Castelo de Cartas escrita por Clove Flor


Capítulo 4
Capítulo 4 - keep a secret code


Notas iniciais do capítulo

hellooo~~~

estou orgulhosíssima da minha pessoa! acho que esse foi o maior capítulo. espero que gostem e que ele nao tenha ficado muito confuso ♥

música do cap: love lockdown - kanye west (MT BOA GENTE RECOMENDO)



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I ain't lovin' you, way I wanted to
See I wanna move, but can't escape from you
So I keep it low, keep a secret code
So everybody else don't have to know

 

As cerdas do pincel de Jungkook estavam molhadas com tinta azul. Seus dedos compridos e calejados o movimentava com delicadeza sobre a tela parcialmente em branco, criando traços.

— Tente pôr um pouco mais de pressão – a professora Laura indicou, demonstrando como fazer ao apertar a mão do garoto com mais força contra a tela. – não tenha medo ou insegurança. Seja firme com as pinceladas.

Jungkook assentiu, prestando atenção. Ainda era estranho como as pessoas do ocidente gostavam tanto de tocar nas outras! Mas estava se acostumando aos poucos quanto à isso. Era até bom, aliás. O fazia se sentir mais próximo e íntimo de quem conhecia, mesmo com pouco tempo de convivência.

Seu celular vibrou na pequena mesinha que o acompanhava. Olhou rapidamente para a tela bloqueada, vendo o nome de Savannah seguido por uma mensagem:

“Theo disse que vai te buscar às 19h. Tudo bem pra você?”

Ele sorriu levemente, digitando um rápido “ok” antes de deixar de lado novamente o aparelho. Então, sentindo-se um tanto grosseiro, seus dedos voltaram para a mensagem. “Aula de pintura” se justificou, mesmo sem saber ao certo por quê;

“Oh! Boa aula. Faça seu melhor.”

Jungkook sorriu, desligando o celular para que a professora não chamasse sua atenção. Fazia uma semana desde a festa e tudo parecia correr bem entre o estrangeiro e os novos amigos. Era sexta feira e, como costume do grupo, queriam sair para desestressar da faculdade. Toda segunda e quarta, o mais novo dizia ter aulas apenas de manhã, se encontrando assim com Savannah, Katie e Maya para almoçarem juntos. Era divertido e ele sempre ria com elas, o distraindo.

Seu inglês havia melhorado muito naquelas quase 3 semanas de moradia nos Estados Unidos – talvez, quem sabe, pudesse até escrever uma música para seus fãs internacionais, com alguma ajuda de Namjoon –.

Talvez.

Havia mais alunos naquela sala de aula: duas meninas e um menino. Cada um tinha a liberdade de pintar e desenhar o que quisesse, contando que tivesse cores pastéis. Jungkook se concentrava totalmente em sua tela, o que o deixava com a mente um pouco mais leve e com vontade de aprender técnicas novas.

Mesmo assim, às vezes seus pensamentos se deslocavam para Seoul. O que os meninos estavam fazendo. O que eles estavam sentindo. As notícias que se espalhavam através das manchetes. Onde está Jungkook? Onde está o Bangtan?

Estava considerando postar alguma foto no twitter, a fim de aliviar a tensão dos fãs e tentar introduzir uma mensagem de que estava bem, apenas aprendendo coisas novas, nada para de preocupar...

Olhou para sua tela, suspirando. Ainda precisava melhorar bastante. O fundo manchado de azul não estava de todo ruim, mas queria aperfeiçoar as pétalas brancas e rodas das flores que ganhavam vida diante de seus olhos.

A professora passou por tás dele, observando a pintura;

— Bom trabalho, Kook.

Sorriu para si mesmo.

Fazia tempo em que não ouvia algo assim.

///

Jungkook ouviu um barulho agudo, abafado pela água do chuveiro. Terminou de tirar o shampoo de seus cabelos e se enrolou na toalha, buscando pelo celular no quarto. Por um segundo, pensou estar atrasado e quem o ligava era Savannah, mas seu coração parou por alguns segundos ao ver o nome de V piscando.

O estava ignorando havia tanto tempo que sentiu um aperto no estômago ao ver que ele não desistia de tentar contatá-lo. V o amava tanto, mal podia suportar saber de todo o sofrimento do mais novo – precisava, mais do que tudo, ouvir sua voz e saber como que ele passava.

— A- alô? – Jungkook gaguejou, limpando a garganta. A linha ficou silenciosa por alguns segundos.

