Castelo de Cartas escrita por Clove Flor


Capítulo 12
Capítulo 12 - dig 'til my shovel tells a secret


Notas iniciais do capítulo

Eu não sei se as pessoas ainda acompanham essa história???
Não existem desculpas o suficiente para amenizar o tempo que levei para postar. MAS eu tenho algumas:
— Durante o intercâmbio, eu queria me focar integralmente ao inglês e aos momentos em que eu estava vivendo, então não escrevi nada em português. NO ENTANTO eu comecei uma fic taekook em inglês!!! Logo postarei no archive of our own!!!
— Quando cheguei do intercambio, no final de junho, eu mudei de cidade e de escola (estou no terceiro ano do EM). Tive um mês de férias, que usei para ver meus amigos e estudar.
— AÍ quando começaram as aulas, comecei a me ferrar bonito nas matérias e eu ainda queria passar no vestibular esse ano, então fiquei estudando todos os dias depois das aulas. E isso me exaustou muito e eu tô meio emocionalmente abalada por várias coisas, mas!!!! passei no mackenzie!!! direito!!! vou terminar os outros vestibulares e ver se passo em mais algum!
— Enfim gente. ME PERDOEM MESMO pela demora, isso não se faz. Agora eu tô mais livre e vou tentar postar com mais frequência. Essa fic tem no máximo dois capítulos, então vamos curtir ela enquanto podemos!!!!

UM SUPER BEIJO!!!!!
música do cap: Sleeping at Last - Earth



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Fault lines tremble underneath my glass house
But I put it out of my mind
Long enough to call it courage
To live without a lifeline
I bend the definition
Of faith to exonerate my blind eye
“’Til the sirens sound, I’m safe”

 

 

Jungkook ouvia o coração batendo no peito, forte e dolorido, enviando vibrações por todo corpo. Suas mãos, suadas e trêmulas, seguravam a haste da mala e uma das alças da mochila que carregava nas costas, tentando mantê-las ocupadas. Um segurança da área de bagagens, avistando o artista, direcionou-o a uma saída reservada e longe do público regular ─ mesmo não sendo previsto a chegada de fãs ao local, a segurança do cantor e dos demais integrantes eram prioridade.

Sua boca estava seca, não importasse quantos goles de água tomasse. Sentia-se doente, prestes a vomitar a comida que havia ingerido poucas horas atrás, dentro do avião. Jungkook estava de volta na Coréia – e percebeu, tarde demais, que talvez tivesse sido melhor nunca ter saído.

Ele tentou encher os pulmões com ar, inalando fundo e expirando em um esforço vão de se acalmar; mas no momento em que as portas da saída privada se abriram e seus olhos encontraram mais de seis pares o encarando, Jungkook não conseguiu pensar em mais nada: em um segundo ele estava congelado, pés presos no chão e a ponta dos dedos tremendo; no outro, Jungkook está com o rosto enterrado no peito de Namjoon, soluçando e desmoronando, desmoronando enquanto mais braços o cercam, lágrimas molhando seu moletom, “bem vindo de volta’s” e “senti sua falta’s”.

Ele não sabia o que estava acontecendo consigo – o corpo inteiro vibrando, seus sentimentos reprimidos transbordando por meio de lágrimas, o calor em suas bochechas. Todos eles estavam ali, todos o amam, o queriam de volta, corpos quentes e reais o tocando.

Com o coração frenético no peito, sufocando-se entre a família que escolheu e nunca deixou de fazer parte, Jungkook rezou para se sentir em casa novamente.

Faz três dias que Jungkook não deixa seu quarto.

Estava abafado e escuro, muito escuro o tempo todo: janelas e cortinas fechadas, tristeza e arrependimentos carregados em uma névoa densa que cobria o ambiente inteiro, pequenas lamurias sob o cobertor.

Quando batem baixinho na porta, pedindo por entrada, ele finge que está dormindo e esconde as lágrimas escorrendo sob seus olhos, fechando-os com força.

Jet lag, dizem. Ele precisa de um tempo.

É no quarto dia, quando Seokjin senta na beirada da sua cama, que Jungkook tem que encarar a realidade.

─ Hey. ─ o mais velho sussurra, acariciando o couro cabeludo de moreno. Ele permanece quieto, olhos fechados e fingindo uma respiração regular. ─ Quando foi a última vez que você comeu, uhm?

Ele não responde, sentindo como se houvesse areia entalando sua garganta, pedaços de vidro no lugar de cordas vocais.

