Castelo de Cartas escrita por Clove Flor


Capítulo 3
Capítulo 3 - how to let go


Notas iniciais do capítulo

GENTE EU ME EMPOLGUEI DESSA VEZ! UAHSUSAHSAU ficou grande :O
esse capítulo dedico em especial para Jubatibalote, que deixou um comentário super super maravilhoso no último cap~~
beijao



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You don't know how to let go
Who said this must be all or nothing
But I'm still caught below
And I'll never let you know
No, I can't tell you nothing

'cause I'm a fucking mess sometimes
But still I could always be
Whatever you wanted
But not what you needed

                      A verdade era que Jeon Jungkook sempre fora apaixonado por quatro coisas: música, desenhos, fotos e ramen. Manter-se afastado disso tudo por oito dias estava-o fazendo tão mal quanto pensara que o faria. As fotografias continuavam com certa frequência – sua câmera estava lotada com os cliques que tirava dos Estados Unidos –, mas havia encontrado um boliche muito bom perto do seu apartamento e um curso de artes – mais focado em pinturas em quadros – que se matriculou nas últimas duas horas. Estava animado em poder aperfeiçoar seus traços e ter mais alguma coisa para ocupar seu tempo.

Sentia seu coração balançado por arquitetura. Sempre prestou atenção nas estruturas dos prédios e monumentos dos países que visitava, mas agora, quando caminhava pela cidade, seus olhos sempre eram atraídos para o ângulo que os arcos nos prédios formavam, os detalhes entalhados, o formato das casas... Talvez pudesse conversar com as amigas de Savannah depois sobre isso. Seria errado falar sobre faculdade em uma festa? Merda, não sabia. Queria muito ligar para seus hyungs pedindo conselhos. As festas em que iam ou eram apenas com o grupo, ou Jungkook precisava usar black tie. Há quantos anos não saia para se divertir sem depender dos meninos? A fama, a carreira, o privava ou abria caminhos?

Não pense nisso.

Ele abriu seu guarda roupa. Havia trazido apenas uma mala, então não podia esperar ter muitas opções. Olhou o clima pelo aplicativo no celular. As noites outonais ali em Columbia eram bem frias, então vestiu um moletom cinza e jeans. Calçou seus coturnos mostarda e respirou fundo, passando a mão no cabelo molhado pós-banho. Borrifou um perfume que uma fã  o havia dado no pescoço, o cheiro suave impregnando seu nariz. Savannah tinha enviado o endereço no começo da manhã e a casa era cerca de 10 minutos do apartamento. Chamou um taxi, o coração batendo forte. Tudo daria certo e ele ficaria bem. Tudo vai ficar bem.

Jungkook acordou assustado com o barulho de uma porta rangendo e alguns passos. Estavam em Tokyo havia dois dias para algumas promoções e fan meetings e o mais novo se perguntou quem estaria acordado a aquela hora. Semicerrou seus olhos, olhando para a tela bloqueada do celular. Uma e meia da manhã. Todos acordariam às 7 para se prepararem para os eventos. Seus hyungs estariam com problemas de sono?

Jungkook se levantou, afim de checar. Talvez ele pudesse emprestar para a 95 line (com quem dividia o quarto de hotel) seus comprimidos para dormir.

Ao abrir uma fresta da porta, viu Jimin e Taehyung vestindo roupas comuns ao invés dos pijamas de algumas horas atrás. Havia um abajur acesso na sala que estava entre os dois quartos, iluminando os meninos sussurrando e rindo baixinho. V estava com o passe do hotel da mão. Pareciam estar de saída.

— Hyungs? – Jungkook chamou, coçando o olho para desembaçar a vista. – Para onde estão indo?

V e Jimin congelaram no lugar, assustados por terem sido flagrados.

— Hmm... – o mais velho murmurou, passando as mãos pelos cabelos loiros, tentando encontrar argumentos. Não esperava que o maknae acordasse.

— Estamos indo numa boate aqui perto – Taehyung respondeu. – Menores não podem entrar, Jungkookie. Álcool e tudo o mais.

— Não vamos demorar! – assegurou Jimin, sentindo-se culpado por não poder levar o amigo.

— Agora temos que ir. Não conte aos mais velhos! – V alertou, se aproximando do sonolento Jungkook e fazendo carinho em seu cabelo já desgrenhado. – Volte a dormir, Kookie.

