Castelo de Cartas escrita por Clove Flor


Capítulo 5
Capítulo 5 - i love to watch her dance


Notas iniciais do capítulo

demorei mais que o normal? demorei
MAS EU FUI NO SHOW EM SAO PAULO AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
GENTE SÉRIO O QUE FOI AQUILO
O QUE FOI
(dia 20/03, premium)
ELES SÃO LINDOS DEMAIS GENTE SÓ DIGO ISSO
espero que aproveitem o cap! eu achei que não iria conseguir escrever de novo após ver o JK pessoalmente, sabe? porque ele meio q deixou de ser um personagem e passou a ser uma pessoa... mas tudo já está normal de volta!
Esse capítulo tem muita música, me desculpem!! sei q as vezes isso é chato
mas aqui a musica do cap: single - the neighbourhood



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I don't think that we should be around each other
When you're in the room, you get my eyes
You open your mouth, I'm hypnotized
I can make you laugh until you cry
You know you got all my attention
You know you got all mine

 

 

A foto teve uma repercussão um pouco maior do que Jungkook havia imaginado que teria. Com a permissão e a aprovação do PD, tinha postado uma foto atual sua seguida de uma longa legenda agradecendo pela preocupação dos fãs, os assegurando de que tudo estava bem e logo o veriam de volta nos palcos.

Pelo menos estava tentando acreditar nisso.

— Você está bem? – a voz de Jimin soou um pouco interferida através do telefone. O loiro se esforçava para parecer ser o mais tranquilo em relação à partida de Kook, até mesmo porque havia o incentivado. – Parece meio... – suspirou – não sei.

— Só estava pensando – disse, jogando seu corpo contra o colchão da cama.

— Anda fazendo alguma coisa? Tá menos estressado? Você tá tendo muito tempo pra pensar...

— É... – Jungkook disse vago, não respondendo exatamente nenhuma das perguntas. Já estava no telefone fazia 10 minutos e a conversa não progredia muito, em parte porque o mais novo tinha certeza de que estava no viva-voz. Conseguia ouvir a respiração contida e alguns murmúrios ao fundo da ligação. A verdade é que era a primeira vez que o maknae falava com Jimin e estava tentando se manter um tanto frio, colocando uma barreira entre eles. Manter-se apegado não adiantaria em nada. – Ainda não estou pensando muito em voltar, mas será em breve.

— Já faz 3 semanas, Kookie...

— É.

— Não sente nossa falta?

Jungkook engasgou.

— Claro que sinto! O ponto não é esse, hyung, você sabe disso. A coisa toda... A coisa toda é muito maior.

— Ok... – Jimin suspirou. Quando o havia incentivado a sair por um tempo durante as crises de choro do menino, não pensava que passaria de 1 semana. – Vamos ter uma apresentação hoje, em breve.

Jungkook arregalou os olhos. Não havia lido isso no cronograma que seu menager havia o enviado.

— Oh... vocês distribuíram as linhas?

— Claro. Jin vai aparecer bastante, aliás.

— Oh, isso é bom... – Kookie murmurou. Estava tão cansado de ter seus próprios fãs reclamando do tanto que Jeon cantava a mais que Seokjin! Talvez assim eles se acalmassem mais.

Sentiu o celular vibrar contra a orelha e o afastou, observando a tela.  Havia uma mensagem de Savannah, perguntando se ele não queria conhecer o estúdio naquela tarde.

Estúdio era aquela construção em que Jungkook havia visto a morena sair dela pela primeira vez; a escola de dança de sua tia. Ele sorriu, um pouco avoado. Era domingo: fazia um pouco menos de 2 dias desde que tinham se beijado. Jungkook se perguntou se talvez ela não fosse enjoar dele, já que almoçariam juntos amanhã e quarta também, ao lado de Katie e Maya.

— Jungkook? – Jimin chamou. – Tá me ouvindo?