Jin suspira, cansado, e o coração do maknae se aperta.

─ Eu sei que você está acordado, Kookie.

O mais novo esfrega os olhos exaustos e vira-se sobre a cama, deitando com as costas contra o colchão, encarando o teto azul. Ele sente nada.

─ Vamos lá, Jungkook. Entra debaixo do chuveiro, pode ser? A gente vai pedir a sua comida favorita e depois, se quiser, todos nós podemos sentar e conversar.

Ele pisca algumas vezes, tentando assimilar as palavras ditas por Jin. Levantar-se parecia uma ação muito complicada no momento, com seus músculos rígidos e doloridos. Jungkook queria estar bem. Queria poder dizer que voltou como uma pessoa nova, mais sábia e calma, feliz, pronto para sua vida de idol... Mas ele não se sentia assim. Ter visto a vida que poderia tanto ter tido em uma realidade diferente o fez questionar o quanto estava perdendo ali, no quarto de um apartamento grande o suficiente para abrigar sete pessoas na península coreana.

E Jungkook sentia falta dela.

O quão infantil isso é? Se agarrar a qualquer tipo de demonstração afetiva, tentando segurar conforto e amor ao redor dos pulsos, do pescoço, até que se fundisse em sua pele? Jungkook nunca foi maduro para isso. Nunca foi ensinado a como agir quando alguém se mostra interessado em você, desculpas e recusas na ponta da língua, mãos protegendo seu espaço pessoal. Cantar e dançar sempre haviam sido seu sonho, e o tempo que passou afastado disso o fez tremer de ansiedade, mas. Mas. Ele também é humano. Jungkook às vezes não passa de um garoto normal, de vinte anos coreanos, que clama por toque. Por sentimentos que não seja a euforia de estar em um palco, do cansaço após horas de treinos sem fim, medo de ser reconhecido nas ruas e causar escândalos.

Ele sente falta de Savannah, e do que ela o fez sentir.

É isso, ele pensa, que deve ser a dor de um término.

Seokjin segura as mãos de Jungkook e o puxa delicadamente para cima, fazendo-o se erguer. Acariciando uma última vez os cabelos do mais novo, sussurrou que todos o esperariam na sala com samgyeopsal pronto em alguns minutos.

Jungkook entra embaixo da água quente e sente os nós em seus músculos relaxarem. Ele não sabe quanto tempo passa sob o chuveiro, imaginando todos os resquícios americanos de seu corpo descendo pelo ralo, mas é tempo suficiente para que as pontas de seus dedos fiquem enrugadas e as paredes de azulejo úmidas.

Quando ele adentra a sala, todos estão sentados no chão ao redor da mesa de centro, várias porções de legumes, molhos e barriga de porco dentro de caixas fumegantes espalhadas.

Jungkook não sabe se consegue olhar os membros nos olhos. Ele entendia que esta era só uma preparação para o que estava por vir – a reunião com o diretor da companhia e managers programada para o fim daquela semana, que fazia seu estômago se revirar apenas com o pensamento.

Sentando-se sobre o tapete entre Hobi e Jimin, cruzando as pernas, encarou os chopsticks diante de si em silêncio, a língua pesada dentro da boca. Seria o primeiro a começar a falar? Tinha que ser. Era sua culpa que tudo aquilo tinha acontecido, precisava-

─ Jungk-

─ Me desculpe. ─ o maknae interrompeu a fala de Namjoon, finalmente erguendo seus olhos. Os seis homens o assistia com um pingo de tristeza, como se vissem seu irmão sofrendo. ─ Me desculpe. ─ repetiu, e rezou para que as lágrimas não caíssem naquele momento, a voz embargada.

─ ‘Tá tudo bem, Jungkookie. ─ Hoseok, ao seu lado, esfregou carinhosamente as costas do mais novo. ─ A gente só quer te entender, ok? E conversar.

─ Não podemos fugir dos nossos problemas debaixo desse teto, Jungkook. ─ o líder lembrou, mantendo contato visual com o moreno. ─ Isso o que aconteceu não afetou só você, colocou todos nós em risco, e somos uma equipe. Família.

Jungkook fungou, concordando e mordendo com força a boca para impedir o choro que tanto procurava escapar. Lágrimas passaram a escorrer pesadas sobre sua pele, contornando as maçãs do rosto.