Mas Jungkook não voltou. Deitado em sua cama, apenas conseguia pensar no que seus hyungs estariam fazendo. Alguns fãs os teriam reconhecidos? Estariam dançando, bebendo... beijando garotas?

Sentiu raiva. Estava tão preocupado com os dois, se chegariam seguros, a salvos... e provavelmente estavam fazendo a maior loucura de suas vidas, se divertindo como nunca.

Ouviu a porta se abrindo às quatro da manhã, o som da voz de V ecoando arrastada. Idiota. Estava bêbado enquanto o mais novo não pregava o olho. Claro. Como poderia esperar menos? O conhecia bem. Taehyung era a melhor pessoa do mundo, mas não sabia ter limites e sempre acabava sendo inconsequente. Jungkook fechou os olhos com força, tentando esquecer da madrugada e querendo dormir. Agradeceu mentalmente pelos meninos estarem no hotel, mas preferia que nunca o tivessem deixado sozinho.

Eles teriam o fan meeting mais improdutivo do ano.

Jungkook sentiu-se perdido ao descer do taxi. A casa não era pequena, mas parecia estar mais que lotada. Haviam pessoas no jardim, copos de plásticos jogados na grama, e Gook precisou se conter para não recolhê-los. Na porta tinha um garoto um pouco mais velho recolhendo o dinheiro para a contribuição.

A música eletrônica tocava alta, fazendo as paredes vibrarem – era algum tipo de eletrônica que não parecia ser de todo ruim. As pessoas dançavam em uma pista improvisada no meio da grande sala, que estava equipada com algumas luzes coloridas, enquanto ao redor todos bebiam algo e conversavam.

Encontrou Maya e Savannah em um canto da sala de estar abarrotada de gente, com mais algumas pessoas. As duas gargalhavam e mexiam seus corpos conforme as batidas da música e Jungkook se viu hipnotizado por um segundo. Estava nervoso. Talvez fosse melhor ir embora e fingir que nunca tivesse vindo.  Ela usava um vestido azul escuro de mangas compridas e um pouco mais curto do que as meninas da Coréia usariam em uma festa.

— Kook! – Maya gritou ao vê-lo se aproximar. A blusa branca de crochê valorizava os cabelos loiros da mais alta. Ela jogou seus braços ao redor do pescoço dele, o álcool em seu copo quase derramando nas costas do maknae.

Jungkook arregalou os olhos ao receber o abraço, sorrindo desajeitado para Savannah. Ela também riu e o abraçou forte, o corpo balançando. Sav estava levemente alterada, mas ainda parecia bem consciente.

— Essas são a Rosalie, Mariah e Theo. – a morena apontou para os amigos que as acompanhavam. Um pouco acatado, Jungkook inclinou o corpo para frente em cumprimento, se esquecendo por um momento que não estava no oriente.

— Ah! – soltou, percebendo seu erro e se endireitando, notando alguns sorrisos curiosos em sua direção. Sentiu as bochechas corarem quando apenas sorriu e apertou as mãos deles, que estenderam amigavelmente.

— Você deve ser Kook, o estrangeiro. – a menina chamada Rosalie piscou. – Savannah andou falando bastante de você.

— Não andei, não! – ela reclamou, rindo enquanto dava um tapa no ombro da amiga. – Ignora ela, Kookie. Ninguém aqui bate realmente bem.

Ele riu também, envergonhado. Queria ter alguém para falar sobre Savannah.

— Aliás, me conta do boliche que você encontrou!  - ela pediu,  os olhos verdes brilhando. Jungkook andava trocando várias mensagens com a morena desde o almoço naquele dia, o que a tornava um tanto atualizada das aventuranças do mais novo pela cidade.

— Uuh, você joga? – Maya assoviou, cutucando-o na costela. Ele tentou relaxar.

— É, eu tento.  – riu. – Deveriam ir comigo um dia desses. É realmente divertido.

— Sim! Nós vamooos! – Mariah se empolgou. Era o quinto copo dela.

— Na Coréia vocês também têm festas assim? – Theo perguntou. – Ou times de esportes nas faculdades? Eu jogo basquete aqui; foi como ganhei a bolsa de estudos.