— Uh? – o mais novo voltou o celular para a orelha.

— Você tá falando com alguém?

Seu corpo gelou.

— Uh, o quê? Não, não... – repetiu, nervoso. Pôde ouvir alguns dos meninos (provavelmente Suga, ele reconheceu) xingando-o no fundo da ligação. Não quis ouvir mais. – Hyung, vou desligar.

— Ah, ok. Obrigado por, hm... ter falado comigo, Kookie.

— Tudo bem – ele riu baixinho, encerrando a ligação.

Voltou para a aba da mensagem.

“Que horas? Nos encontramos na praça?”

“Ok. Pode ser as 4 pm? Comemos algo depois”

Jungkook sentiu o rosto corar. Ele tinha certeza que se beijariam de novo – pelo menos esperava ansiosamente para que sim. Estavam em um relacionamento? Não, não, obvio que não. As coisas não devem funcionar assim no ocidente.

Afastou os pensamentos ruins que começaram a encher sua cabeça – não queria pensar que iria magoar a menina mais doce que conhecia. Então enterrou tudo em um lugar bem concreto e distante enquanto digitava uma mensagem.

“Ok, te vejo lá”

De repente, um aperto muito forte e gelado machucou seu estômago. Estaria encontrando sua tia? Não chegava a ser a mãe da menina, mas era um parente mesmo assim. Ela o acharia estranho por ser asiático? Seus olhos nem eram tão esticados – eram até grandes. E seu inglês havia melhorado...

Jungkook sugou o ar. Por que estava tão preocupado? Não era como se fosse pedi-la em casamento.

Respirou fundo, se acalmando. Suas mãos buscaram por seu notebook jogado no chão, ligando-o automaticamente e digitando rapidamente na guia enquanto o posicionava sobre seu colo. Estava lembrado agora da apresentação. Merda, seria bom se ele estivesse lá...

A transmissão do Vlive estava em contagem regressiva. As mãos de Jungkook estavam geladas e seu coração acelerado, machucando o peito. Sentia-se tão nervoso e ansioso enquanto esperava a transmissão começar...

Hoseok foi o primeiro a aparecer e os comentários explodiram no chat. Sua voz era realmente muito boa e ele sorria enquanto fazia seu solo adicional em Spring Day. Era engraçado vê-lo através de uma tela. Assistindo-o daquele jeito, vendo-o de frente junto com todos os fãs, podia perceber porque o dançarino líder era tão amado. Irradiava amor dele, apesar de seus lábios estarem tremendo para baixo.

Jungkook observou atentamente cada membro conforme eles iam aparecendo, tentando perceber alguma diferença. Jin estava com o cabelo loiro e ele nunca havia visto o brinco que Jimin usava.

A letra da música parecia diferente, ouvindo agora. Todos pareciam envolvidos nessa áurea de nostalgia e melancolia, sensíveis, enquanto Jin e Jimin alternavam em cantar o refrão, balançando um pouco a cabeça do mais novo, que não teve coragem de olhar para a tela do computador:

 

“Eu sinto sua falta, eu sinto sua falta
Quanto tempo preciso esperar
Quantas noites precisarei ficar acordado?
Até eu poder te ver, poder te ver
Até eu poder te encontrar, poder te encontrar...”

 

Aí o coração de Jungkook – e de provavelmente todos os fãs – parou por um segundo ao perceber. Eles não estavam o dublando, como sempre faziam na falta de um membro. Estavam cantando em seu lugar.

Como se a parte da música não pertencesse mais a Jungkook.

O que isso significava? Aliás, significava alguma coisa?

Os comentários no chat surgiam e desapareciam rapidamente assim que os fãs notaram, alguns amando o fato dos outros poderem ter sua vez e outros se perguntando pelo maknae.

