.

— Encontrou alguma coisa? – perguntou. A morena reencostou o corpo contra o de Jeon, buscando por conforto e aquecimento.

— Já assistiu “Simplesmente Acontece”? – o mais novo negou. – É meu filme favorito! Vamos ver?

Jungkook, se acostumando com a aproximação dela, passou um braço ao redor das costas da morena, puxando-a para mais perto, a aconchegando em um abraço.

— Tem ação?

Os olhos claros de Savannah se voltaram para o mais alto, buscando por algum indício de brincadeira.

— Claro que não. Olhe o cartaz: é um casal abraçado, sorrindo na Inglaterra. Óbvio que não tem ação.

Jungkook fez uma careta, mas apenas para provocá-la. Não admitiria tão fácil que queria ver um filme romântico, apesar de gostar de vários.

— Tudo bem, tudo bem. Se é o seu favorito...

—- Não reclame! – ela o alertou. – Jantei miojo por você, hoje.

— Não era miojo! – Jungkook a chacoalhou levemente em seu braço, a boca escancarada em descrença. – E você gostou!

Savannah riu.

— É, eu gostei. Vamos dar o play logo.

[...]

Lá pelo meio do filme, Jungkook sentiu o corpo de Savannah pesar contra o seu. Delicadamente, ele puxou suas pernas para dentro do sofá, a deitando junto dele no comprimento do mesmo. Ajeitou o cobertor sobre os dois e a tentou deixar confortável; o espaço não era muito grande, mas Jeon segurava as costas da morena com um braço, tornando-a muito próxima dele.

Savannah se remexeu, acomodando-se contra o torso quente do menino, os olhos fechados e a respiração um pouco mais forte, calma.

— Tem problema se eu dormir? – ela sussurrou.

— Achei que você quisesse assistir o filme – o menino murmurou, observando as luzes da televisão dançando sobre a pele bonita dela.

— Hmm – Savannah se encolheu, afundando mais o rosto contra o tecido macio e quente da blusa do coreano. – Você pode assistir por nós dois.

— Seus pais vão brigar? – perguntou, porque era uma preocupação real. Não queria metê-la em nenhuma confusão ou causar mal entendido.

O canto de um dos lábios de Savannah puxou para cima. Era diferente, de um modo bom, ter um garoto tão cuidadoso e preocupado consigo.

— Eu avisei que estaria fora hoje.

Jungkook levou sua mão livre para mexer nos cabelos levemente ondulados da morena, um pouco não familiarizado com os movimentos que deveria fazer nos fios. Permaneceram em silêncio por alguns segundos.

— Jagi... – ele a chamou, baixinho, ainda não sabendo se o apelido era bem aceito pela menina. Quando não ouviu uma resistência, continuou receoso. – Quem era aquele homem no restaurante?

Savannah demorou alguns segundos para se lembrar de quem Jungkook estava se referindo devido seu torpor, quase se aprofundando no sono. O silêncio breve deixou o coreano nervoso.

— Uh, era o Thomas... – Savannah sussurrou. Jungkook esperou para que ela prosseguisse, caso quisesse. – Nós namoramos por um ano ou coisa do tipo. Terminamos depois de algumas... complicações, uns meses atrás.

O mais novo se sentiu estranho, inferior. Contra aquele cara, ele pensou, nunca poderia competir. Era mais velho, provavelmente mais forte, experiente e... tão mais... rude...

Respirou fundo e, com a mão que segurava o corpo dela, passou a esfregar carinhosamente suas costas, traçando desenhos imaginários na linha da coluna.

— Ele... te machucou?

— Hm... –- Savannah sussurrou, ainda de olhos fechados. – Ele me machucou de várias maneiras, mas tenho amigas que me ajudaram a... entender. E superar. – seus olhos verdes procuraram os deles, que a encaravam preocupados. Estavam tão pertos e apertados um contra o outro que era meio difícil tentarem manter contato visual. Jungkook se perguntou se ela quis dizer violência física. – E eu me sinto tão melhor agora, Kookie.

Jungkook corou, mas sorriu, seu ego totalmente inflado. Inclinou a cabeça para baixo, beijando a testa da americana.