Jungkook demorou alguns segundos para conseguir identificar as palavras “bolsa de estudos”, já que era a primeira vez que as ouvia. Seus olhos se abriram em reconhecimento ao entender:

— Aah, não, nós normalmente não fazemos esse tipo de festa. E quando tem, é um pouco mais restrito. – ele sorriu amigável, gostando de interagir e contar um pouco sobre seu país, ainda desconhecido por aquelas pessoas. – E o esporte lá é muito valorizado! Temos competições quase todas as semanas nos centros de treino. Você iria gostar – disse, e então acrescentou, lembrando-se muito de quando Yoongi contava para ele sobre sua atividade favorita: – nossa equipe de basquete universitária é muito boa, aliás!

— Wow, isso parece ser muito legal. – Theo comentou, erguendo as sobrancelhas. Parecia impressionado. – Acompanho o time de Seoul nos jogos. Eles realmente são bons. Você está me fazendo querer ir pra lá, moleque – ele sorriu.

— Oi Kook! – Jungkook se virou ao ser chamado. Katie sorria, os lábios meio inchados. Atrás de si havia um cara o dobro do seu tamanho, segurando sua mão. Ele a cumprimentou. – Meninas, eu tô indo embora mais cedo com o Dean. Ligo depois! – piscou.

O maknae observou a menina de cabelos coloridos sair da casa com o tal Dean. Céus, ela não é muito nova para...?, Jungkook se indagou, um pouco surpreso. Onde morava, sexo era normal apenas após os vinte-três-poucos-anos... Não que ele fosse se intrometer, claro. Katie não devia estar muito abaixo disso – mas saber o que provavelmente aconteceria entre os dois deixava o menino desconfortável.

— Ai, tinha que ser com o Dean? – Savannah reclamou, para ninguém em particular. – Ele me irrita tanto nas aulas...

— Pelo menos ele é gato – Maya deu de ombros. – E eeeu vou pegar mais uma bebida. Já volto.

— Traz um copo pra mim! – Savannah pediu, e então seus olhos pousaram nas mãos vazias de Jungkook. – E para o Kook também!

A loira desapareceu entre as pessoas da sala, indo até a cozinha. Era um pouco estranho para o mais alto estar em um lugar com tanta gente, mas sem nenhum integrante do grupo. Parecia errado.

Não tem problema em ser independente.

Savannah começou a contar uma história sobre a vez em que fora obrigada a ir ao cinema com Katie e Dean, apenas para depois fingir passar mal e ir embora mais cedo. Jungkook conseguiu conversar um pouco mais com Theo, que se mostrou ser um cara bem engraçado e divertido. Maya apareceu equilibrando os dois copos que haviam pedido e voltou a sumir após entregá-los. Jungkook encarou o líquido amarelado, se perguntando se deveria mesmo tomar um gole.

Já tinha 20 na Coréia, mesmo.

A bebida desceu queimando sua garganta, o fazendo tossir, engasgado. Credo, pensou. Que coisa forte.

— Você tá bem? – Savannah riu, colocando a mão no ombro do mais alto, apoiando o corpo inclinado nele. – Você não tá acostumado a beber, né?

— Só cerveja – respondeu, seus olhos aguados. Devia sair com seus hyungs apenas umas duas vezes por mês para beberem algo, mas nunca o deixaram passar disso. – Mas vou ficar bem.

— Vem, – Savannah tirou o copo da mão dele e passou para Rosalie, que bebeu um gole de imediato, não tendo nem indícios da reação do garoto. – Vamos dançar!

Ele travou.

— O quê? – a morena perguntou. – Você não dança? Eu faço aula com a minha tia. Lembra, de quando nos conhecemos? Eu estava com ela. Por favooor— implorou, tagarelando. Seus lábios se partiram em um sorriso largo e bonito, que faziam duas covinhas surgirem no queixo. – vamos dançar, Kookie!

Jungkook obviamente sabia dançar. Muito. Mas...

— Ok – ele respirou, o coração acelerado no peito. Então Savannah dançava. Deus, se Jungkook se apaixonasse realmente por ela, iria sofrer pelo resto da vida. Sabia disso. Tudo estava sendo uma experiência tão nova, e ele não queria parar. Não queria se impedir.

As luzes coloridas que iluminavam o centro da sala davam um aspecto legal para a pista improvisada. Estava um pouco escuro, mas ainda sim conseguia enxergar perfeitamente.  Savannah ria enquanto balançava o corpo, seguindo o ritmo da música eletrônica, as mãos no alto. Ela realmente tinha movimentos muito legais. É isso, Jungkook pensou, enquanto se deixava sorrir minimamente para a morena. Eu estou vivendo esse momento.