─ E-eu... Eu não me sinto m-mais... Confortável, hyung. ─ admitiu, brincando com seus dedos sobre o colo. ─ Sei que errei, que briguei com todo mundo. Que g-gritei com diretores e professores... Ah, isso foi t-tão errado, me d-desculpe, por favor.

─ Shh... ─ Jimin sussurrou, tentando acalmar o mais novo. ─ A gente já te desculpou, Kookie.

Jungkook arrastou a costa da mão sobre os olhos, tentando falhamente secá-los. Jimin separou seu chopstick e pegou um pedaço de carne, colocando-o dentro da boca do maknae, que mastigou obedientemente. A comida estava deliciosa.

─ Os holofotes estão me cegando, hyungs. ─ continuou após engolir. ─ Eu me sinto engaiolado, ansioso. T-tenho ataques de pânico antes de shows, minhas mãos tremem. E às vezes eu só quero sair, encontrar a-alguém... ser u-uma pessoa normal...; Não sou ingrato! A-amo ser parte do Bangtan, mas... Mas huyngs, eu não tive infância. Não tive adolescência. E tudo o que eu perdi, tudo o que eu poderia ter feito, não me deixa d-dormir de noite.

Os membros o encararam, tristes; querendo ou não, eles tiveram mais tempo para amadurecer a ideia de se tornarem artistas, famosos. Tiveram mais anos com a família, na escola, amigos. Jungkook sempre fora muito novo, e ter sido criado dentro de uma companhia o fez perder momentos básicas da vida.

─ Tem alguma coisa de errado comigo, não tem? ─ ele fungou, recebendo mais alimento por parte de Jimin. ─ Por que eu me sinto assim? Eu não quero me sentir assim. Eu quero ser feliz, hyungs.

─ Não tem nada de errado com você, Kookie. ─ Taehyung avisou, sorriso trêmulo nos lábios. ─ Você só está crescendo.

─ Todo mundo passa por algum tipo de desentendimento consigo mesmo. ─ Namjoon clarificou. ─ Mas precisamos falar sobre isso e trabalhar em cima dos nossos sentimentos. Queremos que você se sinta bem, Jungkookie, e não vamos pôr fim nesse assunto aqui.

─ E terapia vai ser uma obrigação a partir de agora, Kookie ─ Seokjin afirma. ─ Vão saber melhor como lidar com o que você está sentindo e te ajudar a superar tudo isso. Vai dar tudo certo se a gente continuar juntos e se apoiando.

─ E eu queria pedir desculpas na frente de todos, Jungkook. ─ Yoongi disse, a voz baixa e tensa, ressoando dentro do maknae. ─ Não fui compreensível quando você mais precisava e te fiz passar por momentos duros. Não vai se repetir e eu me arrependo.

Jungkook arregalou os olhos, acenando com ambas as mãos.

─ Tá tudo bem, Yoongi-hyung! Não precisa se preocupar. Fui desrespeitoso também e sinto muito. Prometo ser mais fácil de lidar daqui pra frente.

O mais velho sorriu, um pouco aliviado e cansado.

─ Você não precisa tentar me fazer sentir melhor, sei que errei. Aprecio suas desculpas, no entanto.

Então, com as bochechas já secas, Jungkook passou a comer a refeição diante de si, chopsticks ainda trêmulos nos dedos. Estava em um dilema há muito tempo pensado: contaria? Contaria sobre Savannah, Theo e seus outros amigos? Ou guardaria esse segredo para si, algo que pudesse olhar para trás e ter o doce gosto de ser o único a saber? Ele não queria que os outros interferissem nas memórias a qual guardava.

Mas já havia escondido coisas demais para uma vida.

Ele respirou fundo, o coração batendo forte no peito.

─ Eu conheci alguém.

Seis pares de sobrancelhas se erguem, todos mudos e surpresos. Jungkook sente o sangue esquentar o rosto, os olhos se desviando para o prato.

─ Alguém...? – Taehyung pergunta, pedindo sutilmente por um esclarecimento.

─ Uma... Uma menina. ─ o mais novo aperta os lábios, por um momento tendo um sentimento fantasma de outros pressionados aos seus.

─ Aw, Jungkookie... ─ Jimin sussurra, a voz triste como se falasse com uma criança.

Um silêncio cobre o ar pesado sobre eles.

─ Eu sinto muito. ─ diz Namjoon. ─ Não sei o que te dizer além disso.

Jungkook maneou a cabeça, entendendo. O que ele diria? Não poderia o incentivar, isso é certo. Não com a vida as quais pertencem.