— Ko... Kookie?

A voz de Taehyung parecia quebrada e surpresa por um momento, mas logo se transformou em um grito de raiva:

— Eu tô te ligando faz mais de UMA SEMANA e você só me atende agora?! – rosnou. Jungkook sentiu sua temperatura corporal cair pelo nervosismo, os dedos molhados tremendo contra o aparelho.

— Hm, bom, eu, e-eu estava no b-banho.

— Vinte e quatro horas por dia? – contestou V, irado. – Meu Deus, Jungkook! Eu preciso saber se você está bem... Você precisa atender, responder minhas mensagens e dos hyungs. A gente se preocupa tanto, merda...

O mais novo respirou, culpado. Desde o debut, nunca havia ficado tanto tempo longe dos meninos. Viviam juntos, literalmente. Com certeza, tê-los abandonado desse modo e ainda não ter mantido contato fora um choque. Para todos.

Jungkook se sentiu mal por querer ficar mais tempo nos Estados Unidos que o possível.

— Me desculpa, hyung... vou dar mais notícias – afirmou, passando a mão pelos cabelos molhados. Precisava secá-los antes de ir ao boliche com seus novos amigos. Olhou o relógio: seis e meia. – Mas eu preciso ir agora... Estou bem, Taehyungie.

— Você tá saindo? – V perguntou, incrédulo, a voz soando esganiçada.  – pra onde vai? Não, melhor, onde você está, Jungkook?!

O mais novo suspirou, cansado. Não poderia contá-lo: se o fizesse, no dia seguinte teria certeza que encontraria o PD rondando a cidade em sua procura. Não queria ser obrigado a ir embora.

— Ah, V... Não dá... – apertou os olhos com força, tentando segurar as lágrimas que queimavam seus olhos. Mal conseguia se explicar. – Boa noite, V...

— Boa noite? Boa noite?  São oito e meia da manhã, Jeon Jungkook! Puta merda, JK, você não tá nem no oriente? Achei que tivesse ido pra Busan!

O mais novo piscou com as informações. Nossa, como pôde se esquecer do fuso horário? E, realmente, Busan havia sido uma aposta boa de local para onde ele poderia ter ido. Uma pena que se encontrasse exatamente na Coréia do Sul, onde precisava se manter afastado. Estava um tanto impressionado com o pensamento dos meninos. Para onde mais apostavam que ele se escondia?

— Ah, Tae...  – começou, sincero. Ainda estava tão confuso em relação a tudo. – Eu sinto muito...

///

Theo era muito engraçado. Fazia comentários sobre as meninas e situações que já haviam passado juntos – desde que se conheciam, há mais de sete anos atrás – e atualizava-o de alguns detalhes sobre elas, o que não era exatamente fofoca ou maldade. Apenas... informações.

Ele o contou que estava saindo com Mariah, a menina meio bêbada da festa que Jungkook não havia interagido muito. O mais novo sorriu para o moreno, como se o parabenizasse, imaginando por alguns segundos como deveria ser estar em um relacionamento.

— Você já namorou? – Theo perguntou. Não estavam muito longe do boliche em que iam.

— Eu? – Jungkook engasgou, surpreendido. – Hm, não, eu... não.

Sentiu sua pele se arrepiar pelas lembranças do quase beijo com Savannah, mas respirou fundo, mantendo a calma. Ela agia como se estivesse tudo normal, então estava.

Se remexeu no banco, olhando a paisagem rápida através da janela. O céu estava uma mistura de azul e rosa, quase nos mesmos tons que usara em seu quadro logo cedo. Nos Estados Unidos, o sol se punha mais tarde do que o habitual em Seoul, tornando os dias mais longos.

Theo o olhou de soslaio, sorrindo de canto para o estrangeiro.

— A Savannah tá solteira, você sabe.

Jungkook tossiu, o rosto fervendo em vergonha e desconforto:

— Ah, hm, é. Sei. Acho que sei. – concordou, mas pensando. O quão mais experiente ela seria que ele? Quer dizer, não que o coreano tenha tido grandes momentos, mas...

O assunto o deixou um tanto nervoso.

Theo gargalhou, estacionando na rua.  Ouvia-se os sons de pinos de boliche sendo derrubados e uma seleção de música tecno da porta de entrada do lugar. Jungkook, por costume, arrumou a touca preta que usava em sua cabeça, alisando a camiseta branca. Sentia falta da sua máscara, mas ouviu dizer que os americanos a estranhavam, então deixou guardada em uma gaveta do apartamento. Cobrir seu rosto era tão natural para si que, agora que não precisava, sentia como se algo estivesse faltando.