Timidamente, começou a mover seus pés, logo sentindo a vibração e a empolgação das batidas do som correndo por suas veias. Mal havia percebido o quanto sentia falta desse sentimento, de deixar a música o comandar, tomando conta de seu corpo.

— Ei, você dança bem! – Savannah gritou para que o estrangeiro pudesse ouvi-la, muito impressionada com os passos dele. Sua cabeça estava um pouco inquieta e a menina se sentia extremamente feliz por estar com Kook. Ela queria tanto apresentar para ele novas coisas, novas experiências americanas, lugares, e ter um retorno, uma vontade de conhecer tão positiva por parte do mais novo, a fazia se sentir importante. E, após seu último término e coração partido, acreditava que não era mais.

Savannah sempre gostava das festas que os estudantes da faculdade faziam. Ela dançava, bebia um pouco, conhecia melhor seus colegas e conversava durante horas. E tudo ia como o esperado. Ou achava que ia.

Jungkook ria enquanto dançava, feliz por estar se divertindo. Na sua cabeça, só havia música, dança e Savannah.

Ela lançou os braços ao redor do pescoço de Jungkook, mexendo os quadris e sorrindo. Era normal para ela – e a maioria da população do país – ter contato físico com seus amigos, mas o mais alto não estava tão acostumado.  O ato o fez retesar um pouco, mas tentou relaxar, sentindo o peso dos braços contra seus ombros.

Savannah ria e comentava sobre a música ou as pessoas ao seu redor que também dançavam. Jungkook, sentindo o rosto esquentar, colocou uma de suas mãos na cintura da menina, acompanhando seus movimentos. Seus dedos tremiam, mas ele sorriu. A companhia dela o trazia um pouco de curiosidade e alegria.

Jungkook prestava atenção em cada centímetro do rosto da mais baixa, assim como fez no ônibus pela primeira vez. Nem tentava disfarçar – Savannah não estava mais totalmente consciente, mesmo –. Os olhos verdes dela estavam bem abertos, observando tudo o que acontecia ao seu redor enquanto dançava. Havia maquiagem em sua pálpebra, mas notou que ela não tinha tentado cobrir as sardas clarinhas em seu nariz. Não devia mesmo. Eram adoráveis.

Relutantemente, desceu o olhar para os lábios pintados de vermelho dela. Estavam se movimentando minimamente, cantarolando o refrão enjoativo da música eletrônica. Ele se sentiu atraído. Muito. Tinha vontade de...

Savannah o encarou, notando que Jungkook não estava a olhando de um modo normal. Tentando focar em seu rosto, percebera que ele... observava sua boca. A morena sentiu o rosto esquentar quando olhou a dele também. Seu lábio superior era mais fino que o debaixo e estavam afastados, a respiração saindo entrecortada. Jungkook os umidificou, nervoso. Sentia como se estivesse com febre.

Savannah se ergueu nas pontas dos saltos baixinhos que usava, aproximando seus rostos. Jungkook parecia tanto assustado quanto hipnotizado: o coração batia forte, dolorido, e teve medo de que ela pudesse ouvir. Já haviam parado de dançar.

— Sa... – ele tentou chamar, mas sua voz não passou de um sussurro contra a pele da morena. Ela estava com a mente um pouco nublada devido ao álcool, mas não estava fazendo nada de que não queria.

Seus lábios relaram levemente nos do sul-coreano, fazendo cócegas, e notou que os dele tremiam um pouco ao sentir os dela.

Savannah, ainda mergulhada em seu torpor, reconheceu as batidas novas na caixa de som. Ela se afastou, os olhos verdes arregalados e um sorriso enorme no rosto.

— Ai meu Deus, eu amo essa música!

Jungkook estava imóvel. Seus olhos estavam parcialmente fechados e a boca ainda formigava com a breve sensação do toque de Savannah. Eles não tinham se beijado, mas havia chegado perto – tão perto— que quase podia imaginar como teria sido.

— Você conhece essa, Kook? – Ela perguntou, balançando o cabelo para os lados, feliz.

Ele mal conseguia falar.