E então era a parte solo do V, que cambaleou para frente, se afastando dos outros membros. Visivelmente emocionado, Taehyung caiu de joelhos sobre o piso do palco, o corpo mole, e havia lágrimas em seus olhos quando ele os direcionou para a câmera, como... como se enxergasse Jungkook. Sentisse ele.

— “You know it all, you’re my best friend... As manhãs irão voltar, porque nenhuma escuridão, nenhuma estação, pode durar para sempre”

Jungkook não respirava mais. Tossia, engasgado, tentando se livrar do nó que havia se formado em sua garganta, pura culpa dissolvida em lágrimas correndo por suas veias, enchendo seu coração. Ver todos os membros tão abalados com sua saída e demonstrando isso tão abertamente, mesmo que não tão perceptível para os outros, fez Jungkook se quebrar mais um pouco.

Mas então flashes dos momentos que o levaram a tomar aquela decisão correram por seus pensamentos, uma lembrança viva do que passou. Soluçou, chorando, e estava tão cansado disso...

— Você pode ser o que mais tem linha, mas é o que tem menos direito de fala, pirralho! — o produtor gritou, o eco se espalhando pelo cenário. Era a terceira vez que o mais novo questionava uma cena.”

— Você se acha muito melhor do que eu?! — Suga indagou, irado quando Jungkook corrigiu sua dança. — Eu não te aguento mais, Jeon. Eu to dando o meu melhor, porra, vê se cala a boca um pouco”

“Durante a chegada em um aeroporto, fãs acabam derrubando Jungkook no chão ao tentar alcançá-lo, no meio de gritaria e empurrões.”

“Jungkook engole quatro comprimidos não prescritos para ataque de pânico antes de um concerto e chora de nervoso, um pouco assustado com os berros dos fãs e as câmeras que o seguia.”

 

Passando pelo fim de um inverno frio
Até os dias de primavera voltarem
Até as flores florescerem...”

 

Ele abriu os olhos molhados devagar, assistindo o fim da primeira música, observando os movimentos leves e o trabalho duro de todos com a coreografia. Então, fechou a tela, se erguendo da cama. Precisava tomar um banho antes de se encontrar com Savannah.

///

O sol das quatro da tarde estava forte, quebrando a brisa gelada do outono. Jungkook vestia uma jaqueta jeans e seus coturnos mostarda, enquanto Savannah usava uma legging e camiseta.

— Kook! – Savannah sorriu doce, indo até ele quando o encontrou a esperando na praça.

O maknae sentiu o rosto queimar quando ela o cumprimentou com um beijo no rosto. Ambos carregavam uma mochila nas costas com uma troca de roupa e sorriram ao perceber isso. Não haviam combinado.

Desceram a rua juntos, conversando sobre coisas aleatórias e sorrindo, felizes por estarem um ao lado do outro. Era tão confortante poder simplesmente... falar. Sem ter que se preocupar com câmeras, pessoas que poderiam ouvi-lo e expô-lo, comprometendo sua imagem, deixando-o inseguro...

Como era um domingo, o estúdio estava fechado. A placa que antes havia sido ilegível na noite em que a vira, estava escrita “In Sync Studio” e, bem pequenininho embaixo “building dreams since 2003”.

Savannah retirou um molho de chaves do bolso e destrancou a porta fosca de vidro.

— Minha tia vai passar aqui mais tarde, mas por enquanto, é tudo nosso. – ela sorriu. Jungkook sentiu o coração acelerar, mas refletiu o ato dela.

— Você acha que ela vai gostar de mim? – ele perguntou, seguindo-a por dentro do local escuro. Por fora, o estabelecimento parecia ser pequeno, mas não era assim de verdade. Passando pela recepção havia um longo corredor com várias portas - todas de vidro fosco também – que davam para salas de dança.

— Por quê? – Savannah perguntou, olhando para trás para vê-lo sorrindo curiosa. – Tá nervoso?