As quatro meninas ainda não haviam chegado, mas o maknae pegou os sapatos especiais números 42 e 35.

Jungkook e Theo estavam cadastrando os nomes de cada participante no computador da pista quando elas chegaram. Savannah estava linda usando legging e o mais novo precisou se controlar para conseguir parar de encarar suas pernas, que tornavam uma forma muito tentadora para sua fértil de imaginação.

— Hey – ela sorriu, se aproximando. Kook abriu a boca algumas vezes, querendo dizer o quão bonita Savannah estava, com o cabelo ondulado caindo sobre a blusa, os olhos verdes brilhantes destacados com um pouco de maquiagem, a boca rosada...

— O-oi! Eu peguei seus sapatos – disse rapidamente, erguendo o par que havia separado. Sa piscou, um pouco tocada. Ele era tão gentil e doce. Atrás de si, Maya e Katie sussurravam enlouquecidas, torcendo pelo casal; Mariah cumprimentou Theo com um beijo alguns metros do grupo.

Ordenaram batata frita e iniciaram a primeira rodada. Jungkook provou ser realmente bom, concluindo dois strikes seguidos logo de primeira. Katie não era ruim, nem mesmo Theo. Já Savannah...

— Eu realmente preciso continuar jogando? – ela perguntou, rindo do seu placar.  – Acho que me dou melhor na mesa com batata frita.

Estava com a pior pontuação do jogo – ao contrário de Jeon Jungkook – e sentia-se cansada por não conseguir manter a bola na pista por muito mais de 4 segundos, apesar de suas tentativas serem hilárias.

Inocentemente, o mais alto se aproximou, a fim de ensiná-la.

— Olha só – ele pegou uma bola leve e encaixou o polegar, indicador e anelar dela nos pequenos espaços, tentando ignorar a sensação da pele morna em contato com a sua. – Você precisa segurar firme, mesmo que machuque a... hm... – Jungkook respirou, mostrando o centro da mão.

— A palma da mão. – ela o ajudou, sorrindo de lado. Jungkook deveria ser a pessoa mais adorável existente no mundo.

— Isso – o maknae confirmou, rindo entre dentes. Seu corpo estava tão perto do dela, mas ao mesmo tempo em que seu coração batia forte no peito, não se sentia exatamente nervoso.  – Você precisa mirar para a esquerda, porque a bola vai desviar um pouquinho. E então – trouxe o braço de Savannah para trás, ajudando-a a manter a esfera equilibrada. – você afasta as pernas, colocando essa aqui – apontou – atrás. E joga.

Jungkook, posicionando-a mais perto da pista, mostrou o movimento que a mais velha deveria proferir. Savannah respirou, concentrada, impulsionando a bola para frente com força. Todos do grupo observaram quando sete pinos foram derrubados em um estrondo.

Savannah gritou, comemorando seu primeiro ponto. Todos riram e aplaudiram a morena, que se virou para Jungkook e o abraçou, a adrenalina correndo em suas veias, feliz. O menino já estava começando a se acostumar com o lado afetivo do ocidente – o que não o impediu de prender a respiração ao ter o pescoço sendo rodeado pelos braços da mais baixa.

— Isso foi muito legal! – Savannah gritou empolgada, apesar de continuar em último lugar. Jungkook riu, um tanto orgulhoso. Sentia-se útil.

Maya se aproximou da pista, escolhendo uma esfera azul pesada. Piscou para a amiga sugestivamente, mas Jeon não soube notar a malícia do olhar da amiga de Savannah. Os dois voltaram para o grupo, enchendo as mãos da batata frita que estavam em cima da mesinha de centro.

— Acho melhor você tomar cuidado, Kook – Theo alertou, rindo. – Alguém parece determinada a roubar o seu lugar.

Savannah sorriu vitoriosa, ainda orgulhosa de si mesma. Lançou um olhar brincalhão para Jeon, como se confirmasse o aviso de Theo.

Jungkook observou o placar. Estava com mais de quarenta pontos acima da morena.

— Hm, acho que hoje não vai dar.

— Não me subestime! – Savannah gargalhou. Jungkook tentou reprimir o sorriso que insistia em surgir em seus lábios, tomando um gole de sua coca cola. Sentia como se estivesse tendo o momento mais bonito de sua vida.