— E-eu, hm, n-não. – disse, baixo. Então, limpou a garganta e soltou a mão da cintura dela. – Acho que preciso de ar.

Savannah o olhou, virando a cabeça. O menino parecia um tanto perturbado, mas não conseguia se lembrar de algo de errado que tivera feito para deixá-lo naquele estado.

— Ei... Tá tudo bem, Kookie?  - ela estendeu a mão, tocando de leve no braço dele.

Jungkook a encarou, o olhar partido. Ele queria que estivesse. Ele queria muito que estivesse tudo bem. Mas ali, agora, seu maior problema não estava exatamente na Coréia. Estava em sua frente. Jungkook era inteligente e correto, mas também era sensível e carente. Queria conhecer o amor – aquele em que não sabia ao certo se existia –, mas achava que nunca poderia tê-lo. Não de verdade, não pelo resto da vida: seu nome já corria as mídias havia anos; nunca iria escapar disso. Então deveria fazer o quê: se permitir viver pelo máximo de tempo que o restava, ou nunca saber...  nunca saber como é?

Estava mentindo tão feio para a menina que parecia sincera e verdadeira desde o início. Não queria magoá-la, e, o mais importante, não queria sair machucado: sabia que uma hora ou outra estaria em um avião, de volta para a Coréia do Sul. Cantando ou em uma faculdade, já não tinha mais como prever.

Fala sério, o que Jungkook estava fazendo? A conhecia apenas há uma semana e poucos dias. Quanto tempo levava para se apaixonar? Havia um mínimo? Ele deveria seguir um cronograma? Como as coisas funcionavam?

— Kook? – a morena chamou novamente, dessa vez um pouco preocupada. – Vamos lá fora, não tem problema.

Savannah puxou a mão do mais alto até conseguirem passar pela porta, o ar frio da madrugada outonal fazendo com que a menina se arrepiasse. Haviam várias pessoas no quintal, a música ainda podendo ser ouvida. Ela o levou até a lateral da casa, onde tentava barrar o vento com a parede, mas não conseguia se esquentar. Porque escolhi um vestido curto, apesar das mangas compridas?,  ela se perguntou, brava consigo mesma. Ah é, pretendia ficar no aquecedor da casa.

Jungkook, observando a menina tremendo enquanto tentava se aquecer com as próprias mãos, puxou-a para mais perto, envolvendo seus braços cobertos pelo moletom ao redor das costas dela. Savannah se encolheu entre o torso do garoto, sentindo seu corpo vibrar pela transmissão de calor – e seu coração derreter pelo ato.

— T-tem certeza que quer ficar aqui fora? Não- - não me importo em ficar sozinho. – perguntou baixinho, agradecido por ela não poder encontrar suas bochechas queimando. Não sabia de onde isso havia vindo (talvez tivesse assistido muitos doramas?), mas não queria soltá-la. Ter alguém em seus braços era... diferente.

— Não... – ela sussurrou abafado contra o tecido da blusa dele, escondendo seu rosto na direção da clavícula de Jungkook. Conseguia ouvir o coração dele batendo rápido. – assim está bom. Você pode ficar bem agora.

Você pode ficar bem agora.

///

Quando chegou em seu apartamento, cerca de uma hora depois, sua cabeça doía e seu coração ainda mais. Queria mais que tudo ligar para seus hyungs e contar sobre Savannah – a menina engraçada, bonita e gentil com quem estava conversando. Queria contar que quase a havia beijado. Queria, mais que tudo, não ter o que contar. Não ter alguém em sua vida. Seria muito mais fácil.

Contentou-se em olhar novamente a foto que havia tirado com ela antes de ir embora. Savannah insistiu que Jungkook deveria ter várias fotos para guardar de lembrança dos momentos em que vivia em seu intercâmbio, fazendo assim com que houvesse outras com Theo, Maya, Rosalie e Mariah.

Ah, se essas fotos vazassem, pensou. Todas estavam apenas em seu celular, o que impedia a postagem delas.

Ele tinha planos. Queria agora, conhecer a praia em que os amigos de Savannah tanto falavam – a tal Chesapeake Beach, que iam sempre nos feriados. Queria começar suas aulas de pintura e ir ao boliche. Queria conhecer lugares novos, sensações novas e pessoas novas. Queria se conhecer.

E tudo isso em, no máximo, um mês e meio.


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Notas finais do capítulo

o que acharam? ♥



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