Começaram a subir uma escadaria um tanto estreita que se encontrava no fim daquele saguão. Jungkook não sabia para onde ela estava o levando, mas notou que a seguiria para qualquer lugar que fosse.

— Um pouco – admitiu, sincero. Sobre um degrau mais alto, Savannah se virou completamente para o coreano, sorrindo doce, seu rosto um pouco acima do dele. Ela ergueu a mão, penteando com seus dedos para trás o cabelo macio do menino.

— Você não precisa ficar – garantiu. Jungkook não queria demonstrar, mas sentia seu corpo derretendo pelo carinho recebido em seus fios.

A escadaria levava até uma grande sala. Savannah acendeu as luzes, revelando o tablado de madeira e as paredes espelhadas. O lembrava do local de prática da Big Hit, mas era maior, quase como se ocupasse metade do segundo piso inteiro.

— Aqui é onde fazemos os ensaios gerais, antes das apresentações, com todos os alunos.

— Uau – ele expressou, observando. – É bem grande.

Savannah deixou sua mochila em um sofá bonito encostado na parede. Havia uma estrutura muito interessante de som e luz, com aparelhos recentes e modernos. Jungkook seguiu-a e também retirou a mochila dos ombros e a jaqueta. A morena ligou o ar condicionado, apesar de estar fazendo 20°C lá fora.

— Você vai me mostrar alguma coisa? – Jungkook perguntou, observando enquanto ela começava a se alongar. Passou a esticar seus braços também.

— Uhum – murmurou, sorrindo. – E você também.

Sorriu.

— Quando você começou a dançar? – perguntou, alongando os pés.

— Comecei com balé aos 4 – a morena ergueu os braços, puxando o cotovelo por trás da cabeça. – Com o tempo, fui crescendo e me interessando por jazz, hip hop, dança contemporânea... não que eu seja boa em tudo isso.

O menino riu. O cabelo castanho ondulado de Savannah caía como uma cortina ao redor de seu rosto enquanto ela se inclinava para frente, alcançando a ponta dos pés.

A morena se ergueu e sorriu ao caminhar até o aparelho de som, abrindo um notebook conectado a ele. Jungkook sentou no chão, esperando-a.

— Ok, então... – ela começou, de costas para o maknae. – É meio estranho dançar com uma pessoa só assistindo – Savannah admitiu, virando seu rosto para ele, sorrindo constrangida. – por favor, feche os olhos. Durante, tipo, todo o tempo.

Jungkook riu – daquele seu jeito adorável de coelhinho – e abanou a mão para ela, a incentivando.

— Vamos lá, eu quero ver.

Savannah sorriu mais uma vez e se afastou do aparelho de som, posicionando-se no meio do salão. Jungkook precisava assisti-la pelo espelho, já que a morena estava de costas. Não pensava que ficaria insegura com sua dança, afinal, treinava tanto.

O mais novo reconheceu a música assim que a primeira batida ecoou. Como não reconheceria? Jimin havia o irritado colocando aquela mesma melodia mil vezes para treinar sua coreografia solo de dança contemporânea.

Mas, vendo a morena ali, sentia como se a ouvisse pela primeira vez.

O corpo de Savannah se moveu docemente com o início da batida e Jungkook admirou o modo como ela fechava os olhos, concentrada e apaixonada pelo que estava fazendo.

“In the name of love” era uma música realmente muito boa para criar diversas danças e o maknae achou interessante conhecer esse lado dela: a escolha da coreografia, da melodia, o modo como ela parecia sentir e controlar cada nervo de seu corpo... Fazia Jungkook se lembrar de como costumava se sentir.

Quando o refrão começou, Savannah parecia ser outra pessoa. Seus quadris e braços rodavam e seguiam o ritmo mais forte das batidas, fazendo Jungkook engolir em seco, hipnotizado. O movimento de seu corpo, tão leve – e, ao mesmo tempo, sensual – o fez desviar seus olhos do rosto da morena por um instante, escorregando para mais baixo.