///

O placar terminou após 4 rodadas – onde Jungkook venceu 3, ficando em segundo devido dois pontos amais de Katie. Savannah havia conseguido se posicionar em penúltimo em uma rodada, mas sua somatória final era um tanto vergonhosa.

— Você vai pegar a prática – assegurou o mais novo. Savannah o olhou de soslaio, sorrindo com apenas um canto dos lábios.

— A gente poderia jogar de novo – sugeriu ela, pois além de querer vê-lo novamente, queria estar ao alcance de poder competir com Jeon. Ele corou um pouco, mas sorriu, concordando.

Todos haviam rido muito durante as partidas, o que tornou o clima extremamente confortável e leve para brincadeiras e se divertir. Sentiu como se aquelas pessoas o tivessem conhecido melhor naquela noite, um lado seu mais extrovertido, mais... relaxado. Savannah tinha esse brilho no olhar, admirada com os momentos de felicidade pura das comemorações dos pontos do 19-years-old-boy. Lembrava-se de ver Kookie tão quebrado no final da festa da semana passada... ter o sul coreano sorrindo aquecia seu coração um pouco.

Após encherem a cara de batata frita e refrigerante, foram até a calçada para conversarem um pouco antes de se despedirem. A brisa fria do outono soprava com mais calma naquela noite.

Era engraçado de ver como Savannah e Jeon se davam tão bem em não muito tempo de convivência. Ela o lembrou de sua dança, elogiando-o:

— Foi incrível! Nunca vi ninguém dançar como você, Kookie.

Ele sorriu, o ego um pouco inflado.

— Eu treino bastante – afirmou, mesmo que estivesse parado há duas semanas e pouco.

— Quero te apresentar à minha tia – ela sorriu, e então corou ao ver o desconforto súbito por parte do menino. – p-porque ela é professora de dança! Acho que cheguei a te contar lá na festa... eu acho... – semicerrou os olhou, confusa ao pensar. Havia bebido um pouco naquele dia e algumas lembranças pareciam nubladas.

Jungkook pareceu um pouco tímido de repente, lembrando dos lábios mornos de Savannah encostando nos seus. Precisava se esquecer disso. Ela nem se lembrava.

A morena entortou a cabeça, observando o asiático:

— Aconteceu alguma coisa na festa?

Os olhos puxados do mais novo se arregalaram.

— Não! Não, não... aconteceu... nada.

— Savannah! – Katie a chamou. Os outros estavam alguns passos mais afastados. – Vai querer carona?

— Ah – ela piscou, ainda distraída pela reação de Jungkook. – Obrigada, Kay. Vou pegar o ônibus mesmo, não desvia tanto o seu caminho.

Theo lançou um olhar significativo para o mais novo, envolvendo Mariah em um de seus braços, incentivando-o disfarçadamente a seguir com ela.

— Hm, acho que vou com você – Kookie olhou para Savannah. – eu desço dois pontos depois, certo?

— Um – ela corrigiu sorrindo. Estava feliz por ter companhia de volta para casa.

///

Esperaram por nove minutos até a chegada do transporte. Falavam algumas besteiras e descobriam coisas novas de cada um (Savannah: filha única, alérgica à lactose, possuidora de um gato de estimação). Sentaram-se na penúltima fileira de dois bancos, afastados da pouca quantidade de pessoas que estavam ali.

Savannah encostou a cabeça no acolchoado, observando atentamente enquanto Jungkook falava sobre seu pai tê-lo ensinado boliche algum tempo atrás. Ele contava com tanta paixão que era impossível não se contagiar com o sentimento.

— Você sente falta dele? – ela sussurrou. Jungkook suspirou, se remexendo no banco.

— Sim, mas eu não o via com tanta frequência nem em Seoul, então... Não é como se eu não tivesse me acostumado.

— Ah... – Savannah disse, baixinho. Percebeu que não conhecia muito sobre a família do seu amigo. – Eu espero que você possa passar mais tempo com ele quando voltar.

Jungkook virou seu rosto para ela, um tanto tocado, mostrando o sorriso mais sincero que poderia dar. A morena sorriu também ao ver o efeito que causou nele.

— Kookie... – ela começou, um pouco apreensiva. – Não aconteceu nada na festa, mesmo? Fiquei preocupada...

— U-uh... – gaguejou, corando. Sentiu-se quente. – É que a gente... você... você quase, quero dizer, nós... eu...