─ Qual o nome dela? ─ Hoseok perguntou, e em seguida, acrescentou: ─ Não vamos contar nada a ninguém, fica tranquilo.

─ Savannah... o nome dela é Savannah.

─ Você tomou cuidado, não é Kookie? ─ Jimin desespera-se por um momento, olhos arregalados. ─ A última coisa que precisa é um escândalo de namoro, pelo amor de Deus!

─ Não, não, ‘tá tudo certo. – o maknae afirma, sem mais fome. ─ Não se preocupem. Por favor, não se preocupem com isso. ─ ela não faria nada contra mim.

─ Ok... ─ Jimin concorda, ainda duvidoso. ─ Tudo bem Jungkook. As coisas vão melhorar agora, ok? Vamos superar isso juntos.

O mais novo maneou a cabeça novamente, concordando. Tudo ficaria bem, repetiu mentalmente. Ele superaria Savannah.

À noite, na escuridão de seu quarto, Jungkook não consegue dormir. Quando checa o relógio, os números indicando duas da madrugada ofuscam sua visão e ele se levanta, o corpo cansado. Pega seu travesseiro e caminha com passos leves até o quarto vizinho, abrindo a porta devagar.

─ Tae? Você está acordado? ─ sussurra para a cama ocupada.

O loiro se vira, piscando devagar para a figura parada sob sua batente. Abre um sorriso pequeno, dando espaço para que o mais novo pudesse deitar ao seu lado sobre o colchão macio.

Quando Jungkook está devidamente acomodado, Taehyung lança um braço sobre a cintura dele, aconchegando-se no corpo quente do menino. Após longos segundos de silêncio, a voz grossa do mais velho ressoa perto de seu ouvido:

─ Savannah, uh?

Jungkook não esperava por essa, o rosto esquentando perto do melhor amigo.

─ Ah, é...

─ Uhm... – Taehyung murmurou, e o mais novo podia senti-lo sorrindo. ─ Me fala sobre ela.

Ele suspirou, fechando os olhos. Também sorria.

─ Savannah... é ótima, hyung. ─ começou baixinho, como se contasse um segredo. ─ Ela é interessada, curiosa, super bonita, cheia de talentos... Ela dança! E é tão boa nisso, hyung... ─ lembranças de quando Jungkook foi beijado por ela no estúdio enchem sua cabeça e Jungkook sente-se em êxtase. ─ Ela é aberta ao mundo, Tae. Quis me conhecer, conhecer nossa cultura, e me apresentar para os amigos dela. Sempre educada e gentil... Se você a visse, hyung, também se apaixonaria.

─ Me apaixonaria? ─ Taehyung repetiu, provocativo. ─ Então quer dizer que nosso Jungkookie-ah se apaixonou...

─ F-foi inevitável, h-hyung... – gaguejou, envergonhado.

─ Uhm... ‘tá tudo bem, Kookie. A gente precisa disso de vez em quando.

Jungkook maneou a cabeça, mesmo que ambos estivessem de olhos fechados.

─ Eu a beijei, hyung.

Dessa vez, Taehyung abre os olhos, a boca aberta em surpresa.

─ Jungkookie!

─ Shhh!

─ Você cresceu tão rápido, Jungkookie. Você cresceu bem, apesar dessa sua fase rebelde.

─ Obrigado, hyung. – agradeceu ainda vermelho, voltando a se aconchegar contra o loiro. E depois: ─ Eu sinto a falta dela.

Taehyung murmurou, a mão livre acariciando o cabelo do mais novo.

─ Aposto que sente. Mas não se preocupe, Jungkookie. Tudo acontece por algum motivo. Sinto muito que você vai ficar sem vê-la por um tempo. Vamos dormir agora, ok?

O moreno concordou, a proximidade entre eles sendo familiar e reconfortante. Era bom ter Taehyung para contar tudo o que tinha entalado no peito, o peso de suas costas diminuindo. Os olhos pesados finalmente deixaram-se descansar e ele suspirou, aliviado.

─ Jungkookie?

O sono já estava o consumindo, a voz profunda de Taehyung soando distante em seu ouvido.

─ Hm?

O loiro encostou o nariz morno sobre a pele do pescoço do garoto.

─ Eu estou tão feliz em te ter de volta.

Jungkook sorriu, sonolento.

E eu vou ficar também, hyung. Confia em mim.


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Notas finais do capítulo



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