Tudo nela, Jungkook pensou, tudo nela parecia certo. Fazia-o sentir seu coração palpitar.

Savannah girou em torno de seus calcanhares e parou, os braços erguidos descendo suavemente por seu rosto, corpo, até caírem ao lado do quadril. A boca dela estava partida, respirando rápido e forte, as bochechas coradas. A música não havia acabado ainda, mas a menina dos olhos verdes não tinha mais coreografia para apresentar.

— Wow – foi tudo o que Jungkook soube dizer, desnorteado. Ela realmente era boa - e Jeon estava tão acostumado a assistir Idols coreanas dançando nas apresentações que não entendia porque estava tão impressionado.

Savannah deixou um riso constrangido escapar de sua boca. Alguns fios de seu cabelo grudavam no pescoço, a pele aquecida.

— Ainda estou treinando – ela respirou, meio que se justificando.

— Está ótimo. Perfeito. – Jungkook elogiou, ainda um pouco hipnotizado. Savannah riu de seu jeito bobo e foi até ele, sentando-se ao seu lado.

— Agora você, vai lá. – incentivou.

O menino se ergueu, atravessando a sala e conectando seu celular no aparelho. Tinha essa música que Jungkook havia ensaiado uma coreografia anos atrás, mas ainda se lembrava dos passos. Sua vontade de colocar uma música do Bangtan era enorme, mas o medo de Savannah reconhecer sua voz era maior.

— Ok – Jungkook suspirou, se posicionando. Ao contrário da mais baixa, ele dançaria virado para ela. A dança era uma parte muito forte em sua vida e Kook queria que Savannah o visse completamente, cada segundo, porque ele seria completamente sincero e verdadeiro durante esse tempo.

Jungkook movimentou o corpo a cada toque das primeiras batidas, leve. Era engraçado estar dançando isso quase 4 anos após ter divulgado seu vídeo no youtube com a mesma coreografia. Começou a cantarolar baixinho a letra, sentindo-se confiante:

Your heart is on my heart...— cantou sorrindo, os lábios da menina se erguendo instintivamente. O ritmo da música mudou e seus movimentos passaram a ser mais precisos, fortes e rápidos, os pés se chocando no chão com força, acompanhando a voz do cantor que saía pelos auto-falantes da sala. Savannah arregalou os olhos, surpresa e encantada. Já havia o visto dançar na festa, mas nada se comparava com aquilo. Era totalmente um outro nível de dança, como se sentimentos evaporassem dele, como se desabrochasse. Seus músculos se contraíam por baixo da camisa, tensos ao acompanhar a música, mas o esvoaçando. E ainda assim!, contestou, sua voz soava melodiosa enquanto cantarolava. Ele era real? – You’re everywhere I go, you’re everywhere I go...

A morena se ergueu do chão, caminhando até o mais novo e envolvendo seu pescoço com os braços, balançando seu corpo junto do dele no ritmo da música. Não dava para evitar. Ele estava tão... lindo. Amável. Apaixonado. Exposto.

Jungkook, com as bochechas coradas e um grande sorrido no rosto, colocou suas mãos suavemente nas costas da mais baixa. O refrão da música repetia “save your goodbye” e Kook realmente queria não dizer adeus. Nunca; deu risada quando a fez rodopiar, voltando a segurá-la firme depois.

— Você não me deixou terminar – Jungkook sussurrou, mesmo que não estivesse bravo.

— Já vi o bastante – ela sussurrou de volta e o mais alto sentiu o coração disparar no peito, porque ah, ela estava tão perto, a respiração se chocando contra a mandíbula dele... Savannah sorriu e beijou demoradamente o canto da boca do maknae, sentindo-a formigar.  – Eu gosto dessa música.

Jungkook corou, se esforçando para não sorrir demais.

— E e-eu de você.