Jungkook respirou, envergonhado. Isso tudo era tão ridículo, mal conseguia falar direito.

Mas Savannah já havia entendido e, apesar de rir baixinho pela enrolação do mais novo, corou ao pensar que o sul-coreano devia achá-la atirada ou fácil.

— Ai, Kookie, me perdoa... – ela riu, escondendo parcialmente o rosto no banco. – prometo que não viu beber mais. Nem te oferecer bebida!

— Não, não, tudo bem! – tentou consolá-la, abanando as mãos. – É só que, uh... – soltou uma risada entre dentes, nervoso.

Savannah se ergueu, olhando diretamente nos olhos castanhos do menino.

— Você nunca beijou, Kookie?

Pego desprevenido, torceu os dedos das mãos sobre o colo. Não queria respondê-la exatamente. Era tão óbvio que não.

— Eu fui seu primeiro beijo? – tentou novamente, sentindo-se culpada por não se lembrar do momento.

— Uh, não... uh... nós não chegamos a... uh. – Jungkook a olhou, um tanto perdido e envergonhado, sorrindo sem graça. Céus, ele era o vocalista principal de uma boygroup famosa internacionalmente, cantando na frente de milhares de pessoas, como poderia ficar tão sem palavras perto de uma garota?

— Você... – Savannah disse, curiosa, ponderando suas palavras. – gostaria que eu tivesse sido?

Jungkook podia sentir seu rosto queimando.

— N-não com você bêbada – ele admitiu, rindo constrangido.

A morena piscou com a informação, um tanto sentimental. Era adorável o modo como ele estava nervoso em falar sobre o assunto para ela – que sempre esteve acostumada com homens tão rudes e durões.

Savannah olhou para a boca avermelhada de Jeon Jungkook e se aproximou. Ambos os corações batiam acelerados no peito com a expectativa e a morena se sentiu extremamente especial por ter a oportunidade de conhecê-lo desse jeito, tão... íntimo.

O suave balanço do ônibus impulsionou os lábios mornos da garota contra os dele, que por um segundo arregalou os olhos com o choque. Ela os pressionou, tentando manter o toque leve para não assustá-lo com o momento. Jungkook tinha a boca macia e Savannah possuia o rosto inteiro formigando. O mais novo sentiu como se tivesse os lábios sendo massageados e não imaginava que aquilo poderia ser tão bom.

Quando ela se afastou, o rosto de ambos estavam corados e as bocas partidas. Kook parecia sem reação, mas estava tão, tão feliz por ter finalmente...

Ela riu sôfrega, os olhos verdes arredondados se tornando pequenos, o nariz esbarrando no dele com o balanço do ônibus. Jungkook espelhou o ato, um pouco envergonhado, mas sem medo. Não tinha mais porque ter.

— Será que... – Savannah murmurou, e Jungkook não esperou ela terminar antes de beijá-la novamente. Seus lábios tremiam um pouco por sua atitude, mas a morena segurou suavemente um lado de seu rosto para mantê-lo firme, a mão em contato com o maxilar macio de Jeon. Havia percebido só naquele momento que o mais novo não tinha quase nenhum pelo facial.

Involuntariamente, Jungkook entreabriu um pouco os lábios, sentindo um corpo estranho deslizando por sua boca, tocando sua língua. Era engraçado como já havia ouvido falar de tudo isso de seus hyungs, mas como era totalmente diferente realmente fazê-lo. Sentir.

Seus dentes rasparam um pouco em uma curva e Savannah sorriu contra os lábios de Jungkook, causando-o cócegas.

— Sa... – murmurou e ambos se afastaram. Jungkook tinha esse sorriso doce, os olhos pesados e o rosto quente. Savannah esfregou delicadamente a bochecha do menino, fazendo carinho em sua pele corada. – Hm... – murmurou novamente, rindo um pouco envergonhado. Ainda tinham os rostos muito próximos, a respiração da morena soprando contra ele. Ela riu também, feliz. Não acreditava no que havia acabado de fazer, mas nem em mil anos estaria arrependida. Jungkook era de longe um dos meninos mais doces e atenciosos que havia conhecido e, compartilhar com ele esse momento, a havia deixado completamente... balançada.

— Eu gosto de você – a morena sussurrou, observando os traços do rosto do sul-coreano. Sabia que era cedo para revelações, mas era a mais pura verdade. Savannah sempre havia sido sincera, tanto com ela quanto os outros ao seu redor. Ainda mais sabendo que Jungkook era um estudante de intercâmbio e poderia não demorar tanto tempo para voltar ao seu país, queria aproveitar o momento.