— Você quer dormir na minha cama? – ofereceu.

— Tá desconfortável aqui pra você?

— Não exatamente – ele sussurrou, e então repensou. – Não.

Como poderia se sentir desconfortável estando tão perto da menina que gosta?

— Então podemos ficar mais um pouco.

Jungkook se acomodou melhor a posição, seus dedos ainda acariciando as costas dela. Após observá-la por mais um tempo, passou a assistir o filme novamente. Estava na cena em que o casal principal se encontrava no aeroporto após um longo tempo sem se ver, cheio de emoção e abraços. Jungkook se perguntou se, mesmo depois de tudo que passariam, Savannah ainda gostaria de voltar a vê-lo.

Rezou para que sim.

[...]

O cheiro de panquecas inundava o pequeno apartamento de Jeon. Ele abriu os olhos devagar, piscando um tanto perdido. Sentia dor em seu pescoço devido a posição em que havia adormecido e percebeu falta de algo. Savannah não estava mais enroscada nele.

Se espreguiçou, confuso. Havia sonhado?

Conseguiu enxergar a silhueta da morena fazendo algo em uma frigideira, alguns metros de distância. Ele se ergueu, cambaleando até se aproximar das costas da menina. Pensou em abraçá-la por trás, mas sentiu um pouco de vergonha no último segundo e se conformou em apenas se encostar no balcão ao lado, a observando. Havia panquecas sendo fritas no fogão.

Jungkook notou que a americana continuava apenas de meias em seu apartamento, mesmo que não fizesse parte de sua cultura inicial retirar os sapatos. Enquanto a olhava por um tempo, pensou se a realização de uma família no futuro teria esse gosto: noites aconchegantes vendo filmes juntos, dormindo abraçados no sofá, café da manhã caseiro...

— Pensei em te fazer uma surpresa, mas parece que acordou antes.

Jungkook olhou para o relógio de parece pendurado no corredor. Eram sete e meia da manhã. Não estava acostumado a acordar cedo, não depois de ter saído da Coréia.

Sorriu.

— Não se preocupe, você me surpreendeu.

A morena despejou duas panquecas em um prato com nutella – já que o mais novo não tinha mel – e o entregou. O coreano salivou com a comida, o aroma gostoso de baunilha e chocolate preenchendo suas narinas.

— Aaah, você é ótima – ele beijou rapidamente a bochecha dela, incrivelmente feliz. Talvez não houvesse maneira melhor de acordar. – Não vai comer também?

A morena negou.

— Preciso passar em casa e pegar meu material ainda. Hoje é segunda, esqueceu? Aula em uma hora.

Jungkook, com as bochechas infladas de panquecas, concordou com a cabeça. Havia se esquecido que fingia estudar em uma faculdade.

— Então a gente se encontra depois – Savannah sorriu. – Não se atrase para a aula!

— Ei! – Jungkook segurou o braço dela. Sentia o rosto esquentar pelo peso de suas próximas palavras. – Obrigado. Pela panqueca e por ter confiado em mim.

Afinal, talvez fosse difícil para uma garota, mesmo já em um nível de proximidade alto, decidir se passaria ou não a noite na casa de um menino. Jeon não sabia muito bem como funcionava, mas estava mais do que grato em ter tido a companhia dela por mais algumas horas. Suas roupas cheiravam a ela, agora.

Savannah acariciou o rosto dele, sensibilizada. Não queria pensar mais em Thomas, mas a diferença entre os dois meninos era tão grande...

— Disponha, Kook.

E com um rápido beijo na bochecha, a americana calçou seus sapatos e voou para fora do apartamento, preocupada em conseguir pegar a primeira aula do dia ainda. Jungkook respirou alto, apoiando o prato com as panquecas sobre a pia, ainda não tendo terminado de comer. Esfregou a mão no rosto com força, tentando assimilar o dia anterior e aquela manhã. Como uma pessoa, um sentimento, podia fazer tanta diferença?

Estava sozinho de novo, mas sentia-se renovado de alguma maneira.


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Notas finais do capítulo

meu coração vai se encher de alegria com um comentário de vocês! ♥



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