A morena riu, pequenas rugas surgindo nos cantos de seus olhos verdes. Ele era tão bom e doce que enchia seu coração de amor.

Então Jungkook, não suportando mais apenas observá-la e com a coragem (e ego inflado) que a dança o dava, colou sua boca na da mais baixa. Pensou que, como já havia a beijado uma vez, automaticamente saberia o que fazer na segunda.

É, tipo isso.

Mas não foi ruim. Entreabrindo os lábios, Savannah ergueu as mãos até o cabelo macio da nuca de Jungkook, apertando os fios entre seus dedos, tentando guiá-lo no beijo. O menino apertava inconscientemente a cintura da morena, como se nunca mais fosse soltá-la – e talvez esse fosse mesmo o objetivo, tê-la sempre ao seu lado –.

Savannah deu um passo para trás, puxando o menino contra si enquanto andava de costas. Jungkook, um tanto desnorteado, afastou suas bocas levemente para poder entender o que estava acontecendo. A morena estava o levando até o sofá.

Ah, ok, ele pensou, tentando permanecer calmo enquanto a seguia, dando e recebendo vários selinhos durante o caminho. Está tudo bem. Uhum. Ok.

Sentando-se no acolchoado, Savannah tinha o rosto vermelho quando parou diante dele, o observando de pé. Jungkook sorriu levemente, falando baixinho antes que perdesse a coragem, sentindo frio com o afastamento repentino dos corpos:

— Vem cá...

Sorrindo um pouco constrangida, a garota levou cada joelho ao lado do quadril do coreano, sentando-se em seu colo, os braços rodeando o pescoço dele.

— Eu sou muito pesada? – ela sussurrou, seus narizes se tocando.

— Hm? – Kook murmurou, um pouco embriagado com a situação toda. – Não, não...

Então ela voltou a beijá-lo.

Jungkook sentia-se quente, como se estivesse derretendo. Estar tão perto novamente de Savannah, tocando-a daquele modo, podendo beijá-la, o extasiava.

Tentavam se conter, mas tudo parecia fazê-los perder a cabeça: a playlist que tocava nas caixas através do celular de Jungkook, o calor que a dança os havia proporcionado, os sentimentos aflorados – e, convenhamos, os hormônios do mais novo.

— Hm, Savannah... – Jungkook tentou murmurar contra os lábios da morena, sentindo-se muito desconfortável de repente. Ela estava se mexendo um pouco em seu colo, friccionando suas roupas. O garoto arregalou os olhos, envergonhado ao perceber, pousando suas mãos no quadril da garota para impedi-la de se movimentar, mesmo que minimamente.

Sentiu-a sorrir docemente contra sua boca, sabendo que ela não tinha intenção daquilo.

— Tudo bem, Kookie – assegurou ela, rindo baixinho. – Acontece.

Jungkook colou seus lábios novamente, não se contendo com a separação deles e tentando esquecer do desconforto. Estava pegando jeito para a coisa já – ainda estava um tanto tímido,  os dedos trêmulos, mas nada de desesperador. Gostava do barulho úmido que suas bocas faziam.

— Você que é o famoso Kook, então?

Jungkook quase fez Savannah cair com o susto que levou e ambos arregalaram os olhos, olhando em direção a porta. Uma mulher de quarenta anos estava parada, os cabelos loiros curtos perfeitamente penteados, um sorriso brincando no rosto. A morena rapidamente se soltou do mais novo, sentando ao lado dele no sofá, um tanto atrapalhada. O coração de ambos estava muito acelerado e o coreano pensou que, se fosse possível morrer de vergonha, já estaria enterrado.

— Ai tia, – Savannah respirou fundo, corada. – você podia ter avisado quando estivesse chegando.

— Ah querida, fica tranquila – ela se aproximou, depositando um chaveiro ao lado do computador da mesinha. – Ainda bem que cheguei um pouco mais cedo... – riu.