Nunca havia se apaixonado tão rápido, nem mesmo por seu ex namorado, alguns meses atrás. Já Jungkook, bem... ele não era o tipo de pessoa que se permitia.

Mas talvez pudesse ser inconsequente mais uma vez.

— E-eu... eu também gosto de você.

Savannah sorriu abertamente. Tudo bem se as coisas fluíssem rapidamente, pensou. Kook gosta de mim também.

Através da janela, a mais baixa pôde reconhecer sua parada. Não morava mais que duas ruas para baixo da que estavam. Surpreendendo Jungkook, beijou rapidamente os lábios inchadinhos dele, pegando sua bolsa e enganchando-a no ombro.

— Preciso ir agora – ela avisou, se erguendo do banco. Não conseguia conter seu sorriso.

— Ah, ok... – disse, um pouco avoado. – hm, a gente se fala...

— Me avisa quando chegar – Savannah pediu, indo embora. Jungkook se sentiu patético ao ter desejado que ela tivesse lhe dado outro selinho.

Ele a acompanhou na escuridão da noite, observando-a andando na calçada, se afastando aos poucos. Os olhos de Savannah se encontraram com os dele por um segundo antes do ônibus partir novamente.

— Ahh... – suspirou, derretendo-se contra o estofado do banco, o coração ainda martelando rápido no peito.

Conseguia ouvir os assovios que provavelmente teria recebido dos meninos se eles soubessem; os tapas fortes nas costas, as brincadeiras... Jungkook escondeu o rosto vermelho nas coxas, envergonhado, mas rindo baixinho. Seria tão bom tê-los naquele momento – eles, que sempre o importunavam por ser o mais novo e, consequentemente, o mais inocente e inexperiente. Ficariam animados com o acontecimento, principalmente por ter sido com uma garota tão boa e bonita como Savannah.

Queria tanto contar para eles que doía – e esse pensamento fez seus olhos marejarem com força. Merda. Será que os garotos o perdoariam por estar escondendo tanta coisa?

Então Jungkook se deu conta do que estava fazendo. E o quão fodidamente errado aquilo era.

Céus, o que ele tinha na cabeça? Savannah não merecia isso. Definitivamente não merecia. E ele também! Não havia fugido covardemente de Seoul para tentar aplacar seu sofrimento? Então por que estava apenas tomando iniciativas que o causariam mais?

Queria tanto ter alguém e, agora que tinha, como deixaria essa pessoa ir embora? Como ele conseguiria ir embora?

A mudança de sentimentos de Jeon fora tão brusca que seu corpo inteiro tremia enquanto ele chorava abafado, totalmente inclinado para frente no assento, o rosto ainda enterrado em suas coxas. Chorava porque sempre havia sonhado em encontrar uma garota que fizesse seu coração derreter, assim como Savannah fazia, e em não poder ficar com ela. Por estar enganando-a. Por estar tão insatisfeito com sua empresa. Por ter sido inúmeras vezes grosseiro com os menagers e os diretores, que apenas estavam exigindo-o seu melhor, mesmo que isso pudesse torná-lo... doente.

E os meninos? Céus, Jungkook devia tudo a eles. Estavam sempre ali para ajudá-lo, e mesmo agora, oceanos de distância, ainda se preocupavam e cuidavam dele. Não importava por quanta merda estava passando, deveria ter suportado mais.

Respirou fundo, tentando se controlar. Agora não adiantava mais. Nunca poderia voltar atrás. Havia saído de Seoul para se afastar dos problemas e pensamentos depressivos – então precisava buscar por ao menos um pouco de felicidade para tudo ter valido a pena.

Talvez fosse isso que ele precisasse: pensar mais em si mesmo, pelo menos por um tempo. Se permitir. Se voltasse para Seoul agora... teria deixado ir a sua maior oportunidade. Ninguém precisava ficar sabendo por enquanto - era apenas isso, um instante. Ele só precisava de um instante.

Esfregou os olhos, limpando o rosto molhado, e se sentou direito no banco, observando a paisagem da noite através da janela. Seu coração doía, mas ainda conseguia sentir o gosto dos lábios de Savannah em sua boca. Iria fazer aquilo durar o máximo que poderia.


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Notas finais do capítulo

a propósito, vcs sabiam que meu utt supremo é o taehyung, e não o jungkook?
beijooos



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