Jungkook sentiu o corpo inteiro esquentar quando balançou a cabeça, tentando se justificar:

— N-não! N-não ia acont-tecer nada...

— Ele é tão bonito! – ela andou até ele, sorrindo amigável. Jungkook estava um tanto assustado, a respiração pesada. Sentia os lábios inchados. – Boa escolha, Savannah. Vou descer para a recepção pegar algumas fichas, me encontram lá em baixo?

A morena, que parecia se conter para não gritar de irritação, maneou a cabeça.

— Ótimo – a mais velha disse, voltando em direção a porta e saindo do salão, os saltos batendo no tablado de madeira.

Jungkook respirou fundo, lançando a cabeça para trás. Céus, nunca tinha passado por uma situação tão constrangedora.

— Me desculpa – Savannah sussurrou, apoiando a testa no ombro do menino e fechando os olhos. – Esse é o seu primeiro trauma no intercâmbio?

Jungkook conseguiu soltar uma risada nervosa, achando graça da pergunta.

— Aham – concordou.

A morena suspirou, se erguendo do sofá.

— Bom, fico feliz que eu tenha participado dele, então.

///

Quando ambos desceram as escadas e se dirigiram à recepção, Jungkook ainda tinha as bochechas coradas. Haviam trocado suas roupas suadas no banheiro pela muda que haviam trazido nas mochilas, e agora tinham o plano de sair o mais rápido possível dalí para comerem alguma coisa.

— Oh, vocês estão aqui! – a tia de Savannah (Lia, o nome dela) sorriu ao vê-los. – Querido Kook, você está a muito tempo aqui em Maryland?

— Não – sim. apenas algumas semanas. – respondeu, tentando parecer menos nervoso do que estava. Já havia conseguido se acalmar um pouco. – Esse estúdio de dança é muito bonito, madam.

Lia bateu palminhas ao ouvir o modo que o garoto a chamou, encantada, mas também achando graça. Ninguém usava mais essa palavra.

— Muito obrigada! Você também dança, não é? Talvez você pudesse me mostrar algo que saiba fazer que tenha aprendido na Coréia, seria muito...-

— Eu e o Kook estamos de saída, tia! Beijoooos!

A mão de Savannah agarrou forte o braço de Jungkook, o arrastando para fora do estabelecimento. O maknae, um pouco confuso com a interrupção, mas também querendo ir embora logo, acenou para Lia, sorrindo.

A porta atrás de ambos se fechou e a morena respirou fundo, aliviada. Sua tia era sempre afoita e extrovertida demais para o gosto da americana. Não era assim que esperava que Kook fosse conhecê-la.

O céu estava rosa sobre eles, cores pastéis se misturando e formando um entardecer lindo diante dos olhos dos dois, que passaram a caminhar. As luzes dos postes de rua ainda estavam apagados, aproveitando os últimos momentos de claridade do dia.

— Ela parece ser legal – o maknae comentou, seguindo ao lado de Savannah pela calçada. Sentia que devia falar algo.

— Minha tia? – ela o olhou, a sobrancelha arqueada, sorrindo. – Ela é louca. Mas tem um bom coração.

— É...

Jungkook suspirou, rindo consigo mesmo ao lembrar do momento constrangedor que havia passado. Sentiu então algumas unhas curtas deslizando por seu braço, a palma da mão da morena se encaixando contra a sua, os dedos se entrelaçando.

— Hmm... – Savannah murmurou e Jungkook apertou levemente a mão dela. A única pessoa que havia andado segurando as mãos havia sido sua omma e fazia um bom tempo que não a via. – O que quer comer?

O mais alto sorriu para ela, mostrando os dentes.

— Será que tem algum lugar coreano por perto?

 

 

 

 

N/A: RECADO IMPORTANTE: gente eu fiz um trailer pra CDC!!!! Vou deixar o link aqui ok? ♥ https://youtu.be/yKKxLEmgAOE


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